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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano VII, no. 20, novembro de 2000

 

 

SUMÁRIO  

 

 

 

Resumos

Notícia Bibliográfica 

Publicações Recebidas

Censo de Demografia Histórica

Pesquisas em andamento

Notícias e Informes

 

 

 

  Resumos

 

 

 

ARAÚJO, Hermetes Reis de. Técnica, Trabalho e Natureza na Sociedade Escravista. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 18(35), 1998.

RESUMO. O latifúndio cafeeiro do século XIX consolidou e manteve sua hegemonia econômica apoiando-se na mão-de-obra escrava e na utilização da ferrovia. Esta associação entre arcaísmo social e inovação tecnológica marcou a cultura nacional da segunda metade do século. Seus efeitos prolongaram-se pela República, refletindo-se na industrialização e na qualificação técnica e profissional existente no país.

 

BESSEM, Susan K. Crimes Passionais: A Campanha contra os Assassinatos de Mulheres no Brasil: 1910-1940. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 9(18):181-197, ago./set. 1989.

RESUMO. Maridos, noivos, amantes, pais e irmãos vingavam a "honra manchada" assassinando as mulheres que cometiam o crime do amor ilegal. Essa prática da justiça pelas próprias mãos crescia assustadoramente no início do século XX, fazendo com que se produzisse um ampla campanha contra os chamados crimes da paixão. A autora analisa as posições assumidas por diferentes setores da sociedade brasileira, com especial atenção para as obras de juristas e de mulheres e homens de letras.

 

BLAJ, Ilana. A escravidão colonial: algumas questões historiográficas. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, IEB-USP, (37):145-159, 1994.

RESUMO. O artigo discute algumas questões presentes na historiografia brasileira acerca do nosso passado colonial; mais especificamente, questões que se referem aos estudos sobre a escravidão negra e os problemas advindos para a própria análise da sociedade brasileira. São enfocados três períodos distintos ― a época pré-trinta; as décadas de trinta e quarenta e o final dos anos cinqüenta e parte dos sessenta ― a partir daí, são apontados os temas e tendências das pesquisas históricas da década de setenta e oitenta.

 

BLAJ, Ilana. Agricultores e comerciantes em São Paulo nos inícios do século XVIII: o processo de sedimentação da elite paulistana. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 18(36), 1998.

 

RESUMO. Estudos mais recentes sobre a vila de São Paulo no período colonial têm destacado seu grau de mercantilização crescente e a formação de uma sociedade rigidamente hierarquizada. Pretende-se, tomando como baliza os inícios do século XVIII, apontar para a sedimentação de uma elite paulistana que concentra em suas mãos terras, escravos, produção agrícola, criação de gado e comércio e, que, através das relações patrimonialistas, consolida-se progressivamente no poder.

 

COOPER, Garry V. Using a spreadsheet to develop population pyramids. Population and Environment. New York, vol. 19, n. 5, maio de 1998, p. 471-476.

RESUMO. Most planning offices today utilize spreadsheets and also population pyramids. However, few know how to create population pyramids using spreadsheets. Even the computer documentation that comes with spreadsheet programs is silent about how to do it… yet it is both possible and easy to accomplish with just a little guidance. This paper informs readers how to do it using a step-by-step procedure. Both educators and practitioners should find this procedure a useful planning tool. (Extraído da Review of Population Reviews).

 

CRUZ, Heloísa de Faria. Mercado e Polícia – São Paulo, 1890/1915. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 7(14):115-130, mar./ago. 1987.

RESUMO. Estuda-se o significado de atitudes e projetos da Polícia em relação aos contingentes desocupados da população de São Paulo no período 1890-1915. Aborda-se o controle institucional sobre tais setores durante o processo de formação do mercado de trabalho na cidade e tendo-se por base fontes policiais do período indicado.

 

CUNHA, Maria Clementina Pereira. Loucura, Gênero Feminino: As Mulheres do Juquery na São Paulo do Início do Século XX. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 9(18):121-144, ago./set. 1989.

RESUMO. A partir do estudo das mulheres internadas no Hospício do Juquery, em São Paulo, no início do século XX, a autora sugere algumas indicações para uma história social das mulheres no Brasil. O objetivo essencial é perceber como por trás dos enunciados genéricos da psiquiatria (mas não apenas dela) sobre a mulher, enquanto figura normalizada e higiênica, podem ser detectadas diferenças sociais que remetem a formas distintas de subordinação no interior da " condição humana".

 

DAMÁSIO, Adauto. Alforrias e ações de liberdade em Campinas na primeira metade do século XIX. Mestrado, IFCH/UNICAMP, 1995.

