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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano X, no. 28, março de 2003

 

 

SUMÁRIO  

 

Apresentação

Artigos

Resumos

 Notícia Bibliográfica 

Publicações Recebidas e Notícias

Estatísticas Retrospectivas

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

                  

               

              

                

        

          

        

               

                

            

Apresentação

 

                                             

Para a Profa. Alice Piffer Canabrava,

                                              in memoriam

            

                                                            

Neste número do BHD, votado à memória da Profa. Alice Piffer Canabrava, além do material costumeiro, reproduzimos o estudo do Prof. Flávio Azevedo Marques de Saes no qual, além dos dados biográficos necessários à compreensão da formação acadêmica e intelectual da retratada, o autor efetua a apresentação e análise da obra da estimada Profa. Alice. No que diz respeito aos demais trabalhos ora estampados, chamamos a atenção para a reprodução da versão integral da dissertação de mestrado de Cristiane Fernandes Lopes, para os artigos de Heloísa Maria Teixeira e de Valéria C. I. da Costa & Iraci Costa bem como para a compilação preparada por Fernando J. Korndörfer. Por fim, nossa colega Gladys S. Ribeiro convida-nos a que conheçamos as atividades do Centro de Estudos dos Oitocentos (CEO).

                                      

                                        

                      

Artigos

              

Flávio Azevedo Marques de Saes. A obra de Alice Canabrava na historiografia brasileira. 

APRESENTAÇÃO. Texto apresentado no Simpósio "A participação feminina na construção de novas disciplinas: o caso da historiografia econômica no Brasil" (Rio de Janeiro, 1998) e publicado em História Econômica e & História de Empresas II.2 (1999). Para ler a versão integral .

                     

Heloísa Maria Teixeira. A não-infância: crianças como mão-de-obra compulsória em Mariana (1850-1900). Comunicação apresentada no XIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP, Ouro Preto, nov. 2002.

RESUMO. Esta comunicação apresentará os primeiros resultados de uma pesquisa que investiga o interesse pelo trabalho da criança negra na segunda metade do século XIX entre os senhores marianenses. Essa busca pode ser feita na verificação da comercialização de crianças escravas isoladas, dos altos valores que as mesmas recebiam, da valorização dos serviços dos ingênuos, das ações de tutela dos filhos de ex-escravas pelos seus antigos senhores e até mesmo do furto de crianças com vistas ao trabalho compulsório. Para ler a versão integral .

                  

Valéria C. I. da Costa & Iraci Costa. Como construir Pirâmides Etárias no Excel.

Nesta breve apostila indicam-se os passos a dar para se construir uma pirâmide etária do tipo padrão com base nos recursos proporcionados pelo programa EXCEL que acompanha o pacote denominado OFFICE. Também se dá orientação de como copiar a pirâmide para o programa WORD e de como salvá-la no formato de figura do tipo .BMP ou .GIF. Para ler a versão integral .

              

                      

  Resumos

                          

 

ALVES, Mauricio Martins. Formas de viver: formação de laços parentais entre os cativos em Taubaté -- 1680/1848, (doutorado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002), 208 p., mimeografado. 

