1. Introdução
Afim de fornecer os subsídios necessários para o repasse
de conhecimentos teóricos-práticos, capacitando com isso os
elementos atuantes na atividade agropecuária da região de
Apucarana, pleiteia-se a instalação de um curso de Técnico
voltado às áreas agrícola e pecuária em tal
região.
2. Justificativa
A agricultura é, no estado do Paraná, uma atividade produtiva,
economicamente ativa responsável pelo arranque econômico do
estado em outras épocas e mantenedora de uma grande arquitetura sócio-econômica
na atualidade, bem como também atividade de subsistência. É
um setor que evolui rapidamente e torna-se cada vez mais tecnificado, exigindo
que sua clientela esteja atenta aos avanços tecnológicos,
científicos e de mercado.
A atividade agrícola necessita cada vez mais de pessoas com maior
nível de instrução para acompanhar a evolução.
Há necessidade, portanto, que as Escolas Rurais sejam devidamente
atendidas para que possam ajudar a sociedade no desenvolvimento do setor
agropecuário. Desta forma torna-se indispensável fornecer
dentro da educação uma formação específica.
A educação técnica agropecuária é de
extrema importância para a prática de uma agricultura eficiente,
pois o profissional formado por esta escola vai realizar uma função
social e produtiva no Estado.
O Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas está situado
no município de Apucarana, que atende uma região composta
por 13 municípios (Apucarana, Arapongas, Bom Sucesso, Califórnia,
Cambira, Jandaia do Sul, Kaloré, Marilândia do Sul, Marumbi,
Mauá da Serra, Novo Itacolomi, Rio Bom e Sabáudia) que formam
o Núcleo Regional de Apucarana, conforme a divisão efetuada
pela Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná.
De acordo com o DERAL, este núcleo possui uma área de 341.369,00
ha, onde 88,66% é sua área rural. Nets área são
cultivadas lavouras permanentes, lavouras temporárias, pastagens,
matas e florestas.
No núcleo de Apucarana, encontram-se cerca de 9.000 estabelecimentos
rurais (IBGE, 1996), dos quais 45,20% são menores de 10 ha e 49,80%
possuem área entre 10 e 100 ha, ou seja, 95,00% de tais estabelecimentos
rurais possuem área menor de 100 ha. Evidencia-se que a região
de Apucarana é composta por pequenos e médios produtores rurais.
Apucarana situa-se eqüidistante de Londrina, Maringá (cerca
de 50 km) e a cerca de 100 km de distância Ivaiporã, regiões
estas também atendidas pelo Colégio Agrícola Estadual
Manoel Ribas.
De acordo com o DERAL esta região é composta por quatro
núcleos (Apucarana, Londrina, Maringá e Ivaiporã) e
nela existem mais de oitenta municípios que juntos possuem uma área
correspondente a 12,73% do Estado do Paraná. Nesta mesma área
são produzidos cerca de 20,00% da renda Bruta Agrícola do
Estado na safra 95/96.
A principal característica da região é a diversificação
agrícola e pecuária. A monocultura que reinava até
a década de 70, cedeu espaço à diversificação,
procurada pelos produtores devido às crises políticas, econômicas,
climáticas e de mercado. A diversificação também
ocorreu pela existência de um potencial edafo-climático favorável
a uma gama de exploração agropecuárias.
A diversificação que ocorreu como busca de alternativas
torna-se necessária e incentivada pelos próprios especialistas
do setor, que não encontram outra forma de garantir a sobrevivência
das pequenas e médias propriedades.
Outro ponto que justifica cada vez mais a diversificação
é a posição privilegiada que situa-se a região
em relação ao MERCOSUL.
Desta forma, encontramos na região a produção de
cana-de-açucar, café, milho, trigo, algodão, arroz,
feijão, canola, amendoim, aveia, centeio, gengibre, girassol, mandioca,
mamona, rami, soja, triticale, sorgo, alfafa, estévia, abacaxi, abacate,
ameixa, tangerina, laranja, melancia, banana, caqui, limão, figo,
goiaba, jabuticaba, jaca, manga, maçã, mamão, maracujá,
marmelo, melão, morango, nectarina, pêssego, pêra, uva,
kiwi, abóbora, alface, alho, agrião, acelga, abobrinha, almeirão,
alcachofra, brócolis, beringela, beterraba, batata doce, batata salsa,
batata inglesa, couve, couve-flor, chicória, chuchu, cenoura, cará,
cebola, cebolinha, cogumelos, ervilhas, espinafre, repolho, inhame, jiló,
moranga, nabos, pimentão, pimenta, pepino, quiabo, rabanete, salsa,
salsão, tomate, espécies silvícolas, aves de corte,
aves de postura, aves caipiras, codornas, produtos apícolas, bicho-da-seda,
peixes, ovinos, caprinos, suínos, bovinos de corte, bovinos de leite,
bubalinos, eqüinos, asinos e muares, scargot, animais silvestres e
ornamentais, plantas medicinais, plantas aromáticas, plantas ornamentais
entre outras atividades.