RESUMO. A dissertação trata de investigar duas formas de os escravos conquistarem a liberdade em Campinas na primeira metade do século XIX, quais sejam, as alforrias concedidas em testamentos pelos falecidos senhores e as ações de liberdade impetradas na justiça. A pesquisa sobre as alforrias concedidas em testamentos mostrou um perfil bastante diverso do liberto típico apontado na bibliografia sobre o tema, fruto de pesquisas anteriores realizadas em outra documentação, as cartas de alforrias registradas em cartório. Além disso, apontou também um aspecto qualitativo diferenciador das liberdades concedidas em cartas de alforria, qual seja, o seu caráter legal irrevogável. A segunda parte votou-se à investigação dos trâmites jurídicos em duas ações de liberdade e a atuação de seus agentes: senhores, escravos, curadores, advogados, depositários, fiadores e juizes. A autora com a qual discutimos prioritariamente foi Manuela Carneiro da Cunha, especialmente em sua leitura da obra de Perdigão Malheiro. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

 FERNÁNDEZ, Ramón V. García. “Os lavradores de cana de São Sebastião”. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, IEB-USP, (40):173-190, 1996.

RESUMO. É bem conhecida a importância dos agricultores que plantavam cana sem terem engenho (os lavradores); tal conhecimento, válido para o Brasil colonial em geral, ainda não ocorre com respeito a São Paulo. Mostra-se neste artigo, portanto, que a presença de tais lavradores foi muito significativa na vila paulista de São Sebastião, onde se verificou, aproximadamente entre 1780 e 1830, um auge econômico centrado na lavoura canavieira. Sugere-se aqui que o aumento muito rápido da demanda de açúcar no período focalizado talvez tenha levado os fazendeiros mais ricos a concentrarem seus recursos na construção de engenhos, precisando então complementar indiretamente a mão-de-obra com o trabalho de outros indivíduos livres e dos eventuais escravos destes.

 

FONSECA, Ana Maria Medeiros da. Das raças à família: um debate sobre a construção da Nação. Mestrado, IFCH/UNICAMP, 1992.

RESUMO. A dissertação, dividida em quatro partes, acompanha o debate sobre a construção da nação brasileira, tomando como referência a questão das raças e/ou raça, eixo em torno do qual no final do século XIX e primeiras décadas do seguinte organizava-se este debate. Na primeira parte, o exame de algumas obras literárias (Canaã, Graça Aranha, 1902; Os Sertões, Euclides da Cunha, 1902; Urupês, Monteiro Lobato, 1918), tem o propósito de enfatizar a amplitude do tema raças e nação. Na segunda parte, a presença de Raimundo Nina Rodrigues (As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil, 1894; Os Africanos no Brasil), Silvio Romero (História da Literatura Brasileira, 1888; A América Latina, 1896) e Alberto Torres (O Problema Nacional Brasileiro, 1914; A Organização Nacional, 1914) visa a chamar a atenção para diferentes concepções sobre a relação entre raças e nação (Romero e Nina Rodrigues) e apontar, com Alberto Torres, um deslocamento nesta temática. Na terceira parte, com Sérgio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil, 1936), Nestor Duarte (A Ordem Privada e a Organização Nacional, 1939) destaca-se o lugar central ocupado pelo tema família. Para Buarque e Duarte, é na família de tipo patriarcal (e não nas raças) que tem origem a dificuldade de constituição de uma sociedade regida segundo normas universais, impessoais. A inclusão desses dois autores visa a chamar a atenção para esse deslocamento -- da temática das raças para a da família -- e indicar o surgimento do tema família desvinculado da proposta de aprimoramento da raça, objeto da quarta parte da dissertação. Ainda na terceira parte, destaca-se a articulação entre os temas, raças-família-nação, conforme aparece no livro de Oliveira Vianna, Raça e Assimilação, publicado em 1932. Neste caso, ressalta-se que do exame deste livro não é possível concluir que o autor esteja defendendo a tese da família como instrumento da elevação física e moral da raça. A quarta e última parte está dividida em dois capítulos. No primeiro, destaca-se a combinação dos temas raça, família, nação, chamando-se a atenção para a idéia de aprimoramento da raça, através da família, como meio de forjar uma nova nação. Pretende-se enfatizar um novo deslocamento no debate sobre a nação: as raças transformaram-se em uma raça e a família é concebida como o instrumento para aprimorá-la. Aqui, entre as fontes, têm destaque: Revista da Associação Cristã Feminina, Jornal de Andrologia, Boletim do Ministério do Trabalho Indústria e Comércio, Revista Justitia, Forense, Luzes Femininas, Anais do 1º Congresso de Habitação (1931), Anais do 5º Congresso Brasileiro de Higiene (1929), Anais da 3ª Conferência de Educação (1929). Através destas publicações observa-se a presença de distintas propostas que vinculam a construção da nação à constituição de novo homem (moral e fisicamente são). Para a consecução deste objetivo, pleiteia-se uma nova concepção de direito, segundo a qual o interesse social deve prevalecer sobre qualquer interesse particular. No segundo capítulo trata-se dos chamados “autoritários” -- Oliveira Vianna, Francisco Campos e Azevedo Amaral -- mostrando que o projeto de nação defendido por estes autores tem como base a idéia de subordinação dos interesses particulares, privados e egoístas, aos interesses da “coletividade”. A intenção é ressaltar que esta concepção é compartilhada pelos que afirmavam a necessidade de se forjar um novo homem para forjar uma nova nação. Nas conclusões encontra-se um mapeamento dos distintos deslocamentos temáticos no debate sobre a nação. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

FRAGOSO, João. Algumas notas sobre a noção de colonial tardio no Rio de Janeiro: um ensaio sobre a economia colonial. LOCUS: Revista de História. Juiz de Fora, Núcleo de História Regional/Editora UFJF, 6 (1):9-36, 2000. 