RESUMO. Ao final do século XVII, predominam cativos indígenas em Taubaté/SP. Com a descoberta do ouro, investe-se em cativos de origem africana (naturais/descendentes de) e no plantio de cana de açúcar. Cresce, nas primeiras décadas do século XVIII, o índice de masculinidade (razão de sexo), a idade média dos escravos, a média de cativos por escravista. Cresce também a proporção de plantéis com vinte ou mais escravos, bem como a proporção de cativos sob controle destes plantéis maiores. Após a década de 1730, o arrolamento de indígenas é quase nulo e os indicadores descritos anteriormente decaem todos, associados ao refluxo da atividade agrícola mercantilizada. Somente no século XIX tais índices se elevam, associados a uma pequena retomada do crescimento do plantio de cana e, especialmente, ao crescimento de plantio de café a partir da década de 1820. Tem-se, assim, uma periodização em três grandes fases. A longevidade da escravidão supõe mecanismos apaziguadores (sem eliminar o conflito, também inerente). Em todo o período estudado ocorre a presença de laços familiares entre cativos, iniciados por aqueles que alguma vez conheceram o casamento. Dois grandes padrões emergem. Um predominante entre indígenas, na passagem do século XVII para o XVIII, com aproximadamente metade dos cativos com quinze anos ou mais casados ou viúvos. Outro entre africanos e descendentes, na passagem do século XVIII para o XIX, com valores próximos a um terço. Nos dois padrões, casos de relação estável com duração superior a duas décadas. A presença desses laços familiares repercute no crescimento vegetativo, indicado por 43 a 55% dos cativos com quinze anos ou mais nascidos em Taubaté (anos 1805 a 1835), e índice geral de fecundidade mais elevado quanto maior for o tamanho do plantel (no período 1785-1835). Na população livre com quinze anos ou mais, dois terços conheceram o casamento. A relação entre o processo de acúmulo de riqueza e o "ciclo de vida das famílias" mostra-se pelo número médio de cativos possuídos por proprietários, que cresce entre os mais jovens e, entre os mais idosos, tende a se reduzir. Pelo rendimento anual (em réis) dos fogos, expande-se tal relação para toda a população. A média de cativos casados e viúvos por plantel, oscilando sincronicamente com o número médio de cativos por plantel, remete para um ciclo de vida também nas famílias entre cativos. O presente trabalho tem por base 718 inventários post-mortem abertos em Taubaté/SP entre 1680 e 1848, registros eclesiásticos de batismo (1794-1831) e de casamento (1814 a 1827) de escravos, mais treze listas nominativas (Maços de População) para o período 1774-1835, referentes à mesma localidade. A comparação entre corpos documentais, nos períodos em que coincidem, permitiu detectar oscilações semelhantes nas diferentes bases documentais, o que atribui maior segurança às oscilações detectadas nos inventários post-mortem para todo o período estudado.

                      

AMANTINO, Márcia Sueli. O mundo das feras: os moradores do Sertão Oeste de Minas Gerais -- século XVIII, (doutorado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2001), 427 p. + 1 vol., mimeografado. 

RESUMO. Este trabalho é um estudo sobre o processo de ocupação ocorrido sobre as áreas do interior da Capitania de Minas Gerais durante a segunda metade do século XVIII. Naquele momento o contexto nesta região estava condicionado à necessidade de se encontrar terras para aumentar a extração do ouro, aumentar a agricultura e conseqüentemente, incrementar a arrecadação dos impostos devidos à Metrópole. Para tanto, era necessário buscar a incorporação de novas áreas. Em função desses objetivos foi criado na Metrópole e transferido para a Colônia um Projeto Civilizacional baseado no controle sobre as populações que viviam nestas áreas e na montagem de expedições enviadas a várias partes da Capitania. O objetivo destas eram civilizar e povoar estas áreas com grupos que pudessem ser controladas. Era necessário "limpar" os Sertões de seus moradores considerados indesejados, ou seja, índios tidos como bravios, quilombolas e vadios. Para justificar tais expedições foram criadas inúmeras imagens negativas a respeito desses moradores e para cada a um deles foram desenvolvidas atitudes específicas. Todavia, todas negavam o direito desses grupos a essas terras.

                 

ASSIS, Marcelo Ferreira de. Tráfico Atlântico, impacto microbiano e mortalidade escrava, Rio de Janeiro c. 1790-c. 1830, (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002), 146 p., mimeografado. 

RESUMO. Neste estudo observa-se a dinâmica da mortalidade escrava em áreas urbanas e rurais da província do Rio de Janeiro, de 1790 a 1830, tendo como pressuposto que o tráfico atlântico influenciava de forma intensa tal dinâmica. As migrações africanas, seletivamente homens em idade adulta, constituíram um elemento de propagação de doenças entre as pessoas reduzidas ao cativeiro. Propagação que dizimava tanto os próprios africanos como atingia os crioulos recebedores das doenças transportadas pelos negreiros, pois o processo migratório influenciava tanto volume das mortes quanto as causas que levavam ao falecimento.

           

BARICKMAN, Bert J.  Reading the 1835 censuses from Bahia: Citizenship, kinship, household, and slavery in early nineteenth-century Brazil, The Americas, 59:3 (jan. de 2003), p. 287-323.

RESUMO. Através de uma leitura sobretudo qualitativa dos censos nominativos realizados na Bahia em 1835 -- com a ênfase no censo da freguesia de Santiago do Iguape --, o autor se propõe a  detectar os pressupostos ideológicos que os recenseadores incorporaram na contagem. Procura, ademais, determinar os critérios utilizados nos censos para definir, por exemplo, o que constituía um "fogo", a chefia do fogo etc.

