Instalação do Curso Técnico em Agropecuária

Marco Augusto Penharbel (Eng. Agrônomo)
Sandra Cristina Prince (Zootecnista)

1. Introdução

Afim de fornecer os subsídios necessários para o repasse de conhecimentos teóricos-práticos, capacitando com isso os elementos atuantes na atividade agropecuária da região de Apucarana, pleiteia-se a instalação de um curso de Técnico voltado às áreas agrícola e pecuária em tal região.


2. Justificativa


A agricultura é, no estado do Paraná, uma atividade produtiva, economicamente ativa responsável pelo arranque econômico do estado em outras épocas e mantenedora de uma grande arquitetura sócio-econômica na atualidade, bem como também atividade de subsistência. É um setor que evolui rapidamente e torna-se cada vez mais tecnificado, exigindo que sua clientela esteja atenta aos avanços tecnológicos, científicos e de mercado.

A atividade agrícola necessita cada vez mais de pessoas com maior nível de instrução para acompanhar a evolução. Há necessidade, portanto, que as Escolas Rurais sejam devidamente atendidas para que possam ajudar a sociedade no desenvolvimento do setor agropecuário. Desta forma torna-se indispensável fornecer dentro da educação uma formação específica.

A educação técnica agropecuária é de extrema importância para a prática de uma agricultura eficiente, pois o profissional formado por esta escola vai realizar uma função social e produtiva no Estado.

O Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas está situado no município de Apucarana, que atende uma região composta por 13 municípios (Apucarana, Arapongas, Bom Sucesso, Califórnia, Cambira, Jandaia do Sul, Kaloré, Marilândia do Sul, Marumbi, Mauá da Serra, Novo Itacolomi, Rio Bom e Sabáudia) que formam o Núcleo Regional de Apucarana, conforme a divisão efetuada pela Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná.

De acordo com o DERAL, este núcleo possui uma área de 341.369,00 ha, onde 88,66% é sua área rural. Nets área são cultivadas lavouras permanentes, lavouras temporárias, pastagens, matas e florestas.

No núcleo de Apucarana, encontram-se cerca de 9.000 estabelecimentos rurais (IBGE, 1996), dos quais 45,20% são menores de 10 ha e 49,80% possuem área entre 10 e 100 ha, ou seja, 95,00% de tais estabelecimentos rurais possuem área menor de 100 ha. Evidencia-se que a região de Apucarana é composta por pequenos e médios produtores rurais.

Apucarana situa-se eqüidistante de Londrina, Maringá (cerca de 50 km) e a cerca de 100 km de distância Ivaiporã, regiões estas também atendidas pelo Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas.

De acordo com o DERAL esta região é composta por quatro núcleos (Apucarana, Londrina, Maringá e Ivaiporã) e nela existem mais de oitenta municípios que juntos possuem uma área correspondente a 12,73% do Estado do Paraná. Nesta mesma área são produzidos cerca de 20,00% da renda Bruta Agrícola do Estado na safra 95/96.

A principal característica da região é a diversificação agrícola e pecuária. A monocultura que reinava até a década de 70, cedeu espaço à diversificação, procurada pelos produtores devido às crises políticas, econômicas, climáticas e de mercado. A diversificação também ocorreu pela existência de um potencial edafo-climático favorável a uma gama de exploração agropecuárias.

A diversificação que ocorreu como busca de alternativas torna-se necessária e incentivada pelos próprios especialistas do setor, que não encontram outra forma de garantir a sobrevivência das pequenas e médias propriedades.

Outro ponto que justifica cada vez mais a diversificação é a posição privilegiada que situa-se a região em relação ao MERCOSUL.