RESUMO. Este ensaio trata da aplicação da noção de colonial tardio para o Rio de Janeiro, na passagem do século XVIII para o XIX, período em que a cidade ter-se-ia convertido na principal praça mercantil do Atlântico Sul. Com tal objetivo, o texto analisa as mudanças, entre os séculos XVII e XIX, ocorridas nas formas de acumulação da riqueza colonial e no perfil da elite econômica da urbe.

 

GADELHA, Regina Maria d'Aquino Fonseca. A lei de terras (1850) e a abolição da escravidão. Capitalismo e força de trabalho no Brasil do século XIX. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):153-162, jan./jul. 1989.

RESUMO. A autora estuda, de uma perspectiva marxista (Chico de Oliveira, Meillassoux etc), o processo tardio de mercantilização da terra como parte do projeto elitista de transição para o trabalho livre. Os marcos do desenvolvimento capitalista foram a abolição do tráfico e a lei de terras em 1850 mediante os quais foram feitas tentativas para reter nas terras com vínculos de trabalho os libertos, impedindo sua dispersão pelo território nacional e seu acesso à pequena propriedade. A concentração das propriedades e o sistema de plantation exigiam a manutenção de uma mão-de-obra barata e dependente. A elite cafeeira controlou a política de terras até as vésperas da abolição, quando a imigração estrangeira coincidiu com o encarecimento abruto das terras, que continuaram como monopólio dos grandes proprietários, de modo a facilitar uma mão-de-obra barata e dependente.

 

GONÇALVES, Andréia Lisly. O Mapa dos negros que se capitaram e a
população forra de Minas Gerais (1735-1750). Varia História, Belo Horizonte,  Dep. História/UFMG,  jul. 1999, p. 142-155.

RESUMO. O Mapa dos negros que se capitaram desde que principiou a capitação em cada uma das comarcas, que integra a coleção de documentos do Códice Costa Matoso, tem sido amplamente utilizado por historiadores que, na maioria dos casos, buscam extrair dessa fonte dados sobre a população escrava e forra da capitania de Minas Gerais no período de fastígio da atividade mineradora. Foi a partir desse Mapa que se estimou em cerca de 100.000 a média anual de escravos que se encontravam laborando nas Minas na primeira metade do Setecentos. O objetivo deste artigo é avaliar -- a partir da legislação que regulou a cobrança do tributo, assim como da análise de algumas matrículas referentes à capitação -- a real abrangência dos dados contidos no Mapa e concernentes à população liberta da capitania.

 

GOUVÊA, Maria de Fátima Silva. Redes de Poder na América Portuguesa -- O Caso dos Homens Bons do Rio de Janeiro, ca. 1790-1822. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 18(36), 1998.

RESUMO. A virada do século XVIII para o XIX tem sido objeto freqüente de análises dos historiadores nestes últimos anos, sendo o Rio de Janeiro focalizado como espaço privilegiado da gênese do Brasil independente. O debate sobre a dinâmica do poder local e das redes de poder situadas no interior dessa sociedade colonial têm sido também fortemente favorecidos. Este artigo dedica-se a discutir alguns destes elementos, caracterizando o perfil dos homens bons do Rio de Janeiro no período supracitado.

 

GUIMARÃES NETO, Regina Beatriz. Grupiaras e monchões: garimpos e cidades na história do povoamento do leste de Mato Grosso -- primeira metade do século XX. Doutorado, IFCH/UNICAMP, 1996.

RESUMO. O presente texto resulta de um estudo que teve como objeto de análise o movimento de constituição dos povoados mineradores do antigo leste de Mato Grosso, considerando, sobretudo, as pequenas cidades que surgiram com a emergência dos garimpos de diamantes do Rio Araguaia, do Vale do Rio das Garças e os da área dos rios Pombas e Poxoréo. Um grande contingente migratório constituído de trabalhadores pobres do campo --  em grande parte nordestinos -- deslocou-se para essa área de Mato Grosso, tendo em vista a exploração das lavras diamantíferas, cruzando com os que, por seu turno, saíam em busca de terras devolutas do Estado, interessando-se pela formação de fazendas, como era o caso, dentre outros, de goianos e mineiros. A autora procurou focalizar as ações humanas voltadas para criar condições de permanência num determinado espaço, possibilitando o surgimento de pequenos núcleos urbanos; guiando-se pela análise de certos aspectos de sua organização e práticas sociais, perscrutando tanto os modos de proceder das populações frente a regras concebidas para planejar um modo de vida condizente com a instauração de um espaço urbano, orientando os comportamentos e os costumes dentro de padrões considerados civilizados, quanto de uma pluralidade de práticas sociais dispersas e pouco visíveis em seu cotidiano. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

GUTIÉRREZ, Horacio. O tráfico de crianças escravas para o Brasil, durante o século XVIII. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):59-72, jan./jul. 1989.

