Concepção Modular
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A concepção modular da memória

Existe uma concepção modular da memória, defendida por pesquisadores em psicologia. Nesta concepção, a memória seria comparada a uma rede de computadores, alguns especializados, conectados por cabos entre si. [LIE 97]

Esses pesquisadores descobriram que existem várias transformações entre a captação dos estímulos sensoriais e a rememoração: essas transformações são chamadas de codificação. Um boa analogia a este processo pode ser a transformação dos sinais sonoros de uma música em sinais digitais de um compact disc e depois novamente, através da reprodução, em sinais sonoros.

Basicamente, no processamento da informação, o cérebro humano trabalha com três tipos de código: [LIE 97]

Códigos Sensoriais: correspondem a todo tipo de informação processada pelos sistemas sensoriais. Por exemplo, uma palavra lida processada no nível sensorial não passa de suas características visuais (forma, cor, etc.), mas não tem fonologia (etapa lexical), nem sentido (etapa semântica). Supõe-se que possam existir tantos códigos sensoriais no processo de aquisição de memórias quantos são os sentidos.
Códigos Mistos(lexical e de imagens): depois de sua codificação sensorial, as informações são transformadas de maneira mais abstrata, conservando vestígios de sua origem sensorial. Assim, as palavras lidas ou ouvidas se fundem num código lexical que preserva a ortografia e a fonologia. Da mesma forma, o código de imagens efetua uma verdadeira síntese de imagens: assim, uma fisionomia é reconhecida de diferentes ângulos, um objeto em diferentes cores.
Código Semântico: é o mais abstrato código da memória. Permite armazenar o sentido das coisas e das palavras. Manifesta-se particularmente através do fenômeno da "palavra na ponta da língua", em que se é capaz de definir a palavra sem conseguir encontrar a própria palavra.

Para fazer com que estes diversos códigos conversem entre si existe a necessidade de decodificação, trabalho realizado por interfaces. Da mesma maneira que um modem transforma sinais de impulsos elétricos em sinais digitais inteligíveis pelos computadores existem estruturas cerebrais que realizam o mesmo trabalho.

Um bom exemplo da ação destas interfaces é o que ocorre em um doente aléxico (perda da capacidade de leitura), ele consegue repetir um palavra ouvida e compreendê-la, mas não consegue ler seu grafismo. A interface entre a análise dos grafismos e processamento posterior das palavras (léxico) está "quebrada".[LIE 97]

Os dois códigos mais importantes são o semântico e o léxico. O semântico, armazena apenas o sentido abstrato das coisas, o que lhe permite, em particular, servir de interface entre objetos/imagens e as palavras. Para o cérebro, aproximadamente cem milésimos de segundo são suficientes para a codificação semântica necessária a fim de transformar a imagem de um objeto no código de linguagem correspondente.

O segundo código importante é o lexical, que codifica a "morfologia" da palavra. A princípio, a palavra pode aparentar um elemento simples, no entanto é uma síntese de diversos componentes: visual-gráfico (ortografia), auditivo (sonoridade), articulatório (programa de pronúncia ). O código lexical funciona como uma interface entre todos estes componentes (gráfico, auditivo e articulatório).[LIE 97]

O código lexical não é um código inato, mas construído, em grande parte pelas aquisições escolares de leitura. Conhecer datilografia ou a linguagem gestual dos deficientes agrega novas interfaces.

Segundo a ótica modular da memória, uma ótima maneira de manter a eficiência de seus mecanismos é alimentar, exercitar sua múltiplas facetas, através da exposição contínua ao diversos campos do conhecimento, através da maior gama de estímulos sensoriais possíveis (leitura, cinema, teatro, viagens, atividades manuais...)

FIGURA-5

Concepção Modular da Memória.

Fonte: [LIE 97]

Mostrou-se acima uma figura com um exemplo de funcionamento modular da memória.

Esta concepção modular tem conquistado terreno não somente na área da memória, mas em toda a arquitetura cerebral. Minsky com a "Sociedade da Mente" e Chomsky com seus "órgão mentais" provavelmente foram os precursores desta teoria, que atualmente é um quase um consenso. Segundo esta teoria, a mente humana seria resultado da rica interação entre um grande número de módulos "encapsulados", automáticos e muito rápidos, trabalhando na maioria das vezes sem o controle da consciência. Seus resultados emergem à consciência, mas seus processos são desconhecidos. Por exemplo, a voz humana dispara automaticamente o módulo de reconhecimento e compreensão da fala. Como ele funciona, suas fases intermediárias de processamento são informações omitidas à consciência. Essa só recebe seu produto final. [LEV 93]

 
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