SERESTA
ROMANCES
contos-crônicas
Curiosidades e FILMES (SEGUNDA GUERRA)
Quadrinhos
Poesias
Reflexões
.
Olá!!Você está acessando A PÁGINA DA EMOÇÃO!
Hello!! This is the Emotion Page !     Oriza Martins Home Page
LITERATURA - SERESTA - FILMES - MÚSICA  - ANIMAIS - ECOLOGIA - DICAS
Movies about World War II      What about a brazilian music?     more!
Que tal curtir um   som de seresta  brasileira, enquanto navega?  Ouça outras!
São Paulo

Brasil
 Veja Planalto, minha terra-natal
Visite meu blog
.
Editores e Agentes Literários
Conheçam meu novo romance - O LIXÃO.
Avaliem o primeiro capítulo online:


Escrever gera
prazer. 
Gera paixão. 
E é fácil:
Basta deixar
 rolar a emoção.
                Oriza//Iza

Currículo
email

Celebridades
Reflexões de 
amor e paz
Quadrinhos da
Turma do Ticão
Poesias
Mensagens
de auto-ajuda
Cartoons e curiosidades 
sobre animais
Fórum Literário: Amantes de Verso e Prosa
.
Oriza Martins Pinto

O LIXÃO
Romance

Ambientado nos anos de chumbo,
"O Lixão" traça um paralelo entre os 
as aves de rapina dos lixões 
da periferia de São Paulo 
e os abutres
a serviço do poder instituído.

   Anos 70.
     São Paulo e o restante do Brasil vivem sob o signo do medo. 
     As liberdades individuais estão cerceadas.
     É proibido falar, é proibido manifestar-se, mas não se pode proibir o ser humano de PENSAR, de ter esperança...
     Numa São Paulo assolada pela repressão, um grupo de jovens batalha nos subterrâneos da sociedade. 
     Também nos subterrâneos das instituições, acontecem outras batalhas: pelo poder, pela notoriedade, pelo dinheiro. 
     Ganância, crueldade, ideais, clamor por justiça, são molas propulsoras desses conflitos...
     E nos corações humanos, batalha-se por paixões... 
     Em meio a esses campos minados, um casal vê florescer o sentimento que compensa todas as contradições dos destinos da humanidade: O AMOR.
  Leia, a seguir, o primeiro capítulo = "O  LIXÃO".

