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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano X, no. 29, julho de 2003

              

 

SUMÁRIO  

 

Apresentação

Artigos

Resumos

 Publicações Recebidas

Pesquisas em andamento

Notícias e Informes

 Estatísticas Retrospectivas

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

   

 

  

Apresentação

                    

A matéria deste número de nosso boletim cobre uma ampla faixa de nossa área de especialização. F. V. Luna e H. S. Klein preocupam-se com o arrolamento de sites nos quais encontram-se informações relevantes tanto para os jovens pesquisadores, sempre às voltas com os problemas afetos às fontes de dados, como para os estudiosos já maduros que, crescentemente, entram em contato com os ágeis meios de busca propiciados pela Internet. P. C. Tamiazo apresenta-nos um rico levantamento das Colônias estabelecidas em território paulista; S. O. Nadalin e A. Bideau contemplam os imigrantes luteranos e seu processo de integração à sociedade paranaense, já Ancelmo Schörner vota-se ao estudo da migração dirigida a Jaraguá do Sul (SC) e da formação e vivência da mão-de-obra ali residente, força de trabalho essa ocupada tanto na metalurgia como na indústria do vestuário estabelecidas na urbe. Já  os taubateanos estudos por Luciano S. Alvarenga dedicavam-se à produção de alimentos para consumo interno. Mieko Nishida, por seu turno, em obra recém-lançada, escrutina percucientemente a vida de escravos na Bahia. Enfim, temos aqui uma amostra das mais expressivas do vigor característico de nosso campo de estudos. 

                      

               

Artigos

                   

Herbert S. KLEIN, Informações sobre história quantitativa na Internet: um trabalho em desenvolvimento. 

RESUMO. Este ensaio abre uma série com a qual pretendemos oferecer informações atualizadas, disponíveis em sites da Web, e que possam servir a historiadores, economistas, demógrafos e demais estudiosos que procuram material quantitativo confiável de boa qualidade para utilizarem em suas pesquisas. Para ler a versão integral em inglês ; para ler a versão em português .

   

                        

Sergio Odilon NADALIN & Alain BIDEAU. Como luteranos alemães tornaram-se brasileiros? [Um ensaio metodológico]. 

APRESENTAÇÃO. Este trabalho foi apresentado originalmente em sessão do 14e Entretiens du Centre Jacques Cartier realizado de 3 a 5 de dezembro de 2001 em Lyon; uma versão em inglês será publicada pelo Journal of Family History e uma versão francesa comporá capítulo de livro a ser editado por Alain Bideau. Nele, como afirmam os autores, a preocupação central prende-se à perspectiva metodológica: "Dessa forma, esta contribuição (...) tem como fundo mais uma "revisita" aos dados produzidos a partir da metodologia da reconstituição de famílias. Ao mesmo tempo, pretende-se ensaiar, numa versão ainda preliminar, uma metodologia visando à acumulação de indicadores que permitam melhorar nosso conhecimento a respeito da identidade étnica do grupo". Para ler a versão em português .

              

                 

Francisco Vidal LUNA & Herbert S. KLEIN. Fontes da WEB para a história econômica e social do Brasil. 

RESUMO. Fornecemos indicações de fontes de informações econômicas e sociais disponíveis na internet. Dado o avultado número de websites existentes, concebemos este ensaio como uma primeira aproximação do material disponível na Internet, útil para o estudo da economia e  da sociedade brasileiras. Entendemos ser este um esforço preliminar para organizar a multiplicidade de informações existentes. Há necessidade de uma revisão e atualização periódicas deste material, elas poderão ser feita por nós, ou por pesquisadores que desejem auxiliar neste esforço. Para ler a versão integral .

                 

                                                  

Ancelmo SCHÖRNER. Jaraguá do Sul: imagens criadas e realidades vividas ou a frieza das estatísticas versus as cores da realidade.