           

BARICKMAN, Bert J. A bahian counterpoint: sugar, tobacco, cassava, and slavery in the Recôncavo, 1780-1860. Stanford, Stanford University Press, 1998. Também publicado: Um contraponto baiano: açúcar, fumo, mandioca e escravidão no Recôncavo, 1780-1860. Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 2003. 

RESUMO. Neste trabalho o autor mostra que no Recôncavo baiano ocorriam tanto a produção votada para a exportação como a destinada ao mercado local. Os principais bens exportados, açúcar e tabaco, assentavam-se, porém, em estruturas produtivas distintas. Enquanto o primeiro marcava-se pela presença de maiores produtores em termos do número de escravos possuídos e de investimentos mais substanciais, o fumo representava uma economia alternativa à da plantation, embora também fosse de exportação. É este o contraponto baiano, caracterizado pela diversidade e complexidade da economia escravista conforme, aliás, documentado por Antonil e apontado por Caio Prado Jr. De outro lado, o autor desvenda a forte ligação entre a economia exportadora e direcionada para o mercado interno. Para ele este último setor não pode ser visto como periférico ou secundário, pois, dependendo das condições, o agricultor poderia escolher ocupar-se do fumo para exportação ou da mandioca para o consumo regional. Assim, a produção de farinha de mandioca aprofunda o contraponto, mostrando um quadro muito mais nuançado do que o oferecido pela mera plantation.

      

BARRETO, Daniela Santos. A qualidade do artesão - contribuição do estudo na estrutura social e mercado interno na cidade do Rio de Janeiro, c.1690-c.1750, (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002), 158 p., mimeografado. 

RESUMO. A pesquisa trata da experiência social dos artesãos que viveram e trabalharam na cidade do Rio de Janeiro no período de importantes mudanças testemunhadas no centro-sul da América portuguesa por volta da última década do século XVII e os primeiros cinqüenta anos do século XVIII. Em geral, estes trabalhadores livres desenvolveram relações de reciprocidade no seio da organização familiar, nas formas de associação entre artesãos e com os demais segmentos da sociedade colonial, dinamizando através de suas alianças políticas e estratégias de sobrevivência uma acumulação de riquezas que capacitou determinados membros a alcançar um melhor posicionamento social. 

                                      

CAVALCANTE, Nireu de Oliveira. A cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro: as muralhas, sua gente, os construtores (1710-1810), (doutorado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997), 511 p. + 2 vols., mimeografado. 

RESUMO. A proposta central deste trabalho é analisar o processo de transformação urbana da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro no período compreendido entre os anos de 1710, data da primeira invasão da cidade pelos franceses, comandados por Du Clerc, e 1810, quando nela aporta a frota portuguesa transladando a Corte e a família real para o Brasil, que convertem a cidade em sede do Reino Português. Subdividido o estudo em três partes, inicialmente são enfocados os condicionantes mesológicos, psicossociais, históricos e os decorrentes da subordinação colonial que mais diretamente influenciaram na configuração da cidade. Em seguida, a análise se detém na composição social dos setores profissionais mais importantes e das organizações coletivas mais ativas, o que possibilita destacar os principais agentes responsáveis pela formação da urbe carioca. Na terceira e última parte, a população e o patrimônio imobiliário da cidade, tal como se apresentavam no primeiro decênio do século XIX, são dimensionados, e as edificações, classificadas segundo sua tipologia. A formação intelectual e técnica de seus mais eminentes projetistas, artífices e construtores, bem como suas obras de maior destaque são particularmente consideradas. Como parte conclusiva do trabalho são mostradas cinco grandes paisagens, correspondentes a diferentes épocas do século XVIII, de desenhistas que estiveram na cidade do Rio, e é reconstruída conjecturalmente a Rua Direta, principal logradouro da cidade setecentista de São Sebastião do Rio de Janeiro.

                     

ENGEMANN, Carlos. Os servos de Santo Inácio a serviço do Imperador (demografia e relações sociais entre a escravaria da Real Fazenda de Santa Cruz, RJ, 1790-1820), (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002), 137 p., mimeografado. 