Desta forma, encontramos na região a produção de cana-de-açucar, café, milho, trigo, algodão, arroz, feijão, canola, amendoim, aveia, centeio, gengibre, girassol, mandioca, mamona, rami, soja, triticale, sorgo, alfafa, estévia, abacaxi, abacate, ameixa, tangerina, laranja, melancia, banana, caqui, limão, figo, goiaba, jabuticaba, jaca, manga, maçã, mamão, maracujá, marmelo, melão, morango, nectarina, pêssego, pêra, uva, kiwi, abóbora, alface, alho, agrião, acelga, abobrinha, almeirão, alcachofra, brócolis, beringela, beterraba, batata doce, batata salsa, batata inglesa, couve, couve-flor, chicória, chuchu, cenoura, cará, cebola, cebolinha, cogumelos, ervilhas, espinafre, repolho, inhame, jiló, moranga, nabos, pimentão, pimenta, pepino, quiabo, rabanete, salsa, salsão, tomate, espécies silvícolas, aves de corte, aves de postura, aves caipiras, codornas, produtos apícolas, bicho-da-seda, peixes, ovinos, caprinos, suínos, bovinos de corte, bovinos de leite, bubalinos, eqüinos, asinos e muares, scargot, animais silvestres e ornamentais, plantas medicinais, plantas aromáticas, plantas ornamentais entre outras atividades.

Estes produtos movimentam o mercado: desde seus fornecedores de insumos e serviços no cultivo, condução, colheita, processamento, industrialização e comercialização na região, gerando empregos e renda para a sociedade.

Isto justifica a presença de um setor agro-industrial significativo, composto pelas mais diversas indústrias privadas e cooperativas, como por exemplo: integração de frangos, frigoríficos de carnes, óleos, indústrias têxteis, açucares de cana e estévia, álcool, bebidas (vinhos, sucos, destilados, etc.) farinhas, café solúvel, leite e seus derivados e couro entre outros, que são produtos consumidos no país e de exportação.

Não seria justo com a comunidade de tal região eleger algumas atividades sócio-econômicas importantes e relegar as demais a um plano inferior, haja vista da impossibilidade da substituição da importância sócio-produtiva gerada por elas.

Dos levantamentos efetuados pelo DERAL, destacamos alguns produtos de importância significante para a região bem como para o estado, como:


· Seda:

A região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas apresentam um grande potencial na exploração da sericicultura, sendo responsável por cerca de 32,00% de toda a produção nacional de casulos verdes, os quais serão transformados em fio-de-seda, produto este de exportação em quase sua totalidade.

· Avicultura:

Cerca de 27,00% de toda a produção estadual de ovos é oriundo da região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas, e aproximadamente 15,00% da carne de frango, (que encontra-se em plena expansão; contando com várias indústrias e centenas de criadores) setor que coloca o Brasil entre os maiores produtores e exportadores mundiais.


· Suínos:

Na produção estadual de suínos tem a participação de cerca de 10,77% oriunda da região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas, se considerada pequena em relação à produção estadual, mostra sua importância regional como atividade geradora de empregos.


· Gado de Corte:

O total de cabeças de gado bovino abatidas na região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas representam cerca de 25,75% do abate estadual, dados que evidenciam o potencial de criação e processamento de gado bovino da região.


· Gado de Leite:

O Brasil importa cerca de 40,00% do leite consumido no país, havendo então a necessidade de se desenvolver o setor leiteiro que ainda apresenta baixa produtividade. Verifica-se a região norte do Paraná como a maior produtora leiteira do estado. Já a região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas apresenta uma produção relativa a 17,00% da produção estadual.


· Grandes Culturas:

Parcelas significativas das grandes culturas (Algodão: 23,71% - Café: 21,75% - Milho: 15,32% - Cana-de-açucar: 37,33% - Trigo: 21,01% - Arroz: 13,62% - Feijão: 13,89% - Soja: 19,33% - entre outras) são produzidas na região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas, demonstrando a capacidade agrícola bem como o potencial de matéria-prima existente para a indústria de transformação e/ou como elemento fundamental da cadeia produtiva estadual.


· Hortaliças:

A produção da região é de 23,71% em relação à estadual, sendo a segunda maior região produtora de hortaliças do estado.


· Frutificultura:

É evidente o despertar da potencialidade da região envolvida com o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas para novas culturas, destacando-se o setor de fruticultura com o destino da produção para a indústria ou para o consumo de mesa. Entre as várias espécies produzidas destacam-se a laranja, que representa cerca de 17,00% da produção estadual e a uva, que representa cerca de 58,00% da produção estadual.Tem-se a capacidade produtiva da região para algumas atividades agropecuárias.

