Desde o surgimento das lendas existem vampiros. Da China até a Irlanda – praticamente em toda região do mundo – existe alguma versão de histórias sobre vampiros. Existem pessoas que acreditam que a referência bíblica de “corujas com grito penetrante” são na verdade comentários sobre vampirismo. Os mitos existiram na antiga Babilônia, e referências foram achadas nas antigas escrituras Assírias. Que são, de um modo, assustadores. Não faz sentido que em terras tão distantes essas lendas existem, à menos que exista alguma verdade, alguma inspiração para elas.

Dos horríveis contos dos penannglan, na Malásia, aos nachzehrer na Alemanha, a crença em vampiros parece ter sempre existido. Seria muito simples se pudéssemos nos distanciar dessa mitologia botando-a num contexto histórico. Mas diferente disto, até hoje a cultura pop é fascinada pelos vampiros. Existem grupos de pessoas no mundo todo que ainda acreditam em, e acreditam que eles mesmos são vampiros. Um pequeno culto de “vampiros” foi responsável por vários assassinatos no Sudeste dos EUA, em 1996. Mesmo assim, os vampiros modernos parecem não ser violentos, e confinam o ato de beber sangue a seu pequeno grupo. Até agora, nenhum deles conseguiu exibir qualquer um dos poderes ou habilidades tradicionais dos vampiros, e não há nenhuma informação de um vampiro que tenha morrido e voltado à vida.
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Mesmo assim, mais que qualquer uma das lendas sobrenaturais, vampiros são muito populares e têm durado por tanto tempo devido a literatura, ao cinema e a televisão. Mesmo vários escritores terem escrito antes dele sobre o assunto, Bram Stocker certamente escreveu a história definitiva de vampiros em 1897 – "Dracula". Por várias décadas depois, a obra de Stocker criou as regras para a criação de histórias sobre vampiros. Mesmo com as infinitas lendas por todo o mundo e cada uma tendo diferenças sobre como eles são criados, como são, quais as suas fraquezas, agora existiam severas regras.

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Vampiros não podiam ser vistos nos espelhos. Eles não têm sombras. Eles não podiam cruzar águas correntes e a luz direta do sol podia matá-los. Eles comandavam as criaturas inferiores, morcegos, ratos e lobos, e podiam transformar-se neles. Eles dormiam em camas na terra. Eles tinham um poderoso e hipnotizante olhar e podiam transformar outro humano sugando todo seu sangue e este então, morto, acordaria em sua cova. Eles temiam crucifixos, alho e água benta os queimavam. Uma estaca no coração, ou a decapitação eram as formas mais apropriadas para matar um vampiro de uma vez por todas. kit

Mesmo a televisão e filmes atuais tendo esperimentado várias fórmulas diferentes para contar as histórias dessas criaturas, a cultura moderna aceita as lendas de Stocker com bastante credibilidade. Filmes como “The Hunger” e “Near Dark”, entre outros, provaram isso. Escritores como Kim Newman, Dan Simmons, e particularmente Anne Rice alteraram radicalmente essas regras e criaram suas próprias mitologias vampirescas.

Para criar a Mitologia de Buffy, Joss Whedon escolheu o que mais lhe agradou. Whedon se desviou da fórmula de Stocker e buscou em uma antiga interpretação da mitologia vampiresca que poucos lembravam: algumas lendas dizem que vampiros não são humanos, mas demônios que fixaram residência no corpo de humanos. Daí, Whedon criou seus próprios monstros. Criou vampiros melhores, dizem alguns, pois esses vampiros não são tão poderosos como seus antigos e legendários antepassados.

Vampiros, no mundo de Buffy, não podem voar. Não podem se transformar em névoa. Não podem mudar sua forma. Mesmo não podendo ser vistos nos espelhos, eles têm sombra. Eles podem ser filmados. Mesmo não precisando respirar, seus pulmões realizam uma função que simula a respiração. É falso ato de respiração, para conforta-los - e fazê-los sentirem menos “mortos”. Os vampiros de Whedon tem a capacidade de hipnotizar, mas uns conseguem fazer isso mais que os outros. Drusilla hipnotiza Giles e consegue dele toda a informação que precisa, além de paralisar Kendra e matá-la, em "Becoming 1" e "Becoming 2".

Como os vampiros de Stocker, os vampiros de Whedon não podem entrar em uma casa sem serem convidados, mas uma vez convidados podem entrar na hora que quiserem. Os vampiros tradicionais não podem entrar em casas de adoração com solo sagrado, e temem os símbolos religiosos, principalmente a cruz cristã.

Os vampiros de Whedon não possuem problemas para entrar em igrejas, mas tocar em terra sagrada causa-lhes grande sofrimento, e eles temem a cruz. Uma coisa que os vampiros de Whedon têm em comum com os de Stocker e que várias outras pessoas ignoraram é a exposição à luz solar. Em mitologias recentes, a luz do sol mata os vampiros. Mas para Stocker e Whedon, para que o sol mate um vampiro, ele tem que se expor à luz direta do sol. Um dia muito nublado, ou qualquer outra coisa que bloqueie a luz solar, permite que o vampiro apareça à qualquer hora do dia.

Em adição a isso, vampiros são retratados como criaturas que possuem a cura rápida para qualquer ferimento, menos a estaca no coração. Os vampiros de Whedon podem se curar de qualquer coisa, mas leva algum tempo. Daí o comentário de Darla em "Angel": “Balas não podem matar um vampiro. Mas causam muita dor...”.

Whedon utilizou frases do Vigilante Giles, para explicar as origens dos vampiros: “Esse mundo é mais velho do que conhecemos, e ao contrario da mitologia popular, ele não começou como um paraíso. Por várias eras, demônios andaram pela Terra, fizeram dela seu lar, seu inferno. Depois de um tempo, eles perderam sua força nessa realidade, e a realidade foi aberta para os mortais. Para o Homem. O que resta dos antigos são vestígios: algumas mágicas, algumas criaturas...Os livros contam que o último demônio a deixar essa realidade se alimentou de um humano, e misturou seus sangues. Ele era um humano possuído - infectado – pela alma do demônio. Ele mordeu um, e outro...então eles andaram na Terra, se alimentando. Matando alguns, e misturando seu sangue com outros para criar mais de sua espécie. Esperando que os animais morram e que os antigos retornem”.

Voltado pela meta de trazer para a Terra seus ancestrais, os demônios que vivem entre vampiros criaram suas próprias famílias e sociedades, tribos ou clãs de vampiros que trabalham e vivem juntos para satisfazerem seus impulsos caóticos. Como Buffy fala em “Lie To Me”: “vampiros gostam de escolher quem eles vão mudar”. Freqüentemente, um clã vai incluir um grupo de vampiros e seu “pai”, o vampiro que os transformou. O mais conhecido clã até agora em Buffy é a Ordem de Aurelius, liderada pelo Mestre, que mais tarde aderiu Darla, depois Angel, e mais tarde Drusilla e Spike.

De fato, Joss Whedon criou sua mitologia misturando antigas lendas, as regras de Bram Stocker e sua própria visão do assunto.