Umesp - Abordagens Filosóficas da Educação aula 19-03-13
Nossa vida quotidiana transcorre em meio a realidades prosaicas (nível sub-8), mas pode acontecer que esse “varejão da vida”, o “diário dos dias” (G. Rosa), seja cortado verticalmente por um abalo, um insight (nível 8) - aletheia, verdade é revelação, des-cobrimento. Platão fala de 5 possibilidades: abalo poético, thanático, religioso, amoroso e... filosófico. Tomás: “Poetar e filosofar têm algo em comum: os dois têm seu princípio (arkhé) no mirandum”: reparar naquele plus da pedra. Claro que nenhum desses abalos está sob nosso controle: admirar-se é voz média: é ativa e é passiva, sendo ambas e nenhuma: a ação é ativa nossa, mas não somos totalmente protagonistas (passiva). Nasço (nascor) ou sou nascido? Esqueço (oblivior) ativa ou passivamente; admiro, falo, morro, surto... ? Na Teologia: qual é nossa “atuação” na graça, nas virtudes infusas e nos dons do Espírito Sto.
intensidade
da vivência
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Linha do tempo: o dia-a-dia
Esses insights não se aniquilam, se esquecem e se escondem e se tornam ocultos na linguagem, instituições e formas de agir.
A Tabacaria
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos, 15-1-1928)Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitadaDe dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.Estou hoje perplexo como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa,
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé
de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, sem rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.(Tu, que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -,
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)Vivi, estudei, amei, e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem
amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente.Fiz de mim o que não soube,
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por
quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-te como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como
um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.Mas o dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, e eu deixarei versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo
de coisas como tabuletas,
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de
mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem
outra.Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de
estar mal disposto.Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o: é o Esteves sem metafísica.
(O dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o dono da Tabacaria sorriu.
Agostinho: Factus eram...
Post paucos dies me absente repetitur febribus et defungitur. Quo dolore contenebratum est cor meum, et quidquid aspiciebam mors erat. et erat mihi patria supplicium et paterna domus mira infelicitas, et quidquid cum illo communicaueram, sine illo in cruciatum immanem uerterat. Expetebant eum undique oculi mei, et non dabatur ; et oderam omnia, quod non haberent eum, nec mihi iam dicere poterant : «ecce veniet», sicut cum uiueret, quando absens erat. Factus eram ipse mihi magna quaestio et interrogabam animam meam, quare tristis esset et quare conturbaret me ualde, et nihil nouerat respondere mihi. Et si dicebam: «spera in deum», iuste non obtemperabat, quia uerior erat et melior homo, quem carissimum amiserat, quam phantasma, in quod sperare iubebatur. Solus fletus erat dulcis mihi et successerat amico meo in deliciis animi mei. Mirabar enim ceteros mortales vivere, quia ille, quem quasi non moriturum dilexeram, mortuus erat; et me magis, quia ille alter eram, vivere illo mortuo mirabar. Confissões IV, 9
Poucos dias mais tarde, estando eu ausente, a febre voltou, e ele morreu. O sofrimento encheu-me de trevas o coração, e eu não via senão a morte em toda parte. A pátria tornou-se para mim tormento; a casa paterna, motivo incrível de infelicidade, e tudo o que tivera em comum com ele, agora, sem ele, transformava-se em sofrimento ilimitado. Meus olhos o procuravam por toda parte sem encontrá-lo; eu odiava o mundo inteiro, me aborrecia porque o amigo não mais existia, e ninguém podia dizer-me: "Aí vem ele", como quando em vida se ausentava por algum tempo. Tornei-me um grande problema para mim mesmo e perguntava à minha alma por que estava tão triste e angustiado, mas não tinha resposta. Se eu lhe dizia: "Confia em Deus!", ela não me obedecia, e com razão, pois a pessoa queridíssima que havia perdido era melhor e mais real que o fantasma no qual eu pedia que ela aparecesse.Somente as lágrimas me eram doces e substituíam o amigo no conforto do meu espírito. Parecia-me estranho que a vida continuasse para os outros mortais, já que estava morta a pessoa que eu tinha amado como se ela não devesse morrer nunca. E mais ainda me espantava estar vivo, achando-se morto aquele de quem eu era um outro eu. http://www.scribd.com/doc/7158343/Santo-Agostinho-Confissoes
C.S. Lewis: God HimselfMen are reluctant to pass over from the notion of an abstract and negative deity to the living God. I do not wonder. Here lies the deepest tap-root of Pantheism and of the objection to traditional imagery. It was hated not, at bottom, because it pictured Him as man but because it pictured Him as king, or even as warrior. The Pantheist’s God does nothing, demands nothing. He is there if you wish for Him, like a book on a shelf. He will not pursue you. There is no danger that at any time heaven and earth should flee away at His glance. If He were the truth, then we could really say that all the Christian images of kingship were a historical accident of which our religion ought to be cleansed. It is a shock that we discover them to be indispensable. You have had a shock like that before, in connection with smaller matters—when the line pulls at your hand, when something breathes beside you in the darkness. So here; the shock comes at the precise moment when the thrill of life is communicated to us along the clue we have been following. It is always shocking to meet life where we thought we were alone. ‘Look out!’ we cry, ‘it’s alive’. And therefore this is the very point at which so many draw back – I would have done so myself if I could – and proceed no further with Christianity. An ‘impersonal God’ – well and good. A subjective God of beauty, truth and goodness, inside our own heads – better still. A formless life-force surging through us, a vast power which we can tap – best of all. But God Himself, alive, pulling at the other end of the cord, perhaps approaching at an infinite speed, the hunter, king, husband – that is quite another matter. There comes a moment when the children who have been playing at burglars hush suddenly: was that a real footstep in the hall? There comes a moment when people who have been dabbling in religion (’Man’s search for God!’) suddenly draw back. Supposing we really found Him? We never meant it to come to that! Worse still, supposing He had found us? So it is a sort of Rubicon. One goes across; or not. But if one does, there is no manner of security against miracles. One may be in for anything. C.S. Lewis Miracles: A Preliminary Study [London: Collins, 1966]. chapter 11, in fine. emphasis in original).
