Babilônia

Na Babilônia o monarca era adotado pelos deuses após sua consagração. Através do Códico de Hamurabi (séc. XVIII a.C.) houve separação entre a ordem pública e a religiosa, o que certamente influenciou no culto. A Babilônia nos é particularmente importante porque, historicamente, as religiões ocidentais encontram vínculos e vestígios na religião dos babilônicos. A concepção religiosa dos babilônicos envolvia um panteão numeroso, governado por deuses arbitrários, senhores do destino de cada ser humano. Deuses contraditórios, bons e terríveis. Entre os homens e as divindades erguia-se um complexo sistema de relações, no qual se incluía o culto, o exorcismo e a magia. Com a reforma política e religiosa de Hamurabi (1750-1792), o deus Marduk da Babilônia, é elevado a deus principal. Filho de Ea, é o 'Senhor da Sabedoria' (sabedoria entendida como transmissão mágica do poder de curar e da vida superior). A religião de Marduk converteu-se na última das grandes sínteses das correntes espirituais mesopotâmicas. Nesse sentido, o sincretismo ganhou impotância. A figura de Marduk, também conhecido por Bel (Is. 46,1; Jr. 50,2; 51,44), tinha dois rostos correspondentes à sua dupla personalidade (Babilônia e Eridu); o filho do sol e o deus da magia; filho das águas profundas. Todos os anos, na festa do ano novo, representava-se dramaticamente sua vitória sobre as potências do caos e do mundo inferior. Os babilônios criam no mundo dos mortos -- consistia num universo de sombras que se esvaíam -- prisão sem saída, sinistro reino de Nergal. Os demônios babilônios eram a princípio, forças do mal. Depois foram identificados com os deuses maus, principalmente após a ascensão de Marduk, até adquirirem seus próprios 'status', quando passaram a semideuses ou deuses inferiores. Os babilônios acreditavam no fato de todo mal físico ou psíquico estar ligado ao pecado ou ocorrer por ação dos demônios, instigados por feiticeiros. Uma dimensão mágica na religião mesopotâmica era a prática do exorcismo. Orações, penitências, ritos especiais e outras práticas orientais por sacerdotes exorcistas eram feitas com o intuito de afastar as forças maléficas e abolir as causas do mal.