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O JARDIM DE VALHALA
Conta
a lenda que na morada do Criador existe um imenso jardim, chamado
de Jardim de Valhala. Neste jardim, onde o tempo não vigora,
e um minuto e a eternidade convivem no mesmo momento, ficam os
espíritos bons, escolhidos pelo Altíssimo, aguardando
a hora de serem enviados à Terra para cumprirem sua missão.
No Jardim de Valhala dois espíritos, um chamado Danjar
e outro chamado Kandata, ficaram por tempos e tempos, surgindo
um amor profundo entre ambos. Um amor puro, fraternal, que os
unia com uma força superior à própria força
do amor.
Danjar e Kandata estavam sempre juntos. Um era a alegria do outro,
e, por um fenômeno que o mero conhecimento humano não
explica, um brilho descomunal reluzia sobre os dois quando estavam
lado a lado. A alegria que os dois espalhavam contagiava os demais
espíritos e os dois transformaram-se na essência
do jardim.
Um dia, Danjar foi enviado à Terra. Kandata, à
princípio, ficou muito feliz em saber que o seu inseparável
companheiro tinha, finalmente, sido enviado para cumprir sua
missão, porém, aquela alegria de primeiro momento
foi se transformando em uma tristeza profunda.
O Jardim de Valhala, de um instante para outro passou a não
ter mais sentido. Nada mais tinha sentido. Até o brilho
de Kandata foi morrendo e ela passou a ser a imagem viva da dor.
Os outros espíritos de tudo fizeram para que a alegria
de Kandata voltasse e nada conseguiram.
A dor de Kandata era tão profunda que os outros espíritos,
compadecidos de seu sofrimento, resolveram enviá-la à
Terra, mesmo sem ser a hora certa, para que ela pudesse procurar
e encontrar Danjar, e, se possível levá-lo de volta
ao jardim.
Tomando Deus conhecimento da rebeldia de Kandata, deu-lhe um
castigo: Ainda que ela estivesse na Terra, nunca encontraria
Danjar, vez que ele estaria sempre em lugar diferente do dela
e ela jamais poderia trazê-lo de volta ao Jardim de Valhala.
Kandata então, em um gesto desesperado, dividiu seu amor
em infinitos pedaços e implantou cada pedaço em
um novo espírito que viesse à Terra, pois assim,
não só ela, mas centenas de espíritos procurariam
por ele e algum poderia encontrar Danjar. Como cada um deles
levava parte do amor dela, um dia uma parte dela estaria junto
daquele que ela tanto amava.
Kandata dividiu-se e dividiu-se tanto, que dela nada mais restou
senão a lembrança.
Assim, quando duas pessoas se encontram e sem qualquer explicação,
um laço profundo de amor surge entre ambos, é um
pedaço do amor de Kandata que encontrou na outra pessoa,
um pedaço do brilho de Danjar.
Autor: Edmundo Machado
Campos dos Goytacazes - R.J.
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