Igreja Local de Witness Lee

Por Paulo Romeiro

Quanto a Igreja Local de Witness Lee (não gostam de ser chamados de Igreja Local e sim de "A Igreja dos Irmão", a "Igreja que está em São Paulo", "A Igreja que está no Rio de Janeiro" etc.), não a recomendamos nem a endossamos devido aos seus desvios doutrinários do cristianismo ortodoxo histórico. Eis algumas das razões:
Um dos primeiros problemas se relaciona com a doutrina da Trindade. A Igreja Local ensina que "o Pai, o Filho e o Espírito Santo são a mesma pessoa e que cada um deles é um passo ou um estágio sucessivo da revelação de Deus aos homens", com está e um dos seus livros, A Economia de Deus pp. 12, 13, 1a. edição em português, setembro/89. Neste mesmo livro, p. 71, dizem que "Jesus o Filho de Deus se tornou o Espírito". Afirmam, ainda, que "o Filho é o Pai" (p.52). Num livreto de Witness Lee intitulado Como Receber o Deus Trino Processado, declara que "o Espírito que estamos recebendo é o Deus trino Processado", p.7. De acordo com o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, a palavra processo significa uma sucessão de estados e mudanças. Um Deus processado seria, então, um Deus que passa por alterações ou mudanças. Isso contraria Malaquias 3.6, onde está escrito: "Eu sou o Senhor e não mudo" e Tiago 1.17: "Nele não há mudança e nem sombra de variação". A posição da Igreja Local sobre a Trindade não está de acordo com a Bíblia e já foi condenada na igreja primitiva, recebendo vários nomes, como sabelianismo modal (as três pessoas da Trindade são diferentes manifestações de Deus e não de três pessoas distintas que são ao mesmo tempo uma em substância) e patripassionismo (doutrina segunda a qual foi o Pai quem se encarnou e morreu na cruz), um outro nome para o modalismo. Quanto à Bíblia Sagrada, a Igreja Local afirma que não é necessário pesquisar, entender ou aprender as Escrituras Sagradas. Usam uma prática chamada ‘Orar-Ler’ a Palavra. Orar-ler é tomar um texto da Bíblia, repetindo várias vezes suas palavras sem procurar entendê-lo, como está escrito no livreto Orar-Lendo a Palavra, de Witness Lee, p. 7). Tentam defender esta prática citando 2a.Coríntios 3.6, que diz: "A letra mata". Ora, a letra que mata, a qual se refere o apóstolo Paulo é a lei de Moisés. Isto é claramente visto no versículo 7 do mesmo capítulo, pois foi gravada com letras em pedras (veja Deuteronômio 4.13). O próprio Jesus condenou o uso de repetições nas orações como está em Mateus 6.7. Um outro exemplo do valor do exame da Palavra de Deus pode ser observado em Atos 17.11, quando Paulo chegou a Beréia. Diz o texto que "estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas escrituras se estas eram assim". Em Neemias 8.8, vemos novamente a importância de se ler e entender o texto bíblico: "E leram no livro, na Lei de Deus: e declarando, e explicando o sentido, faziam que lendo, se entendesse". Observe que o Senhor Jesus, depois da ressurreição, abriu o entendimento dos discípulos para entenderem as Escrituras (Lucas 24.45). Há muitas outras passagens que poderiam demonstrar o valor de se estudar a Palavra de Deus. Desta forma, a prática ensinada pela Igreja Local de orar-ler sem a necessidade de se entender o texto lido não encontra apoio nas Escrituras. No livro Lições da Verdade - Nível Um, de Witness Lee, p.126, está escrito: "Quando Deus nos perdoa dos nossos pecados, Ele não só cancela as acusações de pecado contra nós diante Dele e nos livra da penalidade da Sua justiça, mas também faz com que os pecados que cometemos se afastem de nós. Isso é porque quando Ele fez do Senhor Jesus uma oferta pelo pecado na cruz, ele pôs todos os nossos pecados sobre Ele a fim de que Ele os carregasse em Seu corpo por nós. (João 1.29, Isaías 63.6; 1a. Pedro 2.24). Além disso quando Deus fez com que o Senhor Jesus levasse os nossos pecados na cruz para sofrer o julgamento e a punição de Deus em nosso lugar, Ele também fez com que todos os nossos pecados fossem postos sobre Satanás, a fim de que este arcasse com eles para sempre. Isso é revelado em tipologia na expiação registrada em Levítico. 