RESUMO. O autor -- mestre em História (UFMG) e doutorando em História (UFSC) -- procura discutir brevemente questões referentes à constituição de um discurso oficial em torno da idéia de qualidade de vida de Jaraguá do Sul (Santa Catarina), confrontadas com a presença marcante de um grande número de pessoas que não são contempladas pelo crescimento econômico verificado na cidade desde os anos 70 do século passado, e os conflitos resultantes do processo migratório envolvendo "nós" e "os outros". Entre essas populações estão os migrantes (bem como um grande número de pessoas nascidas em Jaraguá do Sul), que vêm para a cidade em busca de melhores condições de vida, do progresso que se desenhava na década de 1970 com o crescimento das indústrias locais. Analisando rapidamente algumas questões (desenvolvimento econômico, migração e seus conflitos e qualidade de vida), o artigo tem como pano de fundo a cidade e as possibilidades de transformação do espaço urbano, haja vista as enormes desigualdades econômicas e sociais existentes hoje na região. Para ler a versão integral .

E-mail do autor:  ancelmos@netuno.com.br .   

                  

                             

Luciano S. ALVARENGA. Atividades de abastecimento em Taubaté: da mesa ao comércio. Entre livres e escravos.

APRESENTAÇÃO. O desvelar, dos últimos anos, nos estudos historiográficos a respeito das atividades econômicas e comerciais, desenvolvidos na colônia Luso-brasileira e suas teias de contatos com outras paragens mundo afora, deu ainda mais ânimo e importância aos estudos de caráter circunscritos e regionais que tenham nessas atividades sua razão de ser. Tal importância se deve entre outras coisas à necessidade de encontrar os pontos cardeais que liguem as atividades internas comerciais de abastecimento a aspectos mais amplos da atividade econômica colonial. 

Pesquisas têm revelado, em inúmeras áreas coloniais, o desenvolvimento de atividades comerciais internas que foram de fundamental importância seja para a reprodução das unidades exportadoras seja para o desenvolvimento de um grupo de grosso trato comercial. 

O cenário que se desenha a partir dessa nova realidade, que vai além dos binômios, metrópole/colônia - senhor/escravo, recoloca outras questões, entre elas, da importância que teve para os pequenos produtores de mantimentos o universo comercial que podia envolver essas atividades. O realinhamento dos estudos historiográficos que dão maior relevo às gentes comerciais e de capital do Brasil colonial, deve ser seguido de um esforço no sentido de recolocar o papel dos muitos homens e mulheres de então envolvidos com atividades de abastecimento no sentido da representação que possuía para esses a participação no comércio colonial. 

O que se quer dizer é que, se a entrada no seleto grupo dos homens exportadores foi possível apenas a uma pequena parte da população, a participação no comércio de produtos como feijão, milho, arroz e porco, certamente atraiu um contingente bem maior de homens e mulheres; mais, a participação nessa urdidura comercial era desejada e recriada como estratégia de sobrevivência e possibilidade de diferenciação social. 

Se o que acima foi dito indica, as já dilatadas pesquisas a respeito do tema, o que se pretende com esse "pequeno" trabalho não é alinhavar os pontos em que está colocado o fecundo debate histórico-econômico colonial recente, mas salientar a trama comercial e demográfica que envolve a população taubateense da virada do século XVIII para o XIX, ressaltando, isso sim, os pontos ainda pouco consensuais nessa literatura. Taubaté, entre os anos de 1774 e 1808, é segundo eu compreendo uma localidade dinamicamente envolvida com a criação de porcos, plantação de milho, feijão e arroz, bem como com sua comercialização naquelas redondezas. É disso que se tratará no decorrer desse texto. 

Procurei mostrar logo nas primeiras páginas, a dinâmica comercial e demográfica que caracterizam o Vale do Paraíba paulista nas últimas décadas do século XVIII e início do XIX. Iniciar o texto exacerbando a dinâmica da região teve como propósito escorar uma pergunta. Em que estava assentado o desabrochar de comércio, vilas e gentes dessas paragens considerando o fato de que inexistia, ainda, uma economia de exportação na região. 

