Quando
o Comité Condon levou a cabo uma série de sondagens acerca
do fenómeno OVNI, apresentaram uma frase a uma
amostra
do público Americano: "Uma agência governamental mantém
secreto um ficheiro com relatos de OVNIs, que tem sido
deliberadamente
mantido afastado do público." As pessoas deveriam responder VERDADEIRO
ou FALSO. Uma maioria de 61%
julgou
a frase como verdadeira, enquanto apenas 31% respondeu ser falsa. Examinando
as respostas segundo faixas etárias, o
desnível
de opiniões era ainda maior: entre os adolescentes, 73% acreditavam
que a afirmação era verdadeira. O mais curioso
foi
o paradoxo existente nas análises empreendidas não só
pelo Comité Condon como por outras pesquisas acerca de OVNIs:
eram
mais as pessoas que acreditavam na possibilidade de uma conspiração
de silêncio envolvendo o governo,
do
que aquelas que acreditavam nos extraterrestres em si.
Esta crença
é, no entanto, simples demais para um verdadeiro conhecedor de conspirações.
Ele já rejeitou há muito as simples
e directas operações
de encobrimento da Força Aérea, da CIA ou de cientistas,
alegando que estas seriam demasiado óbvias, e
até ridículas.
O verdadeiro conhecedor aponta para o facto de que nenhum governo ou grupo,
não importa quão poderoso, seja
capaz de suprimir
tanta informação tão sensacionalista por tanto tempo.
Ou pelo menos, nenhum grupo terrestre.
Para ele, se os extraterrestres realmente quisessem mostrar-se ao Mundo,
então aterrariam num ponto central, e todos os tão
fragilmente
construídos encobrimentos cairiam por terra. Foi envolvido neste
ambiente que a lenda dos Homens de Negro
surgiu. Diz
respeito a estranhos homens vestindo fatos negros e conduzindo grandes
e brilhantes automóveis da mesma cor, que
interrogam e
ameaçam as pessoas que afirmam ter visto um OVNI.
Em 1953, um homem de seu nome Albert Bender geria uma organização denominada IFSB -- International Flying Saucer Bureau (Secretariado Internacional dos Discos Voadores) -- e editava uma simples publicação dedicada a notícias sobre objectos não identificados, a "Space Review".
A IFSB era composta por um reduzido número de membros, ao contrário do que o seu grandioso título deixava transparecer, e a "Space Review" havia chegado, no seu melhor, a ter poucas centenas de leitores. Mas todos eles profundamente crentes na ideia de que os discos voadores eram naves oriundas do espaço exterior. Em comum com outros verdadeiros crentes, estes "OVNImaníacos" estavam plenamente convencidos que se encontravam na posse da grande verdade, enquanto o resto do mundo permanecia na total e absoluta escuridão da ignorância. Achavam-se muito importantes, e assim foi que, com uma sensação de surpresa, e mesmo de choque, que a edição de Outubro de 1953 abriu com duas declarações inesperadas: «ÚLTIMA HORA. Uma fonte a qual o IFSB considera credível informou-nos de que a investigação do mistério dos discos voadores e a sua solução aproxima-se de um final. Essa mesma fonte forneceu-nos informação, que se encontra em nossa posse, advertendo-nos porém de que ainda não chegou a altura de a publicar na "Space Review".»
O segundo e ainda mais chocante artigo mencionava: «NOTA DE IMPORTÂNCIA: O mistério dos discos voadores não é mais um mistério. A fonte já é conhecida, mas a informação foi retida por uma ordem que lhe é superior. Gostaríamos de publicar toda a história na "Space Review", mas lamentamos informar que devido à natureza dos dados em questão fomos aconselhados a não o fazer.»
O artigo finalizava com uma frase algo ominosa: «Aconselhamos a todos os envolvidos em pesquisas sobre OVNI que tenham cuidado.» Pouco depois, Bender suspendia a publicação da "Space Review" e dissolveu o IFSB.
O tom dos anúncios teria sido familiar a alguém com experiência em organizações ocultas. Os ocultistas muitas vezes afirmam estar na posse de um grande segredo que, por razões igualmente grandes, não podem revelar. Mesmo o aviso para «que tenham cuidado» não era único. Isso fazia com que «todos os envolvidos em pesquisas sobre OVNI» se sentissem mais importantes. No final de contas, quem se iria preocupar em perseguir alguém que estivesse apenas a perder o seu tempo?
