Mamas e Lactação

Texto: Prof.. G.L.Santa Rosa e Dra. Virgínia Santa Rosa

Multimídia: José Guilherme Santa Rosa

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Mama Feminina

As mamas femininas são órgãos constituídos por cerca de uma dezena de glândulas mamárias que se abrem independentemente, pelos canais galactóforos em cada um dos mamilos.

Nos canais galactóforos há um envoltório de células mioepiteliais e uma porção dilatada, o seio galactóforo.

Os mamilos e a aréola são formados por um tecido erétil, composto de vênulas dilatadas e um estroma com muita substância fundamental. Possuem numerosas terminações nervosas, cuja estimulação promove a liberação de ocitocina.

Mamilo e aréola

A pele do mamilo e da aréola tem sua pigmentação aumentada na gravidez

Terminações nervosas da região mamilo-areolar são aferentes dos arcos reflexos hipotalâmicos, envolvidos na lactação e na excitação sexual, que liberam ocitocina.

O tecido conjuntivo da região tem características venosas e de substância fundamental típicas dos órgãos eréteis.

Os canais e seios galactóforos tem seu epitélio repousando sobre células mioepiteliais sensíveis à ocitocina.

A musculatura lisa dos mamilos participa da ereção do mesmo e da ejeção láctea.

Glândulas de Montgomery, são glândulas apócrinas especiais cuja secreção dificulta a maceração e nutre a flora bacteriana normal da região.

Desenvolvimento Puberal

As mamas se desenvolvem durante a puberdade pela ação proliferativa dos estrogênios que atuam sobre os botões mamários em ambos os sexos promovendo o desenvolvimento dos lóbulos mamários com glândulas tubulares inativas.

No sexo feminino a ação estrogênica manifesta-se mais fortemente sobre o conjuntivo interlobular, inclusive atuando sobre o desenvolvimento de grande quantidade de tecido adiposo nos septos o que promove o desenvolvimento das mamas transformando-as em atrativo sexual.

A ação combinada de estrogênios e gestagênios também se faz sobre os mamilos e aréola o que estabelece áreas erógenas e tecido erétil.

Mama em repouso

plano muscular

costela

tecido adiposo

parênquima mamário (lóbulos)

canais e seios galactóforos

mamilo

aréola

Lóbulos mamários em repouso

tecido adiposo

lóbulo mamário

ductos

fibras colágenas

conjuntivo interlobular

conjuntivo intralobular

aglomerado linfoplasmocitário peritubular.

células mioepiteliais

fibras reticulares e substância fundamental oticamente amorfa.

Respostas hormonais da mama em repouso

A mama em repouso não apresenta grande responsividade às flutuações do estrogênio durante o ciclo hormonal sexual da mulher embora sua sensibilidade táctil possa variar durante o ciclo das mulheres mais sensíveis.

A mama humana em repouso é muito sensível às flutuações da progesterona, que alteram o conjuntivo intralobular, principalmente pela retenção hídrica em sua substância fundamental.

Os níveis altos de progesterona no período pré-menstrual podem causar certo desconforto pela turgência mamária, o que pode ser usado pela mulher como indicação da data da ovulação.

A turgência mamária é mais evidente nas portadoras de T.P.M. (tensão pré-menstrual).

A mama masculina pós-púbere pode reagir a doses elevadas de estrogênio exógeno (travestis) ou mesmo de estrogênios endógenos o que causa ginecomastia.

A ginecomastia aparece com freqüência em pacientes com lesões hepatocelulares graves e difusas.

Vascularização hipofisária

Observe, à sua esquerda, o trajeto do sangue no talo e na pars distalis. A maior parte do sangue que chega à pars distalis já passou pelos capilares do talo hipofisário. O sangue chega à pars distalis trazendo o PIF do hipotálamo e sai com a prolatina.

Observe, à sua direita, que o sangue chega à pars nervosa e dela sai sem ter passado nem pelo talo, nem pela pars distalis. O sangue sai da pars nervosa com a ocitocina que veio do núcleo paraventricular pelas fibras do trato.

Glândula mamária gravídica

Em decorrência dos elevados níveis de estrogênio e progesterona e do hormônio lactogênico placentário, no início da gravidez os canalículos mamários proliferam e apresentam inúmeros brotamentos, com grande ampliação dos lóbulos, em detrimento do tecido adiposo no conjuntivo interlobular.

No início do primeiro trimestre já é possível notar sinais de alveolização nos brotamentos canaliculares pela ação da somatotrofina coriônica..

No terceiro trimestre a atividade secretória já se torna nítida, observando-se a presença de colostro nos alvéolos por ação da prolatina.

Lóbulos na gestação

Observe o início da alveolização com desaparecimento do tecido adiposo interlobular.

Os septos interalveolares se vão adelgaçando pela compactação do intralobular.