RESUMO. O autor estuda as práticas sociais desenvolvidas pelos escravos da Real Fazenda de Santa Cruz em face de suas contingências históricas. A partir de uma abordagem demográfica, foi possível entender os efeitos da administração real sobre a escravaria da fazenda e como esta alterou a estrutura da sua vida cotidiana. Assim, foram investigadas características como a proporção populacional entre os sexos segundo a idade, mortalidade, fugas, manumissões, transferência de mão-de-obra, etc. O objetivo buscado foi o de observar como os artifícios disponíveis aos escravos foram manipulados no caso de Santa Cruz.

               

FALCI, Miridan Britto Knox  & MELO, Hildete Pereira de. Riqueza e emancipação: Eufrásia Teixeira Leite. Uma análise de gênero. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, CPDOC, n. 29, 2002, p. 165-185.

RESUMO. Este artigo é uma contribuição ao estudo das relações de gênero no Brasil, nele se parte da hipótese de que a riqueza possibilitava a fuga ao tradicional papel reservado às mulheres. Este foi o caso da sinhazinha Eufrázia Teixeira Leite, de Vassouras. Herdeira de um grande patrimônio financeiro, nunca casou, viveu em Paris e multiplicou esse patrimônio no circuito financeiro internacional. Seu inventário mostra seu êxito como rentista na gestão de uma carteira de títulos e ações; foi um ato notável para uma mulher que nasceu em 1850 no interior rural do Brasil. Seguramente, a riqueza lhe permitiu viver a vida segundo seus desejos.

                      

GARAVAZO, Juliana. Economia e Demografia escrava no Nordeste Paulista: uma área de abastecimento interno (Batatais, 1866-76). Monografia apresentada ao Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas. Ribeirão Preto, 2002.

RESUMO. São analisadas as principais características da economia e da população escrava da cidade de Batatais em um momento anterior ao avanço da cafeicultura, quando sua economia estava mais voltada ao mercado interno. Apresentam-se as informações acerca dos cativos e de seus proprietários para o ano de 1875, dos escravos e de seus negociantes para o período 1866-76 e a análise dos principais determinantes dos valores dos escravos batataenses classificados. Tais considerações resultam dos dados obtidos nas diversas fontes pesquisadas: a Cópia da classificação dos escravos matriculados, que consiste no objeto principal deste estudo, e a Lista de Qualificação de Votantes, os inventários post-mortem e as Escrituras de transações de escravos; documentos complementares de nossa análise. As informações levantadas revelaram o cenário econômico vigente na cidade naquela época, formado por uma economia centrada na pecuária e nas atividades agrícolas de subsistência. Mesmo direcionado para o mercado interno, o município de Batatais vivenciou um crescimento demográfico bastante expressivo ao longo do século XIX, mantendo um contingente cativo significativo em 1875. A estrutura demográfica desse contingente revelou algumas características comuns às encontradas em estudos mais recentes de outras zonas não-exportadoras, afastando-a das vigentes na historiografia tradicional, tanto no que se refere às características dos cativos como de sua distribuição entre os plantéis, visto que os pequenos proprietários representaram a maioria deles, porém detinham uma pequena parcela dos cativos. Esta estrutura demográfica caracterizada pelo relativo equilíbrio entre os sexos, pela elevada proporção de crianças e de mulheres em idade fértil, observada em 1875 foi, em parte, condizente com o resultado do comércio de cativos ali estabelecido, com ligeira predominância de mulheres, com significativa participação de crianças e de caráter essencialmente local. Os resultados concernentes ao modelo de estimação dos preços atribuídos aos cativos batataenses indicam que algumas de suas características individuais, tais como sexo, aptidão para o trabalho e profissão eram determinantes na formação do valor. Além disso, os valores significativos atribuídos a crianças e idosos em conjunção com a significativa presença de cativos na população total da localidade nos levaram a concluir que a escravidão ainda era um sistema de trabalho viável para a localidade à época estudada.

