Pará  Esportivo

Por : Rogerio Pedroni
No mundo capitalista em que vivemos , as fronteiras vão aos poucos desaparecendo  e trazendo com a globalização os problemas causados pelo capital volátil que a caracteriza .
Vemos que este processo é irreversível e só resta encontrar soluções que garantam a sobrevivência nestes tempos difíceis em que o social é aparentemente esquecido e o capitalismo cada vez mais selvagem .
Reflexos da globalização e do despreparo da sociedade como um todo para viver estes novos tempos , é o desemprego recorde que se verifica por todo Brasil .
Se este processo traz dificuldades por outro lado facilita o estudo e avaliação do que é feito em outros países , para se adaptar a nova realidade globalizada .
A comunicação e o acesso facilitado a dados estatísticos são o outro lado da mesma moeda , atravez da análise destas informações tomamos conhecimento de seguimentos de mercados ainda desconhecidos ou simplesmente pouco explorados e podemos começar a pensar em adaptar iniciativas bem sucedidas em outras partes do mundo a nossa realidade , e em alguns casos é possível colocar a mesma globalização que gera desemprego trabalhando a nosso favor gerando empregos ,  impostos e atraindo investimentos desenvolvendo todo um conjunto produtivo em território nacional .
Exemplo disso é a iniciativa de algumas prefeituras do Pará que conscientes do potencial turístico e  pesqueiro de suas águas começam a investir na implantação efetiva de uma atividade econômica nova no Brasil e que cresce a cada dia em força e popularidade : A Pesca esportiva .
Os números deste mercado são impressionantes : 50 milhões de pescadores esportivos somente nos EUA , gerando aproximadamente US$ 69 bilhões de receita neste país ; no Brasil este número gira em torno de 5 milhões de pescadores esportivos que em 1997 movimentaram a bagatela de R$ 2,3 bilhões .
Outro numero curioso são os que informam os valores gerados pelos impostos relativos a pesca esportiva , quando comparados aos valores relativos a pesca comercial : em 1993 registrou nos EUA um total de 53,4 milhões de saídas de barcos destinados a pesca esportiva , podemos avaliar daí os valores gerados , enquanto a pesca comercial só gerou US$ 14 bilhões em receita .
Se comparado os números Americanos aos   Brasileiros , percebemos que apesar de significativos ainda temos muito que desenvolver e explorar este mercado .

Lembro os tempos em que garoto ainda ficava escutando as histórias e estórias de meu avô a respeito de suas aventuras pesqueiras no Pantanal Mato-grossense , considerada na época uma espécie de “ fronteira da pesca “ e com tristeza percebo hoje que o despreparo e descaso das autoridades locais , em relação a preservação de seus rios , fizeram do Pantanal uma região com muita estrutura hoteleira que dá suporte ao pescador amador , mas com rios quase mortos se comparados com a produtividade pesqueira de recentes 20 ou 30 anos atrás !
Tudo porem na história é experiência adquirida ; hoje assistimos a algumas iniciativas para a recuperação do antigo potencial pesqueiro nesta região , mas agora este trabalho se torna mais difícil  , pois temos que erradicar a cultura destruidora dos recursos naturais alem de investir em obras que visem o repovoamento dos rios .
Apesar desta situação precária que se encontram muitos dos famosos rios mato-grossenses a região ainda mantém significativa participação nos números milionários citados acima  .
Enquanto o processo lento de recuperação do Pantanal se verifica , se abre em outras regiões do país a “ nova fronteira da pesca “  .
A Amazônia é hoje sem duvida alguma esta nova fronteira , e o investimento em infra estrutura pesqueira nesta região se justifica por vários motivos :
1) Rios fartos em peixes , apresentando alem da qualidade a quantidade desejada nos sonhos de qualquer pescador
2)  Rios ainda preservados , a exploração da pesca predatória ainda não é tão intensa como a verificada nos rios Pantaneiros demandando menor investimento para a recuperação total das áreas já atingidas por este problema
3) Exuberância da fauna e flora local , sem duvida um atrativo poderoso de pescadores desejosos de pescar em uma região tão bela
4) Vontade política para investir e desenvolver a pesca esportiva , visão do potencial econômico gerado nesta atividade .
Algumas iniciativas por parte de algumas prefeituras municipais no Pará , estão sendo tomadas e consistem num primeiro momento em conseguir uma avaliação técnica feita por experientes pescadores , envolvidos com a divulgação deste esporte pelos meios de comunicação especializados e formadores de opinião , investidores potenciais  ou que exercem atividades que possibilitem a análise detalhada do trabalho necessário para a implantação de um projeto  que venha ser realista , levando em conta o conhecimento do que já existe e do que ainda precisa ser feito .

Pessoas como o Sr Fernando Lopes de Oliveira , jornalista do Diário do Pará / Diário do pescador , estão na coordenação deste grupo de formadores de opinião , prestando às prefeituras da região importante serviço a frente destas iniciativas individuais de algumas prefeituras , que acredito a médio prazo , unidas formarão o que poderá ser chamado de um “ mega projeto “  que transformará este grande estado em verdadeiro polo turístico – pesqueiro , onde o capital gerador de riqueza estará associado a consciência ecológica ( pela pratica obrigatória de um dos pilares da “ pesca esportiva “ , que é a pratica do pesque e solte ) garantindo assim  a exploração da atividade sem a possibilidade de que estes recursos se esgotem , como aconteceu no Pantanal mato-grossense .
Certamente não será fácil a tarefa de implantar semelhante projeto em um país onde o sofrido povo , carente em suas necessidades mais básicas tem de sobreviver quase sempre da forma como Deus manda , sem acesso a instrução básica e retirando da terra seu sustento da mesma forma que seus pais e avós sempre fizeram , não é simples dizer ao ribeirinho que vive uma dura realidade de pobreza , que se quiser continuar sobrevivendo em meio ao mundo globalizado e competitivo terá de se transformar em guia de pesca , trabalhar em hotéis , no comércio ligado a nova maneira de explorar a pesca , enfim ... que esta “ nova “ atividade poderá alem de prover o sustento de sua família , ainda trará uma melhora significativa em sua qualidade de vida .
Pessoalmente não acredito que estes investimentos em pesca esportiva , tenham uma eficácia social que possa ser medida a curto prazo , muitos fatores deverão ser trabalhados para que um volume significativo de pescadores possam freqüentar estas regiões e deixar ali o dinheiro esperado , mas o que é certo é o fato de que ao redor do mundo , temos o exemplo de diversas iniciativas que deram certo e podem servir de referencial a nós Brasileiros !
Parabéns aos prefeitos , vereadores e deputados que buscam os caminhos e soluções possíveis para enfrentar estes novos tempos !
Parabéns ao amigo Fernando Lopes e sua equipe , que alem da satisfação pessoal em promover o esporte buscam apontar sugestões de caminhos alternativos para a melhoria de vida deste sofrido povo !