16. Quando o sumo sacerdote fazia expiação pelos filhos de Israel, ele tomava dois bodes e os apresentava diante de Deus. Um era para Deus e devia ser morto para fazer expiação pelos filhos de Israel, enquanto que o outro era ‘por Azazel", isto é para Satanás, para levar os pecados dos filhos de Israel" (Levítico 16. 7-10; 15.22 - IBB). A posição da Igreja Local (também defendida pela Igreja Adventista do Sétimo Dia), em relação ao assunto acima não pode ser aceito à luz da Bíblia. Quando examinamos Levítico 15. 5 e 10, verificamos que o bode emissário também era apresentado para se fazer expiação com ele. Aqui cabe a pergunta: Satanás pode expiar pecados? A resposta à luz da Bíblia é Não! A Palavra de Deus é clara em afirmar que os nossos pecados foram colocados sobre Jesus e não sobre Satanás, como afirma a Bíblia em Isaías 53. 4, 5 e 1a. Pedro 2.24. O primeiro bode, chamado bode expiatório, era para a expiação de pecado, enquanto o segundo, chamado bode emissário, era para a remoção do pecado. Nota-se, então, que os dois bodes representavam os dois aspectos de uma única expiação de Cristo. Desta forma, os dois são símbolos de Cristo, nada tendo a ver com Satanás. No livro A Economia de Deus, Witness Lee declara nas páginas 189-191: "O próprio Satanás, como a natureza maligna e como a lei do pecado, habita em nós para corromper o nosso corpo" "Será que fomos impressionados com o fato de que todos os três seres: Adão, Satanás e Deus – estão em nós hoje? Somos bastante complicados. O homem Adão, está em nós; o diabo, Satanás, está em nós; e o Senhor da vida, o próprio Deus, está em nós. Portanto, nós nos tornamos um pequeno Jardim do Éden" "Adão, o ego, está na nossa alma: Satanás, o diabo, está em nosso corpo; e Deus, o Deus Trino, está em nosso espírito". Estas declarações não possuem base bíblicas que as sustente. Deve ser veementemente repelidas a idéia de que Satanás habita no corpo do Cristão. A Palavra de Deus é clara em afirmar que o nosso corpo é o templo do Espírito de Deus e que o Espírito Santo habita em nós. (1a. Coríntios 3.15; 2a. Coríntios 6.16). Veja ainda 1a. João 5.18: "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo puro e o maligno não lhe toca!" Há outras passagens bíblicas que poderiam ser citadas, indicando assim, mais um erro doutrinário da Igreja Local ao afirmar que Satanás pode habitar no corpo do cristão. Não existe também base bíblica para se afirmar que Adão habita em nossa alma. Toda essa confusão doutrinária deve ser rejeitada à luz da Bíblia (1a. Coríntios 14.33). Quanto ao batismo, Witness Lee declara no livro Lições da Verdade - Nível Um: "... o batismo faz-nos ter os pecados perdoados e receber o Espírito Santo" (p. 79). "Da mesma forma que Faraó e seu exercito seguiram os filhos de Israel Mar Vermelho adentro e foram afogados nele, também Satanás e seu poder mundano foram levados para dentro da água do nosso batismo e destruídos ali" (p. 85). "Na época de Noé, foi pela arca que Deus o salvou e a sua família do seu julgamento, isto é, da destruição do mundo pelo dilúvio... Assim, a água é não só o símbolo do batismo, mas também o meio da salvação" ( p.86). "Somente crendo e sendo batizado é que poderemos obter a completa salvação de Deus" (p. 88). "Por isso, o batismo é uma condição para a regeneração e entrada no reino de Deus", (p. 92). A falta de espaço não permite citar aqui muitas outras declarações de Lee sobre o batismo. O fato é que à luz da Bíblia, o batismo não salva, não ajuda a salvar e nem preservar a salvação. Em Tito 3.5 está escrito: "Não por obras de justiças que houvéssemos praticado, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela regeneração e a renovação do Espírito Santo.". Apesar de o batismo ser uma obra, Efésios 2.8,9 declara: "Por que pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem pelas obras para que ninguém se glorie" Podemos encontrar exemplo na