Observando os contornos daquela dinâmica, o desenho que se viu era a das atividades produtoras de alimentos. Entretanto, para não correr o risco de que tais atividades fossem consideradas, apenas, de subsistência e, portanto, desprestigiadas em face de um contexto econômico mais complexo, procurei apontar seu caráter também comercial. Isso logo se evidenciou, entre outras coisas, pelo fato de que, boa parte dos domicílios possuía escravos. Mas o que chamou a atenção e, isso talvez seja o mais importante, é presença de cativos entre os que são considerados produtores de autoconsumo e "sem renda monetária". É certo, por sua vez, que a tal "renda" não era ausente nesses domicílios e, isso, verificamos ao acompanhar o desenrolar desse universo produtivo em alguns de seus aspectos. Por último, é bom que se diga que, em todo o período analisado, são os produtores sem escravos e, em menor proporção, os com até quatro ou cinco cativos que dominam em sua maior parte a produção de alimentos. Para ler a versão integral

                                     

               

Resumos

                     

ASSIS, Angelo Adriano Faria de. Inquisição, religiosidade e transformações culturais: a sinagoga das mulheres e a sobrevivência do judaísmo feminino no Brasil colonial - Nordeste, séculos XVI-XVII. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 22 (43):47-66, 2002. 

RESUMO. A visitação do Santo Ofício ao Nordeste açucareiro entre 1591e 1595 traria à tona os conflitos sociais e a disputa de interesses entre cristãos velhos e novos. Principais delatados, os neoconversos tornam-se figuras centrais das acusações feitas à mesa e vítimas em potencial das generalizações sobre seu suposto comportamento criptojudaico, acusados das mais diversas heresias. Dentre os delatados, chama a atenção o significativo número de mulheres, baluartes da resistência judaica, difusoras de sua cultura e tradições para as novas gerações. Responsáveis pelo ambiente doméstico, seriam as grandes propagadoras do judaísmo secreto e diminuto que se tornara possível após as proibições de livre crença no mundo português a partir de 1497, e a instauração da Inquisição, em 1536, quando os lares passaram a representar papel preponderante para a divulgação e sobrevivência das tradições dos filhos de Israel.

                    

BACCI, Massimo Livi. 500 anos de demografia brasileira: uma resenha. Revista Brasileira de Estudos Populacionais. ABEP, Campinas, v. 19, n. 1, p. 141-159, jan./jun. 2002. 

RESUMO. Apanhado sumário de alguns expressivos elementos de nossa formação populacional (depopulação indígena, ocupação e povoamento pelos lusitanos, a entrada forçada de africanos e a posterior vinda voluntária de imigrantes, sobretudo europeus) e breves considerações sobre o comportamento, no correr do tempo, de algumas de nossas variáveis demográficas (mortalidade e natalidade segundo condição social e cor, nupcialidade de escravos, mestiçagem etc); como diz o autor: "Para mim é um honra que este trabalho seja publicado nesta Revista, graças à tradução da amiga Maria Sílvia C. B. Bassanezi -- à qual devo preciosas indicações. Gostaria também que os estudiosos brasileiros soubessem qual é a natureza deste escrito: trata-se do ponto de vista de um estrangeiro, não especialista na vida brasileira, mas profundamente interessado pela mesma."

                 

BOTELHO, Tarcísio Rodrigues. História da população brasileira: balanços e perspectivas. Cadernos de História, Belo Horizonte, PUC Minas, v. 6, n. 7, p. 30-48, jul. 2001. 

RESUMO. A demografia histórica brasileira tem-se caracterizado por uma contínua preocupação em refletir sobre seu objeto e sobre suas realizações. A tarefa aqui proposta é analisar pontos que ainda não foram suficientemente abordados ou que muitas vezes não sofreram uma sistematização em seus achados. Para tanto, parto de uma discussão sobre os conceitos de demografia e demografia histórica; falo das fontes utilizadas por tais estudos; e, ao final, abordo os temas que considero relevantes para uma sistematização dos conhecimentos em demografia histórica no Brasil, agrupando-os em dois conjuntos: os estudos do contingente populacional brasileiro e os estudos dos componentes da dinâmica populacional. 

                   

CARNEIRO, Henrique. Amor, Sexo e Moral Médico-Clerical na Época Moderna. Revista de História, São Paulo, 140:29-42, 1999. 

RESUMO. A época moderna viveu um acirramento dos controles sobre a vida cotidiana. Em Portugal, o moralismo contra-reformista caracterizou-se pelas prédicas de castidade em contraste com diversas formas de revalorização do corpo que tinham sido conhecidas no período renascentista. Os argumentos médicos passaram a ocupar um papel privilegiado na definição das normas regulamentadoras da sexualidade. O pecado foi medicalizado, a paixão condenada como doença e a luxúria tornou-se a fonte primordial de todos os males. O amor e o erotismo foram o principal alvo do moralismo moderno, no qual a Igreja e a medicina se fundiram numa empreitada conjunta de controle social.