Após a verificação dos dados fornecidos pelo DERAL e pelo IBGE, evidencia-se que a região do Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas apresenta as seguintes características:

· Possui uma significativa área rural cultivada
· É formada por pequenos e médios produtores rurais
· É caracterizada pela diversificação
· Em relação ao estado é uma região pequena (12,00%) que apresenta um alto potencial protutivo (20,00% da renda agrícola bruta).

Analisando a estrutura física, os recursos humanos e o histórico de sua contribuição à comunidade, o Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas, fica caracterizador por alguns elementos; como:

· Possuir o seu espaço pedagógico geograficamente bem posicionado em relação às demais cidades pertencentes aos referidos núcleos.

· Possuir em seu espaço social todas as instalações necessárias para oferecer aos alunos os diversos regimes (externato, semi-internato e internato). Fato este que propicia o atendimento de alunos oriundos da região e de regiões vizinhas.

· Possuir em seu espaço técnico (estrutura de campo) as instalações e estruturas necessárias às atividades agrícolas e pecuárias (com a diversificação característica da região), já se encontrando instaladas e em funcionamento.

· Possuir em seu espaço pedagógico a experiência na elaboração, aplicação, condução e formação de cursos pós-médio. Estando já o mercado utilizando a mão-de-obra de vários profissionais capacitados pelo colégio em suas quatro turmas já formadas em tal modalidade de ensino.


3. Benefícios que o Curso Trará à Sociedade

Vários são os benefícios e as vantagens que irão propiciar um melhor desenvolvimento da sociedade local e da economia do estado, o que ratifica a necessidade da implantação e manutenção de cursos técnicos em agropecuária na região.

· Propiciar a função social da educação.

· Preparar e integrar a população ativa no processo produtivo.

· Fazer uma interface entre o setor produtivo e as empresas que atuam no mesmo setor, gerando com isso o engrandecimento econômico das mesmas através da maximização de suas atividades.

· Propiciar a diversificação de atividades econômicas, afim minimizar os efeitos de sinistros em determinadas atividades sobre a economia do estado.

· Aproveitar a disposição geo-política da cidade de Apucarana, o qual fica privilegiada em relações as outras cidades devido a malha rodoviária existente, para formar um polo regional de ensino técnico agropecuário.

· Aproveitar a disposição geo-política da cidade de Apucarana, o qual fica privilegiada em relação a outras cidades do pais devido a sua posição estratégica para com o Mercosul.

· Incentivar o desenvolvimento agro-industrial das regiões envolvidas.

· Fomentar o cultivo existentes das culturas tradicionalmente cultivadas e incentivar a adoção de outras que se mostrem social e economicamente viáveis.

· Manter e continuar a promover a adoção de tecnologias adequadas às atividades agrícolas desenvolvidas nas regiões.

· Propiciar condições técnicas e sociais para que o elemento humano rural fique estabilizado em seu meio, induzindo com isso uma melhoria nas condições de vida do campo e uma redução da migração rural.


4. Conclusão

Com a elaboração de um levantamento e a sua posterior analise, é possível chegar a conclusão de que vários são os elementos que podem ratificar a instalação de cursos voltados à área agropecuária; como:

· Existência de um potencial edáfico e climático para uma grande gama de explorações agropecuárias.

· Existência de uma tradição agropecuária na região, responsável pelo arranque econômico do estado em outras épocas e mantenedor de uma grande arquitetura sócio-econômica na atualidade.

· Apresentação de uma grande diversificação de atividades por parte dos proprietários rurais, devido a estrutura inicial das propriedades agrícolas ou então devido a sua concientização perante um mercado em mutação.

· Desejo de especialização da atividade agropecuária por iniciativa dos envolvidos direta ou indiretamente no processo agropecuário, afim de obter uma maximização no processo.

· Verificação da aptidão física, social e econômica das regiões envolvidas para novas atividades e práticas com maior apreço financeiro ou social, tal como ecoturismo, turismo rural, agricultura orgânica, entre outras.

Com as instalações, equipamentos e funcionamentos das diversas atividades e setores do Colégio Agrícola Estadual Manoel Ribas, concluímos que o melhor curso proposto seria o de Técnico em Agropecuária, que beneficiaria todas os envolvidos no processo produtivo regional citados.

 


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Marco Augusto Penharbel

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