O
modelo e o original, o porque de sua escolha. Possuidor de diversos modelos
de embarcações, faltava nacoleção um que tivesse
rodas laterais, foi essa a razão da escolha, o estilo foi o que
mais me agradou bem como o aspecto gracioso que possui. O Princess Beatrix
é um navio de pequeno porte para o transporte de passageiros entre
as cidades de Scarborough e Norwich ambas na Inglaterra e no mar do norte.
Embora possua um desenho muito harmonioso, sem dúvida era um barco
para mar grosso, tendo em vista ser o mar do norte (entre Inglaterra e
Noruega) um dos mais inóspitos dos navegáveis.
O
navio original possuía o casco de aço e a superestrutura
em madeira, máquina a vapor de dois cilindros de simples expansão
com caldeira tipo Scotch , queimando carvão mineral. O modelo
possui casco e superestrutura em madeira, máquina a vapor de dois
cilindros e caldeira tipo Scotch queimando gás liqüefeito de
petróleo (gás de cozinha comum). A fineza dos seus “fittings”
é uma coisa de deixar qualquer um boquiaberto. Portas e janelas
abrem com suas fechaduras e dobradiças, bem como as gaiutas funcionam.
A bitácula e a roda de leme são de uma autenticidade sem
par, sendo inclusive copiadas por outros modelistas. As rodas são
do tipo -articuladas- (feathering) em inglês , ou seja
as pás entram e saem da água sempre na posição
mais vertical possível, aumentando com isso o rendimento tanto no
original como no modelo.
Curiosidades e casos que aconteceram com esses barcos. Foram construídos em 1900 em Clyde na Escócia dois barcos quase iguais a esse e se Chamavam: Bilsdale e Lord Roberts . Eles não deram o devido lucro a companhia possuidora e ela faliu. Foram vendidos a companhias diferentes e tomaram rumos diferentes. O Lord Roberts possuía uma cabina de comando coberta, o outro não, minha opção na construção foi a de cabina aberta para se ver melhor o detalhamento. Tendo sido eu o primeiro no Brasil a fazer cascos de modelos em fibra de vidro, isto em 1965, desde então nunca mais havia feito cascos que não fosse em fibra e resina, havia abandonado por completo a mania de fazer cascos em madeira.
Após
quase 30 anos, isto em 1993, talvez por uma questão nostálgica
resolvi novamente fazer esse modelo em madeira , foi um grande erro de
minha parte, achando que se o fizesse em madeira mas o resinasse por dentro
e
com
uma aplicação de uma única manta de lã de vidro
seria o suficiente para que não trincasse, como sói acontecer
com
todos os cascos de madeira, então o fiz assim, doce ilusão,
pequenas fissuras estão acontecendo, e a partir dos 5 anos de vida
começou o estrago; já foi retocada a pinturas para desaparecer
os defeitos. Espero que cesse o
problema
no decorrer do tempo.
O
modelo foi construído para ser a vapor e assim foi feito e passou
a funcionar, mas um defeito na junta do cabeçote
da
máquina propulsora deu uma chamuscada no casco e o danificou, se
fosse de fibra e resina teria agüentado mas
a
madeira abriu o bico. Foi necessário uma reforma no casco, ficou
sem cicatrizes mas teve de ser mexido. Aconselho
a
qualquer um que desejar fazer barco a vapor a nunca faze-lo em madeira,
não dá certo. Dúvida cruel pairou em minha cabeça,
fazer um novo casco em fibra ou tirar a máquina e faze-lo elétrico?
Ganhou
a segunda opção, por duas razões:- 1ª seria uma
pena mexer no barco, é uma verdadeira obra de arte, 2ª a
máquina
é tão bonita que deixa-la lá dentro é deixar
uma segunda maravilha oculta, então resolvi que farei um novo
modelo
onde a máquina ficará exposta, será um rebocador de
rio e que embora também inglês, navegava no rio Tietê
entre os anos de 1910 a 1938 entre Porto Martins e Bariri sendo seu porto
de registro Barra Bonita que na época não possuía
a barragem e a eclusa. Seu nome ? Visconde de Itu , ele realmente
existiu, e quem for a Barra Bonita poderá vê-lo de Forma
estilizada feito em cimento nos jardins que ladeiam o porto da cidade.
O
modelo apresentado, ainda quando a vapor, ganhou o prêmio de melhor
modelo civil da “Escola Naval do Rio de Janeiro” em 1995, desde então
não participou de mais nenhuma competição. As partes
de madeira do modelo, a vitrine que o contém, e o móvel que
suporta a vitrine, são todos feitos de uma única prancha
de madeira, é cedro e origem paraguaia e ótima qualidade,
foram necessários dois anos de secagem ao tempo para que ela se
estabilizasse, após o que, foi retalhada em tiras de 3mm para a
confecção do casco e demais medidas que se fizessem necessárias.
Vale a pena ser visto.
O
modelo agora elétrico, possui motor Veta 555, opera com 12V
e consome 1,2 A, portanto tem uma potência da ordem de 12 a 14 Watts
. O conjunto redutor é de 1:60, sendo parte com engrenagens
e parte com correia dentada. Possui rádio de 6 canais assim
distribuídos, 1- Leme traseiro, 2- Leme dianteiro (todo barco de
rodas laterais possui) 3- Motor, velocidade e frente e atrás, 4-
Apito (eletrônico) 5- Fumaça (gerado com eletricidade) 6-
Iluminação. O modelo está em perfeito funcionamento
e não tem tido chances de participar de competições
por não ter outros modelos a rodas para concorrer com ele; não
se deve em provas, colocar barcos com rodas junto com os de hélice,
existe um outro procedimento de manobra para barcos com rodas, sejam laterais
que de popa. O nome Princess Beatrix
foi
dado em homenagem ao nome de minha filha -Beatriz- e princess por
ser sem dúvida uma princesa entre meus
modelos,
é o mais delicado.