                  

COHEN, Ilka Stern. Thomas Davatz Revisitado: Reflexões sobre a Imigração Germânica no Século XIX. Revista de História, 144:181-211, 2001. 

RESUMO. Lido isoladamente, o relato de Thomas Davatz pode ser tido como mais um dos tantos "olhares estrangeiros" aqui publicados. Colocado no quadro das publicações em língua alemã voltadas para a questão da imigração, as memórias de Thomas Davatz revelam uma vertente menos explorada pela historiografia brasileira. Este artigo consiste numa primeira incursão nesse campo de pesquisa.

                  

CYTRYNOWICZ, Roney. Além do Estado e da ideologia: imigração judaica, Estado-Novo e Segunda Guerra Mundial. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 22 (44):393-423, 2002. 

RESUMO. A partir de uma pesquisa em fontes primárias das instituições centrais associadas à imigração judaica em São Paulo e Rio de Janeiro, este artigo mostra como, durante o Estado-Novo e a Segunda Guerra Mundial, as entidades judaicas funcionaram de forma corriqueira, adaptaram-se às restrições nacionalistas do governo Getúlio Vargas e, muitas vezes, engendraram estratégias sofisticadas para enfrentar a lei e a ideologia. Esta perspectiva de história social e do cotidiano evidencia, portanto, uma leitura distinta daquela que - analisando exclusivamente a lei, a ideologia e o preconceito do regime Vargas - considera que havia um clima de medo e perseguição generalizado entre os imigrantes judeus residentes no País. Este artigo mostra, complementarmente, que 1937-1945 foram anos decisivos para a implantação de uma comunidade etnicamente ativa e para a sedimentação de uma identidade judaico-brasileira.

             

DUARTE, Regina Horta. Olhares estrangeiros: viajantes no vale do rio Mucuri. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 22 (43):267-288, 2002. 

RESUMO. A partir da análise de relatos de viajantes presentes no vale do rio Mucuri (Minas Gerais, Brasil) ou em seus arredores, focalizam-se as representações imaginárias construídas acerca de uma grande área de Mata Atlântica, praticamente intocada até meados do século XIX. O médico Avé-Lallemant e os naturalistas Maximilian, Saint-Hilaire e Tschudi discutiram intensamente dois temas. O primeiro refere-se às populações indígenas que habitavam a área, apresentadas como grande obstáculo para a conquista. O segundo consiste na mata, cujo exotismo e impenetrabilidade a aproximavam, no seu imaginário, dos índios botocudos, aos quais se atribuíam atitudes violentas e hábitos antropofágicos. Nessa polêmica, avaliavam a possibilidade de colonização e as condições efetivas de ocupação do território.

               

EUGENIO, Alisson. Tensões entre os Visitadores Eclesiásticos e as Irmandades Negras no Século XVIII Mineiro. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 22 (43):33-46, 2002. 

RESUMO. Trata-se de uma pesquisa sobre recriações e vivências culturais de negros que se associavam em irmandades religiosas no século XVIII mineiro. Partindo de elementos culturais apropriados da sociedade escravista, bem como de lugares e tempos negociados com os representantes da ordem social, somados a valores herdados das terras de origem no continente africano, estes indivíduos construíram um mundo próprio nos labirintos da escravidão, no qual deram um outro sentido às suas vidas além daquele que nas Minas Gerais para eles já estava predeterminado (ser escravo). Tal sentido estava relacionado em suas festas devocionais e eram vivenciadas em um contexto de uma sociabilidade tensa e solidária.

                       

LESSER, Jeffrey. Imigração e Mutações Conceituais da Identidade Nacional, no Brasil, Durante a Era Vargas. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 14 (28):121-150, 1994. 

RESUMO. Analisa um momento crucial da política imigratória de Getúlio Vargas. Ao estuda-lo, revela como seu governo se comportou em relação a duas correntes migratórias: os assírios católicos do Oriente Médio e os católicos europeus não-arianos. O autor mostra como Getúlio Vargas era astuto e sua ambigüidade, ora parecendo concordar com a entrada das duas correntes e ora revertendo completamente suas decisões.