RESUMO. Estudando listas de escravos transportados do porto de Luanda entre 1734 e 1769, o autor estima em cerca de 10% a presença de crianças entre os escravos. Analisa os decretos de impostos de 1758, que discerniam as crias de pé e as crias de peito. Chega a uma média anual de 534 crianças, das quais 73% seriam crias de pé, declinando o número de crianças na segunda metade do século XVIII. Também analisa as circunstâncias de captura das crianças e o modo como eram alojadas nos navios, bem como sua taxa de mortalidade na travessia. Procura definir a importância de Luanda com relação a outros porto de Angola e comparar as porcentagens relativas de crianças nos portos do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Finalmente, compara o tráfico brasileiro com o tráfico inglês, dinamarquês e espanhol nas Antilhas, que apresentavam um número bastante superior de crianças.

 

HANSEN, João Adolfo. Malhado ou malhadiço. A escravidão na sátira barroca. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):163-181, jan./jul. 1989.

RESUMO. Mediante o estudo da sátira enquanto gênero, o autor elabora as relações entre forma e discursos locais, os topoi retóricos e a sociedade em que viveu Gregório de Matos. A sátira é ortodoxa. As convenções retóricas reforçam o campo institucional de modo que reafirmam os padrões morais e hierárquicos normativos da época. As referências aos mulatos reforçam os preconceitos da sociedade baiana, enquanto topoi e persona realçam a hierarquia ibérica. Convenções e fatos históricos se complementam enquanto reforço dos padrões dominantes na sátira de Gregório de Matos. Gênero misto, a sátira dramatiza no desenvolvimento dos temas e na elaboração de seus personagens as contradições entre latifúndio açucareiro e a sociedade baiana.

 

KLEIN, Herbert S. Novas Interpretações do Tráfico de Escravos do Atlântico. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):3-25, jan./jul. 1989.

RESUMO. Os estudos mais sistemáticos sobre o tráfico de escravos possibilitaram inúmeras correções de conceitos ideológicos e de estimativas estatísticas distorcidas pela campanha abolicionista. Confirmaram o predomínio do sexo masculino contra apenas um terço de mulheres e 10% de crianças. As próprias condições africanas definiram especificidades tais como o vulto demográfico e as porcentagens relativas de participação dos europeus. A multiplicação dos esforços de pesquisa levou a re-avaliações importantes sobre o papel do tráfico no crescimento econômico dos países europeus, a distribuição das diversas culturas no continente americano e o seu efeito sobre a demografia e a economia africanas.

  

LOPES, Myriam Bahia. Práticas médico-sanitárias e remodelação urbana na cidade do Rio de Janeiro: (1890-1922). Mestrado, IFCH/UNICAMP, 1988.

RESUMO. Nossa proposta no primeiro capítulo é intervir nas imagens cristalizadas da memória histórica. A seriação apaziguada da dinâmica urbana opera uma redução do processo histórico do período em estudo. O movimento da grafia urbana é estancado na produção do “antes” e “depois” da remodelação urbana. As fotografias e caricaturas são elementos importantes na construção do roteiro oficial do teatro urbano dividido na seqüência seguinte: Cena 1- A cidade colonial/Entreato - a crise urbana/Cena 2 - Saneamento e remodelação da capital do Brasil, “o Rio de Janeiro civiliza-se”. No segundo capítulo, visamos o debate travado entre os clínicos positivistas e os adeptos da bacteriologia e da imunologia. Luta política sobre a forma de gestão dos corpos e do meio. As duas concepções em conflito se tangenciam em alguns pontos: na relação normal/patológico, no conceito de regulação biológica e no meio pensado como formador do indivíduo. Nosso recorte temático das fontes consultadas visa apenas uma abordagem das críticas dos médicos positivistas cariocas referentes à vacinação, à assistência médica asilar e ao papel biológico-político da mulher. No terceiro capítulo, tratamos da “Revolta da Vacina”. A apropriação das ruas, a quebra de lampiões, a virada de bondes e a construção de barricadas formam uma experiência singular de alguns habitantes no espaço urbano. O roteiro do teatro urbano e a idéia linear e positiva do progresso são questionados pela ação popular. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

 

MACHADO, Cacilda da Silva. A Família e o Impacto da Imigração (Curitiba, 1854-1991). Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 17(34), 1997.

RESUMO. A partir da genealogia de uma família imigrante de origem germânica, estabelecida em Curitiba (PR) desde a segunda metade do século XIX, buscou-se, por meio de fontes diversas, reconstruir a história da socialização das gerações pela via do casamento e do trabalho. A pesquisa procurou esclarecer algumas estratégias familiares e individuais para a adaptação ao novo meio, bem como as mudanças nas relações intrafamiliares decorrentes do fenômeno migratório.

 

MACHADO, Paulo Pinheiro. Colonizar para atrair: a montagem da estrutura imperial de colonização no Rio Grande do Sul (1845-1880). Mestrado,  IFCH/UNICAMP, 1996.