Algum tempo depois de ter encerrado a revista e a organização, Bender deu uma entrevista a um jornal local no qual declarou haver sido visitado por «três homens usando fatos negros» que «enfaticamente» lhe comunicaram ordens no sentido de parar de publicar material sobre discos voadores. Albert Bender afirmou também que apanhara um «susto de morte» e que não conseguira «sequer comer por dois dias.» Alguns dos antigos sócios de Bender tentaram obter uma explicação mais satisfatória, mas todas as respostas eram dadas de forma críptica, quando eram dadas.
Este acontecimento causou uma confusão considerável no seio dos investigadores do fenómeno OVNI. Que pensariam eles de tão estranha história? Alguns mostraram-se cépticos em relação ao conto de Bender. Argumentaram que a organização estava a perder dinheiro e popularidade, e que a história dos três visitantes de negro servia apenas para salvar a pele de Albert Bender. No entanto, com o passar dos anos, os «Três Homens de Negro» começaram a soar mais respeitáveis e a ter vida própria. Alguns dos amigos de Bender pensaram primeiro que os Homens de Negro se tratavam de agentes da Força Aérea ou da CIA, e mesmo as declarações originais de Bender indicavam estes homens como sendo (possivelmente) agentes governamentais. Mas ao fim de algum tempo, os Homens de Negro começaram a assumir um ar mais extraterrestre, até mesmo sobrenatural.
Finalmente, em 1963, uma década decorrida após o incidente com os Homens de Negro, Albert Bender elaborou um livro chamado "Discos Voadores e os Três Homens de Negro". Um livro estranho, confuso e virtualmente impossível de ser lido, que revelava muito pouco quanto a factos, mas que enaltecia a reputação dos Homens de Negro como sendo extraterrestres. O livro trouxe também à lenda «três lindas mulheres, vestidas em uniformes brancos e justos.» Tal como os seus congéneres masculinos, as mulheres de branco tinham olhos brilhantes.
Contudo, Albert Bender contribuiu enormemente para o descrédito na sua história, ao afirmar que os Homens de Negro tinham afinal sido enviados por extraterrestres que planeavam sugar toda a água dos oceanos para um qualquer propósito obscuro. Devemos, pois, continuar a acreditar em Mr. Bender?
Mas mesmo antes da publicação deste livro em 1963, os Homens de Negro (ou MiB, iniciais da denominação inglesa "Men in Black") foram relatados visitando outras pessoas para além de Albert Bender. Por aquela altura, já haviam sido tantas vezes detectados que se tornaram parte da história da ovnilogia. Os Homens de Negro, como o próprio nome indica, usam fatos pretos. Também usam óculos escuros, possivelmente com o intuito de esconder os seus «olhos brilhantes». Muitos deles são descritos como sendo magros e baixos, de tez morena e cabelo negro liso. São por várias vezes definidos como «Ciganos» ou «Orientais». A maior parte dos MiB viaja em grupos de três ou quatro, em automóveis negros, novos em folha, geralmente Cadillacs. Estes carros supostamente até cheiram a novo. Várias vezes os MiB identificam-se como sendo agentes da CIA ou de outra agência do governo, mostrando rapidamente distintivos semelhantes, nunca deixando que sejam confirmados. Outras vezes mostram credenciais com estranhos emblemas, ou têm símbolos irreconhecíveis pintados nos seus carros. O objectivo das suas visitas parece ser o de convencer as pessoas a não divulgar informação, ou para confundir e assustar as testemunhas.
Pessoas que se preocupam com o fenómeno MiB tendem a inserir nessa categoria todos os tipos de visitantes misteriosos, mesmo que não vistam negro, não tenham olhos brilhantes ou não revelem aspectos característicos dos MiB. A primeira qualificação dos Homens de Negro é que estes são de proveniência desconhecida, e que parecem comportar-se de forma estranha e vagamente ameaçadora.
Muitos dos que escrevem acerca dos OVNI e de outros estranhos fenómenos mencionam casualmente "ínúmeros" casos em que pessoas são visitadas pelos Homens de Negro. Na verdade, estes «inúmeros casos» são difíceis de definir com precisão. De facto, poucos são os casos de MiB onde podem ser encontrados detalhes de interesse.
A impressão que os escritores pretendem incutir é que os casos publicados representam apenas "a ponta do icebergue". Para além disso, dizem os mesmos escritores, encontram-se «mais casos sensacionalistas», dos quais não se podem revelar detalhes por um variado número de razões. Em cada acontecimento do vasto número de casos falta sempre uma prova sólida. Mas, no fim de tudo, estamos a lidar tanto com crenças como com a realidade, e a "impressão" conta bastante.
