Primeira geração
Gonçalves Dias: um projeto de cultura brasileira
Embora Gonçalves de Magalhães seja considerado o introdutor do Romantismo no Brasil, foi, na verdade, Gonçalves Dias quem implantou e solidificou a poesia romântica em nossa literatura. Sua obra pode ser considerada a realização de um verdadeiro projeto de construção da cultura brasileira. Ele criou uma poesia voltada para o índio e natureza brasileira, numa linguagem simples e acessível. Sua obra apresenta os gêneros lírico e épico. Na épica, canta os feitos heróicos de índios valorosos que substituem a figura do herói medieval europeu. Na lírica, os temas mais comuns são a pátria, a natureza, Deus, o índio e o amor não correspondido, em grande parte , decorrente de sua frustrada paixão por Ana Amélia F. do Vale. Estes versos do poema "Ainda uma vez - Adeus!", por exemplo, originam-se dessa paixão:
Enfim te vejo! - enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te
Que não cessei de querer-te
Pesar de quanto sofri.
Muito pensei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado,
A não lembrar-me de ti!
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Louco, aflito, a saciar-me
D'agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esperança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!
A épica
Da produção épica de Gonçalves Dias, destacam-se dois poemas: "I-Juca-Pirama" e "Os timbiras", este último inacabado. "I-Juca-Pirama" é considerado o mais perfeito poema épico-indianista de nossa literatura. O poema narra a história vivida por um índio tupi que cai prisioneiro de uma nação inimiga: os timbiras.
A lírica
A poesia lírica de Gonçalves Dias é um dos pontos altos de toda a lírica nacional. Seu equilíbrio de linguagem e seus temas preferidos - natureza, religião, amor, solidão, pátria, índio, medievalismo - serviram de modelo a muitas gerações de poetas que o sucederam, tanto no Romantismo quanto em outros movimentos literários subseqüentes.