Bíblia de pessoas que receberam a salvação à parte do batismo ou antes do batismo nas águas. Veja o caso do ladrão na cruz que se converteu. Ele não foi batizado, e no entanto Jesus lhe disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23.43). Outro exemplo encontra-se em Atos 10.44-48. Este evento na casa de Cornélio demonstra muito bem a falha da doutrina chamada "regeneração batismal", pois estes crentes haviam se convertido realmente, recebendo o dom do Espírito Santo antes de serem batizados em água. Não se pode negar que o batismo seja importante para os que crêem na pregação do evangelho, sendo um ato de obediência e um cumprimento da Palavra de Deus. Entretanto, a Igreja Local erra ao afirmar que ele é essencial para a salvação. São repugnantes as declarações da Igreja Local sobre a pessoa de João Batista, publicadas no jornal Árvore da Vida (órgão de divulgação do grupo), Ano 3 - Número 25, p. 6. Veja algumas, por favor: ‘João Batista é um exemplo de alguém que começou na linha da vida, na incumbência de Deus, mas que no fim se desviou.’ ‘Ele mesmo disse: "Convém que Ele (Jesus) cresça e que eu diminua.’ (João 3.30). Entretanto, em vez de diminuir, João cresceu. Ele gerou um discipulado. Certa vez, quando João encontrou Jesus, dois de seus discípulos seguiram-no, mas ele mesmo não foi.’. ‘No início ele foi totalmente contra os fariseus, chamando-os de raça de víboras, mas depois igualou-se a eles.’ ( Mat. 9.14). "João começou a perder totalmente a direção de Deus.". ‘Ele se orgulhou, até mesmo chegou a competir com Cristo; tinha seus próprios discípulos e andava no seu próprio caminho. Por isso o Senhor permitiu que sua cabeça fosse cortada.". A Igreja Local não está só na sua interpretação quanto a João Batista. A Igreja Unificada do Rev. Moon (conhecida como Seita Moon) também defende posições semelhantes no livro Princípio Divino que é o livro base da seita. Observe alguns exemplos: ‘Contudo, João não somente negou o testemunho de Jesus (João 1.21) por causa de sua ignorância da Vontade de Deus (Mateus, 11.19), mas também se desviou da direção da providência mesmo depois daquilo.’. (pag.121). ‘O povo escolhido de Israel e de modo especial João Batista, tinham sido ricamente abençoados com amor e ternura divina. Apesar disto, eles traíram Jesus...’ (p.. 122). ‘De fato, os evangelhos de Jesus deviam ter sido pregados pelo próprio João Batista. No entanto, por causa da ignorância, ele não pôde cumprir sua missão, e finalmente degradou sua vida, que devia ter sido devotada a Jesus..." (p.. 121). "Se João tivesse agido sabiamente , ele não teria se afastado de Jesus... mas infelizmente ele bloqueou o caminho para o povo judeu chegar a Jesus, como também o seu próprio caminho.’ (pag.123). "Aqui chegamos a compreender que o maior fator que conduziu à crucificação de Jesus foi a falha de João Batista.’ ( p.. 123). As afirmações da igreja Local e da Seita Moon sobre João Batista são absurdas e antibíblicas. A Bíblia afirma que João foi cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe (Lucas. 1.15), o que indica um processo contínuo através de toda a sua vida. Não se pode encontrar na narrativa bíblica um momento que indique que João Batista deixou de ser cheio do Espírito Santo. Em Mateus 11.2,3, João envia seus discípulos a Jesus para lhe perguntar: "- És tu aquele havia de vir ou esperamos outro?’. Alguns usam esta pergunta de João para fazer acusações contra ele, como as citadas acima. Ainda que houvesse alguma hesitação por parte do Batista, isto seria perfeitamente natural. Não era ele humano? Por acaso outros grandes homens na Bíblia não teriam também seus momentos de fraqueza? Veja o caso de Abraão, que mentiu (Gen.12.10-20); Moisés, que cometeu um assassinato (Atos 7.24); Davi, que adulterou e planejou o assassinato de Bete-Seba (II Samuel 11); e o profeta Elias, que depois de uma fantástica vitória no monte Carmelo contra os sacerdotes de Baal, quando Deus respondeu com fogo a sua oração, foi se refugiar