textos para um livro

 

IMAGENS E LUZES

 

 


 

textos para um livro

 

 

BIP 1. Sou a liberdade política; um pênis e uma língua, uma mulher, a liberdade: Corro e vejo ainda mais rápido, um vulto! Tenho os olhos da História, os ouvidos da Música e na boca calada o pensamento ligeiro ... 2. De um salto no tempo um homem não viu a roda e ainda assim teve de usar os instrumentos de sempre, engrenagens, eixos e rodas. Encontro a palavra contida no gesto das pessoas, vôo como o vento, (leve), e retórno ao grande arroto que criou o mundo. ********          * * * * *   BADAUÊ 3. Às vezes eu penso ... Sometimes I think ... Vez por outra encontro perguntas. Respostas sempre haverão ou verbo outro qualquer, como estão, estão na ponta da língua ... Que pode ser dupla e bipartida como a da serpente que acompanha cada flor que se colhe ... O único problema fica mesmo sendo a língua que se use ...     MÁSCARA *4. As mãos tocaram o rosto, no espelho o contato da pele na pele marcou uma ruga, a outra mão desenhou com a cor a paisagem, os olhos bem abertos percorreram o corpo nu e as mãos desenharam o restante da paisagem, no peito, sobre o coração. * ****** * * RETRATO  5. Diagnose visual ponto vírgula imagens verso traço rugas tons e cores, retratos! Difícil escrever sobre êles. Olho no olho, auto-retrato, quando se lê já é outro que vê, o mesmo de sempre! Sem o resíduo da fuligem da usina, sem espelho, sem véus, sem o sonho ruim, sem o grito no meio da noite e sem a noite também. Mais do que eu esperava e menos do que quem me ama espera. Às vezes não !!             *****            *****    FLASH 6. Olhos vivos rapidamente lêem tudo e flui na conversa o jeito certo do caipira, (que parece incerto), do índio à espreita da caça ... 7. Assuntar as estrelas, arear a terra, raizes de toda sorte, nenhum perigo. Às vezes um risco, rabisco na parede da morada dos poetas, casamata de guerreiros. Ninho... Assuntar estrelas, ver, arear a terra e com raizes de toda sorte. Cantar, cantar ao risco da palavra ... Graffitti de palácios e tapumes restam ... Raizes de toda parte, heróis de toda sorte, profetas de toda noite. Água, cascatas no artifício de oxigenar a vida. Assuntar estrelas, conversar com deuses, esquecer, lembrar: aos amigos sim!

À noite durante os sonhos na segura solidão protegida dos deuses, e por isso chama, a liberdade que o dia reclama! Da língua líbera palavra do cantar descantar! Na ética da criança a verdade do olhar, a razão da música e a plástica das cores o movimento do corpo, dança e alegria...  

fotos:Abelardo Alves