                   

LIMA, Carlos Alberto Medeiros. Pequenos patriarcas: pequena produção e comércio miúdo, domicílio e aliança na cidade do Rio de Janeiro (1786-1844), (doutorado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1998), 560 p. + 1 vol., mimeografado. RESUMO. Esta tese versa sobre o relacionamento entre relações de trabalho, padrões de coabitação e o estabelecimento de alianças matrimoniais na cidade do Rio de Janeiro entre 1786 e 1844. Utiliza-se um leque amplo de fontes, como registros paroquiais, inventários post-mortem, processos cíveis e criminais, documentação relativa ao estabelecimento de oficinas e lojas artesanais, textos de viajantes, mapas de população, escrituras, bem como memórias e almanaques do período. Combinando técnicas quantitativas e analises qualitativas do vivido, maneja métodos que enfatizam tanto a analise da estrutura da sociedade como aproximações aos trajetos e às perspectivas dos atores. Tem por constatações centrais que a realidade em questão era marcada por acesso relativamente aberto aos fatores produtivos e às oportunidades de negociar; que um processo marcado de concentração de fatores e trabalho no interior dos domicílios tinha papel central na viabilização da acumulação, não obstante conjugar-se com tendências igualmente centrais a movimentação e a dispersão de membros das famílias; e que a conjugação de imigração, possibilidade de estabelecimento autônomo através da mobilidade espacial e padrão de alforria criavam um mercado matrimonial flagrantemente facilitador da ascensão social de mulheres, em meio a outros fatores propiciadores de ascensão social.

               

MOTTA, José Flávio & VALENTIN, Agnaldo. A estabilidade das famílias em um plantel de escravos de Apiaí (SP). Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 161-192. 

RESUMO. Refletimos, neste trabalho, sobre a estabilidade das famílias escravas. Isto é feito mediante o estudo das relações familiares estabelecidas entre os integrantes de um grande plantel de cativos de Apiaí (SP). A partir do cruzamento dos informes constantes do inventário da proprietária desse plantel (de 11/05/1819), de seu testamento (de 12/11/1818), das listas nominativas dos habitantes da localidade (de 1798 a 1835) e dos registros de casamentos de escravos (de 1780 a 1818), verificamos que a maioria dos membros da escravaria examinada estava ligada por laços familiares. Por exemplo, uma das redes de parentesco identificadas envolveu onze famílias completas (várias gerações, mais de 50 indivíduos, com média de 3,7 filhos presentes) originadas de três casais que, possivelmente, estabeleceram relações na segunda metade do séc. XVIII. Atestamos a extensão, durabilidade e estabilidade das relações familiares formadas e sedimentadas sobre um pano de fundo econômico dado pela decadência que se seguiu ao apogeu mineratório ocorrido em Apiaí, relações estas que sofreram, ademais, o impacto da morte da escravista e da partilha de seus bens por um conjunto formado por 19 herdeiros.

                     

NEME, Salete Maria Nascimento. Através das formas: ocupação humana e modos de vida no Alto Sertão e nos Planaltos da Chapada Diamantina, Bahia entre os séculos XVII e XIX, (doutorado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997), 266 p., mimeografado. 

RESUMO. As organizações sociais estabelecidas na Chapada Diamantina baiana, entre os séculos XVII e XIX, construíram culturas com diferenças significativas em suas "formas". As existentes nas planícies semi-áridas, recobertas pela vegetação de tipo caatinga, possuem similaridades que podem ser reunidas em um conjunto contrastante, por sua vez, em muitos aspectos, com aquelas formadas nos planaltos situados no prolongamento da Serra do Espinhaço. As áreas do alto sertão e das ramificações do Espinhaço diferem menos em suas condições fisiográficas que em seus conteúdos culturais. A ocupação humana pelas etnias indígena, européia e africana resultou na adoção de modos de vida próprios, cujas principais criações, estilos e associações podem ser englobadas pelo "capital de formas". Enquanto entre as populações interioranas - esparsas e isoladas - as construções culturais estão impregnadas pela herança nativa, nos locais onde os colonizadores estruturaram com maior vigor o modelo mercantilista, o qual implicou melhor rede de comunicação, os padrões sociais contêm fortes elementos das raízes alienígenas.

            

PEREIRA, Roquinaldo Amaral. Dos sertões ao Atlântico: tráfico ilegal de escravos e comércio lícito em Angola (1830 - 1860), (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1996), 262 p., mimeografado. 

RESUMO. Discute-se o tráfico ilegal de escravos e comércio lícito em Angola entre 1830 e 1860. Diante da repressão crescente nesse período, a organização do tráfico ilegal sofreu grandes transformações. Novas estratégias mantiveram o tráfico ilegal ativo no Congo-Angola até que taxas de risco intoleráveis o inviabilizassem. A partir daí, os negociantes de Luanda optaram pelo comércio lícito, abandonando a estratégia de diversificar investimentos. Com o fim do tráfico ilegal, a escravidão assumiu importância maior na economia de Angola. Os corolários disto foram o aumento das fugas e revoltas de escravo. Em Luanda, o colapso do comércio a partir do mecanismo de adiantamento-endividamento de mercadorias para os sertões atingiu mais fortemente os grandes negociantes que o próprio fim do tráfico ilegal de escravos com o Brasil, em 1850.