RESUMO. O autor analisa o processo de montagem da estrutura de colonização do Império tendo em vista a absorção das experiências provinciais neste campo, notadamente da Província do Rio Grande do Sul. A colonização é avaliada também no âmbito do contexto nacional de transição do trabalho escravo para o livre. No capítulo 1 há uma análise dos processos de colonização no Rio Grande do Sul até a década de 1870. No capítulo 2 são avaliadas as origens  nacional e social dos imigrantes dirigidos ao Rio Grande do Sul na aludida década. No capítulo 3 há uma discussão a respeito do papel da pequena propriedade no processo geral de transição para o trabalho livre. No capítulo 4 é analisada a estruturação da colonização imperial no Rio Grande do Sul, seus êxitos e dificuldades. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

MARCÍLIO, Maria Luiza. História Social da Criança Abandonada. São Paulo, Hucitec, 1998.

(Resenha elaborada por Renato Pinto Venâncio -- Universidade Federal de Ouro Preto -- e publicada na Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 19, n. 37, set. 1999.)

Nos meios acadêmicos brasileiros, a Demografia Histórica é freqüentemente identificada aos excessos dos métodos quantitativos e à ausência de problemáticas definidas. Ao longo de sua prolífica vida acadêmica como professora, pesquisadora e, principalmente, como autora dos primeiros e principais trabalhos de Demografia Histórica do Brasil, Maria Luiza Marcílio só fez desmentir tais estereótipos. Nos anos 60, ao ingressar no doutorado na França, foi orientanda de Fernand Braudel e, posteriormente, de Louis Henry, o que lhe possibilitou transitar com facilidade entre a História Social e a Demografia Histórica. Da mesma forma que em trabalhos anteriores, como A Cidade de São Paulo ou Os caiçaras, seu livro História Social da Criança Abandonada é um exemplo de como a sensibilidade e até mesmo o envolvimento afetivo com um tema podem andar irmanados com seriedade e rigor metodológico. Marcílio sensibiliza-se com o destino trágico de milhares de crianças que desde a Antigüidade foram abandonadas por seus familiares; emociona-se, contudo, sem resvalar para uma história militante, tão propícia a anacronismos e perspectivas vitimizadoras.

O livro História Social da Criança Abandonada dividi-se em três partes, obedecendo assim a uma arquitetura cara à autora: o desenvolvimento da narrativa histórica do geral para o particular. Segundo Maria Luiza Marcílio, é possível detectar a permanência, durante vários séculos, de uma preocupação com a proteção da criança "sem-família". No que diz respeito a tal proteção, é importante sublinhar que, na Antigüidade, a confluência do estoicismo com o cristianismo diferenciou Roma das demais sociedades. Durante a Alta Idade Média, a preocupação com o destino dos enjeitados foi institucionalizada: os mosteiros, procurando erradicar o infanticídio, aceitaram os oblatas, ou seja, enjeitados que deviam seguir a carreira sacerdotal. No século XII, a emergência da crença no Purgatório e de sua versão mirim, o Limbo, expandiu para o restante da comunidade cristão dever de proteger os meninos e as meninas desvalidos. Não por acaso, esse período também foi caracterizado pelo ressurgimento da vida urbana no Ocidente, fenômeno que por diversas razões foi acompanhado pelo aumento do nível de pobreza na sociedade. A preocupação em garantir o sacramento do batismo para todos os recém-nascidos -- protegendo-os dessa forma do Limbo -- somada ao temor frente ao risco do reaparecimento do infanticídio nas cidades, levaram à fundação de uma forma de assistência infantil que conheceu, entre os séculos XIII e XIX, um enorme sucesso: a Roda dos Expostos.

Tais Rodas, explica a autora, eram "de forma cilíndrica e com uma divisória no meio, esse dispositivo era fixado no muro ou na janela da instituição. No tabuleiro inferior da parte externa, o expositor colocava a criança que enjeitava, girava a Roda e puxava um cordão com uma sineta para avisar à vigilante -- ou Rodeira -- que um bebê acabara de ser abandonado, retirando-se furtivamente do local, sem ser reconhecido".

Uma vez recolhida, a criança era entregue a uma ama-de-leite e depois a uma ama-seca que cuidava do menino ou menina até completarem sete anos de idade, quando então deveriam ser encaminhados para atividades produtivas.

No século XVIII, aponta Maria Luíza Marcílio, começou a ocorrer uma outra mutação que atingiu seu apogeu no século XIX e XX: a emergência da infância abandonada como uma questão social, alvo de políticas do Estado; mutação que em grande parte explica o progressivo declínio e fechamento das Rodas.