                     

LOPES, Eliane Moura da Silva. Fragmentos de mulher: dimensões da trabalhadora (1900-1922). Mestrado, IFCH/UNICAMP, 1985.

RESUMO. A autora apresenta o processo de formação da figura social da mulher trabalhadora no início da industrialização no Brasil e a construção desta imagem em diversos discursos: o patronal, o jurídico, o socialista, o anarquista, o médico e o educacional. Trata do processo de identificação desta personagem no Brasil, ao início do século XX, mostrando os intensos debates que se entrecruzavam em torno desta mão-de-obra específica, simultaneamente força de trabalho e reprodutora da espécie.

                  

PAIVA, Eduardo França. Coartações e Alforrias nas Minas Gerais do século XVIII: As possibilidades de libertação escrava no principal centro colonial. Revista de História, São Paulo, 133:49-57, 2º. Semestre de 1995. 

RESUMO. Entre as várias formas de alforria existentes nas Minas Gerais do século XVIII, uma merece ser destacada: a coartação. Tratava-se, grosso modo, do pagamento parcelado da manumissão, podendo o coartado se ausentar do domínio senhorial durante anos seguidos. O texto pretende informar sobre essa prática recorrente nas Minas Gerais do Setecentos, mas pouco conhecida pela historiografia brasileira sobre escravidão.

                     

REIS, José Roberto Franco. Higiene mental e eugenia - o projeto de "regeneração nacional" da Liga Brasileira de Higiene Mental (1920-30). Mestrado, IFCH/UNICAMP, 1995. 

RESUMO. O autor discorre sobre as propostas da psiquiatria higiênica brasileira das décadas de 20 e 30, notadamente de sua instituição mais expressiva no período que foi a Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM), criada em 1923. Tomando por eixo de análise os desdobramentos teóricos e práticos dessa psiquiatria que consagrava o princípio da prevenção e elegia a eugenia como referentes conceituais básicos, buscou esclarecer aspectos importantes do seu ambicioso projeto de intervenção social que, de maneira geral, vinculava-se ao tema, tão caro à época, da "regeneração" da construção nacional.

                  

SEIGEL, Micol & GOMES, Tiago de Melo. Sabina das Laranjas: gênero, raça e nação na trajetória de um símbolo popular, 1889-1930. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 22 (43):171-193, 2002. 

RESUMO. O trabalho parte de uma passeata realizada em 1889 por estudantes de medicina em favor de uma quitandeira desalojada de seu posto de venda, passando a discutir as maneiras pelas quais o evento foi tematizado ao longo da Primeira República. Com isto, pretende-se lançar luz sobre os meandros das políticas cotidianas raciais e de gênero no período, bem como a relação deste processo com a negociação da identidade nacional.

                             

               

Publicações Recebidas

                    

Volume consolida obra de Mieko Nishida

               

NISHIDA, Mieko. Slavery & Identity: ethnicity, gender, and race in Salvador, Brazil, 1808-1888. Bloomington, Indiana University Press, 2003, xviii+256 p., (Blacks in the diaspora). 

APRESENTAÇÃO. Slavery and Identity narrates a peculiar sort of history of the "peculiar institution". Not about slavery per se, it looks at urban slavery in an Atlantic port city from the vantage point of enslaved Africans and their descendants, examining their self-perceptions and self-identities in a variety of situations. Using both primary archival and printed sources, Mieko Nishida examines the perspectives of slaves, ex-slaves, and free-born people of color and the critical factors that affected their lives and self-perceptions. The book offers a new window on slave life in nineteenth-century Salvador, Brazil, and illustrates the difficulty of generalizing about New World slave societies. In Salvador, slaves owned slaves and even participated in the transatlantic slave trade. Africans who were removed from Africa as slaves sometimes managed to purchase their freedom. Former slaves of African birth sharply distinguished themselves from their enslaved counterparts, though even in the fluid stratification of Salvador, African-born people found themselves at the bottom of the social ladder. Yet somehow they were never entirely excluded from society or even from power at a certain level. Brazilian-born people of African descent created their own identities in relation to the larger society's favorable treatment of Brazilian-born over African-born, of lighter-skinned over darker-skinned, and of women over men. A group of skilled free-born men of African descent were able to create a mutual aid association that enabled them to choose to identify themselves as blacks, while excluding women and other blacks of lesser means. The book describes a complex story of identity creation in Salvador and demonstrates that African and their descendants were highly resilient and remarkably creative in adapting to their new social world, slave and free.