.
..Romance: O LIXÃO- Autora: Oriza Martins Pinto
.Capítulo 1

Movimentos no Lixão

              Século XX, nos primeiros anos da década de 70.
              Brasil, um paraíso tropical, em cujo solo esparrama-se a maior porção da vicejante Amazônia, uma terra privilegiada por recursos hídricos sem par, solos férteis, praias exuberantes, clima adorável, sol a brilhar e a aquecer as existências em todas as estações...
              Num cenário tão promissor, porém historicamente marcado por mazelas sociais e desrespeito à mãe-natureza, naqueles idos dos anos 70, os altos escalões do governo mantinham um sistema político repressivo, comandando o país com mão de ferro, enquanto nos diferentes núcleos de convivência do dia-a-dia, na família, nas escolas, nos campos, pessoas comuns e incomuns prosseguiam em sua luta diária pelo pão e pelo desejo de que não se esvaísse dos corações humanos a esperança de tempos melhores.
             Nesse contexto, em mais um dia da vida cotidiana na cidade de São Paulo – que normalmente palpitava entre emaranhados de encantos e tragédias –, o jovem Fabrício Moreira, repórter do matutino Gazeta Paulistana, dirigia seu carro em direção à Rodovia Raposo Tavares, procurando rapidamente alcançar um conhecido depósito de lixo, nas proximidades do quilômetro 14.
              Impulsionado por seu tino investigatório, Fabrício farejara um possível furo jornalístico, embora suspeitasse de que, mais uma vez, encontraria dificuldades para expressar-se, uma vez que a liberdade de imprensa encontrava-se francamente cerceada no país e a censura oficial barrava qualquer notícia que comprometesse os interesses do sistema.
              Não obstante essas barreiras, Fabrício procurava sempre elucidar da melhor maneira possível os fatos. Se não pudesse publicar, sempre lhe restaria a opção de veicular o fato anônima e clandestinamente, catalogar a história para a posteridade, visando dias vindouros em que pudesse manifestar-se livremente ou, pelo menos, utilizar o material em literatura.
            Assim, Fabrício procurava correr contra o tempo, na obstinação de esclarecer os intrigantes fatos que se desenrolavam no Lixão da Raposo Tavares, pois vazara a informação de que restos de carne de origem duvidosa haviam sido encontrados no local, e alguns miseráveis habitantes do entorno do depósito de lixo haviam levado o repasto para casa. Até aí, nada sugeria que significasse algum interesse inusitado. Surgira, porém, a suspeita de que se tratava de restos humanos, mas a imprensa fora impedida de noticiar, e Fabrício tentava entender o porquê dessa proibição de se divulgar o fato.        Tratava-se, evidentemente, de uma notícia macabra, de forte apelo e comoção popular, porém não lhe parecia algo que pudesse atentar contra a ordem institucional, contra a segurança nacional.
          - Por que, então, perguntava-se, intrigado, por que a proibição? Era principalmente em busca dessa resposta que o obstinado Fabrício se dirigia ao Lixão da Raposo Tavares.
         Após algum tempo, o rapaz saiu da rodovia, entrando por uma tortuosa estradinha, e logo começou a sentir o característico e repugnante odor que emanava do gigantesco depósito de lixo, sinal de que já se aproximava do local. Cauteloso, o jornalista resolveu estacionar num lugar onde a estrada já não contava com asfalto, encontrando-se em estado deplorável. Aventurar-se por aqueles buracos com o veículo parecia-lhe temerário. Desceu do carro, munido de câmera fotográfica, gravador e material para anotações.
          Então, Fabrício deu-se conta de que algo muito peculiar acontecia por ali.
          No trajeto, através da Rodovia Raposo Tavares, o jornalista já havia percebido alguma movimentação de veículos militares, porém estava habituado a essas incursões, uma vez que vivia em um país onde o próprio regime governamental era militar. Entretanto, à medida que se aproximava do Lixão, parecia-lhe que o número de viaturas aumentava. Ao chegar mais próximo do local, definitivamente concluiu que algo realmente inusitado estava ocorrendo, aguçando-lhe ainda mais a curiosidade. Logo, porém, defrontar-se-ia com as dificuldades rotineiras: espalhados pelas cercanias do Lixão, os soldados controlavam a aproximação de curiosos, fato que não impedia que muitas pessoas se aventurassem a observar a movimentação. Identificando-se como jornalista, Fabrício tentava conseguir acesso mais facilmente, o que não ocorreu. Ao contrário, conhecedores de sua condição de repórter, os militares praticamente o enxotaram do local. Não restou a Fabrício se não manter-se à distância, observando as manobras. Apenas aos moradores do entorno do Lixão era permitido passar, e estes logo eram reconhecidos por seu aspecto trágico – maltrapilhos, de olhar perdido e infeliz, seres aparentemente quase desprovidos de essência humana, meros itens a mais no Lixão, movimentando os corpos esquálidos por aqueles sombrios amontoados de entulho e podridão...