                       

REIS, Déborah Oliveira Martins dos. Riqueza e escravidão em Araxá, MG (1776-1898). Monografia de Bacharelato em Ciências Econômicas, São Paulo, FEA/USP, 2002, mimeografado. 

RESUMO. Analisamos o evolver econômico da localidade mineira de Araxá, bem como estudamos os níveis e a composição da riqueza que refletem aquele evolver no período de 1776 a 1898, temporalidade que, como se verá, abrange um conjunto de profundas transformações que marcam a sociedade brasileira e mineira, principalmente no que respeita à escravidão. Ao longo do estudo recorremos, em alguns momentos, às listas nominativas de 1831-32 e ao censo de 1872; não obstante, apoiamo-nos, fundamentalmente, em um conjunto de 155 processos de inventários post-mortem. A partir dessa amostra, os informes coligidos (em especial aqueles atinentes às relações de bens inventariados) contribuíram para o estudo da localidade em tela, em período no qual ela se caracterizava, no plano econômico, pela atividade pecuária e pela produção agrícola de subsistência.

                       

SANTORO, Ana Cristina de Menezes. Às margens da conquista: a participação feminina na formação do Vice-Reino do Peru, (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002), 198 p., mimeografado. 

RESUMO. O papel das mulheres na História é, invariavelmente, um tema ausente ou tratado de forma reducionista no que se refere à conquista e colonização do Novo Mundo. A partir da hipótese de que a participação feminina durante o processo de conquista e colonização espanhola na América foi muito mais efetiva do que a historiografia revela, neste trabalho, através da documentação produzida pela Audiência de Lima, a autora realizou um levantamento, identificando as mulheres citadas nos documentos, assim como mapeando sua atuação. O cotejo desse levantamento com outros tipos de fontes e relatos de cronistas permitiu a constatação de que as mulheres estiveram presentes não só na esfera doméstica, mas também desempenharam diversas atividades no espaço público.

          

SANTOS, Sônia Bispo. Honestas ou transgressoras? o cotidiano das menores pretas e pardas através dos processos de defloramento, na cidade do Rio de Janeiro (1894-1911), (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000), 206 p., mimeografado. 

RESUMO. Através da análise de processos de defloramento, no período compreendido entre os anos de 1894 e 1911, na cidade do Rio de Janeiro, este trabalho aborda o cotidiano de moças pobres, pretas e pardas, menores de idade e a visão da Justiça em relação à preservação da honra na família. As freguesias do Engenho Velho, Espírito Santo e Inhaúma, são cenários dessas relações, pois reúnem uma grande parcela da população negra e pobre.

               

SENDAS, Luciana Maghelli Palmieri. Aldeia da Pedra, estudo de um aldeamento indígena no norte fluminense, (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000), 135 p., mimeografado. 

RESUMO. Estudo do aldeamento "Aldeia da Pedra" fundado em 1808 e extinto por volta da década de 70, um espaço construído pela igreja católica por intermédio dos freis capuchinhos Tomás e Florido, ambos provenientes da cidade de Castelo, Itália. São analisadas as relações entre os índios aldeados Coroado e Coropó e outros grupos indígenas (Puri e Botocudo), bem como com africanos, europeus e colonos brasileiros. No contexto destas relações perpassam importantes questões, tais como: características básicas das sociedades indígenas estudadas antes do contato com europeu, evolução espacial da região onde situou-se o aldeamento, formas de ver e entender o índio no século XIX, aspectos da civilização dos índios por parte dos freis capuchinhos, mão-de-obra indígena e trocas simbólicas entre os habitantes do aldeamento.

                         

SILVA, Patrícia Freitas. Mulheres índias entre dois mundos: o Vice-Reinado do Peru séculos XVI e XVII, (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002), 205 p., mimeografado. 

