.

     

 

 

BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano XI, no. 33, setembro de 2004

                

        

                 

SUMÁRIO  

 

Apresentação

Artigos

Resumos

Notícia Bibliográfica 

Publicações Recebidas

Notícias e Informes

Estatísticas Retrospectivas

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

   

 

  

Apresentação

           

Para a Profa. Cecília Maria Westphalen, in memoriam

        

A professora Cecília Maria Westphalen desempenhou papel da mais alta relevância na criação e consolidação do programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná, contribuindo decisivamente para o estabelecimento dos estudos em demografia histórica no Brasil, a ela devemos grande número de artigos e livros nos quais ficou consignado seu inestimável contributo aos estudos históricos brasileiros.

                                  

                                   

Artigos

                                                       

Aisnara Perera Díaz & María de los Angeles Meriño Fuentes. Una metodología - e desde los registros parroquiales - para la reconstrucción de la familia negra en la Cuba colonial.
RESUMO. Com base em fontes primárias produzidas pela Igreja católica - basicamente os livros de assentos de batismos, casamentos e óbitos - as autoras propõem um método para estudar as famílias de escravos existentes no período em que a instituição da escravidão existiu em Cuba. Além da originalidade da proposta das articulistas, é interessante ressaltar que as características das famílias de cativos em Cuba são muito semelhantes às que emergiram dos estudos similares efetuados para o caso do Brasil. Para acessar a versão completa do artigo .

                               

       

                         

Aisnara Perera Díaz & María de los Angeles Meriño Fuentes. Yo, el Notario: breve reflexión micro histórica sobre el poder de la escritura.
RESUMO. As autoras discutem o conteúdo das declarações constantes nos documentos notariais realçando que os declarantes poderiam servir-se deles como forma de deixar para o futuro uma versão que lhes interessava perpetuar sobre seu passado. É o caso, por exemplo, de ex-escravos que fazem "desaparecer" seu passado de cativos e eventuais uniões matrimoniais impostas por seu proprietários. Assim, com base em alguns exemplos, as articulistas - que analisam fontes documentais de uma pequena localidade cubana - enfatizam a necessidade de se efetuar o cruzamento de várias fontes primárias a fim de se "depurar" as informações nelas contidas. Para acessar a versão completa do artigo .

                     

                        

  Resumos

                                   

                         

ALMEIDA, Ana Maria Leal. Saúde, doenças e morte dos escravos em Vassouras. Comunicação que aguarda publicação.
RESUMO. Trata-se de uma breve comunicação sobre o Relatório Final de Projeto de Pesquisa financiado pela Universidade Severino Sombra (USS) com o título acima e que está a disposição dos interessados no tema. O Relatório foi elaborado com base na exploração sistemática dos livros de óbitos de escravos da freguesia do Caminho Novo de Sacra Família do Tinguá e da freguesia de N. Sra. da Conceição de Vassouras (período 1821-1888), bem como na utilização de inventários post-mortem encontrados no Centro de Documentação Histórica da USS. A autora efetuou o levantamento de todos os óbitos que constavam nos livros e organizou tabelas com o número de mortes por sexo entre 1821 e 1868; tabelas com a indicação da causa mortis por sexo entre 1868 e 1888; tabelas, também cobrindo o período 1868-1888, com a distribuição dos óbitos dos homens escravos segundo faixas etárias decenais e distribuição dos óbitos das mulheres escravas, igualmente segundo faixas etárias decenais. Nos inventários post-mortem foram levantadas as condições de saúde dos escravos inventariados; ainda foram retiradas informações referentes aos cemitérios de escravos existentes nas duas freguesias, ou seja, cemitérios particulares e públicos, bem como os localizados em fazendas e igrejas. 

                                                    

ALVES, Débora Bendocchi. Cartas de imigrantes como fonte para o historiador: Rio de Janeiro - Turíngia (1852-1853). Revista Brasileira de História, jul. 2003, v. 23, n. 45, p.155-184.
RESUMO. O artigo apresenta nove cartas de imigrantes alemães residentes nas fazendas de café do Rio de Janeiro. Foram publicadas em 1852/53 nos jornais de Günther Fröbel, em Rudolstadt, com o intuito de incentivar a emigração para as fazendas de café fluminenses que haviam adotado o sistema de parceria em substituição ao sistema de trabalho escravo. Além de desempenharem a função de incentivo à emigração, construíram uma imagem do Brasil especificamente para imigrantes.

                          

BECKER, Gisele. Uma história polifônica: mulheres e laços de família em Porto Alegre (1858-1908). Porto Alegre, PUCRS, Dissertação de Mestrado, 2001.
RESUMO. A autora aponta diferentes perfis de mulheres em Porto Alegre (RS), em seu cotidiano, ao longo do período 1858-1908. Narra suas escolhas, comportamentos e atitudes face a suas relações familiares, mediante a pesquisa de fontes diversas, que abrangem desde processos de inventário, passando pelos de divórcio, leis eclesiásticas, até a análise de dramas literários, escritos por quatro autores gaúchos, membros da Sociedade Partenon Literário: Apolinário Porto Alegre, Hilário Ribeiro, Arthur Rocha e Joaquim Alves Torres. O uso de diferentes fontes permite uma narrativa polifônica sobre a mulher que vive na cidade no período. Tais fontes indicam que a constituição, para a época estudada, de um modelo feminino rígido e inflexível é desaconselhado. O trabalho também revela que, muitas mulheres, enquanto leitoras e/ou espectadoras de peças teatrais, mostravam-se informadas e, possivelmente, eram influenciadas, sobre o modelo feminino desejado pela sociedade, veiculado pela literatura, bem como sobre mulheres da vida real, presentes em seu cotidiano e registradas nos processos, capazes de atitudes e comportamentos que contrariavam, em algumas circunstâncias, tal padrão.

                                  

BRUGGER, Silvia. Compadrio de crianças escravas (São João del Rei, século XVIII e primeira metade do XIX). Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. Neste artigo, abordo as escolhas de padrinhos e madrinhas dos filhos de escravas, em São João del Rei, no século XVIII e na primeira metade do XIX. Discuto a presença ou não de valores patriarcais a fundamentar os critérios adotados, para além da raridade do fato de senhores apadrinharem seus próprios cativos. Constato o predomínio de padrinhos e madrinhas livres e procuro entender o porquê deste padrão, comparando os dados com os observados em outras regiões.

                                              

FACCHINETTI, Luciana. Parla! O imigrante italiano do segundo pós-guerra e seus relatos. São Paulo, Angellara Editora, 2004, (Coleção História e Vivência).
RESUMO. O livro trata da imigração italiana para o Brasil, após a segunda guerra mundial, mais especificamente para a capital paulista; representa a publicação de dissertação de mestrado defendida na UNICAMP. A autora dá voz aos próprios imigrantes, os quais explicitam os motivos que os levaram a emigrar e o que encontraram no novo país. Discute também o contexto político e econômico daquele período e as diferenças entre os imigrantes do começo do século, que na sua maioria eram agricultores analfabetos, e os que para aqui imigraram depois da segunda grande guerra mundial, já aptos e preparados para um mercado de trabalho mais sofisticado.

                             

GOMES, Flávio dos Santos. Experiências atlânticas: ensaios e pesquisas sobre a escravidão e o pós-emancipação no Brasil. Passo Fundo, UPF, 2003. 227 p. (Coleção Malungo, 7).
DA APRESENTAÇÃO DO LIVRO. Esta coletânea de artigos retoma ensaios e pesquisas sobre a historiografia da escravidão e relações raciais, das fugas, da formação do campesinato negro, através dos quilombos, e da cultura política nos últimos anos da escravidão. Representa, ainda, a continuação de diálogos em torno das experiências atlânticas forjadas por africanos, crioulos, libertos e outros tantos sujeitos dos complexos mundos da escravidão e da liberdade. Os sons das transformações da sociedade escravista foram também produzidos com base nos ritmos das vivências escravas, além daqueles das relações senhor-escravo e das políticas de domínio. O tema da escravidão e das complexas experiências dos escravos e o mundo à sua volta teve e tem um papel fundamental nos renovados percursos da historiografia brasileira.