               

                   

   

                                

Imigração, Indústria e Ideologia

                

SCHÖRNER, Ancelmo. O Arco-íris encoberto: Jaraguá do Sul, o trabalho e a história -- operários, colonos-operários e faccionistas. Joinville, Oficina Comunicações Editora, 2000, 248 p. 

RESUMO. Originalmente apresentado como dissertação de mestrado ao Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (1997) o texto de Schörner é agora lançado na forma de livro, o qual se desenvolve em quatro capítulos. Inicialmente, o autor elabora uma breve retrospectiva histórica da imigração européia para o Brasil e Santa Catarina em geral e, em particular, para o Vale do Itapocu. A colonização desse vale é estudada a contar de 1890 dando-se especial atenção à indústria doméstica resultante da produção agrícola, ao sistema colônia-venda e à acumulação de capital dela decorrente; contempla-se, ademais, a passagem da indústria doméstica, em grande medida artesanal, para a pequena indústria, e a infra-estrutura urbana que permitiu, a contar de 1940, o desenvolvimento das primeiras indústrias de maior porte. Num segundo momento, consideram-se a indústria metalúrgica e a do vestuário instaladas em Jaraguá do Sul a partir de 1950, sua consolidação, o desenvolvimento urbano da cidade e o processo de migração que, iniciado em 1970, continua até o presente. Num terceiro tópico dá-se conta da diferenciação na composição da mão-de-obra das indústrias metalúrgica e do vestuário, mão-de-obra esta marcada pela existência de operários e colonos-operários. Estes últimos realizam diariamente duas jornadas de trabalho, vale dizer, o fabril e o desempenhado em suas propriedades agrícolas. Já o último capítulo é votado ao estudo do mundo dos trabalhadores metalúrgicos e do vestuário, analisando-se a "cultura alemã" do trabalho, visão esta que permeia os discursos oficiais acerca da aptidão do povo de Jaraguá do Sul para o trabalho, as condições de trabalho de vestuaristas e de metalúrgicos e as políticas desenvolvidas pelas empresas para que seus trabalhadores incorporem o discurso segundo o qual eles constituem uma "grande família" e se sintam, assim, responsáveis pelo crescimento das empresas às quais se vinculam. Neste último capítulo também se expende uma análise do mundo têxtil feminino (nas indústrias do vestuário as mulheres representam 80% da mão-de-obra empregada) e dos conflitos inerentes a tal condição. Além desses, também são contemplados outros problemas afetos às lutas e à vida social dos trabalhadores da urbe. 

             

   

             

PERARO, Maria Adenir (coord.); SIQUEIRA, Elizabeth Madureira (org.); MORAES, Sibele de (técnicas de preservação). Memória da Igreja em Mato Grosso: o arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá, catálogo de documentos históricos. Cuiabá, Entrelinhas, 2002, 255 p.

No número 26 deste BHD, de agosto de 2002, publicamos artigo de autoria da Profa. Maria Adenir Peraro intitulado Notícias sobre fontes eclesiásticas do Brasil: o arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá, Mato Grosso no qual a autora não só apresenta a obra como detalha o projeto que a embasou. 

                 

                       

Pesquisas em andamento

               

Pesquisador responsável: Jezulino Lúcio Mendes Braga.

e-mail: luciombraga@uol.com.br 

Instituição: Centro Universitário do Leste de Minas Gerais. UNILESTE-MG.

Grau acadêmico: mestre.

Título da pesquisa: Sertão do Rio Doce: economia e povoamento.

Resumo: Nossa pesquisa tem por objetivo resgatar o processo de ocupação e povoamento do Sertão do Rio Doce, região integrada ao contexto econômico e político do Brasil a partir de 1808, com a vinda da família real. Nesse período houve uma intensa distribuição de sesmarias na região, dando-se uma verdadeira expansão da fronteira agrícola. Ademais, a criação de divisões militares para o combate aos temidos índios botocudos, criou uma dinâmica econômica interna que contribuiu para formação do leste mineiro.