          Fabrício já conhecia o Lixão da Raposo Tavares, palco de várias reportagens anteriores, motivo de protestos e reivindicações da população.
          Tratava-se de uma extensa área em que toneladas e mais toneladas de lixo de diversas procedências da capital paulista eram depositadas diariamente. Com o tempo, verdadeiras montanhas de dejetos enegrecidos, putrefatos e fedorentos se acumulavam por todos os lados, onde diferentes criaturas – de seres humanos a aves de rapina – disputavam cada traste inútil ou ainda útil encontrado, cada pedaço de carne podre, de pão embolorado, de trapos rejeitados, nos quais proliferavam, contorcendo-se, repugnantes amontoados de larvas das moscas varejeiras que infestavam o ambiente, ratos, baratas e tantos outros insetos... Era um mundo inimaginável para a maioria da população, mas o triste e real universo em que transitavam e do qual dependiam muitas famílias, componentes de uma deplorável comunidade em torno daquele inacreditável depósito de lixo que lhes possibilitava prosseguir vivendo essa pseudoexistência de párias da sociedade de consumo.
 Por um momento, Fabrício fitou o céu, paradoxal fundo de anil naquele ambiente lamentável, um infinito incrivelmente azul no dia resplandecente, contrastando com o vôo contínuo dos urubus, em seu displicente e negro balé sobre o Lixão... então pareceu-lhe que aquelas aves, embora disputando restos indigestos com seres humanos, contribuíam para a limpeza do ambiente, enquanto em certas instâncias, outras espécies de abutres apenas se prestavam a rapinar sonhos e esperanças da população, ora equivocadamente, em nome de valores dúbios, ora simplesmente por contingências torpes da natureza humana...
             De repente, uma voz familiar despertou Fabrício de seus devaneios.
             – Ei, amigão! O que faz por aqui?
             – Pedro! Estou tentando fazer meu trabalho, mas... parece que os homens não querem permitir – sorriu Fabrício. – E você? Perdido, aqui, no Lixão?
             – Perdido? Não... – devolveu Pedro. – Você se esquece de que eu trabalho aqui perto?
            Pedro Sanches era um jovem professor que ministrava aulas em uma escola das proximidades do Lixão. Amigos de longa data, Fabrício e Pedro compartilhavam idéias de repúdio ao sistema político vigente e batalhavam secretamente junto a um grupo de resistência, cada qual a seu modo.
O professor Pedro era um militante de esquerda, mais engajado politicamente, e tinha o codinome de “Edu”.
            Fabrício, embora não se declarasse militante político, era um amante da justiça e atuava como informante. Colaborava pelo fato de não concordar com o status quo vigente, especialmente com a censura oficial aos meios de comunicação e a prática da tortura pelos órgãos de repressão. Por não se declarar militante de esquerda, era encarado com certa reserva pelos demais componentes do grupo, porém tenazmente defendido por Pedro, o amigo de infância, e, como jornalista, conseguia obter informações importantes. Nos meios da militância, Fabrício era chamado pelo codinome “Fox”.
Normalmente, não era seguro para dois militantes conversar abertamente, em público, mas ambos eram amigos de infância, o que lhes facilitava a comunicação.
            – Estou aqui por causa de um aluno meu – continuou Pedro. – Ele mora ao lado do Lixão e teve uma violenta crise hoje. Foi encaminhado ao Reformatório Estadual.
            – Um menor delinqüente? – indagou Fabrício.
            – Não... nada disso. Ele se chama Daniel. Tem apenas onze anos, é um garoto especial, inteligente, sensível... mas é também vítima desse ambiente em que vive, aliás dessa sociedade em que vivemos. Quando eu soube, vim visitar a família, conversar com a mãe, para ver se é possível fazer algo por ele. Não quero que o Daniel fique no Reformatório. Aquilo lá, sim, é uma fábrica de delinqüência, sem um programa educacional competente. Lá ele vai se perder, isso é praticamente certo.
Fabrício suspirou:
            – Que bom que você ainda consegue realizar seu trabalho de algum modo. Agora, veja minha situação. Estou aqui, tentando levantar alguns fatos, querendo fazer meu trabalho, e sou impedido! Afinal, você, que vem vindo de lá de dentro do Lixão, está sabendo de algo, por que toda essa movimentação?
Pedro abaixou a voz:
            – Mistério... Tem milico por toda parte lá dentro. Estão revirando o Lixão, em busca sabe-se lá de quê! Ouvi alguém murmurar que procuram um corpo.
            – Um corpo? – disse Fabrício. – Foi por isso que eu vim! Tenho informação de que havia suspeita de restos humanos por aqui, mas não imaginava que pudesse se tratar de algo ou alguém que interessasse aos milicos.
            – Quem sabe se não é algum companheiro nosso? Algum “desaparecido”? – suspeitou Pedro.