                            

GONÇALVES, Paulo Cesar. Homens em Movimento: Seca e Migração no Sertão Setentrional do Brasil no Final do Oitocentos. Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. Este artigo enfoca as migrações nordestinas, no final do século XIX, no quadro de superação do escravismo. As secas que assolaram o Nordeste - em especial o Ceará - liberaram contingentes expressivos canalizados para o norte e sul do Brasil, com transporte subsidiado pelo governo central. A saída de flagelados representou, para essas áreas, oferta de mão-de-obra e possibilidade de povoamento de regiões ermas.

                                               

GUEDES, Roberto. Alforrias testamentárias: alforriados, testamenteiros e promotores. Porto Feliz, São Paulo, século XIX. Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. O texto analisa alforrias testamentárias na vila de Porto Feliz, capitania de São Paulo, durante a primeira metade do século XIX. Utiliza como fontes testamentos e prestação de contas testamentárias. Em um primeiro momento, são abordados padrões demográficos dos cativos alforriados. Posteriormente, alude a desdobramentos das disposições testamentárias no que concerne à realização efetiva de alforrias e ao cumprimento de legados. Por fim, sugere que o dito em testamento, por si só, nem sempre garantia o acesso à liberdade e a legados. Por outro lado, nas prestações de contas, a ausência de comprovantes públicos de alforrias pode indicar que, à revelia de registros oficiais, havia o reconhecimento social das liberdades. Em ambos os casos, o papel de testamenteiros, promotores, curadores, juízes e, não menos importante, dos cativos libertados era crucial para a concretização das últimas vontades.

                            

GUIMARÃES, Elione Silva. Múltiplos viveres de afrodescendentes na escravidão e no pós-emancipação (Juiz de Fora - Minas Gerais). Niterói, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Pós-graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Tese de Doutoramento, 2004, mimeografado.
RESUMO. A autora analisa a história de afrodescendentes -- escravos e livres (ex-cativos ou não) -- em Juiz de Fora (Zona da Mata -- Minas Gerais), procurando reconstituir fragmentos de suas vidas durante o período escravista e avançando alguns anos no pós-abolição. Contempla os seus sucessos e insucessos, suas possibilidades e oportunidades de reorganização social após a emancipação. O texto foi organizado em duas partes. A primeira foi intitulada Caminhos que se descortinam -- reconstrução de trajetórias de afrodescendentes. Nela se considera o cotidiano de afrodescendentes -- escravos, libertos e livres -- primeiro, retratando-os no centro urbano, percebendo suas redes de solidariedade e convívio com os demais segmentos sociais, análise que se fez principalmente através de um processo de crime de roubo, que descortinou detalhes da vivência escrava no universo citadino do município em estudo. Nos anos finais do escravismo, acompanha-se o movimento social dos escravos rebeldes, as fugas, os suicídios, os crimes, a luta jurídica - ações de liberdade, denúncias por maus tratos etc. Para tanto, conjugou-se a leitura dos relatórios de presidente de Província e do Ministério da Justiça com as notas dos jornais, comparando-os aos estudos a respeito de fugas, de suicídios e da criminalidade específica do escravo, auxiliada pela produção historiográfica local sobre o tema. A autora buscou nas entrelinhas dos documentos as evidências que as fontes, aparentemente, pretendiam silenciar. Para acompanhar os caminhos e os descaminhos dos afrodescendentes, suas possibilidades de vida, oportunidades e reorganização no pós-emancipação, foram analisados testamentos e processos de inventários nos quais há registros de legados para ex-cativos, os processos de tutela de menores afrodescendentes e autos criminais que permitiram avançar, acompanhando-os por alguns anos, principalmente aqueles posteriores à abolição, percebendo seus esforços para reestruturarem suas vidas e suas famílias após o fim do escravismo e as tensões remanescentes das senzalas, como a exploração sobre o trabalho das crianças filhas de ex-cativos e a permanência dos castigos físicos e da exploração sexual sobre a mulher negra. A segunda parte foi chamada de Senhores de terras e afrodescendentes: posses,relacionamentos, trabalho e tensões. Nela trata-se de afrodescendentes e senhores de terras e de homens em suas relações de convívio e de desavenças, e se toma como fio condutor a história da Fazenda da Boa Vista e seus habitantes. A propriedade, localizada no principal município cafeeiro de Minas Gerais (Juiz de Fora -- Zona da Mata mineira), pertenceu ao tropeiro Francisco Garcia de Mattos e nela coabitaram grandes proprietários de terras, cativos e libertos. Acompanha-se suas histórias pelo período escravista, avançando por alguns anos depois da abolição, reconstituindo fragmentos de suas vidas por um espaço de aproximadamente cem anos (1848-1928). Ao longo deste período, a escravaria vivenciou as tensões de três partilhas: 1848, 1866 e 1878. Em 1878 faleceu a segunda esposa de Francisco Garcia de Mattos e, sem herdeiros necessários, legou os remanescente de seus bens - preferencialmente em terras - aos 21 cativos que libertou em testamento. As terras legadas estavam em condomínio com homens fortes e poderosos e, nos anos subseqüentes, os libertos tiveram que elaborar estratégias de permanência na propriedade e defender nos tribunais o direito à terra. A valorização pecuniária da terra, na região onde a propriedade estava localizada, transformou-a em um espaço de cobiça e de tensões, gerando conflitos que redundaram em crimes de sangue. Ao longo de todo o texto pondera-se sobre os relacionamentos dos afrodescendentes com o establishment, principalmente com o seu sistema jurídico. Estas questões foram analisadas pari passu com suas estratégias de sobrevivência em Juiz de Fora durante a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século passado. A autora serviu-se de uma dupla metodologia na apresentação dos resultados: a de História quantitativa e serial e a de micro-análise. Mesmo quando se analisa o geral, são focalizadas as experiências individuais. O geral deu qualidade e ajudou a compreender as especificidades. O específico permitiu perceber a multiplicidade das possibilidades, que geralmente escapam às análises estruturais. Foi utilizado um amplo leque de fontes: processos criminais, documentos cartoriais (escrituras de compra e venda de propriedades e de escravos, cartas de liberdade, procurações), inventários post-mortem, ações de divisão e demarcação de propriedades rurais, processos de tutelas, registros de nascimentos e de casamentos, jornais, memórias, relatórios da presidência da província de Minas Gerais e do Ministério da Justiça, relatórios e correspondências dos fiscais da Câmara Municipal de Juiz de Fora, assim como listas de família.

                                                 

LAUREANO, Marisa Antunes. A última vontade: um estudo sobre os laços de parentesco entre os escravos na capitania do Rio Grande de São Pedro, 1767-1809. Porto Alegre, PUCRS, Dissertação de Mestrado, 2000.
RESUMO. Investigando a presença escrava no período colonial do Rio Grande do Sul, através de inventários post-mortem, foi possível descobrir um aspecto da escravidão até então não valorizado nos estudos históricos para esta região: os laços de parentesco. Foi a partir dai que direcionamos a pesquisa para o estudo dos escravos com famílias e seu cotidiano. Destacamos, como fio condutor, a história de Rosa Maria, uma preta forra que viveu como escrava, teve marido e filhos e manteve seus laços de parentesco mesmo quando livre. A partir da história dela apresentamos vários outros casos que ilustram as relações familiares, o papel da família, suas permanências e dispersões. Demonstramos ao longo do trabalho a atitude do cativo diante de sua condição de escravo, lutando pela manutenção do seu grupo familiar.