numa caverna, amedrontado e desanimado (I Reis 18,19). Nem por isso, a maioria desses homens deixou de figurar na galeria dos heróis da fé em Hebreus 11! No Novo Testamento, temos o exemplo de Pedro, que conviveu com Jesus, expulsou demônios em Seu nome, viu muitos de seus milagres e, apesar de tudo isso, negou o Senhor (Mateus 26.70). Certamente João Batista estava passando por um teste de fé quando enviou seus discípulos a Jesus. Certamente, João Batista estava passando por um teste de fé quando enviou seus discípulos a Jesus. João foi executado não como um castigo de Deus, mas porque se coadunou com o pecado de Herodes. Teria sido muito mais cômodo para João ter-se calado e continuado a viver, do que pagar um preço alto pela sua chamada como um verdadeiro profeta de Deus. Ele não foi o único a morrer por suas convicções espirituais. A Bíblia relata em Hebreus 11 35,37, o sofrimento de homens e mulheres que pela fé foram torturados, passaram por escárnios, açoites e prisões... foram apedrejados, serrados, mortos ao fio da espada (uma possível referência a João Batista), andaram desamparados, aflitos, e maltratados, não porque haviam se desviados da fé, mas pelo contrário, porque amavam ao Senhor ao ponto de morrer por Ele (João 15.13). Veja ainda o caso de Estevão, (Atos 7.59), e Tiago (Atos12.2). Será que eles também tinham se desviado da fé e por isso Deus permitiu que fossem executados como afirma a Igreja Local a respeito de João Batista? Absolutamente NÃO!!! O próprio Jesus deu testemunho de João Batista ao afirmar em Mateus 11.11: "Entre os nascidos de mulher não apareceu alguém maior do que João Batista ; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.’ Jesus colocou João acima de Abraão, Moisés, Davi, Salomão, Elias ou qualquer outra personalidade do Antigo Testamento. Sobre a segunda parte do versículo, A Bíblia Anotada de Ryrie (Ed. Mundo Cristão ) esclarece: " - A grandeza de João Batista, na velha dispensação anterior à cruz, se desvanece em comparação com a elevada posição de que desfruta cada crente desde a crucificação de Jesus e a subsequente descida do Espírito."(pag.1199). A posição mais aceita à luz da Bíblia é que João enviou discípulos a Jesus para que eles mesmos tivessem certeza de quem era Jesus. Certamente João pressentindo sua morte, encaminharia agora os seus seguidores a Jesus. Ao responder ao João Batista, Jesus faz uma revisão de seu ministério, mostrando uma série de feitos notáveis como a ressurreição de mortos e a pregação do evangelho aos pobres. Desta forma, Jesus estava recordando-lhes que estas coisas tinham sido anunciadas nas Escrituras sobre o Messias (Isaías 35, 5,6; 61.1; Lucas 4..18,19. Portanto as acusações da Igreja Local e da seita Moon sobre João Batista são ridículas e absurdas. A Igreja Local não hesita em atacar as outras religiões (catolicismo romano, judaísmo e protestantismo), assumindo uma atitude exclusivista, algo que a maioria das seitas também faz. Chegam a dizer que o catolicismo romano, o protestantismo e o judaísmo formam uma organização de Satanás (Apocalipse - Versão Restauração, p. 28 1a. edição/agosto de l987. Além disso ser uma mentira, não deixa de ser ao mesmo tempo uma ofensa. Contrariando o ensinamento do apóstolo Paulo em I Cor. 6.19, a Igreja Local já levou vários irmãos em Cristo e organizações cristãs aos tribunais porque se opuseram aos seus ensinos. Isto não é de forma alguma uma atitude cristã. Apesar de tudo isso, ainda querem se misturar entre os evangélicos, como aconteceu no congresso de jovens Geração 90, em Brasília (janeiro/1990), quando montaram um stand para distribuir suas literaturas e o jornal Árvore da Vida. Como podem tentar misturar-se com aqueles que são classificados por eles como instrumentos de Satanás? Pelas razões acima e por outros pontos doutrinários não mencionados aqui, não recomendamos o ministério da Igreja Local para qualquer pessoa que queira crescer espiritualmente!


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