POESIAS


Restos

Letícia Abras
Belo Horizonte/MG.


Eu escrevi seu nome várias vezes,
e no meio deles
outras vezes,
e dessas vezes,
diversas vezes.
Até ficar satisfeita
e fartar-me.
Até você me bastar,
e eu te enjoar.

Eu escrevi seu nome muitas vezes.
Você não me sai da cabeça,
mesmo com tudo acabado,
ele persiste e me ronda.

Como um fantasma
o seu nome me assusta
e me vem assombrar no meio da noite.

Eu não te quero mais,
porém essa sombra continua.
Esse ranço no meu pescoço
e eu coloco um chiclete na boca.

Já passou nossa hora.
Conseguimos destruir todos os nossos sonhos.
Até então, eu cria
e você destruía.
E vice-versa.

Nós nos machucamos no tempo errado,
o espaço contido
no abraço que espeta,
e no beijo gelado.
No amor sem tesão,
e de pouca confiança.
Eu não te quero mais
do que você a mim.