                                 

MARCONDES, Renato Leite. Estrutura da posse de cativos no Paraná e em Minas Gerais (1872-1875). Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. Apresentamos as diferenças da estrutura demográfica da população escrava e da posse de cativos entre sete localidades paranaenses e seis mineiras na década de 1870. Estas áreas mantiveram-se infensas às principais atividades exportadoras do Império (o café e o açúcar), porém conservaram uma escravidão significativa até os últimos anos do escravismo brasileiro. Utilizamos como fonte básica para a pesquisa: as listas de
classificação dos escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação de 1873 a 1875. Adicionalmente, lançamos mão do recenseamento de 1872. Apesar do quadro geral de posses reduzidas nas duas províncias, conseguimos estabelecer grupos de cidades com propriedades cativas diferenciadas.

                  

MATTOSO, Katia M. de Queirós. Da revolução dos alfaiates à riqueza dos baianos no século XIX: itinerário de uma historiadora. Salvador, Corrupio, 2004.
DA APRESENTAÇÃO DO LIVRO. Reunindo artigos estampados em diferentes publicações e épocas, este livro dá ao grande público a possibilidade de ler trabalhos de grande interesse, cujo conhecimento encontrava-se restrito a um pequeno grupo de especialistas. Também proporciona ao leitor a oportunidade singular de verificar o caráter original desses estudos, seja no que diz respeito aos objetos e abordagens propostos, seja no que toca à utilização de novas fontes para o estudo da história social. Em muitos dos artigos aqui reunidos, pode-se observar quanto Katia Mattoso contribuiu para a renovação da história econômica e social e, em particular, dos estudos sobre a escravidão no Brasil, por meio da pesquisa de inventários e testamentos que jaziam nos arquivos baianos. Dessarte, o leitor tem sob os olhos o itinerário de uma longa viagem intelectual.
Artigos introdutórios do livro:
Katia de Queirós Mattoso, historiadora, escrito por François Crouzet.
A história e as mestiçagens culturais, entrevista a Denis Rolland.
Artigos da Autora:
> Conjuntura e sociedade no Brasil no final do século XVIII: preços e salários às vésperas da Revolução dos Alfaiates, Bahia, 1798.
> Caminhos estatísticos na história econômica da Bahia
> Os preços na Bahia de 1750 a 1930
> Sociedade e conjuntura na Bahia nos anos de luta pela Independência
> Os escravos na Bahia no alvorecer do século XIX: estudo de um grupo social
> Para uma história social seriada da cidade do Salvador no século XIX: os testamentos como fonte de estudo da estrutura social e de mentalidades.
> A carta de alforria como fonte complementar para o estudo da rentabilidade da mão-de-obra escrava urbana (1819-1888).
> Um estudo quantitativo da estrutura social: a cidade do Salvador, Bahia de Todos os Santos, no século XIX;
> Testamentos de escravos libertos na Bahia no século XIX: uma fonte para o estudo de mentalidades.
> No Brasil escravista: relações sociais entre libertos e homens livres e entre libertos e escravos.
> Bahia opulenta: uma capital portuguesa no Novo Mundo (1549-1763).
> A riqueza dos baianos no Século XIX.
> Bahia, 1798: os panfletos revolucionários. Proposta de uma nova leitura.  

                                    

MELLO, Kátia Andréia Vieira de. Comportamentos e práticas familiares nos domicílios escravistas de Castro (1824-1835) segundo as listas nominativas de habitantes. Curitiba, UFPR, 2004. 180 p.
RESUMO. O presente trabalho de pesquisa empreende um estudo sobre o comportamento e as práticas familiares dos escravos de Castro nas primeiras décadas do século XIX. Utiliza como fonte principal as listas nominativas de habitantes de 1824, 1829 e 1835, documentos estes que contêm uma variedade de informações sobre a estrutura dos domicílios de Castro e de sua população escrava. Como complemento, fizemos uso ainda de alguns dados contidos nos registros de casamentos (1800-1824) e nas fichas de batismo (1801-1820) que trazem algumas pistas acerca das sociabilidades dos escravos castrenses no início do século; as cópias transcritas destes documentos encontram-se arquivadas na Casa da Cultura em Castro. Nossos resultados destinam-se a contribuir para o novo enfoque da historiografia sobre famílias escravas no Brasil que sustenta que, apesar dos obstáculos colocados pelo tráfico e pela escravidão, os escravos formavam família no cativeiro. Não compunham uma massa de desregrados cujas uniões eram instáveis e sem normas de convívio. Até mesmo nas regiões agroexportadoras da economia brasileira, cujo intenso ritmo de trabalho comprometia a integridade física e social dos escravos, pesquisas recentes demonstram elevados índices de casamentos entre a massa cativa. Organizando os dados de nossas fontes por meio de gráficos e tabelas capazes de manifestar comportamentos e práticas familiares entre escravos, pretende-se comprovar que a conformação de famílias se efetivou em Castro mesmo num período de mudanças na escravidão do Paraná operadas, sobretudo, pelo tráfico negreiro. Enfatiza-se, ainda, que a condição não exportadora da economia paranaense combinada com a estabilidade atingida pelas maiores posses da região (que coincidia com a maturidade etária dos senhores) configuravam-se determinantes para a durabilidade das famílias no decurso dos anos. Os escravos, nestas condições, não apenas casavam-se mas tendiam a manter suas famílias unidas por longo período de tempo. Neste mercado matrimonial uma série de variáveis, com destaque a cor, idade, sexo, procedência e condição jurídica dos nubentes, combinavam-se à realidade do cativeiro ora facilitando e ora escasseando as oportunidades conjugais dos escravos. O cativeiro pode ter comportado um conjunto de regras e normas sociais reconhecidas e valorizadas pela comunidade. Diferente do que sustenta a historiografia tradicional, este estudo é mais um dos exemplos de que a instabilidade e a promiscuidade não imperaram como normas durante a escravidão. A família era valorizada e respeitada no interior das escravarias. Tudo indica que tanto os senhores como os cativos, cada um a seu modo, estavam convencidos da relevância das famílias escravas. A própria sobrevivência da escravidão pode ter dependido fortemente deste consenso.

                     

MESSIAS, Rosane Carvalho. O cultivo do café nas bocas do sertão paulista: mercado interno e mão-de-obra no período de transição - 1830-1888. São Paulo, Editora UNESP, 2003.
DA APRESENTAÇÃO DO LIVRO. Ao discutir a transição da escravidão para o trabalho livre na região de Araraquara e de São Carlos, no Oeste Paulista, entre 1830 e 1888, conhecida como boca do sertão, a autora examina como ocorreu a implantação cafeeira nesses municípios e como os fazendeiros, num período de grandes transformações estruturais nacionais, se comportaram para enfrentar as questões concernentes à mão-de-obra na produção do café. O estudo remonta à economia da região no período que antecedeu o surto do café; contempla, assim, a importância dos segmentos econômicos voltados para o mercado interno, como a pecuária, a produção de alimentos e a aguardente, que promoveram a acumulação de capital e o tipo de estrutura fundiária com base nos quais deu-se a implantação do café. A cultura cafeeira, portanto, não substituiu setores em decadência, mas reforçou o desenvolvimento da região e contribuiu para a sedimentação das atividades ligadas ao mercado interno. Observou-se, ainda, que, embora a economia de exportação se tornasse preponderante, ela nunca foi exclusiva. Como a economia interna contava basicamente com mão-de-obra escrava e trabalhadores livres nacionais, esse foi o suporte imprescindível para a implantação do cultivo do café em Araraquara e em São Carlos, o qual apresentou um desenvolvimento nada uniforme, seja em termos de estrutura fundiária -- com latifúndios e propriedades pequenas, médias e grandes --, seja quanto à organização do mercado de trabalho, dada a presença de escravos libertos, de homens livres já radicados no Brasil e de imigrantes.