Na segunda parte do livro, a autora apresenta, para o caso específico do Brasil, os processos de formação e de adaptação do sistema de proteção europeu a uma sociedade colonial. Da mesma forma que em vários aspectos da realidade brasileira, a assistência nos trópicos caracterizou-se pela ausência de recursos financeiros regulares e pela longevidade de instituições consideradas arcaicas no mundo europeu. A precariedade da assistência colonial -- apenas quatro Rodas foram fundadas até fins do século XVIII -- levou os Senados das Câmaras a assumirem a dispendiosa tarefa de manter os enjeitados. Este apoio só declinou em meados do século XIX, época em que o sistema de Rodas conheceu notável expansão. Mesmo um século depois das Rodas portuguesas terem sido desativadas, os receptáculos brasileiros continuavam em pleno vapor, a maioria deles só encerrando suas atividades nos anos 1930-1950 (diga-se, de passagem, não devido ao desaparecimento do abandono de crianças recém-nascidas, mas sim em função das deliberações do Código de Menores de 1927, que determinou o fechamento das Rodas).

A terceira parte do livro apresenta os resultados dos últimos vinte anos de pesquisas de Demografia Histórica a respeito do abandono infantil. Em razão do enjeitamento de recém-nascidos ter sido registrado sistematicamente nas atas paroquiais de batismo, assim como nos livros das Câmaras e dos Hospitais, foi possível conhecer o perfil da criança abandonada e -- nos casos daquelas acompanhadas de bilhetes -- os motivos que levaram os pais a recorrerem à assistência hospitalar e camarária. O capítulo dedicado às "causas do abandono" é fascinante. Marcílio não se deixa levar, como acontece com muitos historiadores atuais, pelos estereótipos do passado, ou seja, pela caracterização dos pais e mães que enjeitavam os filhos como irresponsáveis e promíscuos; ao contrário disso, a autora sublinha o quanto a miséria era um fator importante na desagregação das unidades familiares.

Da mesma forma que nas seções anteriores, a última parte estende a análise até o presente, superando assim as prisões da "curta duração", traço bastante comum aos estudos do tema em questão, elaborados por sociólogos, antropólogos e assistentes sociais. Ao integrar sua análise na "longa duração", Marcílio, a meu ver, contribui até para que seja repensada a atual política assistencial frente à criança e ao adolescente carentes.

Dito em termos mais explícitos: após mil e quinhentos anos de assistência infantil, é possível observar duas realidades distintas; a primeira diz respeito aos países europeus, nos quais o abandono de crianças foi praticamente erradicado; a segunda à realidade da América Latina, onde o abandono conheceu um processo de expansão do período colonial à atualidade. Pelo que se pode perceber por meio da leitura do História Social da Criança Abandonada, erram os que pensam que a primeira situação é um reflexo automático do processo de desenvolvimento econômico. Na realidade, a melhoria da condição infantil foi resultado de muitas lutas populares e de uma compreensão das formas específicas da organização familiar das camadas populares.

Em uma passagem magistral (pp. 80-81), Marcílio aprofunda essa questão mostrando que o número de crianças abandonadas na Europa do século XIX atingiu proporções ainda mais assustadoras do que as brasileiras. Frente a tal situação, vários países europeus reavaliaram o sistema assistencial herdado do Antigo Regime e progressivamente, a começar pela França, adotaram a política de "subsídios às mães pobres (...) para impedir que estas abandonassem seus filhos".

Eis um importante ensinamento que serve como tema de reflexão a propósito das atitudes das elites brasileiras frente ao abandono de crianças: o que elas encaram como uma novidade esquerdista no Brasil de nossos dias, era uma realidade institucional na Europa dos anos 1830!

Por fim, cabe sublinhar que a História Social da Criança Abandonada apresenta uma magnífica bibliografia, remando contra a maré do provincianismo monoglota de alguns estudos de Demografia Histórica elaborados mais recentemente. Cabe apenas lamentar que a editora Hucitec não tenha tido o cuidado de incluir na presente edição índices onomásticos e temáticos, que muito facilitariam a consulta dessa obra de referência obrigatória.

 

MARTINS, José de Souza. A Imigração Espanhola para o Brasil e a Formação da Força de Trabalho na Economia Cafeeira: 1880-1930. Revista de História – Nova Série, São Paulo, (122):5-26, ago./dez. 1989.

RESUMO. Dentro de um prisma comparativo, o articulista analisa especificidades da imigração espanhola com relação à italiana, que veio em parte substituir depois de 1902. Em sua maioria composta por camponeses, os espanhóis também foram arregimentados como mão-de-obra para as fazendas de café da Alta Mogiana e Paulista, chegando ao Brasil após 1905. Enquanto mão-de-obra pouco qualificada, encontraram menos oportunidades de ascensão social do que os italianos. Também sofreram o impacto da transição do trabalho escravo, porém encontraram as condições dos colonatos já transformadas, com pagamento em espécie. Poucos entretanto chegaram a possuir pequenas propriedades agrícolas. Foram em geral assimilados, deixando relativamente poucos traços de identidade cultural e comunitária.

 

MAZZIEIRO, João Batista. Sexualidade Criminalizada: Prostituição, Lenocínio e Outros Delitos - São Paulo, 1870/1920. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 18(35), 1998.

RESUMO. O autor acompanha debates de criminólogos, juristas, médicos e outros profissionais sobre a sexualidade julgada criminalizável e doentia, por eles associada à pobreza, em São Paulo. O texto realça práticas de esquadrinhamento da cidade e da plebe não-proletarizada por aqueles agentes e suas instituições como estratégias de disciplina e dominação em nome de normas burguesas.

