ÍNDICE

 

 

 

A REALIDADE DA SOCIEDADE VIRTUAL

 

 

 

O grau de sociabilidade da Internet ainda é difícil de ser medido, principalmente, por causa da velocidade das inovações e dos novos modos de comunicação, que misturam os códigos de comportamento mesclando trabalho, lazer e ambiente doméstico num mesmo amálgama digital.

Os efeitos destas novas culturas emergentes são também de custosa análise por girarem em torno de si, e abrangerem níveis de educação e riqueza mais altos que a média e dificilmente atingindo segmentos da população com pouca instrução e sem recursos econômicos.

 

“...Toda tecnologia cria novas tensões e necessidades nos seres humanos que a criaram...” (Understanding Media, pg.209).

 

O anonimato, a espontaneidade e a informalidade estimulados pelo uso da Web[1] trazem para a sociedade novos modos de pensar e agir.

Surge na escala evolutiva, após o homo sapiens, um ser nomeado por McLuhan de ‘cosmopithecus’.

 

“...O homem coletor de comida reaparece incongruentemente como coletor de informação. Neste seu papel, o homem eletrônico não é menos nômade do que seus ancestrais paleolíticos...” (Understanding Media, pg.318).

 

O supertexto da Web que mistura imagens, sons e textos numa metalinguagem inusitada ao ser humano, faz derivar daí conseqüências curiosas e ainda de percepção difícil.

Castells afirma que a cultura do virtual é real, mas a considera limitada quando diz que:

 

“...o acesso à CMC[2] é cultural, educacional e economicamente restritivo...”(Sociedade em Rede, pg.387).

 

Esses argumentos tendem a gerar um certo repúdio às mudanças impulsionadas pela cibercultura[3], mas concordamos com Lévy quando ele reforça que as verdadeiras questões a serem consideradas são:

 

“...as mudanças qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta da extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural...” (Cibercultura, pg. 12).

 

Neste mesmo contexto Lévy cita a escrita, a imprensa, a televisão, o cinema, a música e o telefone como indústrias altamente rentáveis e elitistas, e nem por isso repudiadas devido ao fato de as camadas mais pobres das sociedades não terem acesso a elas. Nas suas palavras:

 

“...Cada novo sistema de comunicação fabrica seus próprios excluídos. Não havia iletrados antes da invenção da escrita...” (Cibercultura, pg.237).

 

No conceito de cibercultura usado por Lévy, ele a caracteriza como uma ‘cultura universal, não-totalitária e inclusiva’, ou seja, a promoção dos processos de inteligência coletiva e sua diversidade representam o principal interesse da cultura cibernética, e quanto maior o número de pessoas envolvidas, maior será seu valor para a humanidade.

 

“...A dimensão social da inteligência, está ligada às linguagens, às técnicas e às instituições, notoriamente diferentes conforme os lugares e as épocas...” (O que é o virtual? pg.99).

 

Para Castells, o que se sucede com a CMC não é a substituição da realidade pela virtualidade, mas uma construção ontológica de uma virtualidade real. A integração de vários modos de comunicação[4] em uma rede interativa representa uma transformação tecnológica de dimensões históricas.

A condição elementar da inteligência coletiva é o compartilhamento dos nossos conhecimentos usando uma cooperação ética coordenada coletivamente. Caminhamos assim, supostamente, em direção a um futuro mais equânime e harmônico. Por ‘inteligência’ entendemos:

 

“...o conjunto canônico das aptidões cognitivas, a saber, as capacidades de perceber, de lembrar, de aprender, de imaginar e de raciocinar...” (O que é o virtual? pg.97).

 

Nós enxergamos a realidade através da nossa linguagem, e é a nossa linguagem que cria o conteúdo de nossa cultura. Para mergulharmos na esfera da cultura precisamos nos equipar de instrumentos conceituais que residem na nossa imensa memória coletiva. Como fora citado antes, a cultura é mediada e moldada pela linguagem, sendo ela mesma um produto da cultura. Antropologicamente, segundo Edward Tylor, citado por Roque de Barros Laraia em ‘Cultura: Um Conceito Antropológico’, a cultura:

 

“...é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade...” (pg.25).