                                           

MORAIS, Christianni Cardoso. Usos da palavra escrita e graus de letramento de escravos no século XIX (São João del Rei, Minas Gerais). Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. No Brasil, desde 1980, os historiadores têm mostrado que, apesar dos escravos serem legalmente considerados "coisas", possuíam uma cultura específica e estabeleciam relações de sociabilidade com os diversos agentes históricos com os quais conviviam. O objetivo deste trabalho é investigar como eram as relações dos cativos com os códigos escritos. Toma-se como fontes primárias anúncios de fugas publicados em periódicos oitocentistas na Vila de São João del Rei (MG). A partir de uma interlocução com a História da Educação, da Leitura e da Escrita, utiliza-se como ferramenta de análise o conceito de letramento, admitindo-se que as relações dos escravos com o escrito são múLtiplas, possibilitadoras de vantagens e de alguma forma de liberdade, mesmo que restrita.

                                 

MOURA, Ana Maria da Silva & LIMA, Carlos Alberto Medeiros. Devoção e incorporação: igreja, escravos e índios na América Portuguesa. Curitiba, Ed. Peregrina, 2002. 379 p.
DA APRESENTAÇÃO DO LIVRO. Nesta obra os historiadores Ana Maria da Silva Moura e Carlos Alberto Medeiros Lima disponibilizam, cada qual em sua temática de estudo e pesquisa, elementos para a reflexão sobre a formação (e a forma) de uma sociedade baseada na instrumentalização e hierarquização. Aborda aspectos da incorporação e inclusão subordinada de negros e indígenas, no Brasil Colonial, ao mesmo tempo em que traz à discussão a capacidade de instituições como as irmandades negras de se estruturarem e terem visibilidade como tal, diante dos grupos dominantes. Escravos da Senhora do Rosário e Coisa de Índio, textos que compõem o livro, são permeados pela discussão acadêmica de seus autores, que conservam a riqueza do diálogo e transformam em conhecimento as divergências nas avaliações finais de suas temáticas.

                                         

PINTO, Jefferson de Almeida. Velhos atores em um novo cenário: controle social e pobreza em Minas Gerais na passagem à modernidade (Juiz de Fora -- c. 1876 -- c. 1922). Niterói, ICHF, Pós-graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Dissertação de Mestrado, 2004, mimeografado, 160 p.
RESUMO. Neste trabalho buscamos estabelecer uma análise do controle social formal e informal exercido no espaço público da cidade de Juiz de Fora. Tomamos por contexto um período histórico em que houve uma mudança na concepção de pobreza e caridade, conseqüência da crise do sistema escravista, das novas necessidades do mercado de trabalho, da modernização urbana e das instituições públicas. Nossas análises e delimitações do objeto nos levaram a enfocar a ação da polícia e da Igreja Católica. Em relação à primeira, constatamos a busca pela implementação de projetos que pusessem "ordem na desordem" urbana, tarefa esta muito árdua, como pudemos evidenciar. Tais projetos passavam pela modernização da instituição e buscavam resolver problemas sociais frente à crescente criminalidade, ou então, segregar, dos inválidos, os pobres tidos como válidos para o trabalho, "revelando", assim, os "pobres de Cristo" e os vadios. Não obstante, essas atitudes buscavam assegurar às elites dirigentes o controle em relação ao mercado de trabalho na cidade e na região. Nota-se que tais projetos eram influenciados pelo pensamento social moderno em relação aos problemas causados pelas massas, emergente na Europa desde o início dos oitocentos. Por sua vez, persistiam antigos dilemas neste processo, tais como o pequeno efetivo de praças, a truculência policial ou a manutenção e o destino dos presos pobres recolhidos à cadeia pública. As autoridades policiais não sabiam o que fazer com mendigos, vadios, menores, loucos, doentes, idosos, entre outros, abandonados em suas celas. Parte destes problemas era fruto, no nosso entender, da relação indefinida entre os poderes locais, provinciais/estaduais e a polícia, por exemplo, na fiscalização de posturas, na delimitação das funções dos agentes públicos, na profissionalização dos quadros policiais e, pelo discurso da imprensa e pela análise dos relatórios da Chefia de Polícia do Estado de Minas Gerais, pela falta de uma definição da política penal a ser adotada pelo Brasil, sobretudo, com o advento da República. Neste contexto, na busca pelo combate ao crescente processo de secularização característico do período, o projeto do clero romanizado da cidade passa a atuar sobre os considerados verdadeiros pobres e sem nenhum tipo de amparo. Assim, mediante a "missão sagrada" e não menos necessária da caridade, administrando escolas, hospitais, asilos de mendigos e órfãos, doando alimentos aos presos, entre outros, a Igreja Católica passa a regular a caridade e o destino das esmolas e assume assim uma função que até os dias de hoje ainda pode ser percebida na minimização dos problemas sociais.

                             

RADIN, José Carlos. Aspectos da presença italitana em Santa Catarina. História: debates e tendências (Brasil - Itália: travessias). Universidade de Passo Fundo, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em História, vol. 5, n. 1, jul. 2004, p. 116-130.
RESUMO. O autor traça um panorama da participação dos italianos no processo de colonização de Santa Catarina, destacando as várias experiências ao longo do século XIX nas regiões por eles ocupadas, bem como os principais problemas enfrentados no período inicial. Também revela a significativa migração dos descendentes de italianos, das áreas coloniais gaúchas para a nova fronteira agrícola do Oeste catarinense, processo migratório esse que ocorreu, principalmente, entre as décadas de 1920 e 1960.

                                  

SALLES, Ricardo. "Vassouras, c. 1870: uma sociedade escravista madura e novos padrões nas relações entre senhores e escravos". Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. O objetivo deste texto é compreender a dinâmica histórica da relação de forças entre senhores e escravos no momento em que se abre a crise do escravismo brasileiro, a partir de meados da década de sessenta do século XIX e que antecede aquele de sua destruição, que se inicia a partir da década de 1880. É levantada a hipótese, ainda necessitando da investigação posterior de novas variáveis, que os anos sessenta, menos que o início de um processo irreversível de declínio da população cativa em Vassouras, representariam um momento de transição nas relações entre senhores e escravos. A dinâmica africana, que dominou estas relações alimentada pela importação de africanos propiciada pelo tráfico inter e intraprovincial, estaria dando lugar a uma dinâmica crioula, marcada por alterações significativas nas tendências demográficas e sociais atuantes no seio da comunidade escrava, tais como, além da maior proporção de escravos crioulos em relação aos africanos: o maior equilíbrio entre os sexos, uma pirâmide etária também mais equilibrada, o aumento no número de famílias e filhos, podendo este último fato indicar uma tendência ao início de um processo de crescimento vegetativo da população escrava. Desta forma, o que fica evidente é que a lei de 28 de setembro de 1871 teve impacto sobre uma região escravista que, mantidas as condições sociais e demográficas engendradas durante a década de 1860, teria plenas condições de se auto-reproduzir de forma estável, sem o aporte externo de mão-de-obra. Nesta conjuntura, a transição para o predomínio de uma dinâmica crioula nas relações entre senhores e escravos incidiu diretamente sobre as práticas e as lutas conduzidas por escravos. À diferença do período dominado pelo afluxo constante e em larga escala de africanos, as ações dos escravos se deram, cada vez mais, no sentido de ampliação de seus espaços no seio da ordem escravista vigente. Mais que concessões e direitos na escravidão, o que estava em jogo e no horizonte de conquistas eram direitos legais estabelecidos e, no limite, a conquista da própria cidadania, não somente individual, mas para todos aqueles que eram mantidos em cativeiro.