 

MONTEIRO, John. Alforrias, Litígios e a desagregação da escravidão indígena em São Paulo. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):45-57, jan./jul. 1989.

RESUMO. O autor documenta o declínio da concentração de mão-de-obra indígena em São Paulo na conjuntura de 1690 a 1730, mediante um cauteloso estudo dos inventários e das cartas de alforria. Assinala as dificuldades de serem implementadas as alforrias condicionais e o lento crescimento de uma população pobre e destituída de índios libertos. A partir das descobertas do ouro, constata um recrudescimento da presença dos ouvidores e autoridades da Justiça metropolitana, apoiando os litígios e petições dos índios forros. A crescente resistência dos índios acelerou o fim da escravidão indígena. Os documentos nuançam diferentes estratégias de controle do trabalho servil e seu lento desaparecimento.

 

MOTT, Maria Lúcia de Barros. Ser mãe: a escrava em face do aborto e do infanticídio. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):85-96, jan./jul. 1989.

RESUMO. A autora documenta, com base em fontes secundárias e na literatura dos viajantes, a presença da criança escrava, estimada em cerca de 1 a 20% do total da população escrava, reconstituindo os ciclos da infância e as tarefas desempenhadas por crias entre 7 e 12 anos de idade. As marcas deixadas pelas atividades exercidas desde tenra idade, as escolhas para ensinar crianças, a exploração das mães como amas de leite, confirmando o seu relativo valor econômico. Finalmente, discute sob novo prima, a prática do aborto como estratégia de resistência contra os senhores.

 

MOTTA, José Flávio & MARCONDES, Renato Leite. O comércio de escravos no Vale do Paraíba paulista: Guaratinguetá e Silveiras na década de 1870. Estudos Econômicos. São Paulo, IPE-USP, 30 (2):267-299, abr./jun. 2000.

RESUMO. Estudamos o tráfico interno de escravos com base em escrituras de compra e venda de cativos registradas na década de 1870 em Guaratinguetá e Silveiras (Vale do Paraíba, SP). Em ambas, a principal atividade econômica era a cafeicultura. Entre os escravos transacionados predominaram os homens em Guaratinguetá e as mulheres em Silveiras. Nos dois casos, a maior parte dos cativos tinha entre 15 e 34 anos, sendo a maioria dos homens roceiros e a das escravas utilizada em serviços domésticos. Evidenciou-se certa correspondência entre sexo e atividade produtiva. Os preços elevaram-se entre 1871-4 e 1875-9. As mulheres eram em média mais baratas que os homens. Eram mais caros os cativos pertencentes às faixas etárias dos 15-24, 25-34 e 10-14 anos, e mais baratos os escravos alocados na lavoura. Intensificou-se o tráfico interprovincial a partir de 1875, em especial em Guaratinguetá. Quanto aos efeitos do tráfico sobre as relações familiares entre os cativos, identificamos indícios tanto de ruptura como de preservação da família escrava.

 

MOURA, Esmeralda Blanco Bolsonaro de. Além da Indústria Têxtil: O Trabalho Feminino em Atividades Masculinas. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 9(18):83-98, ago./set. 1989.

RESUMO. Na historiografia sobre a mulher tem sido recorrente a imagem de atividade tipicamente feminina para os trabalhos na indústria têxtil. Contudo, mulheres adultas, adolescentes ou crianças do sexo feminino foram igualmente  empregadas em outros setores do parque industrial em funções consideradas “masculinas”. A autora evidencia os níveis de aproveitamento da mão-de-obra feminina no setor industrial de São Paulo, entre os anos finais do século XIX e a década de 1920.

 

MOURA, Esmeralda Blanco Bolsonaro de. Meninos e meninas na rua: impasse e dissonância na construção da identidade da criança e do adolescente na República Velha. Rev. bras. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 19(37), Set. 1999.

RESUMO. A autora analisa a construção da identidade da criança e do adolescente em momento particularmente importante da história da cidade de São Paulo, qual seja, a da passagem para o século XX. Confronta a situação vivida por crianças e adolescentes das camadas economicamente menos favorecidas -- quer na condição de trabalhadores, quer em relação ao abandono e à delinqüência infanto-juvenil -- com as imagens construídas por diferentes discursos em torno da infância e da adolescência na sociedade brasileira. 

 

 

MOURA, Denise Ap. Soares de. Andantes de Novos Rumos: A Vinda de Migrantes Cearenses para Fazendas de Café Paulistas em 1878. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 17(34), 1997.

RESUMO. O texto problematiza o tema da migração de cearenses para São Paulo no ano de 1878, do ponto de vista das práticas que permearam a dinâmica desse movimento.

 

PESAVENTO, Sandra Jatahy. Trabalho livre e ordem burguesa, Rio Grande do Sul: 1870-1900. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):135-151, jan./jul. 1989.