                 

             

Notícias e Informes

                    

Relato sobre o 1º Seminário Regional do CEO - UFF

                     

Nesse relato o Prof. Alvaro Pereira do Nascimento, da UFRJ, resume as principais questões abordadas no 1º Seminário Regional do Centro de Estudos dos Oitocentos. O seminário realizou-se em abril último na UFF e é intenção dos organizadores oferecer os resumos dos trabalhos apresentados no site do CEO, ora em fase de construção. Para ler a versão integral

                

   

                     

Conheça  a  página  eletrônica  do  CEAB

                    

                      

O Centro, da Universidade Candido Mendes,  dedica-se à pesquisa sobre desigualdades entre negros e brancos na sociedade brasileira e a investigações sobre aspectos culturais de nossa população negra. Possui um rico acervo documental sobre temas como racismo, preconceito e discriminação racial.

CEAB - Centro de Estudos Afro-Brasileiros

 http://www.ceab.ucam.edu.br/

                           

   

                  

Seminários do Centro de Estudos do Caribe no Brasil

                           

O CECAB (Centro de Estudos do Caribe no Brasil), em consonância com o PROCAD (Programa de Capacitação Acadêmica) da CAPES e em parceria com os Programas de Pós-graduação em História da UFG e da UnB, está organizando uma série de seminários mensais para a apresentação e debate de pesquisas concluídas e em andamento que tenham como objeto temas relacionados às culturas caribenhas.
Tais seminários terão como objetivo geral a maior articulação, integração e cooperação entre as instituições acima mencionadas, no que se refere à divulgação e debate acadêmicos das pesquisas e à melhor qualificação dos alunos de pós-graduação.
Tendo em vista a consolidação dos simpósios internacionais organizados pelo CECAB, estes seminários terão como objetivo específico preparar e selecionar previamente os melhores trabalhos de alunos de pós-graduação que irão participar do III Simpósio Internacional do Caribe "Culturas Híbridas no Atlântico: Relações África-Ásia-Brasil-Caribe" que se realizará no próximo ano.
A organização destes seminários mensais prevê a participação de professores doutores integrantes e/ou associados do CECAB, do PROCAD, das universidades acima citadas e de outras instituições de ensino superior como conferencistas e debatedores das pesquisas que forem apresentadas.
A articulação entre profissionais que se encontram em diferentes níveis ou etapas de carreira, isto é, doutores, doutorandos e mestrandos, contribuirá para o bom êxito das pesquisas apresentadas por meio de críticas, de sugestões e pelo debate acadêmico.
Por fim, a divulgação dessas pesquisas buscará preencher a lacuna de estudos sobre as culturas caribenhas no meio acadêmico brasileiro e, em especial, na região do Centro-Oeste. Os debates sobre os marcos teóricos-metodológicos e suas articulações com os dados empíricos das fontes históricas servirão, sem dúvida, para elevar o nível da produção acadêmica dos programas de pós-graduação e estimular novos estudos sobre as temáticas caribenhas.

Mais informações com nossa colega Olga Cabrera:  ocabrera@fchf.ufg.br  

         

                      

Estatísticas Retrospectivas

             

 

RELAÇÃO DAS COLÔNIAS, NÚCLEOS COLONIAIS E COLÔNIAS MILITARES DO ESTADO DE S. PAULO, A PARTIR DA RELAÇÃO PUBLICADA NO BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA, ANO X, Nº. 28, março/2003

              

Preparada por nosso colega Paulo C. Tamiazo, a relação acima segue anexada ao presente número do BHD. Para compreensão cabal de seu conteúdo deve-se ler o texto que vai abaixo, também de autoria desse nosso confrade.

               

A QUESTÃO DA MÃO-DE-OBRA E A ATRAÇÃO DO IMIGRANTE PARA O BRASIL

             

Paulo C. Tamiazo

                   

Uma das primeiras experiências com o trabalho não-escravo no século XIX, como já consagrado pela historiografia, foi o chamado sistema de parceria, iniciado na Fazenda Ibicaba, à época pertencente a Limeira, São Paulo, em 1847. O sucesso inicial provocou a sua expansão por diversas regiões do Estado. Nesta relação, estão assinaladas somente as situadas especialmente em Limeira e Rio Claro, devido ao destaque que W. Dean deu a estas localidades. 