Estes produtos movimentam o mercado: desde seus fornecedores de insumos
e serviços no cultivo, condução, colheita, processamento,
industrialização e comercialização na região,
gerando empregos e renda para a sociedade.
Isto justifica a presença de um setor agro-industrial significativo,
composto pelas mais diversas indústrias privadas e cooperativas,
como por exemplo: integração de frangos, frigoríficos
de carnes, óleos, indústrias têxteis, açucares
de cana e estévia, álcool, bebidas (vinhos, sucos, destilados,
etc.) farinhas, café solúvel, leite e seus derivados e couro
entre outros, que são produtos consumidos no país e de exportação.
Não seria justo com a comunidade de tal região eleger algumas
atividades sócio-econômicas importantes e relegar as demais
a um plano inferior, haja vista da impossibilidade da substituição
da importância sócio-produtiva gerada por elas.
Dos levantamentos efetuados pelo DERAL, destacamos alguns produtos de
importância significante para a região bem como para o estado,
como:
· Seda:
A região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual
Manoel Ribas apresentam um grande potencial na exploração
da sericicultura, sendo responsável por cerca de 32,00% de toda a
produção nacional de casulos verdes, os quais serão
transformados em fio-de-seda, produto este de exportação em
quase sua totalidade.
· Avicultura:
Cerca de 27,00% de toda a produção estadual de ovos é
oriundo da região envolvida com o Colégio Agrícola
Estadual Manoel Ribas, e aproximadamente 15,00% da carne de frango, (que
encontra-se em plena expansão; contando com várias indústrias
e centenas de criadores) setor que coloca o Brasil entre os maiores produtores
e exportadores mundiais.
· Suínos:
Na produção estadual de suínos tem a participação
de cerca de 10,77% oriunda da região envolvida com o Colégio
Agrícola Estadual Manoel Ribas, se considerada pequena em relação
à produção estadual, mostra sua importância regional
como atividade geradora de empregos.
· Gado de Corte:
O total de cabeças de gado bovino abatidas na região envolvida
com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas representam cerca
de 25,75% do abate estadual, dados que evidenciam o potencial de criação
e processamento de gado bovino da região.
· Gado de Leite:
O Brasil importa cerca de 40,00% do leite consumido no país, havendo
então a necessidade de se desenvolver o setor leiteiro que ainda
apresenta baixa produtividade. Verifica-se a região norte do Paraná
como a maior produtora leiteira do estado. Já a região envolvida
com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas apresenta uma
produção relativa a 17,00% da produção estadual.
· Grandes Culturas:
Parcelas significativas das grandes culturas (Algodão: 23,71% -
Café: 21,75% - Milho: 15,32% - Cana-de-açucar: 37,33% - Trigo:
21,01% - Arroz: 13,62% - Feijão: 13,89% - Soja: 19,33% - entre outras)
são produzidas na região envolvida com o Colégio Agrícola
Estadual Manoel Ribas, demonstrando a capacidade agrícola bem como
o potencial de matéria-prima existente para a indústria de
transformação e/ou como elemento fundamental da cadeia produtiva
estadual.
· Hortaliças:
A produção da região é de 23,71% em relação
à estadual, sendo a segunda maior região produtora de hortaliças
do estado.
· Frutificultura:
É evidente o despertar da potencialidade da região envolvida
com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas para novas culturas,
destacando-se o setor de fruticultura com o destino da produção
para a indústria ou para o consumo de mesa. Entre as várias
espécies produzidas destacam-se a laranja, que representa cerca de
17,00% da produção estadual e a uva, que representa cerca
de 58,00% da produção estadual.Tem-se a capacidade produtiva
da região para algumas atividades agropecuárias.