            – É... – concordou Fabrício. – Começa a fazer sentido... Se for, saberemos logo. Mas também chegou até mim um papo segundo o qual suspeitava-se de que ocorrera canibalismo por aqui, que os indigentes haviam comido os restos encontrados.
            – Porra! – espantou-se Pedro. – Essa foi violenta! Quem te passou a informação? Foi ”Ela”? Sua fonte secreta? – acrescentou, com um sorriso malicioso.
            Fabrício sorriu também, como a confirmar. O amigo Pedro sabia que uma de suas fontes de informação era uma “amiga íntima”, a esposa de um poderoso agente dos órgãos de repressão.
            – Você continua confiando nela? – preocupou-se Pedro. – É altamente arriscado, amigão! Em todos os sentidos! Desafiar o marido poderoso... É como caminhar num fio de navalha!
             Fabrício sabia que Pedro não concordava com seu relacionamento com “Ela”, especialmente pelo fato de ela ser a fonte de muitas informações.
             – Os fins justificam os meios... – rebateu Fabrício, com um tom malicioso. – E que meios... Minha relação com ela é uma questão de pele, sabe?... Por que, então, não juntar o útil ao agradável? Além disso, o que não é arriscado hoje em dia? Toda a nação vive no fio da navalha! Aliás... pensando bem, essa história de canibalismo não é nenhuma novidade. A atual situação do país é um verdadeiro festival antropofágico!
              Pedro suspirou profundamente, com um sorriso matreiro, pois estava acostumado com a fama de sedutor do amigo Fabrício que, então, deu-se conta de que ceifara o assunto que trouxera o professor ao Lixão. Como seu tino jornalístico o levava sempre a ir fundo nas novidades, quis saber maiores detalhes sobre o aluno de Pedro.
              – Daniel é um aluno brilhante, embora defasado em idade para a série que cursa – revelou o professor. – É migrante do Paraná, veio da zona rural, chegou a São Paulo sem nunca ter freqüentado escola e, no entanto, mostra agora uma queda literária, é um poeta nato. Sua família vive aqui na favela do Lixão, e ele cata lixo como todos os outros meninos, mas com uma grande diferença. Enquanto os demais procuram objetos com valor apenas material, o Daniel procura... livros!
             – Livros? Que interessante...
             – Sim, livros, revistas, publicações em geral, para colecionar, para ler. Os outros garotos zombam dele por isso. Dizem que ele é biruta, vive no mundo da lua, essas coisas... Alguns não, até doam pra ele os livros que encontram, mas a maioria zomba. Ele nunca pareceu ligar pra isso, mas hoje... Bem, de tanto procurar livros no lixo, ele conseguiu reunir uma grande quantidade, formou uma verdadeira biblioteca particular, que mantinha num canto do barraco, seu maior tesouro. E foi exatamente essa a razão de seu desequilíbrio! Hoje, quando voltou para casa, o padrasto havia vendido tudo, os livros, as revistas, não ficou nada! O padastro é alcoólatra, um desequilibrado, violento, embrutecido... Daniel teve uma crise e, quando um outro garoto fez um comentário gozador, ele partiu pra cima, com fúria total... foi sua revanche das zombarias... do padrasto... da vida...
             À medida que Fabrício escutava a história do garoto Daniel, mais crescia em seu íntimo um interesse por aquela personagem singular. Uma vez que não conseguira entrar no Lixão para fazer a reportagem sobre os restos humanos, decidiu-se por investigar a história do menino.
             – Vou ao Reformatório Estadual – disse Fabrício, por fim, decidido, após cientificar-se de mais detalhes sobre o garoto Daniel. – Tentarei uma entrevista com o Daniel. Mas não vou desistir daqui, não. Continuarei a investigar essa história macabra dos restos humanos no Lixão. Agora, mais ainda, já que os milicos estão metidos na história...
             – Boa idéia! Muito boa! – concordou Pedro, agradecido, dando leves tapas no ombro de Fabrício, acreditando que aquele interesse poderia, de algum modo, ajudar seu aluno Daniel. – Tenho de retornar às aulas, agora. Até mais!
             Fabrício deixou o Lixão para trás e, cerca de uma hora depois, estacionava o carro nas imediações do Reformatório Estadual, que se localizava numa região bem distante do centro de São Paulo, na zona leste da capital.
             Durante algum tempo, o jornalista insistiu em conseguir a entrevista com o menino, mas seus esforços se revelaram ineficazes. A direção do Reformatório considerou a hipótese fora de questão para o momento. Fabrício permaneceu no saguão, argumentando suas justificativas com o recepcionista, um segurança truculento e mal-encarado. Quando já estava quase desistindo, uma jovem entrou na sala da recepção e olhou-o com ar de curiosidade. Ela portava uma bolsa e material como se estivesse de saída.