Este autor assegura que o regime de parceria foi adotado em aproximadamente 60 fazendas em toda a Província. A chamada "revolta dos parceiros", minimizada por Dean, contribuiu para o declínio do regime e deflagrou a adoção de uma nova modalidade de contratação, denominada "locação de serviços", em que o trabalhador era remunerado "mediante preços preestabelecidos por cada medida de café produzido" (Hall e Stolcke, 1983:95). Nossa relação contempla os dados compilados por Bassanezi (1992:38-39), por não haver, pelo menos nas fontes consultadas, maiores referências. 

Quanto aos núcleos coloniais, podemos perceber duas fases: a primeira, exercida pelo governo central, cujo "fracasso" gerou críticas dos fazendeiros, contribuindo para o seu descrédito até o terceiro quartel do século XIX. As iniciativas das décadas de 1860 e 1870 não fizeram parte de uma política deliberada; e a segunda, baseada na iniciativa da Província (depois Estado de São Paulo), especialmente a partir da promulgação da Lei que autorizava o pagamento, pelo governo, dos custos com passagens e alojamento dos imigrantes (imigração subvencionada), e que, em um de seus artigos, autorizava a criação de núcleos coloniais. 

As "idas e vindas" do processo de estabelecimento dos núcleos estão expostas em Holloway (1984), especialmente para o período 1884-1911. A criação de outros estabelecimentos na década de 1930 foi explicada por Ferlini e Fillipini (1992-3) como tendo por objetivo "vivificar regiões adormecidas", o que, na verdade, é o que diz Monbeig (1984:161). Não encontramos, nas fontes pesquisadas, referência a um núcleo colonial criado com o nome de São Miguel Arcanjo, mas o associamos ao município de mesmo nome, situado na região de Itapetininga. 

Com referência às colônias militares, indicamos a existência das de Avanhandava e Itapura, conforme o Relatório com que o exm. sr. dr. João Baptista Pereira, presidente da província de S. Paulo passou a administração ao 2.o vice presidente, exm. sr. barão de Três Rios. [Santos, Typ. a Vapor do Diário de Santos, n.d.], disponível em  http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/1022/000058.html 

                

Para acesso à RELAÇÃO DAS COLÔNIAS... .

                       

REFERÊNCIAS

BASSANEZI, M..S.C.B., "Imigação e Oportunidades de trabalho no período cafeeiro", in Textos NEPO 21, Campinas, UNICAMP, 1992. 

DEAN, Warren. Rio Claro - Um sistema brasileiro de grande lavoura - 1820-1920. São Paulo, Paz e Terra, 1977. 

HOLLOWAY, Thomas. Imigrantes para o café. São Paulo, Paz e Terra, 1984. 

FERLINI, Vera Lúcia A. et FILLIPINI, Elizabeth. "Os núcleos coloniais em perspectiva historiográfica". Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH/Marco Zero, n. 25-26, set. 92/ago. 93. 

MONBEIG, Pierre. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. São Paulo, Hucitec/Polis, 1984.

STOLCKE, Verena & HALL, Michael. "A introdução do trabalho livre nas fazendas de café de São Paulo", Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH/Marco Zero, n. 6, set. de 1983, p. 80-120.

          

                  

 

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

                

Outros trabalhos incorporados ao ROL

                

NISHIDA, Mieko. From ethnicity to race and gender: transformations of black lay sodalities in Salvador, Brazil, Journal of Social History, 32(2):329-348, winter 1998.

            

NISHIDA, Mieko. Diasporic identities in Transformation: repatriation movements from Brazil and to West Africa and Japan. Paper presented at the Latin American Studies Association Congress, Miami, Florida, march 16-18, 2000.

             

NISHIDA, Mieko. Gender, race, and ethnicity in urban Brazil: "black" and "japanese" women in São Paulo. Paper presented at the American Historical Association Annual Meeting, San Francisco, CA, january 3-6, 2002.

       

NISHIDA, Mieko. Japanese brazilian women and their ambiguous identities: gender, ethnicity, and class in São Paulo. Latin American Studies Working Paper n. 5. Latin American Studies Center, University of Maryland at College Park, 2000.

       

NISHIDA, Mieko. Voices of otherness: "black" and "japanese" women in São Paulo, Brazil. Paper presented at the Latin American Studies Association Congress, Washington, D.C., september 6-8, 2001.

                      

                 

 

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