RESUMO. Esta dissertação tem como objetivo analisar as relações de poder que envolviam as mulheres índias no Vice-Reino do Peru nos séculos XVI e XVII. este estudo foi fundamentado na documentação do Archivo General de Indias, Sevilha/Espanha e nas obras dos cronistas Garcilaso de la Vega e Felipe Guaman Poma de Ayala. O lugar social que as mulheres índias ocuparam na sociedade hispano-peruana está intimamente relacionado com as funções desempenhadas por elas na sociedade incaica, pelas atribuições dadas a elas pela sociedade hispânica, pelas diversidades e permanências relativas aos papéis femininos.

                     

                    

Notícia Bibliográfica

                  

GRAÇA FILHO, Afonso de Alencastro. A Princesa do Oeste e o mito da decadência de Minas Gerais: São João del Rey (1831-1888). São Paulo, Annablume, 2002, 256 p. 

OPINIÃO 1. Trata-se de um trabalho cujo interesse, em muito, ultrapassa a esfera "meramente" regional. Na verdade, suas conclusões são fundamentais para o melhor entendimento da sociedade escravista do Brasil no século XIX. Pois, através de tal pesquisa, é possível compreender melhor os circuitos comerciais internos que percorriam e alimentavam a economia escravista, assim como as relações entre os grupos empresariais locais e as grandes praças mercantis da época. Através da referida pesquisa, fica definitivamente claro que a América portuguesa do XIX não se resumia em um grande canavial ou em uma imensa plantação de café voltada para o mercado externo. (palavras de João Fragoso). 

OPINIÃO 2. Partindo do pressuposto de que as antigas teses sobre a decadência e estagnação de Minas oitocentista são infundadas, A Princesa do Oeste convincentemente demonstra um quadro oposto, marcado, sobretudo na primeira metade do século, por prosperidade, dinamismo e uma diversidade produtiva extraordinária. Desvelam-se as intrincadas redes de relações comerciais entre a elite mercantil de São João com a praça do Rio de Janeiro e, igualmente importante, com produtores e comerciantes espalhados por quase todo o território mineiro. É o caráter de estudo de caso, aliado à pesquisa incansável, às análises quantitativas coerentes, de fácil compreensão, e ao emprego criterioso e original de um variado leque de abordagens metodológicas sobre a história econômica da Comarca do Rio das Mortes que empresta à obra um valor inquestionável como contribuição à historiografia mineira e brasileira acerca do século XIX. (palavras de Douglas Cole Libby).

                                      

ESTRELA, Ely Souza. Os Sampauleiros: cotidiano e representações. São Paulo, Educ/FAPESP, 254 p.

RESUMO. Elabora-se um painel sobre a trajetória dos migrantes oriundos da Bahia e que se dirigem para São Paulo em demanda de novos horizontes.

                  

SALES, Teresa  &  SALLES, Maria do Rosário. Políticas Migratórias: América Latina, Brasil e brasileiros no exterior. São Paulo, Ed. Sumaré/FAPESP, 198 p.

RESUMO. Resultante de um seminário internacional realizado em 2000 no Idesp, o volume traz um conjunto de artigos sobre o tema; neles abordam-se questões de ordem social e econômica com base em dados recentes.

               

                         

Publicações Recebidas e Notícias

                       

CONHEÇA A VERSÃO INTEGRAL DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DE CRISTIANE FERNANDES LOPES.

           

LOPES, Cristiane Fernandes. QUOD DEUS CONJUXIT HOMO NON SEPARET: um estudo de Gênero, Família e Trabalho através das ações de divórcio e desquite no Tribunal de Justiça de Campinas (1890-1938), (mestrado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2002), 267 p., mimeografado. 