Na
altura, o Dr. Hopkins não se sentiu de todo surpreendido ao convidar
o homem a entrar. O homem vinha vestido com um fato
negro,
com chapéu, gravata e sapatos da mesma cor, e uma camisa branca.
«Parece um cangalheiro, pensei», afirmou mais
tarde
numa entrevista. As roupas do indivíduo eram imaculadas -- o fato
sem rugas ou pregas e as calças como se acabadas de
passar
a ferro. Quando tirou o chapéu, revelou-se como sendo completamente
careca, não só calvo como também sem pestanas
ou
sobrancelhas. A sua pele era de um branco doentio, e os lábios vermelho
vivo. Durante a conversa que teve com o Dr.
Hopkins,
o visitante passou as suas luvas de feltro pelos lábios, e qual
não foi o espanto do doutor ao verificar que estas haviam
ficado
sujas de batôn!
Foi
apenas mais tarde, no entanto, que o Dr. Hopkins se apercebeu do aspecto
e comportamento bizarros do seu visitante.
Bastante
estranho foi o facto de o visitante ter afirmado que havia duas moedas
no bolso do seu anfitrião. Assim era. Pediu
depois
ao doutor que colocasse uma das moedas na mão e que a olhasse fixamente.
À medida que Hopkins a olhava, a moeda
pareceu-lhe
desfocada, desaparecendo gradualmente. «Nem você nem qualquer
outra pessoa do seu plano voltará a ver a
moeda»,
disse-lhe o visitante. Depois de discutirem um pouco mais sobre tópicos
gerais relacionados com a ovnilogia, o Dr.
Hopkins
noticiou que o discurso do seu visitante tinha vindo a desacelerar. O homem
levantou-se então com dificuldade e disse,
muito
devagar: «A minha energia está a acabar -- tenho de ir embora
-- adeus». Caminhou então descompassadamente até à
porta
e desceu os degraus inseguramente, um de cada vez. O Dr. Hopkins reparou
numa luz brilhante, relampejando na estrada
mais
adiante, de um tom branco-azulado e distintamente mais luminosa que o farol
de um carro normal. No momento, no
entanto,
assumiu que a luz pertencesse ao veículo do visitante, apesar de
não o ter visto ou ouvido.
Mais
tarde, quando a família do Dr. Hopkins havia retornado a casa, examinaram
a estrada e encontraram marcas que não
poderiam
ter sido feitas por um carro, já que se encontravam no centro da
via, onde as rodas não poderiam ter estado. No dia
seguinte,
e apesar de ninguém ter usado a estrada entretanto, as pistas tinham
desaparecido.
O Dr.
Hopkins ficou extrememente abalado pela visita, especialmente quando reflectiu
sobre a estranha conduta do estranho.
Estava
tão assustado que concordou em obedecer às instruções
do visitante, e apagou todas as fitas que havia gravado durante
as
sessões hipnóticas referentes ao caso corrente, afastando-se
imediatamente da investigação.
Subsequentemente,
vários incidentes curiosos continuaram a acontecer quer no lar do
Dr. Hopkins como no do seu filho mais
velho.
Presumiu que existisse uma conexão com a sua visita extraordinária,
mas nunca mais ouviu falar do seu convidado.
Quanto
à Organização de Investigação OVNI de
New Jersey, tal instituição jamais existiu.
O caso
do Dr. Hopkins é provavelmente o mais detalhado que se tem de visitas
por Homens de Negro, e confronta-nos com o
problema
na sua forma mais bizarra. Primeiramente devemos questionarmo-nos se um
médico respeitado inventaria tão
estranha
história, e se sim, qual o motivo? Alternativamente, poderia todo
o episódio ter sido uma alucinação, apesar das
marcas
vistas pelos outros membros da família? Poderá a verdade
encontrar-se algures entre a realidade e a imaginação?
Poderia
ainda um visitante verdadeiro, se bem que um impostor com uma identificação
falsa, ter visitado o doutor por alguma
razão
obscura, despoletando de algum modo a imaginação do Dr. Hopkins
para que inventasse todo um conjunto de
características
estranhas?
De
facto, o que parece MENOS provável é que todo o incidente
se tenha passado na mente do médico. Quando a sua mulher e
filhos
chegaram a casa, encontraram-no profundamente abalado, com todas as luzes
de casa acesas, e sentado a uma mesa
sobre
a qual repousava uma arma. Confirmaram as marcas na estrada e ainda uma
série de perturbações no telefone que
pareceram
começar logo após a visita. Assim, pode-se afirmar que algo
real aconteceu. Mas até que ponto? E de que natureza?