                                                  

SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era italiano: São Paulo e pobreza (1890-1915). São Paulo, Annablume / FAPESP, 1a. ed. 1998, 2a. ed. 2003, 196 p., (Coleção Selo Universidade).
DA APRESENTAÇÃO DO LIVRO. Em meio a discursos, códigos de postura, representações e imagens que projetavam São Paulo como a metrópole que mais crescia no Brasil, síntese do progresso e do desenvolvimento de uma cultura urbano-fabril, Carlos José construiu tabelas e quadros estatísticos a partir de relatórios governamentais, censos demográficos e estudos sobre a população de São Paulo entre os anos 1890 e 1915, trazendo à tona proporções de seus habitantes que então viviam, trabalhavam e experimentavam a pobreza, a exclusão e o reverso daquela metropolização. Pelo minucioso e criterioso cruzamento desses dados com fotografias, crônicas e reminiscências sobre os viveres na cidade símbolo do trabalho organizado, qualificou seus quadros estatísticos, reconstituindo territórios esquecidos, práticas de sobrevivência e de confrontos culturais, pluralizando as experiências que sustentavam as metáforas do progresso quando "nem tudo era italiano", prosperidade e coesão. Enfim, o autor contempla os não imigrantes, vale dizer, a parte mais desvalida da população da urbe, os negros, índios, mestiços, pretos, pardos, caboclos, caipiras, mulatos, nativos, brasileiros, ou seja "os da terra"; aos considerá-los, procura resposta para algumas questões básicas sobre tais pessoas: como elas interagiram com as transformações por que passava a cidade de São Paulo na virada do século passado? Quais os seus modos de vida?

                              

SENNA, Adriana Kivanski de. A instituição matrimonial: os casamentos em Rio Grande - 1889-1914. Porto Alegre, PUCRS, Dissertação de Mestrado, 1999.
RESUMO. A partir da reconstituição do sistema de casamentos, durante o período compreendido entre 1889 e 1914, buscou-se recuperar aspectos do comportamento da população rio-grandina de então. Para tanto, servimo-nos daquelas uniões que foram efetivadas através do registro eclesiástico, civil ou por ambos. Os registros civis e eclesiásticos dos matrimônios, as fotografias de casamento bem como as notícias relacionadas ao tema e publicadas nos jornais formaram a estrutura básica desta dissertação. Verificamos que a população rio-grandina tinha nos casamentos legalmente constituídos um garante da estabilidade social através da célula familiar instituída. Constatou-se que em Rio Grande os casais optaram por uma proximidade nas idades e condição social; casaram predominantemente na 5ª feira e no Sábado (tradição mantida até hoje) e no mês de setembro; utilizaram-se das fotografias como forma de reforçar o ato do casamento e assim garantir sua lembrança; reproduziram, nos jornais locais, os principais atos governamentais sobre o tema e toda uma gama de anúncios, notícias e pequenos gracejos sobre o casamento, sem no entanto evidenciarem posicionamentos próprios.

                          

SILVA, Cristiano Lima da. As Alforrias nos Registros de Batismos da Matriz de Nossa Senhora do Pilar de São João del Rei: uma análise demográfica (1751-1850). Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. Entre os anos de 1751 e 1850 foram registrados nos livros de batismos da Freguesia da Matriz de N. Sra. do Pilar de São João del Rei os sacramentos ministrados a 14.631 filhos de escravos. Destes, 318 foram declarados livres em seus assentos, correspondendo a 2,17% do total de crianças batizadas naquele período. Ressaltando a importante função do registro de batismo como sendo equivalente a uma escritura pública onde também se declarava a alforria, analiso o número de manumissões realizadas nas diferentes décadas refletindo sobre a freqüência dessa prática no contexto de uma importante região mineradora. Também analiso o sexo das crianças que foram libertas no dia de seus batismos.

                                        

SILVA, Maria da Conceição. Catolicismo e casamento civil na Cidade de Goiás: conflitos políticos e religiosos (1860-1920). Revista Brasileira de História, 2003, v. 23, n. 46, p.123-146.
RESUMO. Este artigo analisa a atuação do clero no sentido de normalizar o comportamento das pessoas por meio da celebração do matrimônio na cidade de Goiás, no período de 1860 a 1920, sendo que as normas católicas tinham por objetivo implantar um catolicismo ultramontano tridentino. Assim, o clero ultramontano procurava moralizar a vida privada do fiel e também evitar a adesão deste ao casamento civil, sobretudo após a aprovação do Decreto n. 181, de 24 de janeiro de 1890, que o estabeleceu no País.

                                     

SOUSA, Jorge Luiz Prata de. Anotação a respeito de uma fonte: os registros de óbitos da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva/UFRJ, 11 (1): 33-58, jan.-jun. de 2003.
RESUMO. Este trabalho integra um projeto cujo objetivo principal é estudar as condições de vida e as possibilidades de reprodução da mão-de-obra livre e cativa da cidade do Rio de Janeiro no século XIX. Inicialmente, foram estudados os registros de óbitos da Santa Casa de Misericórdia concernentes aos períodos 1835-1849 e 1852-1888. Com respeito ao primeiro lapso de tempo contamos com dados parcialmente organizados para todas as ocorrências de óbitos da cidade do Rio de Janeiro, já para o segundo período os dados são sistemáticos e completos.

                                 

SOUZA, Sonia Maria de. Laços de família: uma estratégia de sobrevivência camponesa. Comunicação apresentada no 2o. Seminário Regional do Centro de Estudos do Oitocentos - CEO. São João del Rei, Universidade Federal de São João del Rei - MG, maio de 2004.
RESUMO. A autora analisa os laços familiares estabelecidos pela parcela camponesa residente no município de Juiz de Fora no período compreendido entre os anos de 1870 e 1920. Tendo como referência documentos como inventários post-mortem e listas nominativas de habitantes, analisa os padrões de casamento adotados por este setor da sociedade deste município e procura apontar a importância da família para sua sobrevivência enquanto um grupo social.

                                

       

                                            

TRABALHOS APRESENTADOS NO VIII ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA -- CURITIBA (PR)

                                               

FERNANDES, Eurico da Silva. Esboço de um mapa sócio-demográfico da Intendência de Córdoba a partir da análise do censo de 1778. In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 278-281.

                                   

LIMA, Ruth Ribeiro de & ARRUDA, Cíntia da Silva. Uma mulher em seu tempo: Célia Perioto Antunes. In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 699-706.

                          

LUPION, Marcia Regina de Oliveira. O sentido de ser mulher: a ótica de protagonistas femininas na história de Lobato. In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 469-476

                         

LUPION, Marcia Regina de Oliveira. Nas águas de Lobato - a experiência de nordestinos e japoneses no processo de ocupação norte paranaense (1948-1975). In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 477-483.

                             

OLINTO, Beatriz Anselmo. A medicalização da identidade pela lepra. In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 137-145.

                                    

REIS, Cacilda Estevão. Civilidade e progresso: ideais da imigração européia nos discursos da elite política brasileira (1846-1888). In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 146-149.

                          

WAGNER, Ana Paula. As fronteiras do sentir-se em família - um estudo sobre libertos moradores na freguesia de Nossa Senhora do Desterro (1850-1888). In: ARIAS NETO, José Miguel & DE BONI, Maria Ignês Mancini & SOUZA, Silvia Cristina Martins de. 150 Anos de Paraná: história e historiografia - Anais do VIII Encontro Regional de História. Curitiba, Associação Nacional de História - Núcleo Regional do Paraná / Aos Quatro Ventos, 2004, p. 41-45.

                          

                         

Notícia Bibliográfica

                    

                                                         

Horacio Gutiérrez, Márcia R. C. Naxara & Maria Aparecida de Souza Lopes (orgs.). Fronteiras: paisagens, personagens, identidades. São Paulo: Olho d'Água, 2003, 300p.