RESUMO. Este trabalho tem como objetivo principal demonstrar, através dos processos de divórcio e desquite, abertos no Tribunal de Justiça da cidade de Campinas, entre 1890 e 1938, como as mulheres utilizaram a seu favor o mito da mulher submissa e anjo do lar, buscando proteção diante de uma estrutura de poder que lhes negava a possibilidade de decisão e participação. Por meio destes testemunhos tentaremos, ainda, identificar os mecanismos pelos quais estes mitos foram forjados e como diversos setores da sociedade utilizaram-se deles procurando manter os instrumentos de poder e dominação sobre as mulheres, a família e o matrimônio. O período escolhido foi fundamental para a formação da nova nação. Era um momento de intensa movimentação no sentido de dotar o país de um regime laico e liberal. Em janeiro de 1890, o governo provisório, com base nesta proposta, instituiu a obrigatoriedade do casamento civil e o divórcio a mensa et thoro. Mais tarde, em 1891, ficou estabelecida a separação entre a Igreja e o Estado. Em 1934, pela nova Constituição se decretou, mais uma vez, o casamento como união indissolúvel e a família foi posta sob a proteção especial do Estado. Procurando colocar o Brasil entre as nações avançadas, juristas e intelectuais buscaram aprovar o divórcio a vinculo em meio à forte oposição católica. Estes fatos sublinham a importância que a família, o matrimônio e a separação conjugal tiveram para nossa sociedade, bem como para todas as nações em formação, sobretudo para as que pretenderam estabelecer a República. Neste sentido, os estudos de gênero vêm contribuir para entendermos como estas mudanças aconteceram e foram colocadas em prática em contextos cultural e socialmente definidos. Para acessar a versão integral do estudo .             

                               

                

CONHEÇA AS ATIVIDADES DO CEO 

         

O Centro de Estudos dos Oitocentos (CEO) foi recentemente criado na UFF com adesões de professores da UFRJ, UNIRIO, UERJ, entre outras universidades. Trata-se de um espaço interinstitucional direcionado para o estudo da história do que convencionamos denominar de longo século XIX, ou seja, o período que se estende desde a chamada crise do sistema colonial até a República Velha. A proposta do CEO é reunir núcleos, laboratórios, linhas de pesquisa, professores e alunos de graduação e de pós-graduação de diferentes instituições, com o intuito de trocar informações, montar bancos de dados, compartilhar experiências e discutir resultados de investigações.

Nos próximos dias 22, 23 e 24 de abril o CEO estará realizando o seu primeiro Seminário Regional, no auditório do Bloco O, na UFF. Se colega tem interesse em participar do Centro de Estudos dos Oitocentos, entre em contato com a Comissão Executiva, composta pelos professores Gladys S. Ribeiro (coordenadora do CEO), Márcia Motta (vice-coordenadora do CEO), Martha Abreu (vice-coordenadora do Seminário Temático na ANPUH), Alvaro Nascimento (Universidade Estácio de Sá), Marcos Bretas (UFRJ) ou Lúcia Guimarães (UERJ). 

Gladys S. Ribeiro:  gladysr@uol.com.br 

                       

                 

Estatísticas Retrospectivas

                    

Embora não seja exaustiva, a Relação de Colônias de Imigrantes Estabelecidas no Brasil que ora damos a público define-se como valioso instrumento de trabalho concernente aos movimentos migratórios para cá dirigidos. Devemos este levantamento ao Prof. FERNANDO J. KORNDÖRFER que gentilmente o partilha com os colegas assinantes do BHD e a quem somos especialmente gratos. Distribuímos esse rol em duas versões: em arquivo .PDF (para acessá-lo ) e no formato .XLS, próprio para ser aberto no aplicativo Excel (para acessá-lo ). O formato .PDF destina-se aos que pretendem, apenas, ler o documento; já o formato .XLS comporta pesquisas quantitativas e eventual cruzamento das informações contidas na relação.

                  

                     

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

              

OUTROS TRABALHOS INCORPORADOS AO ROL        

 

SIMONATO, Andréa Jácome. Álbum de família: um retrato da família escrava na área rural fluminense na segunda metade do século XIX), (mestrado, IFCS da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997), 379 p., mimeografado.

          

GRAHAM, Richard. Nos tumbeiros mais uma vez? O comércio interprovincial de escravos no Brasil. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 121-160. 

        

HAVIK, Philip J. A dinâmica das relações de gênero e parentesco num contexto comercial: um balanço comparativo da produção histórica sobre a região da Guiné-Bissau - séculos XVII e XIX. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 79-120. 

            

LAW, Robin. A comunidade brasileira de Uidá e os últimos anos do tráfico atlântico de escravos, 1850-66. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 41-77. 

                  

LOVEJOY, Paul E. Identidade e a miragem da etnicidade: a jornada de Mahommah Gardo Baquaqua para as Américas. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 9-39.

                     

MARTINS, Robson L. M. "Atos dignos de louvor": imprensa, alforrias e abolição no sul do Espírito Santo, 1885-1888. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 193-221. 

                 

SANSONE, Livio. Da África ao afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 27, 2002, p. 249-269.

                 

                      

 

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