MUDANÇAS ANTES QUE TARDIA...
por Izaura Yokohama

 

Nosso objetivo neste relatório é a apresentação de uma visão crítica das dificuldades na aprendizagem, uma vez que educação escolar é a que diz respeito a aprendizagens complexas, que não podem ser feitas, no dia-a-dia, sem o auxílio dos professores, de sistematização e de uma instituição escolar. Sou professora de Português e, portanto, posso lhes dizer que as estruturas da língua são ensinadas pela vida. Estruturas léxicas só podem ser construídas através da escola.

A escola  tem um papel fundamental e bem determinado, que é o de assegurar conhecimentos complexos, que são absolutamente necessários nesse final de milênio. É na integração que há entre alunos e professores, dentro da escola, que se revelam descobertas estupendas sobre o ensinar e o aprender.

Ninguém nasce inteligente, mas ficamos inteligentes. A inteligência é um processo da vida toda.

De acordo com a teoria de Piaget, a percepção não nos leva ao conhecimento da realidade. Nós não enxergamos o que vemos e sim o que queremos. Só enxergamos o que vemos de trabalhamos em cima da realidade.

Nós temos uma linguagem interior e isso é revolucionário para a aprendizagem, cabe-nos, portanto, como professores, ir ao encontro do desejo, pois só atingimos nossos alunos, quando os  atingimos como seres geneticamente sociais.

A distância da construção da aprendizagem, a partir  da ação da linguagem, faz com que aprender seja muito mais que absorver conhecimentos elaborados, mas sim ir ao encontro de hipóteses, confrontando os conhecimentos que se recebe diretamente. Isso faz com que  "aprender " esteja imerso em situações, em que  atuam, como diz 'Volon', primeiro a partir de duplas, que são as estruturas elementares de pensamento. O pensamento, antes de ser unidade, é molécula, é uma estrutura bipolar e a partir dessa amalgação inicial dos diversos conceitos, os educadores constróem os conhecimentos e aprendem.

O ideal democrático é de que todos os alunos aprendam, porque em educação a única estatística que vale é a que não exclui ninguém.

Ë necessário que caminhemos numa perspectiva democrática em que cada ano escolar seja realizado em um ano letivo, que infelizmente não é nossa realidade. Para que isso seja resolvida, é preciso dar uma virada, que se assenta principalmente sobre o professor, que deve ser dignamente pago e ser capacitado, precisa, do ponto de vista científico, de uma capacitação permanente. 

Com a implantação  da Nova Lei de Diretrizes e Bases ( Lei. 9394/97), a educação está passando por uma mudança completa de paradigmas, e os professores têm o direito e o dever de apropriar-se dessas descobertas.

Essas descobertas nos levam à convicção de que só ensina  quem aprende, pois ensinar não é ter conhecimento próprio e transmiti-lo aos alunos, é provocar o processo de aprendizado dos alunos, conhecer as interações entre as vivências dos alunos, com os conhecimentos que queremos que eles aprendam. Essas descobertas, essas interações não acabam nunca..

Vamos de uma vez por todas desfazer um equívoco secular, de considerar que a educação é a salvação da alma, de que a educação é a solução de todos os problemas da sociedade. A educação não é isso, é uma condição necessária, mas não suficiente para a formação da cidadania.

Caberá à escola, dar as condições mínimas para que se possa construir a cidadania.

Aprender envolve riscos. A cada vez que se aprende algo novo deve-se colocá-lo em cheque para poder transpor etapas na educação. A aprendizagem é um fenômeno carregado de características de uma vivência plenamente humana e, sobretudo, é uma fonte enorme de prazer.

 


 
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