Virgulino
Ferreira da Silva nasceu (segundo registro) no dia 07 de julho de 1897,
no interior de Pernambuco, filho de José Ferreira, um pequeno proprietário
rural. Sabia ler e escrever e era um hábil artesão em couro.
Sua vida começou a mudar a partir de 1915, quando acusou um vizinho
de roubar uns bodes. Iniciou-se a briga entre as famílias.
Em 1919, Virgulino e seus irmãos Antônio e Livino, começaram
a cometer crimes, matando gado e assaltando.
Ao longo
do tempo, cometeu inúmeros crimes e atrocidades. Ele e seu bando chegavam
nas cidades cantando. Se o povo da cidade negasse o que ele pedia, eles revidavam:
estupravam, matavam, incendiavam, exterminavam rebanhos, etc. Mas se,
ao contrário, atendesse a seu pedido, organizava festas e dava esmolas.
Arrancou
olhos, cortou orelhas e línguas, consentiu que marcassem rostos de mulheres
que usavam vestidos ou cabelos curtos à ferro quente. Mas também
teve atitudes de distribuir o que tomava. Em suma, era amigo de qualquer
um que o apoiasse e inimigo de qualquer um que o contrariasse, independente
da classe social.
Existem
teorias para o apelido : uma delas é que ele teria iluminado o ambiente
a tiros, como um lampião, para que um colega achasse um cigarro caído,
no escuro; outra é que le teria feito uma modificação
num fuzil, para torná-lo mais rápido, de modo que o cano estava
sempre aceso, como um lampião.
Apesar
de tudo, é visto como herói.
Nos acampamentos,
rezava o ofício, espécie de missa. E nas cidades que invadiu,
chegou a ir à igreja e deixar fartos donativos, exceto para São
Benedito , porque não admitia um santo negro.
Maria
Déa, a Maria Bonita, conheceu-o em 1929 e em 1930 deixou o marido
e segui com ele. Foi o início das mulheres no bando. Surgiram crianças
que foram dadas para padres e fazendeiros.
Lampião
foi traído por um coiteiro (membro do seu bando) e surpreendido pelos
macacos (policiais). Eles estavam em um de seus esconderijos, na Fazenda Angico,
no Sergipe, em 28 de julho de 1938. Além de Lampião e Maria
Bonita foram mortos mais nove cangaceiros. Deceparam as cabeças e expuseram
nas cidades. As de Lampião e Maria Bonita foram para o Instituto Nina
Rodrigues em Salvador. Foram enterradas em 1969.
Cinco
dias depois, Corisco (outro cangaceiro) matou um coiteiro que achou ser o delator
de seu amigo e mais cinco pessoas de sua família, cortou as cabeças
e enviou para Bezerra (chefe de polícia que queria a morte de Lampião).
Em 1940, Corisco foi morto.
Foi o
fim do cangaço.
Lampião deixou uma música popular de sua autoria (que le cantava
quando chegava a uma cidade):
"Olê, mulher rendeira,
Olê mulher rendá,
Tu me ensina a fazer renda
Que eu te ensino a namorar."
Fonte: revista Super Interessante