APRESENTAÇÃO. O entendimento das denominadas expansões fronteiriças, para além das definições geográficas, envolve elementos culturais, econômicos e militares, como a formação de tipos nacionais, invenção de heróis, transformação de paisagens, criação de espaços econômicos, fundação de cidades e migrações populacionais. O livro discute o papel da fronteira na formação das identidades nacionais. A fronteira aparece não apenas como uma região de confronto entre duas culturas desiguais, mas como o espaço em que o choque acaba transformando ambas as culturas, emergindo novas identidades, formas de sociabilidade e mecanismos de dominação.
Sumário da Obra:
- Maria Aparecida de Souza Lopes. Frederick Jackson Turner e o lugar da fronteira na América, p. 13-33.
- Laura Muñoz. Bajo el cielo ardiente de los trópicos: las fronteras del Caribe en el siglo XIX, p. 35-60.
- Raúl J. Mandrini & Sara Ortelli. Una frontera permeable: los indígenas pampeanos y el mundo rioplatense en el siglo XVIII, p. 61-94.
- Leandro Mendes Rocha. O Estado, as fronteiras e o trinômio índio-Deus-pátria: o caso dos índios Tiriyó, p. 95-114.
- Horacio Gutiérrez. Fronteira indígena, nação e identidades: Chile no século XIX, p. 115-132.
- Casey Walsh. Algodón y la frontera México-Estados Unidos, p. 133- 158.
- Jacy Alves de Seixas. Tênues fronteiras de memórias e esquecimentos: a imagem do brasileiro jecamacunaímico, p. 161-183.
- Maria de Fátima Costa. Personagens fronteiriços: os Guaikurú conforme a Viagem Filosófica de A. R. Ferreira e a Viagem Pitoresca e Histórica de J. B. Debret, p. 185-223.
- Márcia R. C. Naxara. 'Encantos' e 'Conquistas' do Oeste: desvendar fronteiras e construir um lugar político, p. 225-248.
- Durval Muniz de Albuquerque Jr. Cartografias da alegria ou a diversão do Nordeste: as imagens do regional no discurso tropicalista, p. 249-279.
- Heloísa Jochims Reichel. Personagens fronteiriços em tempos de guerra: a região platina (1811-1820), p. 281-300.

                         

       

                                                                         

TRABALHOS DE MARGARIDA VARELA DURÃES, 

PROFESSORA DOUTORA DA UNIVERSIDADE DO MINHO

                               

- "Breve História do Município Famalicense, em 1835" Conferência proferida no I Encontro Municipal de V. N. de Famalicão, 1980, in Boletim Cultural da Câmara Municipal de V. N. de Famalicão, nº 1, 1980.

               

- "Uma primeira aproximação aos testamentos: Venade e a prática de testar da sua população" in A Morte no Portugal Contemporâneo. Aproximações sociológicas, literárias e históricas. Ed. Querco, Lisboa, 1985.

           

- "Herdeiros e não herdeiros: nupcialidade e celibato no contexto da propriedade enfiteuta" in Revista de História Económica e Social, nº 21, Lisboa, 1988.

                  

- "A casa rural minhota: papel e significado no contexto hereditário (sécs. XVIII-XIX)" in Cadernos do Noroeste, nº 1, Braga, 1987.

                 

- "Família, Igreja e Estado: a salvação da alma e o conflito de interesses entre os poderes", in Actas do Colóquio Arqueologia do Estado, Lisboa, 1989

             

- "O Minho e os programas de desenvolvimento agrícola (algumas reflexões)" in Cadernos do Noroeste, nº 3, Braga, 1990.

               

- "No fim, não somos iguais: estratégias familiares na transmissão da propriedade e estatuto social" in Boletin de la Asociacion de Demografia Histórica, ano X, nº 3, Madrid, 1992.

             

- "O Minho no pensamento geo-histórico do Portugal Moderno e Contemporâneo" in Cadernos do Noroeste, vol. 7, nº 2, 1994.

            

- "Necessidades Económicas e Práticas Jurídicas: problemas da transmissão das explorações agrícolas. Sécs. XVIII-XIX", in Ler História, nº 29, 1995.

            

- "Nécessités Économiques et Pratiques Juridiques: problèmes de la transmission des exploitations agricoles (XVIII-XX siècle)", in Mélanges de l'École Française de Rome. Italie et Méditerranée. Mefrim, tome 110, 1998.

              

- "O senhorio de Carvoeiro e as suas relações com a administração camarária de Barcelos (1609 - 1645)", in Actas do Congresso Barcelos Terra Condal, Barcelos, 1999.

                  

- Herança e Sucessão. Leis, práticas e costumes no termo de Braga (sécs. XVIII-XIX). Tese de doutoramento apresentada à Universidade do Minho, Braga, 2000. Prémio Alberto Sampaio 2001.

                

- "Heranças: solidariedades e conflitos na casa camponesa minhota. (Séculos XVIII - XIX)", in Biblos. Homenagem ao Prof. Dias Arnaut, Coimbra. No prelo.

               

- "'Porque a morte é certa e a hora incerta ...' . Alguns aspectos dos preparativos da morte e da salvação eterna entre os camponeses bracarenses. (Séculos XVIII - XIX)", in Cadernos do Noroeste, Série Sociologia, vol. 13 (2), 2000.

            

- "O senhorio de Adaúfe: propriedade, população e exploração agrícola (sécs. XVI-XIX)", in Actas do III Congresso Histórico de Guimarães: D. Manuel e a sua época. No prelo.

                 

- "Filhos e Enteados. Práticas sucessórias e hereditárias no mundo rural", in Cadernos do Noroeste, vol. 15 (1-2), Série História 1, 2001.
                      

- "A posse da terra: formas de dominação e relações de poder na região rural de Braga (sécs. XVIII-XIX)", in Ler História, nº 43, 2002.

                    

- "Qualidade de vida e sobrevivência económica da família camponesa minhota: o papel das herdeiras (sécs. XVIII - XIX)", in Cadernos do Noroeste, vol. 17 (1-2), 2002.

                   

- "25 anos do I. C. S.. Estratégias de ensino, de investigação e de extensão social no Departamento de História", in Cadernos do Noroeste, vol. 19 (1-2), 2002.

                 

- "Entre a Terra e o Céu", in convite da Exposição de Registos de Santos, Centro Unesco do Porto, 2002.

              

- "Draineurs d'hommes du monde rural: les monastères bénédictins du Nord-Ouest du Portugal (XVI - XIX siècles)", in Actes du Colloque International " Religion et Montagnes en Europe de l'Antiquité à nos jours ", Tarbes, 30 mai - 2 juin, 2002. No prelo.

                             

- "Os Testamentos: apontamentos de investigação para uma História da Família", in Boletim do NEPS, nº 29, Janeiro de 2003.

                       

- "Nota prévia", in Homenagem a Maria Manuela Campos Milheiro Fernandes, Cadernos do Noroeste, 20 (1-2), Série História 3, 2003, pp. 11-14.

                  

- "Para uma análise sociológica dos Monges Negros da Ordem de S. Bento (XVI - XIX séculos)", in Cadernos do Noroeste, 20 (1-2), Série História 3, 2003.

                     

- "Heranças: solidariedades e conflitos na casa camponesa minhota (sécs. XVIII - XIX)", in População e Família, nº 5 (Família Ibero-Americana), S. Paulo, 2003.

                    

- "A Leitura de Romances e a Aprendizagem da História Contemporânea", in Actas do I Encontro sobre Narrativas Históricas e Ficcionais, I. E. P., Centro de Investigação em Educação, Braga, 2004. Em colaboração com Maria do Céu Melo.

               

- "Succession et Héritage. Lois, pratiques et coutumes dans la région rurale de Braga (sécs. XVIII - XIX). Les résultats d'une recherche en Histoire de la Famille" - No prelo.

