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The Millenium Bug
 

"O Caos reina... quando tudo que o homem criou, não funciona."
 
 

INTRODUÇÃO





    I. "Será o fim do mundo ou apenas uma data trocada em seu PC?
                Aviões irão cair, o sistema monetário internacional entrará em colapso, encomendas não serão entregues, o trânsito se tornará ainda mais caótico, as pessoas não receberão seus salários e máquinas hospitalares deixarão de funcionar. Tudo isso e muito mais já foi dito sobre o bug do milênio, mas o fato é que é difícil prever o que realmente pode acontecer no primeiro segundo após a meia noite do dia primeiro de janeiro de 2000." PC-MASTER Ano 2 Nº 9 Edição 21

    II. "OS HORRORES DO BUG DO MILÊNIO - A virada do ano 2000 ainda é um mistério... Será que vamos ter uma nova chance?
                Eu estava sonhando quando escrevi isso, me desculpe se parece um plágio. Mas quando acordei hoje parecia o dia do Juizo Final. O céu estavatodo púrpura e tinha gente correndo para todo lugar tentando fugir da destruição.
                23:59 do dia 31 de dezembro de 1999. Os champanhes, as uvas, as lentilhas, as crianças correndo, os fogos. Meia-noite. Blecaute nas maiores concentrações humanas do planeta. A luz não volta em meia-hora. Nem em uma hora. Nem em um dia. Nem em um mês. Computadores das centrais elétricas acham que que acabaram de entrar no ano de 1900. Centrais telefônicas, idem. Aeroportos. Hospitais. Prisões. Emissoras de TV.
                Quem juntou pilhas e tem um bom receptor de rádio já ficou sabendo pelas poucas emissoras de ondas curtas ainda no ar que o bug do ano 2000 pifou os sistemas de segurança do Oriente Médio, e que Bagdah e Tel-Aviv já foram varridas do mapa por explosões nucleares. As retaliações estão a caminho. Um comando suicida de Saddam Hussein passou sem problemas pela desguarnecida defesa do aeroporto JFK em Nova York e acabou de espalhar o vírus do anthrax por uma área estimada em cinqüenta quarteirões da zona sul de Manhattan. Mais retaliações.
                Você pensa em descer os 27 andares do seu prédio a pé, com sua lanterna, mas a quitanda da esquina jamais se abrirá aos clientes de novo. Nem precisa abrir: seu cheques viraram papel pintado, pois o bug feriu de morte o sistema financeiro. O peru vai se estragar em breve, assim como tudo o que é perecível, pois sem eletricidade a geladeira não funciona. você tem alguns enlatados em casa que talvez durem uma semaninha. A água do filtro, as cervejas e os refrigerantes talvez resistam um pouco mais.
                Lá embaixo, os primeiros bandos de vândalos já atacam os infelizes apanhados pelo bug na rua. Você ouve à distância as sirenes de viaturas que vagueiam pelas ruas escuras tentando assustar os marginais, que serão nossos futuros governantes. Não adianta discar para o 190. Não adianta escrever para os jornais denunciando que ninguém atendeu no 190. Os jornais não mais chegarão às bancas.
                Nada de bom acontece? O sistema do Pentágono funcionou à perfeição (ufa!). Mas o alívio dura pouco: os capengas computadores da defesa russa também acreditam que estamos no reveillon de 1900 e entram automaticamente em estado de alerta máximo, redefinindo seus alvos de forma aleatória ao redor do mundo.
                Como o Artista-e-Quem-Sabe-Profeta-Antigamente-Conhecido-Como-Price, eu estava sonhando quando escrevi isto, e me desculpe se peguei pesado demais... Torço para que nada de pior aconteça, rezo por outra chance - que não merecemos. Sinto raiva e impotência, mas não caio no erro fácil de culpar os computadores e seus programadores por essas imagens de horror.
                Difícil é encarar nossas omissões. Tivemos quarenta longos anos para corrigir o bug do milênio. Não só não o corrigimos como usamos os mesmos computadores bichados para montar as maiores armadilhas para a sobrevivência da nossa civilização.
                Dizem que a festa de 2000-zero-zero vai acabar - ups! - já acabou. Então eu vou festejar, pois conseguimos chegar a 1999. Se você não quer entrar na festa, nem se preocupe em bater na minha porta. A vida é uma festa, e festas não foram feitas para durar." Dagomir Marquenzi é jornalista e escritor. Infoexame Fevereiro/1999
 
 

5, 4, 3, 2, 1... BUG!
(Superinteressante Ano 13 Nº 3 Março 1999)
 
 

A contagem regressiva para o bug que vai bagunçar o cérebro dos computadores no réveillon do ano 2000 já começou. No seu rastro, o estopim vai detonando panes menores. A primeira foi em janeiro, a próxima será em abril e haverá mais uma, prevista para setembro.
Por Ricardo Balbachevsky Setti




