Texto : Rogerio Pedroni
Fotos : Manuel Guiu , Igor Ferreira
Ir a Amazônia e não separar algum tempo para a pesca das
Matrinxãs é para o pescador esportivo , desperdiçar
uma oportunidade maravilhosa de testar suas habilidades e renunciar a emoção
de pescar um dos peixes mais esportivos da região !
Final de tarde , depois de pescar inúmeros Tucunarés
nos lagos do rio Joaperi , o amigo Igor Ferreira só pensava em duas
coisas : Banho de cachoeira e Matrinxãs !
Seguíamos
então para a cachoeira formada no rio Branquinho , ( com o rio baixo
, aparece um enorme cordão de pedras , que liga uma margem
a outra deste rio , formando então uma cachoeira baixa , e logo
acima fica a cachoeira do travessão , esta sim com um desnível
maior coisa pouco comum naquela região . ) e depois de nos refrescar
com delicioso banho nas águas escuras e geladas do Branquinho ,
trocávamos as iscas grandes usadas durante todo o dia por iscas
menores , indo atras de um novo alvo : As Matrinxãs !
Caminhávamos nas pedras até a parte de cima da cachoeira
e arremessávamos perto das margens , no inicio da corredeira ou
para baixo , nas partes mais fundas .
Era preciso insistir , mas não demorava muito para Ter uma bela
matrinchã atacando as iscas , tanto as de superfície como
plugs de meia água , e começava uma briga enorme , pois este
peixe possui uma força incrível para o seu tamanho e costuma
quando fisgado dar belos saltos na tentativa de se livrar do anzol !
E como se não fosse o bastante ainda tínhamos de lutar
contra a força da corredeira e pedras que poderiam cortar as linhas
ao menor descuido do pescador e muitas vezes era inevitável
a linha se partir nas pedras para o nosso azar .
Alguns exemplares com até 2,5 Kg foram fisgados para nossa alegria
e em especial para o Igor que pescava pela primeira vez este peixe usando
seu equipamento de fly !
Diga-se de passagem que o Fly nestes lugares é a técnica
mais bonita e emocionante de pesca , proporcionando ao pescador uma grande
emoção ao ver a vara curvada resistindo ao peixe , e a quem
assiste, pela leveza dos movimentos do fly, uma visão impar de integração
do homem com a natureza!
Não chegamos a fisgar Matrinxãs acima deste tamanho ,
embora na região existam exemplares muito maiores , ( chegam a 5
Kg , mas não é comum se ver peixes com este peso ) .
Uma cena Impagável foi vivida pelo Manuel Guiu , parceiro
de tantas pescarias e famoso por sempre ser o protagonista das situações
mais inesperadas , arremessando nas valas profundas da cachoeira , uma
Matrinxã que pareceu enorme abocanhou a isca já bem
perto do sortudo pescador, e começou sua corrida desesperada a favor
da correnteza , na tentativa de se livrar das garatéias , tomava
linha fazendo cantar o molinete .
Foi quando um enorme Tucunaré de mais ou menos uns 6 Kg , apareceu
não se sabe de onde e abocanhou de uma só vez a Matrinxã
, que desapareceu instantaneamente rompendo a linha nas pedras e deixando
o Manuel entre o susto e a incapacidade de acreditar no que acabara de
ver !
A presença destes Tucunarés ali , já era de nosso
conhecimento , pois quando estivemos nesta cachoeira em março ,
tomamos muitos sustos ali , e como estávamos usando varas e linhas
especificas para as Matrinxãs foi um festival de iscas perdidas
e linhas rompidas nos ataques dos Tucunarés .
Por este motivo , desta vez usávamos o equipamento médio
- pesado e linhas de 20 lbs , apenas trocando as iscas para as de tamanho
compatíveis com as Matrinxãs .
Os últimos dias que estivemos por lá não fomos
mais até a cachoeira , já vencidos pelo cansaço de
vários dias de pescaria , e pela vontade de tentar a pesca das Pirararas
nos poços do rio Joaperi, nos impediram de subir o rio Branquinho
mais vezes ao final das tardes , deixando assim para sempre em nossa
memória a bonita cachoeira e suas esportivas moradoras !