Falsificação de Processadores Pentium II

Publicado no Caderno de Informática
do jornal "O Dia" em 15 de maio de 1998
Atualizado em 13 de agosto de 1998

Parece até que está virando tradição. Após falsificarem processadores Pentium e circuitos de cache de memória, agora estão falsificando o novo processador da Intel, o Pentium II.

O método que os falsificadores estão empregando no Pentium II é o mesmo que empregavam na falsificação do Pentium Clássico: a remarcação, que consiste em remover o decalque original do processador e colocar outra inscrição em seu lugar. Assim, um Pentium II-233 pode ser adulterado e "transformado" em um Pentium II-266. O usuário tem de ficar muito alerta para não pagar caro por um processador falso.

Como a placa-mãe precisa ser configurada manualmente para informar ao processador a sua multiplicação de clock – o que é feito através de jumpers de configuração –, muitos usuários acabam iludidos com a marcação falsa do processador, configurando a placa-mãe como se o processador fosse "verdadeiro". Por exemplo, no caso da falsificação do Pentium clássico, um Pentium-133 remarcado para Pentium-166 poderia ser facilmente configurado a trabalhar internamente com 166 MHz. Inclusive, na maioria das vezes, o processador trabalhava em overclock (ou seja, com o clock acima do especificado) sem apresentar problemas.

No caso do Pentium II, ele possui proteção contra overclock: se você tentar aumentar a multiplicação de clock acima do especificado, o processador ignora os jumpers de configuração da placa-mãe. Acontece que os falsificadores são bem espertinhos. Eles abrem o cartucho do processador e tiram a proteção contra o overclock, fazendo uma "gambiarra" na plaquinha onde o processador e o cache L2 estão instalados, fazendo com que o processador consiga ser configurado com uma multiplicação de clock acima da especificada.

Como o processador falsificado trabalhará em overclock, diversos erros podem ocorrer, como congelamentos, excesso de erros de Falha Geral de Proteção e resets aleatórios.


Como identificar processadores falsificados

Como para fazer a modificação do processador é necessário abrir o seu cartucho, geralmente nos processadores falsificados há evidências de que o cartucho foi aberto com uma ferramenta (uma chave de fendas, por exemplo). As presilhas que fecham o cartucho ficam entortadas e um pouco mais abertas, como você confere em nossa ilustração.

pentiumfalso.gif (20049 bytes)

Os processadores Pentium II-300 e superiores utilizam o código de correção de erros ECC no cache de memória L2, enquanto processadores com freqüências inferiores não o utilizam. Através de um programinha você pode ler o registrador do processador que indica se o ECC está habilitado ou não. Se o processador for de 300 MHz ou superior e o ECC estiver desabilitado, muito provavelmente isso indica que o processador é na verdade, remarcado (um Pentium II-266 remarcado para 300 MHz, por exemplo). Você pode baixar esse programinha em ftp://ftp.gabrieltorres.com/pub/programas/ctp2info.zip (versão DOS) ou ftp://ftp.gabrieltorres.com/pub/programas/
ctp2infw.zip
(versão para Windows 9x).

Note, entretanto, que se o processador for um Pentium II-233 remarcado para 266 MHz o programa não indicará nada de anormal, bem como se o processador for um Pentium II-300 remarcado para trabalhar a uma freqüência de operação maior.


Dúvidas mais comuns

Tenho um Pentium II-300. Usando o programa ctp2info, que baixei do site, ele indica que o ECC está desabilitado. O meu processador é realmente falsificado ou existe a possibilidade de processadores Pentium II-300 não possuirem o modo ECC na comunicação com o cache L2 ?

A princípio todo Pentium II a partir de 300 MHz possui seu cache L2 trabalhando com o código de correção de erros (ECC) habilitado. Tanto que é assim que a nomenclatura estampada no processador possui um "EC" junto com as demais letras do processador. Veja o padrão de marcação dos processadores Pentium II, que vem estampada no topo do processador:

80522PXZZZLLL SYYYY
FFFFFFFF-XXXX País de origem
Número de lote (data + fábrica)

PX: No local de "X" entra a frequencia de operação do processador
ZZZ: Tamanho do cache L2 (sempre 512)
LLL: Existência ou não do ECC ("EC" quando possui, em branco quando não possui)
SYYYY: Revisão do processador

Através do número de revisão do processador, você pode checar quem ele é:

Revisão ECC Clock
SL264 non-ECC 233/66
SL265 non-ECC 266/66
SL268 ECC 233/66
SL269 ECC 266/66
SL28K non-ECC 233/66
SL28L non-ECC 266/66
SL28R ECC 300/66
SL2MZ ECC 300/66
SL2PV ECC 266/66
SL2HA ECC 300/66
SL2HC non-ECC 266/66
SL2HD non-ECC 233/66
SL2HE ECC 266/66
SL2HF ECC 233/66
SL2QA non-ECC 233/66
SL2QB non-ECC 266/66
SL2QC ECC 300/66
SL2QD ECC 266/66
SL2KA ECC 333/66

Por exemplo, tenho aqui um processador revisão "SL2QB"; através da tabela acima identifico ele como sendo um Pentium II-266, sem ECC.

Como você igualmente pode reparar na tabela, o Pentium II-300 e Pentium II-333 obrigatoriamente usam o ECC, enquanto para as demais freqüências de operação o ECC é opcional (pode tê-lo ou não).

Dessa forma: todo Pentium II acima de 300 MHz usa o código de correção de erros (ECC) no acesso ao cache L2. Ou seja, Pentium II acima de 300 MHz sem ECC é falsificado.

Não há qualquer relação do ECC do cache L2 com o ECC existente no setup, muito embora sua máquina possa ter opção de habilitar o ECC para o cache L2 - que deverá ficar habilitada. No setup geralmente podemos habilitar o ECC para o acesso à memória RAM, onde normalmente você pode optar entre ECC ou paridade.

As informações acima foram extraídas do Databook Pentium II Specificification Update, da Intel.


Essas informações foram obtidas da pagina do Prof. Gabriel Torres   http://www.gabrieltorres.com