            Você precisa se prevenir para quando chegar a 9 de abril - o 99º dia do 99º ano do século. Não se trata de supertição. Nem de Numerologia. É a tecnologia que prêve acontecimentosdesagradáveis nessa data. A profusão de noves por trás dela indica que muitos sistemas controlados eletronicamente podem entrar em parafuso, numa amostra antecipada do chamado bug do milênio - a pane que deve enlouquecer, na virada do ano 2000, computadores do mundo todo.
            Mas, se o bug - termo que, em inglês, significa inseto, bicho que incomoda - é do milênio, por que resolveu dar as caras agora? Na verdade, ele já está aprontando desde o réveillon deste ano, embora só tenha provocado pequenos transtornos. Em Cingapura, por exemplo, 300 taxímetros pararam de funcionar. Agora os especialistas esperam novos ataques no mês de abril e em setembro. E eles podem ter efeitos bem mais perceptíveis do que o anterior.

 - A ORIGEM DA FAÍSCA
      Data é a causa do bug

{Main
var
date1 : global (dd/mm/yy)
date2 : global (dd/mm/yy)*

begin
    date1=setdate(today)
    date2=setdate(lastdate)
    if date1>date2 then
        begin procedure Machine_Coller**
    elseif
        begin procedure Terminate_Job***
    endif
end
}

* - Programas antigos marcam o ano com os dois últimos dígitos. No ano 2000, o 00 será lido como 1900.
** - Esta linha do programa manda que ele continue trabalhando se a data do dia  for maior, ou seja, posterior à que aparece antes.
*** - Em 01/01/00, ele entenderá que a data é anterior a 31/12/99. Por isso vai parar de funcionar.
TODO O COMPUTADOR TEM UM PROGRAMA QUE ENSINA A SEGUIR O CALANDÁRIO.
 

 - QUANDO O CALENDÁRIO DÁ UM TILT

            - Que dia é hoje? Que horas são?
            Essas perguntas são feitas o tempo todo por uma infinidade de computadores no mundo inteiro. Eles precisam saber se sua conta telefônica venceu ou se as luzes da rua devem ser ligadas. Quando se ouvirem as doze badaladas da meia-noite do último dia deste ano, a resposta que terão será: 01/01/00. É aí que começa o bug do milênio. Essas máquinas foram programadas para entender a data como 1º de janeiro de 1900 e a volta no tempo vai dar tilt.
            No caso da conta de telefone, o computador pode entender que você tem 100 anos a serem pagos. Se estiver atrasada, vão mandar cortar a linha, além de cobrar uma baita multa. Já a cidade é capaz de ficar às escuras, pois o programa corre risco de interpretar que o dia seguinte ainda não chegou. O pior é que nunca vai chegar, a menos que alguém explique para eles que 00 é maior que 99.

 - ENERGIA CORTADA
        Por que o bug de abril pode fazer estragos em usinas elétricas movidas a carvão.

               Pequenos computadores recebem ordem de uma máquina central para abrir e fechar as válvulas de resfriamento das caldeiras em que o carvão é queimado para produzir energia. Os computadores são reiniciados(desligados e ligados) todos os dias, usando uma data ficitícia(dia 99 do ano 99) para indicar que precisam da data correta. Em 9 de abril eles vão ser reinicializados como sempre, perguntarão a data, mas a resposta será a mesma. Sem a informação correta as válvulas não vão funcionar. Se as caudeiras não puderem ser operadas manualmente, o superaquecimento pode provocar uma explosão ou interromper a produção de eletricidade.