 

Nesta acepção, a cultura é um fenômeno natural e passível de estudo sistemático de suas causas e efeitos. Ela é, portanto, acumulativa e dinâmica. Mas como pensar uma cultura nascente de sociedade ainda embrionária? Citando McLuhan: “...Somos primitivos de uma cultura desconhecida...”[5]. Complementando esse conceito:

 

“...cultura constitui um corpo complexo de normas, símbolos, mitos e imagens que penetram o indivíduo em sua intimidade, estruturam os instintos, orientam suas emoções...” (Cultura de Massas no Século XX: Neurose, pg.14).

 

A cultura é também entendida como sistema cognitivo. Na perspectiva de Claude Lévi-Strauss, a cultura é ‘um sistema simbólico resultado de uma criação acumulada da mente humana’[6], o quê Ruth Benedict sintetizou como sendo uma ‘lente através da qual o homem vê o mundo’[7].

Sendo, então, a cultura uma espécie de semiotização do mundo, podemos supor que ela se mistura com o conceito de comunicação utilizado por Roland Barthes e Jean Baudrillard quando eles sustentam que ‘todas as formas de comunicação têm por base  a produção e o consumo de sinais’[8]. Neste caminho podemos confirmar com Castells:

 

“...A realidade, como é vivida, sempre foi virtual porque sempre foi percebida por intermédio de símbolos (...) De certo modo, toda realidade é percebida de maneira virtual...” (Sociedade em Rede, pg.395).

 

Toda essa realidade do virtual, gerada eletronicamente por meio de interfaces técnicas simbiônticas, gera um determinado tipo de existência inteligente, de espírito coletivo, múltiplo, descentralizado, autopoiético e auto-organizado.

Essa inteligência coletiva distribuída por meio da tecnologia da comunicação informatizada é também, ela própria que, condensada, gera todo o aparato tecnológico de que precisa.

Segundo Lévy, a inteligência coletiva se assemelha à máquina darwiniana onde seus processos de desenvolvimento e evolução são errantes e não direcionados.

É aqui que a cibercultura, enquanto provedora e proveniente da inteligência coletiva toma um direcionamento, ou pelo menos, ambiciona um caminho, um rumo, um percurso.

A inteligência individual é fruto da inteligência social corporificada nas suas tecnologias. O nomadismo como característica humana é também característica da inteligência produzida na cibercultura e vêm daí essa vastidão de rumos que se assemelha à própria topografia do ambiente em rede.

Diferentemente das mídias industriais pré-informáticas, como no caso da televisão, do rádio e da imprensa, essa nova mídia eletrônica nos fornece um tipo de comunicação onde cada ponto receptor é também ponto difusor.

Supondo que um coletivo inteligente seja a razão da soma das inteligências individuais, conseqüentemente torna a multidão menos inteligente que o indivíduo. Constata-se facilmente essa afirmação observando qualquer tipo de aglomerado humano, onde só se consegue um certo controle e ordenamento na medida em que se lhes tolhem certas iniciativas e singularidades[9].

Um ideal da inteligência coletiva deveria ser então o de convencionar certas normas, valores e regras a serem seguidos, sob pena de punição aos contraventores.

Tudo isso parece óbvio e em se tratando de milhões de pessoas, de culturas absurdamente diversas e muitas vezes divergentes, cada vez mais se faz necessária uma plataforma de comunicação de arquitetura universal, homogeneizada.

 

“...estamos agora no princípio dessa mudança fundamental de visão do mundo na ciência e na sociedade, uma mudança de paradigma tão radical como foi a revolução copernicana...” (A Teia da Vida, pg.23).

 

Na Web todos somos iguais enquanto ‘nós’, e paradoxalmente, nos é resguardado o direito de reafirmarmos nossas diferenças, nossas singularidades e idiossincrasias, ao mesmo tempo em que é nosso dever preservar e cultivar o direito do outro ‘nó’ em valorizar sua identidade.

Nesse sentido o ideal da inteligência coletiva:

 

“...é reconhecer que a diversidade das atividades humanas, sem nenhuma exclusão, pode e deve ser considerada, tratada,vivida como ‘cultura’...” (O Que é o Virtual? Pg.120).

 

O problema nessa sociedade verdadeiramente virtual é: Que tipo de inteligência coletiva é mais conveniente produzir? A Era da Informação exibe uma sociedade que reside e se desenvolve num ambiente virtual e não entramos em contradição quando dizemos que essa virtualidade é real.

