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A idéia do governo americano era a de criar na população norteamericana um maior engajamento com os esforços de guerra. O conflito armado passava-se em outros continentes, a entrada dos EUA na guerra redirecionou a produção de indústrias de todo tipo, fazendo com que a oferta de bens de consumo diminuisse razoavelmente e, além disso, mais que nunca era necessária a participação da classe trabalhadora na buisca pela produtividade. Para tal, o governo americano promoveu diversas campanhas de conscientização, algumas apelando para a emotividade do momento, outras buscando atingir os brios da população e seu patriotismo. O cartaz exposto na foto acima, por exemplo, conclamava os jovens para o serviço na Marinha nos seguintes termos: Quem dera que eu fosse um homem... Eu me alistaria na Marinha! Seja um homem e faça isso! (Gee...I wish I were a man... I'd join Navy. Be a man and do it!).
Em geral, os cartazes sobre o alistamento militar eram incisivos e objetivos, usando quase sempre de estruturas verbais no imperativo, qual fossem a própria voz da Nação a exigir uma mudança de atitude da população com relação aos esforços de guerra. (Nos exemplos acima citados, o cartaz britânico mostra a figura de um militar apontando para o leitor e dizendo:a Grã Bretanha quervocê; aliste-se no exército de seu país! Deus salve o Rei, enquanto o cartaz americano, curiosamente lançado três anos depois do cartaz britânico, sendo um dos mais famosos casos de plágio na história da publicidade, apresenta um personagem que caracterizava a nação americana -- e que depois viria a ficar conhecido como 'Tio Sam'-- na mesma postura descrita para o cartaz anterior, com os seguintes dizeres: Eu quero você para o exército americano).
As campanhas de propaganda institucional utilizadas pelo governo dos EUA visavam também criar na população uma conscientização de que aquele período de guerra era de tempos difíceis, de sacrifício por parte de todos, e que a ajuda de cada um era importante, imprescindível para a vitória. Os dois cartazes acima, por exemplo, de concepção idêntica, conclamam os produtores rurais a cooperarem com os esforços de guerra empenhando-se na produção de alimentos. (A América precisa de mais carne - sua fazenda pode ajudar; Nossos aliados precisam de ovos - sua fazenda pode ajudar).
O cartaz acima é bastante significativo deste tipo de campanha, ao trazer a figura do 'Tio Sam' despindo-se de sua vestimenta tradicional e colocando um uniforme de operário, com os seguintes dizeres: Defender a liberdade americana é tarefa de todos. Outras tantas propagandas da época conclamam os trabalhadores urbanos para evitar atrazos e faltas, comparando tais atitudes com colaboracionismo e traição. Um dos cartazes de maior impacto neste período direcionava-se à questão do colaboracionismo e da traição. Mostrava um cão, de feições tristes, junto ao uniforme de sue dono, indicando que este dono havia morrido e os seguintes dizeres: ...porque alguém falou! Esta peça publicitária teve um forte impacto na população e motivou um amplo debate na sociedade sobre o tema.
O mais interessante é notar que este mesmo discurso já era empregado pelos propagandistas da então União Soviética logo nos anos que se seguiram à Revolução de 1917. Ainda que seguindo um regime socialista, utilizava-se da propaganda na URSS tanto como meio de promoção dos produtos produzidos pelo governo, como também para incutir na população o novo modo de vida comunista.
A intenção do governo soviético era a de popularizar o Estado e introduzir uma nova ideologia na população. O cartaz acima (1923) é por demais curioso: trata-se de uma convocação para que as pessoas colaborem com a organização de uma companhia aérea nacional, através da compra de ações, e o discurso com os mesmos estratagemas de apelo emocional já mostrados nas peças publicitárias americanas da Segunda Guerra Mundial (Todos... todos... todos... Aquele que não é um acionista da Dobrolet não é um cidadão da URSS. Um rublo faz de qualquer pessoa um acionista da Dobrolet).
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