                                                                                 
       

                                                                     

ROCHA-TRINDADE, Maria Beatriz & CAMPOS, Maria Christina Siqueira de Souza (orgs.). Olhares Lusos e Brasileiros. São Paulo, CERU, 2004.
RESUMO. Obra composta por artigos elaborados por pesquisadores do Centro de Estudos das Migrações e das Relações Internacionais - CEMRI / Portugal e do Centro de Estudos Rurais e Urbanos - CERU / São Paulo. Trabalhos que integram o livro: Parte I - Vivências e representações --  "À cata da fortuna...": a emigração portuguesa na imprensa periódica, nos princípios de novecentos, de Domingos Caeiro; Teias que a emigração tece: os "Brasileiros" no Século XIX, uma análise microanalítica, de Odete Paiva; Imagens do imigrante português no meio rural paulista, de Maria Christina Siqueira de Souza Campos; Portugueses em São Paulo: memória e identidade, de Alice Beatriz da Silva Gordo Lang; Refocalizar a imagem do "Brasileiro", de Maria Beatriz Rocha-Trindade. Parte II - Perspectivas metodológicas -- "Dizer a migração": considerações preliminares sobre o "discurso próprio" no estudo das migrações, de Joaquim Torres Costa; Migrações e relatos orais: as potencialidades das entrevistas com gerações sucessivas, de Zeila de Brito Fabri Demartini; A dimensão sócio-antropológica no romance 'Emigrantes' de Ferreira de Castro, de Célia Marques Pinto; Diáspora, narrativas de vida e imagem: novos desafios da representação antropológica, de Ana Paula Beja Horta; Construção do presente etnográfico, filmes de memória e novas tecnologias, de José da Silva Ribeiro.

                            

       

                                                    

GOLDSCHMIDT, Eliana Maria Réa. Casamentos mistos - liberdade e escravidão em São Paulo Colonial. São Paulo, Annablume, 2004, 176 p.
RESUMO. A autora estuda os casamentos entre escravos e não-escravos, a partir da documentação da Cúria Metropolitana de São Paulo (dispensas matrimoniais e casamentos) nos séculos XVI, XVII e XVIII, analisando os mecanismos eclesiásticos e senhoriais de controle da instituição. Destaca os casamentos entre escravos de origem africana e os indígenas. Detecta o conjunto de fatores que levava ao matrimônio em casais compostos por um contraente escravo e as articulações para que estas uniões fossem possíveis na sociedade escravocrata.

                     

                                                                             

Publicações Recebidas

                                                                                                

VOLUMES DA SÉRIE MONUMENTA

                                                     

KRINSKI, Marcia Luzia (orga.). Promessas desfeitas: documentação paranaense em processos do Juízo Eclesiástico da Diocese de São Paulo (1750 a 1796). Curitiba, Aos Quatro Ventos / CEDOPE, 2003, 135 p., (Série Monumenta).
RESUMO. A autora reporta alguns casos nos quais diferentes pessoas, a partir do rompimento de compromissos antes assumidos, procuraram remédio na justiça eclesiástica. Essa documentação propicia uma visão da família brasileira no século XVIII, bem como da forma de agir da Igreja à época.

                               

PEREIRA, Magnus Roberto de Mello (org.). Plano para sustentar a posse da parte meridional da América portuguesa (1772). Curitiba, Aos Quatro Ventos / CEDOPE, 2003, 136 p., (Série Monumenta).
RESUMO. No âmbito das disputas entre Espanha e Portugal pela região da margem oriental do Rio da Prata, o governador da capitania de São Paulo, D. Luiz Antonio Botelho Mourão, enviou para as autoridades metropolitanas um plano com o qual se visava a defender os territórios portugueses na América. Sua reprodução nos remete, pois, àquelas lutas pelo domínio das terras almejadas pelas duas nações.

                                    

PEREIRA, Magnus Roberto de Mello (org.). Posturas municipais - Paraná, 1829 a 1895. Curitiba, Aos Quatro Ventos / CEDOPE, 2003, 199 p., (Série Monumenta).
RESUMO. No volume são reproduzidas, para algumas cidades paranaenses, as posturas municipais concernentes ao século XIX. Tais posturas, além de poderem vir a embasar estudos sobre a administração municipal de então, também registram as transformações vividas pela sociedade local, oferecendo relevantes informações sobre os hábitos, os costumes e o cotidiano das cidades paranaenses.

                           

PEREIRA, Magnus Roberto de Mello & NICOLAZZI JUNIOR, Norton Frehse (orgs.). Audiências e correições dos Almotacés (Curitiba, 1737 a 1828). Curitiba, Aos Quatro Ventos / CEDOPE, 2003, 294 p., (Série Monumenta).
RESUMO. Neste volume são apresentados os registros dos atos praticados por diversos almotacés na vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Aqui e ali, nos confrontamos com aspectos do cotidiano curitibano do século XVIII, quando os vendeiros deviam manter suas portas varridas e os moradores, em geral, as ruas limpas e desimpedidas. 

                              

SANTOS, Antonio Cesar de Almeida & SANTOS, Rosângela Maria Ferreira dos (orgs.). Eleições da Câmara Municipal de Curitiba (1748 a 1827). Curitiba, Aos Quatro Ventos / CEDOPE, 2003, 256 p., (Série Monumenta).
RESUMO. As atas das eleições apresentadas neste volume foram transcritas de dois livros manuscritos depositados na Biblioteca da Câmara Municipal de Curitiba. Tal documentação nos permite conhecer um pouco mais e melhor o passado da vida desta importante urbe, hoje capital do Estado do Paraná. É possível, por exemplo, identificar como se compunha e comportava a elite que transitava na esfera do poder político local e como tal grupo privilegiado atuou sobre a formação e o desenvolvimento da comunidade paranaense.

                                       

       

                                      

BERTIN, Enidelce. Alforrias na São Paulo do século XIX: liberdade e dominação. São Paulo, Humanitas/FFLCH/USP, 2004, 194 p. (Série Teses). Originalmente apresentada como dissertação de Mestrado, FFLCH da Universidade de São Paulo, sob o título Alforrias em São Paulo do século XIX: entre a conquista e o paternalismo senhorial, 2001.
DA APRESENTAÇÃO DO LIVRO. Esta obra coloca o leitor diante de uma rica documentação: as cartas de liberdade de escravos registradas na cidade de São Paulo no século XIX. Produzidas pelos proprietários de escravos, as cartas de liberdade tendiam a valorizar a vontade senhorial como motivo determinante da alforria, pois, ao registrarem as alforrias, os senhores reforçavam o caráter concessivo e filantrópico de sua ação, retirando do escravo a condição de sujeito nesse processo. Entretanto, a análise cuidadosa da autora faz com que ressurjam das entrelinhas das declarações senhoriais aspectos da luta dos escravos no processo da conquista da liberdade. Dessa forma, seu estudo contribui tanto para a reflexão sobre os mecanismos da política de domínio como para a recuperação da agência dos escravos e suas estratégias sociais para a conquista da liberdade em São Paulo do Oitocentos.

                               

       

                                      