 - ECONOMIA DESASTROSA

            Será que ninguém previu essa encrenca antes? Certamente. Só que em meados do século a capacidade de estocar dados dos computadores era muito pequena, cabia num disquete. Escrever o ano em dois dígitos em vez de quatro representava uma economia colossal. Além do mais, acreditava-se que até o ano 2000 esses programas já teriam sido aposentados. O que pouca gente pensou foi que muitos deles, mesmo novos, continuariam a usar dois dígitos para continuar compatíveis com os antigos.
            Outro problema é que nem todos os softwares, mesmo daquela época, são exatamente iguais. Dependendo da necessidade, alguns programadores usaram outro critério para marcar datas. Isso gerou três bugs anteriores ao do milênio, o de janeiro(01/01/99), o de abril (99º dia de 99) e o de setembro (9/9/99). Além de pequeno prejuízo para os taxistas de Cingapura, o do réveillon deste ano travou por algumas horas computadores de três aeroportos. Por sorte, eram usados apenas para emissão de vistos e passaportes temporários. Cerca de 40000 desfibriladores(aparelhos usados em hospitais para dar choques no coração de modo a controlar contrações fora de compasso) também não reconheceram o ano de 1999. Não pararam de funcionar, mas deixaram de mostrar data e hora corretas.
            São transtornos que não justificam pânico. Mas também não recomendam o relaxamento total. Sabe-se pouco sobre o que realmente vai acontecer. O bug do mês de abril deve afetar usinas termoelétricas que usam sistemas de informática muito antigos. "No 99º dia do 99º ano (9 de abril), esses computadores acharão que estão sendo reinicializados, ou seja, desligados e ligados de novo.", explicou à SUPER Nigel Martin-Jones, da empresa americana Data Dimensions, uma das maiores empresas de correção de softwares do mundo.
            Em 9 de setembro de 1999, já se sabe, o mesmo drama vai atacar os computadores do GPS, sigla em inglês para Sistema de Posicionamento Global, a rede de computadores e satélites que orienta aviões, cargueiros e até ônibus espaciais. O orgão americano já está gastando tempo e dinheiro no conserto da mancada, mas não é certo que chegará a um bom resultado. "Não temos mais tempo para acertar nossos computadores um por um", admitiu à SUPER Bob Hall, chefe de operações. "Precisamos de uma solução que resolva tudo de uma vez." Mas essa ele ainda não sabe qual é.

 - PERDIDOS NA TERRA
       O problema dos GPS portáteis

            Cada vez mais comuns e baratos(cerca de 150 dólares), GPS portáteis são usados por quase todas as embarcações particulares, como lanchas e veleiros. No dia 9 de setembro, cerca de 10% deles vão parar por pelo menos 24 horas. Alguns nunca mais funcionarão.

 - NAUS SEM RUMO
       Em setembro, instrumentos de satélites é que devem enlouquecer

            Os satélites do GPS são controlados por uma central que fica nos EUA. Para a sincronia dar certo, eles reinicializam(desligam e ligam) diariamente usando uma data aleatória: 9/9/99. Os satélites perguntam a hora à central, que responde aos que estão na linha de alcance. Estes repassam a informação aos demais. Em 9 de setembro, os aparelhos pedirão a data, mas vão confundi-la com o código de reinicialização. Com isso, todo o sistema pode ficar fora do ar por um ou mais dias. Sem orientação grandes navios podem ter de parar, atrasando a entrega de produtos estratégicos, como petróleo.

 - MILHÕES DE LINHAS PARA CONFERIR

            A espectativa do que vai acontecer aos computadores no final do ano gera todo o tipo de reação. A maior parte do mundo está pouco ligando. Mas nos EUA, o país mais informatizado do planeta, tem gente que se descabela, com medo da falta de luz, água e comida. Os paranóicos já começaram a estocar alimentos, geradores de energia, e até armas. Loucura, claro. Os mais lúcidos tomam providências de verdade. Empresas em que o bug poderia causar verdadeiras catástrofes, como bancos e companias telefônicas, têm feito o que podem para se livrar do problema. A tarefa ensiste em coferir, uma a uma, sd milhões de linhas de instrução que compõem cada programa. Somente nos EUA, estima-se em até 500 bilhões de dólares o custo para passar tudo isso a limpo.

 - MELHOR MANTER A CALMA

            Só não pense que isso afeta apenas o Primeiro Mundo. "O Brasil está entre os países mais defasados em relação ao bug", disse à SUPER Norman Jin, analista do istituto Year 2000. Se serve de consolo, há lugares em que a questão é mais grave. A Rússia permanece na estaca zero. Em janeiro, o governo americano ofereceu ajuda aos russos, temendo que possa ocorrer alguma pane no seu sistema de controle de armas nucleares.
            Mas o melhor ainda é manter a calma - e, como recomendam os especialistas, guardar extratos de banco e de cartão de crédito, recibos de pagamentos, além de comprar algumas velas. É bem possível que o seu prejuízo seja até menor do que o dos taxistas de Cingapura.

 - DEFENDA SEU REVEILLON
       Prepare-se para os problemas que o bug poderá trazer para sua festa de Ano Novo

            BOLSO VAZIO - Mesmo que não falte luz, grandes sistemas, como os de cartão de crédito e de bancos, correm perigo. Os cartões podem não ser lidos pelas máquinas. Isso já aconteceu na Suécia, com o bug de janeiro.
            À LUZ DE VELAS - A falta de energia elétrica é um dos principais riscos. Metrô e iluminação pública podem parar por tempo indeterminado, de um dia a semanas.
            SEGURANÇA EM CASA - A maioria dos micros não será prejudicada, pois o bug tem sido corrigido pelos fabricantes nos últimos anos.

"Não temos mais tempo para acertar nossos computadores um por um" Bob Hall

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