Tanto Lévy quanto Castells já provaram que o real, independentemente do que o dicionário afirme, não se opõe ao virtual, e em se tratando deste período histórico[10], essa é uma verdade, por enquanto, irrefutável.

Constatada a realidade dessa sociedade virtual, ou do virtual, surgem preocupações quanto ao caminho a ser seguido.

Umas dessas preocupações diz respeito às formas de controle e uso das informações disponíveis na rede. O caso dos Weblogs é pertinente posto que as informações publicadas por meio dos Blogs pessoais se referem a particularidades e intimidades que, em domínio de pessoas de má fé, podem até ser usadas para prejudicar quem as publicou. Esse tipo de preocupação foi discutido por  Pekka Himanen em seu livro ‘A Ética Hacker e o Espírito da era da Informação’. Himanen demonstra uma séria problemática quando fala do interesse por parte de entidades estatais e privadas em dominar e controlar os usuários da Net através das suas informações deixadas na Web.

Himanen, enquanto hacker, desmistifica o caráter pejorativo associado aos hackers e reforça o que seria a definição original do termo. Os Hackers são:

 

“...indivíduos que se dedicam com entusiasmo à programação que acreditam que o compartilhamento de informações é um bem poderoso e positivo, e que é dever ético dos hackers compartilhar suas experiências elaborando softwares gratuitos e facilitar o acesso a informações e a recursos de computação sempre que possível...” (A Ética Hacker e o Espírito da era da Informação, pg.7).

 

Esse longo conceito é compartilhado por Manuel Castells, por Linus Torvalds[11], por Viton Cerf[12] e também por Steve Wosniak, o criador do primeiro computador pessoal.

Himanen enfatiza sua preocupação com o uso das informações disponíveis na web e comenta:

 

“...hackers conscientes chamam a atenção para o fato de que a tecnologia de codificação não deve apenas satisfazer as necessidades dos governos e empresas, mas também proteger os indivíduos dos governos e das empresas...” (A Ética Hacker e o Espírito da era da Informação, pg.86).

 

Na sociedade em rede, detém mais poder quem detiver maior controle sobre os conhecimentos. Sabendo disso e mal acostumados com os tradicionais meios de comunicação centralizados e unidirecionais, como a televisão, o rádio e a imprensa, é comum às investidas dos governos e das empresas em restringir as liberdades, consideradas excessivas, do ciberespaço.

 

“...A censura é freqüentemente um aviso de que outras formas de violação dos direitos humanos estão a caminho, e o que ocorre é que depois de implementada,a censura só permitirá que versões oficiais dos fatos sejam divulgadas, além de impedir a disseminação de qualquer espécie de crítica...” (A Ética Hacker e o Espírito da era da Informação, pg.87).

 

Himanen cita o exemplo de Kosovo quando da administração de Slobodan Milosevic. Enquanto o exército sérvio promovia a ‘limpeza ética’, executava homens, estuprava mulheres e exilava cidades inteiras, os meios de comunicação de massa, totalitários e unidirecionais, exibiam retrospectivas das olimpíadas e música clássica.

Foi através da Internet, especialmente, através de um servidor conhecido por Anonymizer.com que os habitantes de Kosovo conseguiram divulgar as notícias reais sobre a guerra. Usando a Web através do Anonymizer.com as autoridades governamentais não conseguiam rastrear seus emissores, nem controlar as informações.

Governos e empresas privadas de muitos países usam todo tipo de argumento para transformar a Web num meio de comunicação vigiado e controlado. Um dos mais plausíveis argumentos diz respeito a um punhado de doentes mentais designados pelo nome de ‘pedófilos’. Usando a justa desculpa de deter a pedofilia na rede, governos e empresas se empenham em mapear, rastrear e marcar o itinerário online de cada usuário. Mais uma vez ‘o justo paga pelo pecador’, mas não no que depender dos hackers, que segundo Himanen, têm um ética montada na idéia de liberdade (de expressão), privacidade e respeito.

A ética na Web é uma busca constante da inteligência coletiva gerada no ciberespaço. Navegando na Web, nos deparamos freqüentemente com a ‘Netiqueta’[13], códigos de comportamento aceitáveis uso de e-mails, sites (de bate-papo, de fóruns, de leilões, etc.) e comunidades virtuais.