Os homens relutam em passar da noção de uma divindade abstrata e negativa para o Deus vivo. Não me surpreendo. Aqui se encontra a raiz principal e mais profunda do panteísmo e da objeção ao simbolismo tradicional. Em análise final o ódio não se dirigia ao fato de Ele ser retratado como Homem, mas porque o fizeram rei, ou mesmo um guerreiro. O Deus panteísta nada faz nada exige. Ele está ali, quando o solicitam, como um livro numa prateleira. Não irá persegui-lo. Não há perigo de o céu e a terra fugirem em momento algum de seu olhar. Se Ele fosse a verdade, poderíamos então dizer convictamente que todas as imagens cristãs de soberania não passavam de um acidente histórico do qual nossa religião deveria ser purificada. Descobrimos com um choque que elas são indispensáveis. Você já teve surpresas assim antes, em relação a coisas menores,quando a linha puxa a sua mão, quando algo respira a seu lado no escuro. O mesmo acontece aqui; o choque se dá no exato momento em que a sensação de vida nos é comunicada juntamente com a pista que estivemos seguindo. E sempre chocante encontrar vida quando pensávamos estar sós. "Veja!" gritamos, “está vivo?” E, portanto, este é o ponto onde muitos recuam, eu teria feito o mesmo se pudesse afastando-se do cristianismo. Um Deus "impessoal" é bem aceito. Um Deus subjetivo de beleza, verdade e bondade, dentro de nossas cabeças melhor ainda. Uma força de vida informe, surgindo através de nós, um vasto poder que podemos deixar fluir é o melhor de tudo. Mas o próprio Deus, vivo, puxando do outro lado da corda, talvez se aproximando numa velocidade infinita, o caçador, rei, marido isso é outra coisa muito diferente. Chega a hora em que as crianças que estavam brincando de bandido se aquietam de súbito: será que esse ruído é realmente de panos no vestíbulo? Chega a hora em que as pessoas que estiveram brincando com religião ("A busca de Deus pelo homem!") de repente recuam. E se na verdade O encontrássemos? Não foi essa a nossa intenção! Pior ainda, e se Ele nos encontrasse? Trata-se, portanto, de uma espécie de Rubicão. Nós o atravessamos, ou não. Mas quem faz isso não pode proteger-se de forma alguma dos milagres. Tudo é possível. http://www.osantuario.com.br/downloads/livro_milagres.pdf
Miguilim
Miguilim, Miguilim, vou ensinar o que agorinha eu sei, demais: é que a gente pode ficar sempre alegre, alegre, mesmo com toda coisa ruim que acontece acontecendo. A gente deve de poder ficar então mais alegre, mais alegre, por dentro! E o Dito quis rir para Miguilim. Mas Miguilim chorava aos gritos, sufocava, os outros vieram, puxaram Miguilim de lá. [...] Mas aí, no vôo do instante, ele sentiu uma coisinha caindo em seu coração, e adivinhou que era tarde, que nada mais adiantava. Escutou os que choravam e exclamavam, lá dentro de casa. Correu outra vez, nem soluçava mais, só sem querer dava aqueles suspiros fundos. Drelina, branca como pedra de sal, vinha saindo: - “Miguilim, o Ditinho morreu...” Miguilim entrou, empurrando os outros; o que feito uma loucura ele naquele momento sentiu, parecia mais uma repentina esperança. O Dito, morto, era a mesma coisa que quando vivo, Miguilim pegou na mãozinha morta dele. Soluçava de engasgar, sentia as lágrimas quentes, maiores do que os olhos. [...] Estavam lavando o corpo do Dito, na bacia grande. Mãe segurava com jeito o pezinho machucado doente, como caso pudesse doer ainda no Dito, se o pé batesse na beira da bacia. [...] Todos os dias que vieram depois, eram tempo de doer. Miguilim tinha sido arrancado de uma porção de coisas, e estava no mesmo lugar. Quando chegava o poder de chorar, era até bom - enquanto estava chorando, parecia que a alma toda se sacudia, misturando ao vivo todas as lembranças, as mais novas e as muito antigas. Mas, no mais das horas, ele estava cansado. Cansado e como que assustado. Sufocado. Ele não era ele mesmo. diante dele, as pessoas, as coisas perdiam o peso de ser. Os lugares, o Mutum - se esvaziavam, numa ligeireza, vagarosos. E Miguilim mesmo se achava diferente de todos. Ao vago, dava a mesma idéia de uma vez, em que, muito pequeno, tinha dormido de dia, fora de seu costume - quando acordou, sentiu o existir do mundo em hora estranha, e perguntou assustado: - "Uai, Mãe, hoje já é amanhã?!" Guimarães Rosa, João Manuelzão e Miguilim . Rio de Janeiro: José Olympio, 1970, pp. 76 e ss.