(384 - 322 a.C.)
Escritor, biógrafo, matemático,
biólogo e essencialmente filósofo das ciências grego, nascido em Estagira
(donde ser dito o Estagirita), uma cidade da Macedônia, cerca de 320
quilômetros ao norte de Atenas, autor do mais antigo conjunto de trabalhos
científicos que resistiu fisicamente até nosso tempo e, também, considerado o
homem mais erudito de todos os tempos. Se com Platão a filosofia já
havia alcançado extraordinário nível conceitual, pode-se afirmar que Aristóteles,
pelo rigor de sua metodologia, pela amplitude dos campos em que atuou e por seu
empenho em considerar todas as manifestações do conhecimento humano como ramos
de um mesmo tronco, foi o primeiro pesquisador científico no sentido atual do
termo. Filho de um físico amigo de Amyntas, rei macedônico e avô de Alexandre,
inicialmente praticou medicina em Estagira antes de ir para Atenas, onde passou
a estudar filosofia durante vinte anos como discípulo de Platão e,
posteriormente, de Menaecmus.
Chegou a Atenas (367 a. C.) e, com a morte do mestre Platão, instalou-se em Asso, na Eólida, e depois em Lesbos, até ser chamado à corte de Filipe da Macedônia para encarregar-se da educação de seu filho (343 a. C.), que passaria à história como Alexandre o Grande, quando este tinha treze anos de idade. Voltou a Atenas (337 a. C.) e, durante 13 anos seguintes, dedicou-se ao ensino e à elaboração da maior parte de suas obras. Infelismente perderam-se todos os originais das obras publicadas por ele, com exceção da Constituição de Atenas, descoberta no fim do século XIX (1890). As obras conhecidas resultaram de notas para cursos e conferências do filósofo, ordenadas de início por alguns discípulos e depois, de forma mais sistemática, por Adronico de Rodes (c. 60 a. C.).
Fundador, juntamente com Teofrasto e outros, do Liceu Aristotélico (334 a. C.), Escola Peripatética de Atenas, onde se ensinava a quase totalidade das ciências, notadamente biologia e ciências naturais. Embora matemática não fosse uma matéria prioritária de ensino no Liceu, promoveu discussões sobre o infinito potencial e a atual aritmética e geometria e escreveu sobre retas indivisíveis, onde questionava a doutrina dos indivisíveis defendida por Xenócrates, um sucessor de Platão na Academia.
Tornou-se o criador das
doutrinas
do aristotelismo, publicadas em oito volumes com escritos sobre física,
matemática, biologia, metafísica, psicologia, política, lógica e ética, uma
volumosa obra especulativa e não matemática por excelência. Propôs as qualidades
elementares - calor e umidade para o ar; calor e secura para o fogo; frio e
umidade para a água e frio e secura para a terra. Além deste tratado escreveu
centenas de trabalhos (para alguns historiadores, mais de mil), aparentemente
primeiro sobre lógica (Categorias, Tópicos, Analítica, Proposições,
etc.), depois trabalhos científicos (A física, Sobre o céu, Sobre
a alma, Meteorologia, História natural, As partes dos
animais, A geração dos animais, etc), em terceiro sobre estética (Retórica
e Poética) e por último os estritamente filosóficos (Ética, Política
e Metafísica). Elaborou os primeiros argumentos sobre a teoria ondulatória
de propagação da luz, que muito tempo depois prosseguiria com Da Vinci e
Galileu. Com a morte repentina de Alexandre, tornou-se impopular em
virtude de sua ligação com o conquistador morto. Tratado então como
estrangeiro, deixou Atenas fugindo para Calsis, onde morreu no ano seguinte. No
Liceu foi sucedido por Teofrasto.