Essa preocupação com a ética exige de cada indivíduo, de cada internauta, um grau mínimo de responsabilidade e um nível de autoconsciência aceitável, sob pena de ser banido do site e até mesmo proibido de retornar. Claro que essa proibição é perfeitamente contornável já que sem dúvida um sujeito mal-intencionado não irá usar seu nome real para práticas infames.

Todas essas questões éticas, comportamentais, funcionais, conceituais, enfim, todo esse universo semântico que constitui a cibercultura é apenas um fragmento do chamado paradigma informacional, que é:

 

“...um paradigma aberto socialmente e administrado politicamente, cuja característica principal é tecnológica...” (A Sociedade em Rede, pg.253).

 

Como se pode deduzir, o paradigma informacional é um tipo de paradigma tecnológico. A entender:

 

“...um paradigma é um padrão conceitual que estabelece padrões de desempenho...” (A Ética Hacker e o Espírito da era da Informação, pg.137).

 

Fritjof Capra define paradigma como:

 

“...uma constelação de concepções, de valores, de percepções e de práticas compartilhados por uma comunidade, que dá forma a uma visão particular da realidade, a qual constitui a base da maneira como a comunidade se organiza...” (Web of Life, pg.25).

 

O industrialismo também é um paradigma tecnológico só que caracterizado por uma organização social e formas de produção e consumo específicos. De acordo com Castells, o paradigma informacional não é caracterizado ‘pelo papel desempenhado pela informação e pelo conhecimento na geração de riqueza, poder e significado’[14]. O conceito de informacionalismo está associado a :

 

“...um paradigma tecnológico baseado no aumento da capacidade humana no processamento e aplicação da informação em torno das revoluções gêmeas na microeletrônica e engenharia genética...” (A Ética Hacker e o Espírito da era da Informação, pg.140).

 

As redes sociais são da idade da humanidade e como sabemos, uma rede não possui centro, apenas nós. A lógica da sociedade em rede na Era da Informação acaba por reconfigurar nossas velhas noções de espaço e tempo, que agora são desconstruídos e construídos de acordo com nossas necessidades e possibilidades.

Essas redes sociais geradas por meio da CMC se caracterizam por sua:

 

“...capacidade de inclusão e abrangência de todas as expressões culturais...” (A Sociedade em Rede, pg.398).

 

Essa ‘inclusão e abrangência’, serve para traduzir no sincretismo a homogeneização de toda a diversidade dos conteúdos. Determinar um caráter específico para essas novas redes de relações sociais é um trabalho exaustivo, senão impossível.

Verificamos que a preocupação comum no cerne dessas redes de relacionamentos digitais são relacionados aos usos e comportamentos individuais em torno das informações disponíveis na Web. Existe, portanto, uma preocupação global com a ética.

Um dos aspectos fundamentais da cultura é a tendência ao etnocentrismo.

 

“...Todas as culturas possuem seus modelos favoritos de percepção e conhecimento, que elas buscam aplicar a tudo e a todos...” (Understanding Media, pg.19).

 

Todas as culturas tendem a crer que seus modos são melhores e mais eficazes que os modos alheios. Desta forma cada cultura, cada indivíduo, tenta justificar e impor seus próprios métodos como os mais justos.

Neste momento entramos novamente na questão da identidade, que é reforçada e estimulada pelo processo de globalização. Esse processo de globalização, homogeneização e integração das sociedades num mesmo processo de comunicação e fabricação de necessidades, mudam por completo as noções milenares de espaço, tempo e cidade.

 

“...a tendência homogeneizante é, ao mesmo tempo, uma tendência cosmopolita que tende a enfraquecer as diferenciações culturais nacionais em prol de uma cultura das grandes áreas transnacionais...” (Cultura de Massas no Século XX: Neurose, pg.43).

 

A nova configuração mundial da organização social local, muda de modo gritante a relação dos indivíduos com o espaço e com o uso do tempo dentro das cidades. Segundo Castells, as cidades agora ligadas ao mundo por meio da CMC tendem a tornarem-se ‘megacidades’.

 

“...As megacidades articulam a economia global, ligam as redes informacionais e concentram o poder mundial (...) o que é mais significativo sobre as megacidades é que elas estão conectadas externamente a redes globais e a segmentos de seus países, embora internamente desconectadas das populações locais responsáveis por funções desnecessárias ou pela ruptura social...” (A Sociedade em Rede, pg.129).