 Fabrício permaneceu alguns instantes mudo diante da inesperada visão da moça, de beleza notável, uma figura de traços delicados, vastos cabelos castanhos, profundos olhos esverdeados. Um inusitado arrepio percorreu-lhe o corpo todo, enquanto ela se aproximava.
             – Posso ajudar? – indagou a jovem, solícita.
 Fabrício engoliu em seco e, rapidamente, explicou-lhe o motivo de se encontrar ali. Ela solicitou que aguardasse um pouco e dirigiu-se ao corredor, desaparecendo por algum tempo no interior do prédio. Quando retornou, a jovem apresentava uma certa expressão de decepção.
             – Não consegui convencer o diretor, infelizmente. A entrevista deverá ficar para outro dia. Mas ele não negou em definitivo. Apenas disse que é necessário aguardar uns dias. O garoto chegou hoje, está assustado. Vai precisar de um acompanhamento psicológico, inclusive na entrevista...
              – Tudo bem – disse Fabrício. – De qualquer modo, agradeço seu interesse, senhorita... – acrescentou, dirigindo-se à saída do prédio, acompanhado pela jovem.
             – Meu nome é Denise – disse ela, num tom cordial.
             – Denise... – balbuciou Fabrício, enquanto ambos desciam as escadarias do Reformatório.
 Na saída, quando os dois jovens se despediram, Fabrício percebeu que ela se dirigia ao ponto de ônibus.
             – Oi, Denise! Desculpe-me. Gostaria de uma carona?
 Denise titubeou uns instantes e por fim aceitou, entrando no carro de Fabrício – que se sentia tomado por total arrebatamento.
            – “O que é isto?” – pensava ele. – “Fabrício, onde está seu indefectível autodomínio diante das mulheres?”
             No caminho de volta à capital, Fabrício e Denise entabularam uma conversa amistosa, procurando conhecer-se. Ela lhe explicou que possuía carro, mas que o mesmo se encontrava na oficina para revisão, naquele dia. Esses momentos revelaram-se preciosos, e passaram a ter um significado especial para ambos os jovens.  Fabrício não sentia vontade de fazer o veículo correr. Desejava permanecer o maior tempo possível ao lado de Denise e eventualmente lhe lançava sorrisos sedutores, aos quais pela parecia corresponder.
             Fabrício falou sobre seu trabalho como repórter, as dificuldades, o dia-a-dia. Denise revelou que era estudante de Ciências Sociais na USP e realizava um estágio voluntário no Reformatório Estadual.
             – Então, você estuda nos “barracões” – sorriu Fabrício. – Eu fiz Letras lá... depois cursei a ECA. Não cursei Letras nos barracões, fiz o curso nos tempos memoráveis da Maria Antônia. Atualmente Letras também fica nos barracões, junto com o seu, de Ciências Sociais. No meu tempo de USP, eu estudava na Maria Antônia e morava nas “colméias”, mas tive que me mudar de lá no expurgo de 68.
             – Você morou no CRUSP? Que bacana... acho que devia ser bem legal morar lá... – suspirou Denise. – Então sua família não é de São Paulo.
             – Não. Ela é do interior. E bota interior nisso! – sorriu ele. – Eu nasci num sítio, em Planalto, andava descalço, estudei numa escolinha simples... Meu professor de Latim, na faculdade, o Peterlini, um filósofo que costumava interromper a aula para grandes momentos de reflexão, costumava dizer que eu fazia parte de um grupo de privilegiados. Sair de uma escolinha tosca, lá no mato, e concluir um curso universitário na USP... É passar por um funil e tanto!
             – Concordo – disse ela. – E cursar a USP morando nas colméias, nos tempos da Maria Antônia, então, deve ter sido uma época intensa pra você!
             Fabrício sorriu. Provavelmente Denise referia-se aos acontecimentos políticos do final dos anos 60, quando recrudescia no país o regime militar.
             Aqueles momentos ao lado de Denise quase o haviam levado a se esquecer de  sua luta cotidiana em busca da verdade, especialmente as aventuras e enigmas daquele dia: a suspeita de um achado macabro no Lixão, a irritabilidade da polícia paulistana, a história do aluno Daniel, a sombra e os tentáculos da ditadura sempre pairando no ar...

    Fim do capítulo 1
Fale com a autora: email



Romance  místico-esotérico (suspense):
A SÉTIMA PROFECIA
PORTAL DA SERESTA BRASILEIRA
Páginas da Seresta Piracicabana
Romance infanto-juvenil:
O SUMIÇO DOS GATOS DO PARQUE TRIANON
Episódios e Curiosidades 
da Segunda Guerra Mundial
Filmes sobre a Segunda Guerra Mundial

Romance histórico da  Segunda Guerra Mundial: "MUITO ALÉM DO PÔR-DO-SOL"

Crônicas e contos: JANELINHAS PARA O MUNDO
.

Indique esta página 
para alguém
.

Para refletir...
O vendaval das paixões pode passar depressa... mas a brisa do amor sopra contínua.
Mantenha o coração tão pleno de amor que não fique espaço para o mal.
Crer é poder! Acredite no seu sonho!


Copyright - 2000-2004 - Livros registrados no Escritório de Direitos Autorais - Biblioteca Nacional
Todos os direitos reservados.

Nedstat Basic - Free web site statistics