Nos pólos apicais das células dos alvéolos já se notam gotículas lipídicas

Outras ações hormonais

estrogênio ovariano

progesterona

estrogênios placentários (antagonizam a prolatina)

hormônio lactogênico placentário

somatotrofina placentária (alveolização)

insulina

STH

tiroxina

A secreção do GnRF e a ovulação são inibidas durante a lactação

polipeptídios sintéticos, símiles da ocitocina, são absorvidos pela mucosa nasal.

Lóbulos na lactação

Observe a total alveolização (glândula túbulo-alveolar) com o virtual desaparecimento do conjuntivo intralobular e compressão do interlobular

Os septos interalveolares (intralobulares) são adelgaçados e ricos em capilares sangüíneos e linfáticos

Gotículas lipídicas podem ser vistas intracelularmente e no leite armazenado nos alvéolos.

VANTAGENS e riscos do Aleitamento Materno

O aleitamento materno reduz, substancialmente, os riscos de câncer de mama.

Imunoglobulinas, principalmente IgA, são transferidas, inicialmente para o colostro e depois para o leite.

Leucócitos maternos podem passar para o leite e colostro e há evidências que possam ter contato com o sistema imunitário do lactente.

Proteínas maternas podem ser absorvidas inteiras nos primeiros dias de vida pós-natal de diversos mamíferos, embora não seja possível assegurar que isto ocorra na espécie humana.

O aleitamento materno aumenta, epidemiologicamente o período de infertilidade pós-parto

O leite materno é o único alimento adequado ao aparelho digestivo do recém-nascido, além de ser o mais barato.

Diversas doenças infecto-contagiosas maternas podem ser transmitidas pelo aleitamento, notadamente a AIDS.

Substâncias tóxicas para o lactente, como cocaína, nicotina, álcool, THC (maconha), conservantes alimentares, pesticidas, poluentes e barbitúricos podem ser transmitidos e causar dependência.

Desmame

A fase do desmame não é uma simples regressão dos alvéolos e proliferação do conjuntivo interlobular, por falta de estímulo da sucção ou desconforto na mamada.

Envolve intensa atividade macrofágica e denso infiltrado linfoplasmocitário indicando participação dos sistemas mononuclear-fagocitário e imunitário.

Os linfonodos axilares sofrem hiperplasia durante o desmame, principalmente na região paracortical, e as células reticulares se mostram abarrotadas de lipídios e proteínas do leite, dentre as quais detectamos histoquimicamente a caseína.

Os aspectos imunohistológicos ainda não estão completamente elucidados.

A regressão mamária após a interrupção precoce da gravidez (aborto) segue um padrão semelhante ao do desmame, mas aumenta a predisposição a displasias mamárias e câncer de mama.

Mama em regressão pós desmame

No menor aumento observe o polimorfismo dos lóbulos, principalmente no que tange ao diâmetro dos alvéolos e à abundância do conjuntivo intralobular.

No maior aumento observe-se o infiltrado de monócitos, linfócitos e plasmócitos, bem como a alterações regressivas nas células epiteliais, quadro que simula o de uma rejeição de enxerto homólogo.

Mama senil

estroma inter lobular abundante, com fibras colágenas espessas e com as alterações peculiares à idade.

canalículos intralobulares com atrofia epitelial

Tecido adiposo em disposição nodular e pobremente vascularizado.

Tais alterações são compatíveis com o quadro usual de envelhecimento cutâneo.

Colostro e Leite

O colostro é a secreção láctea da mama gravídica, menos viscoso, mais claro, com maior teor de gorduras e mais rico em imunoglobulinas e leucócitos.

O colostro acelera a motilidade intestinal do recém nascido e facilita a eliminação do mecônio.

O leite é a secreção da mulher nutriz e é mais opalescente, mais viscoso, com maior teor de gorduras e cálcio, e menos células fagocitárias e imunitárias.

Proteínas do leite podem ser consideradas estranhas ao organismo pelo sistema imunitário, principalmente em meninas que não tenham recebido aleitamento materno.

Câncer de Mama

O câncer de mama é característico das populações desassistidas, mesmo dos países desenvolvidos.

O combate ao câncer de mama deve ser centrado na educação sanitária para o diagnóstico precoce através do auto-exame e do exame médico periódico.

O aleitamento diminui as probabilidades da ocorrência das displasias que antecedem o câncer.

Os abortos aumentam a susceptibilidade ao câncer de mama.

Não há evidências científicas que vitaminas, hormônios, sais minerais ou agentes anti-oxidantes possam reduzir ou aumentar os riscos de câncer de mama, salvo algumas suspeitas de maior risco na administração de estrogênios anticoncepcionais às jovens púberes..

As mulheres, mesmo as jovens, devem exigir de seu ginecologista o exame de mama a cada consulta. É um direito inalienável.

FIM

Versões em transparências, slides, folhetos, CD-ROM ou fitas de vídeo VHS podem ser adquiridas através de contato com os autores.