 

Então com a essa afirmação, Castells denota a existência dos excluídos digitais na Era da Informação. Ele demonstra que as megacidades não são cidades gigantes fisicamente, mas do tamanho do mundo quando ligadas eletronicamente.

 

“...eletricamente contraído, o globo já não é mais do que uma vila...” (Understanding Media, pg.19).

 

Com esse conceito novo para as cidades da era da informática, Castells propõe também um novo conceito para o espaço, que ele chama de ‘espaço de fluxos’,

 

“...o espaço não é reflexo da sociedade, é sua expressão...” (A Sociedade em Rede, pg.435).

 

Ele afirma que o ‘espaço de lugares’[15] não deixa de existir, mas tomam um novo significado quando entendidos sob a lógica da rede.

 

“...o espaço de fluxos é formado de microrredes pessoais que projetam seus interesses em todo o conjunto global de interações (...) os nós do espaço de fluxos incluem espaços residenciais e de lazer que, juntamente com a localização das sedes das empresas e seus serviços auxiliares, tendem a agrupar funções dominantes em espaços cuidadosamente segregados, com fácil acesso aos complexos cosmopolitas de artes, cultura e entretenimento...” (A Sociedade em Rede, pg.441).

 

Essa configuração do espaço de interação social e de produção reforça a tese de que a dominação social em nossas sociedades por parte das elites, se deve a uma maior organização e articulação desta ante uma segmentação e desorganização por parte das massas. Complementando esse conceito de espaço de fluxos, Castells fala na nova dimensão do tempo, ao que chama de ‘tempo imtemporal’. Nesse sentido o:

 

“...tempo linear, irreversível, mensurável e previsível está sendo fragmentado na sociedade em rede...” (A Sociedade em Rede, pg.460).

 

Esse novo jeito de encarar e usar o tempo serve à dominação social exercida por força da ‘inclusão seletiva e da exclusão de funções’[16] e pessoas que não compartilham essa maneira de entender o tempo.

Essa cultura do virtual que vem cada vez mais modelando as mentes e as memórias das novas gerações, contribui para uma noção do tempo onde ele se torna efêmero e eterno simultaneamente. É efêmero porque muda a cada configuração no espaço dos fluxos de informações e é eterno porque é acessível a qualquer momento enquanto fizer parte de um hipertexto informático.

Castells chega a chamar a sociedade da informação de ‘sociedade da efemeridade eterna’, isto porque essa nossa morfologia social moldada em rede, coloca cada um como centro e extremidade de cada ação ou pensamento, e onde a questão ética do comportamento se torna a questão magna da teoria da Era da Informação.

As sociedades em rede produzidas pelos avanços complexos das tecnologias da inteligência, demonstram uma nova ordem social, que representam, à primeira vista, uma certa desordem existencial, e onde a experiência humana teme o fim da história e o fim do trabalho. Note-se que  esse ‘fim’ é um fim simbólico, significando uma reconfiguração, uma reestruturação. Nesse sentido o fim da história e do trabalho seria um processo de desconstrução e reconstrução contínua caracterizado por um fluxo de informações num tempo simultaneamente eterno e efêmero.

 

 

 

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[1] World Wide Web (Teia de Alcance Mundial).

[2] Comunicação Mediada por Computador.

[3] Neologismo encontrado pela primeira vez no ano de 1984 no romance ‘Neuromancer’ de Willian Gibson.

[4] Comunicação oral, escrita e audiovisual.

[5] Marshall McLuhan citando no Understanding Media na página 176, uma frase de Boccioni de 1911.

[6] Cultura: Um Conceito Antropológico.

[7] Idem.

[8] Ip.Sit. A Sociedade em Rede, pg.394.

[9] Lembre-se da saída do estádio no final de um jogo.

[10] Do nascimento do Informacionalismo, da Era da Informação, da Sociedade do Conhecimento.

[11] Hacker mundialmente conhecido como criador do sistema LINUX.

[12] Hacker considerado o pai da Internet.

[13] Normas básicas de comportamento no ciberespaço.

[14] A Sociedade em Rede, pg.398.

[15] Fixos por conceito.

[16] Castells, Manuel. A Sociedade em Rede, pg.459.