BERGAD, Laird W. Escravidão e história econômica: demografia de Minas Gerais, 1720-1888. Bauru (SP), EDUSC-Editora da Universidade do Sagrado Coração, 2004, 392 p., (Coleção História).
RESENHA (elaborada por Francisco Vidal Luna). No final do ano de 1999, a Cambridge Latin American Studies publicou o excelente trabalho do pesquisador Laird W. Bergad, sob o título Slavery and the demographic and economic history of Minas Gerais, Brazil, 1720-1888. Agora a obra é estampada em português. O livro contém os resultados de uma exaustiva pesquisa em fontes originais de Minas Gerais, algumas inéditas, e representa um trabalho fundamental para o entendimento do processo histórico em Minas Gerais e do próprio regime escravista no Brasil. O autor, ao analisar o importante debate a respeito da provável reprodução da população escrava em Minas Gerais, sentiu a necessidade de complementar a questão com uma base empírica mais consistente, suprindo a falta de séries de dados a respeito da economia escravista mineira. O autor afirma que seu estudo era ao mesmo tempo modesto e ambicioso. Mas, se havia objetivos modestos, foram eles superados pelo desafio enfrentado na construção das suas séries de dados, a respeito de aspectos demográficos e econômicos relacionados com o escravismo em Minas Geria, nos séculos XVIII e XIX. Representa um material de importância básica para futuros estudos relativos ao escravismo no Brasil. O autor serviu-se das fontes tradicionais existentes nos arquivos mineiros, mas centrou seu trabalho nos inventários. Desta fonte coletou a maioria das informações demográficas relativas aos cativos e também construiu uma longa série de preços de escravos.
Contudo, o trabalho não se limitou ao levantamento de dados e sua divulgação. O sentido original do estudo era estudar a economia e sociedade mineiras, particularmente as relações escravistas ali existente. Inclusive participar do debate concernente à reprodução da população escrava em Minas. Na falta de dados suficientes para avançar nesse debate construiu novas séries de dados. Com este material empírico e exaustiva utilização das fontes disponíveis, nos fornece uma visão ampla daquela sociedade e introduz elementos novos ao debate a respeito da reprodução da população escrava. O autor mostra evidencias claras da efetiva existência da reprodução. Ao reduzir-se a importação de escravos africanos, com a decadência da atividade extrativa, a reprodução natural da população escrava permitiu seu crescimento quantitativo, transformando Minas Gerais na região com o maior número de escravos no censo de 1872. Já em meados da década de 90 do século XVIII, os escravos nascidos no Brasil superavam os africanos e crescia significativamente a proporção de crianças e mulheres na população escrava. Todos os índices encontrados sugerem a reprodução dessa população no século XIX. A questão não é nova. Vem sendo discutida nos últimos vinte anos. Mas o trabalho acrescenta novas evidencias e uma sólida base de dados na forma de séries de tempo.
O livro divide-se em cinco capítulos e conclusão. Nos dois primeiros são apresentados os aspectos históricos de Minas Gerais, desde sua ocupação, com a descoberta do ouro, até a abolição dos escravos em 1888. O segundo capítulo representa uma excepcional síntese da história mineira no século XIX; para tanto, o autor serviu-se exaustivamente da bibliografia existente, dando-lhe um tratamento claro, objetivo e fundamentado. Para Laird, estes capítulos históricos representavam a base para o entendimento dos aspectos econômicos e sociais do escravismo mineiro, abordados nos capítulos seguintes. E isso foi obtido. No terceiro capítulo analisa-se o processo demográfico em Minas, desde a ocupação até o censo de 1872. Nesse capitulo o autor serviu-se de fontes tradicionais, publicadas ou não, mas já utilizadas por outros pesquisadores. O sentido deste tópico foi formar um quadro de longo prazo da dinâmica populacional em Minas Gerais. No quarto capítulo apresenta os resultados demográficos da sua pesquisa, baseada nos inventários. São dados anuais sobre variáveis demográficas a respeito dos escravos, tais como origem, idade, sexo. Há referências, também, sobre as famílias dos escravos, doenças etc. Os dados apresentados são exaustivamente analisados. No quinto capítulo também se serve das séries levantadas, mas agora levando em consideração aspectos econômicos, tendo por base, essencialmente, séries de preços de escravos. Verifica diferenças regionais, variações no tempo e correlação com as características demográficas dos escravos. Após as conclusões, o livro contém um extenso apêndice estatístico, contendo séries anuais de dados, a maioria relativas ao período 1707-1888.
Laird W. Bergad, já publicou outros trabalhos sobre temas de história econômica e social, tendo como objeto outras regiões latino-americanas, dentre os quais podemos citar: Coffe and Growth of Agrarian Capitalism in Nineteenth-Century Puerto Rico (Princeton University Press, 1983), Cuban Rural Society in the Nineteenth Century: The Social and Economic History of Monocuture in Matanzas (Princeton University Press, 1990). Foi co-autor da publicação The Cuban Slave Market, 1790-1880 (Cambridge University Press, 1995). Sobre o tema do livro relativo a Minas Gerais havia publicado alguns artigos, com resultados ainda parciais: "Depois do Boom: Aspectos Demográficos e Econômicos da Escravidão em Mariana, 1750-1808", Estudos Econômicos, 24(3):495-525, set-dez 1994; "After the Mining Boom: Demographic and Economic aspects of Slavery in Minas Gerais, Brazil: Marina, 1750-1808. " Latin American Research Review, vol. 31, no. I (1996), p. 67-97; "Demographic Change in a Post-Export Boom Society: The Population of Minas Gerais, Brazil, 1776-1821." Journal of Social History, vol. 29, no. 4 (1996), p. 895-932.

                                                                                    

                                  

 Notícias e Informes

                                  

                     

Conheça uma Revista dinâmica  

                                                                      

               

http://www.espacoacademico.com.br/

                                          

       

                                             

California Center for Population Research - UCLA

                                  
Established in 1998, the California Center for Population Research (CCPR) is a cooperative of social science faculty at UCLA who carry out basic and applied research and training in demography. CCPR comprises 36 active faculty researchers from the disciplines of sociology, economics, community health sciences, epidemiology, geography, and policy studies. CCPR researchers span several schools-including the College of Letters and Sciences, the School of Public Health, and the School of Public Policy- and multiple academic departments within UCLA. The Center receives financial support from the UCLA College of Letters and Sciences and from faculty research grants from a variety of public and private sponsors including the National Institutes of Health, the William and Flora Hewlett Foundation, the National Science Foundation and the Russell Sage Foundation.

                                                    

http://www.ccpr.ucla.edu/
                                       

       

                                                                         

Documentos do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa na Internet

                                                               

Encontram-se disponíveis na Internet cerca de três milhões de páginas manuscritas de 340 mil documentos dos séculos 16 ao 19 pertencentes ao acervo do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa (AHU). O banco de dados pode ser visitado nos endereços: www.resgate.unb.br  e www.cmd.unb.br . Trata-se do maior acervo digital de documentação histórica disponível na rede no Brasil. Na página da Internet os documentos, além de estarem reproduzidos segundo suas dimensões originais, também podem ser vistos em formato ampliado.

                                                                              

                                     

 Estatísticas Retrospectivas

                                                               

UM BANCO DE DADOS A SERVIÇO DO DESENVOLVIMENTO

DA PESQUISA HISTÓRICA

                                        
O CEO (Centro de Estudos do Oitocentos) está organizando, sob a coordenação de Gladys S. Ribeiro, da UFF, um "Sistema de Informação do Oitocentos". A construção de uma grande base de dados integrará os bancos de dados dos pesquisadores do CEO e de todos os colegas interessados em divulgar bancos de dados já montados. Tais fontes serão disponibilizadas na Internet e comporão o corpo principal de um futuro portal. A grande massa de informações a ser colocada na rede certamente nos auxiliará a compreender melhor o longo século XIX, proporcionando, ademais, não só a elaboração de estudos calcados nas fontes já disponíveis, mas, também, o aprofundamento do conhecimento decorrente de cruzamentos originais do material já coletado. Os colegas interessados em divulgar suas fontes devem entrar em contato com Gladys Ribeiro pelo e-mail do CEO ( ceo@historia.uff.br ) ou pelo fone 0xx-21-2629-2948.

                       

                                       

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

                                                                                 

OUTROS TRABALHOS INCORPORADOS AO ROL

                                                               

ASSIS, Angelo Adriano Faria de. Macabéias da Colônia: Criptojudaismo Feminino na Bahia - séculos XVI e XVII. Niterói, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Pós-graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Tese de Doutoramento, 2004, mimeografado.

                                    

CORREIA, Maria da Glória G. Do Amor nas Terras do Maranhão: um estudo sobre casamento e o divórcio entre 1750 e 1850. Niterói, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Pós-graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Tese de Doutoramento, 2004, mimeografado.

                            

JACQUELINE, Anny. A Influenza Espanhola e a Cidade Planejada: Belo Horizonte, 1918. Niterói, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Pós-graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Tese de Doutoramento, 2004, mimeografado.

                               

VIANA, Larissa Moreira. O Idioma da Mestiçagem: religiosidade e "identidade parda" na América Portuguesa. Niterói, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Pós-graduação em História, Universidade Federal Fluminense, Tese de Doutoramento, 2004, mimeografado.

                                        

 

Volta para o início da Página