Após a verificação dos dados fornecidos pelo DERAL
e pelo IBGE, evidencia-se que a região do Colégio Agrícola
Estadual Manoel Ribas apresenta as seguintes características:
· Possui uma significativa área rural cultivada
· É formada por pequenos e médios produtores rurais
· É caracterizada pela diversificação
· Em relação ao estado é uma região pequena
(12,00%) que apresenta um alto potencial protutivo (20,00% da renda agrícola
bruta).
Analisando a estrutura física, os recursos humanos e o histórico
de sua contribuição à comunidade, o Colégio
Agrícola Estadual Manoel Ribas, fica caracterizador por alguns elementos;
como:
· Possuir o seu espaço pedagógico geograficamente bem
posicionado em relação às demais cidades pertencentes
aos referidos núcleos.
· Possuir em seu espaço social todas as instalações
necessárias para oferecer aos alunos os diversos regimes (externato,
semi-internato e internato). Fato este que propicia o atendimento de alunos
oriundos da região e de regiões vizinhas.
· Possuir em seu espaço técnico (estrutura de campo)
as instalações e estruturas necessárias às atividades
agrícolas e pecuárias (com a diversificação
característica da região), já se encontrando instaladas
e em funcionamento.
· Possuir em seu espaço pedagógico a experiência
na elaboração, aplicação, condução
e formação de cursos pós-médio. Estando já
o mercado utilizando a mão-de-obra de vários profissionais
capacitados pelo colégio em suas quatro turmas já formadas
em tal modalidade de ensino.
3. Benefícios que o Curso Trará à Sociedade
Vários são os benefícios e as vantagens que irão
propiciar um melhor desenvolvimento da sociedade local e da economia do
estado, o que ratifica a necessidade da implantação e manutenção
de cursos técnicos em agropecuária na região.
· Propiciar a função social da educação.
· Preparar e integrar a população ativa no processo
produtivo.
· Fazer uma interface entre o setor produtivo e as empresas que atuam
no mesmo setor, gerando com isso o engrandecimento econômico das mesmas
através da maximização de suas atividades.
· Propiciar a diversificação de atividades econômicas,
afim minimizar os efeitos de sinistros em determinadas atividades sobre
a economia do estado.
· Aproveitar a disposição geo-política da cidade
de Apucarana, o qual fica privilegiada em relações as outras
cidades devido a malha rodoviária existente, para formar um polo
regional de ensino técnico agropecuário.
· Aproveitar a disposição geo-política da cidade
de Apucarana, o qual fica privilegiada em relação a outras
cidades do pais devido a sua posição estratégica para
com o Mercosul.
· Incentivar o desenvolvimento agro-industrial das regiões
envolvidas.
· Fomentar o cultivo existentes das culturas tradicionalmente cultivadas
e incentivar a adoção de outras que se mostrem social e economicamente
viáveis.
· Manter e continuar a promover a adoção de tecnologias
adequadas às atividades agrícolas desenvolvidas nas regiões.
· Propiciar condições técnicas e sociais para
que o elemento humano rural fique estabilizado em seu meio, induzindo com
isso uma melhoria nas condições de vida do campo e uma redução
da migração rural.
4. Conclusão
Com a elaboração de um levantamento e a sua posterior analise,
é possível chegar a conclusão de que vários
são os elementos que podem ratificar a instalação de
cursos voltados à área agropecuária; como:
· Existência de um potencial edáfico e climático
para uma grande gama de explorações agropecuárias.
· Existência de uma tradição agropecuária
na região, responsável pelo arranque econômico do estado
em outras épocas e mantenedor de uma grande arquitetura sócio-econômica
na atualidade.
· Apresentação de uma grande diversificação
de atividades por parte dos proprietários rurais, devido a estrutura
inicial das propriedades agrícolas ou então devido a sua concientização
perante um mercado em mutação.
· Desejo de especialização da atividade agropecuária
por iniciativa dos envolvidos direta ou indiretamente no processo agropecuário,
afim de obter uma maximização no processo.
· Verificação da aptidão física, social
e econômica das regiões envolvidas para novas atividades e
práticas com maior apreço financeiro ou social, tal como ecoturismo,
turismo rural, agricultura orgânica, entre outras.
Com as instalações, equipamentos e funcionamentos das diversas
atividades e setores do Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas,
concluímos que o melhor curso proposto seria o de Técnico
em Agropecuária, que beneficiaria todas os envolvidos no processo
produtivo regional citados.