RESUMO. A especificidade regional do processo de desintegração da escravidão a partir de uma perspectiva marxista é o tema do artigo. A autora documenta as dificuldades da pecuária e do charque riograndenses em competirem no mercado nacional de escravos. Os imigrantes, tanto de origem rural como urbana, resistiram à proletarização, mantendo-se como assalariados sazonais na medida em que se mantiveram presos ao sonho da pequena propriedade. A transformação de ex-escravos da indústria do charque em trabalhadores livres foi contemporânea das primeiras tentativas de estabelecimento de colônias agrícolas e outros projetos elitistas de educação foram aspectos concomitantes ao aparecimento de uma mão-de-obra urbana flutuante, temporária e subalternizada.

 

PESAVENTO, Sandra Jatahy. Lugares malditos: a cidade do "outro" no Sul brasileiro (Porto Alegre, passagem do século XIX ao século XX). Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 19(37), Set. 1999.

RESUMO. O trabalho pretende fazer uma análise da especificidade do vocabulário de estigmatização urbana na cidade de Porto Alegre para designar certos lugares, personagens e práticas sociais. Esta linguagem da "alteridade condenada", que delimita a exclusão e a discriminação social, toma sua forma expressiva no momento da consolidação da cidadania, a partir do fim do século XIX, até as duas primeiras décadas do século XX.  

 

PIRES, Julio Manuel & COSTA, Iraci del Nero da. O capital escravista-mercantil: caracterização teórica e causas históricas de sua superação. Estudos Avançados. São Paulo, Universidade de São Paulo - Instituto de Estudos Avançados, 14(38):87-120, jan./abr. 2000.

RESUMO. Propõe-se a existência de uma específica forma de capital, ainda não contemplada pela literatura especializada: a forma escravista-mercantil. Explicitam-se suas limitações lógicas e históricas, seus pressupostos e os resultados de sua ação. Propõe-se ainda a fórmula da categoria capital escravista-mercantil e explicita-se seu funcionamento. Ademais, depois de identificar, no plano hipotético, as condições necessárias à superação de tal forma de capital, os autores apontam as causas históricas imediatas das quais resultou, para distintas áreas das Américas, a aludida superação.

 

PRIORE, Mary del. Viagem pelo imaginário do interior feminino. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 19(37), Set. 1999.

RESUMO. O artigo não  pretende uma pesquisa completa ou uma parcela acabada da história do corpo feminino. O fato de que deste tema emanam tantos problemas, indica a extensão do campo a ser explorado, bem como aquele das diversas abordagens utilizadas nas pesquisas em andamento. Não pretendo entrar nas controvérsias epistemológicas sobre a questão, mas, simplesmente, rascunhar uma história dos corpos femininos a partir das representações predominantemente médicas do século XVIII.

 

RAGO, Margareth. Nos bastidores da Imigração: o Tráfico de Escravas Brancas. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 9(18):145-180, ago./set. 1989.

RESUMO. A autora focaliza a dinâmica do tráfico das "escravas brancas", isto é, de mulheres destinadas a suprir o mercado da prostituição em países como o Brasil e Argentina, nas décadas iniciais do século XX. Comercializadas na Europa Oriental e Ocidental, as "polacas", russas, austríacas, polonesas, francesas, italianas vinham através de redes organizadas de caftens, em meio ao grande fluxo migratório do período. Os grupos de traficantes detinham amplo controle sobre as rotas internacionais do comércio das prostitutas, sobre os bordéis que se constituíam nos centros urbanos, assim como sobre o corpo das estrangeiras, que nem sempre vieram por livre escolha e com pleno conhecimento de causa.

 

RAGO, Luzia Margareth. Os prazeres da noite, prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890-1930). Doutorado, IFCH/UNICAMP, 1990.

RESUMO. A autora estuda as transformações sócio-culturais que afetaram a condição da mulher na cidade de São Paulo. Verifica como se alteram as formas de consumo do amor venal, com a crescente urbanização e industrialização de São Paulo e em que medida a prostituição se torna um problema social. Estuda a produção de discursos “científicos”, de caráter médico, jurídico e criminológico, que informaram as práticas de controle social dos amores ilícitos. Procura, ainda, identificar as funções que o mundo da prostituição preencheu na São Paulo antiga, tanto como espaço de sociabilidade assim como território do desejo. Tenta, ademais, apreender a constituição de uma intensa rede de comercialização de mulheres, as “escravas brancas”, destinadas a suprirem os lucrativos mercados do submundo, na Argentina e no Brasil. Foram utilizados como documentos jornais e revistas da época, romances cujo que tema é a prostituição, teses médicas e tratados jurídicos, além dos relatos de memorialista. Trabalha, também, com entrevistas orais e fotografias. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

RIBEIRO, Arilda Inês Miranda. A educação feminina durante o século XIX: o Colégio Florence de Campinas (1863-1889). Doutorado, FE/UNICAMP, 1993.

RESUMO. A tese tem por objetivo resgatar a história de uma instituição destinada às mulheres da Província de São Paulo e dessa forma recuperar aspectos relativos à educação feminina. A opção pelo estudo da educação feminina no Colégio Florence definiu-se através do critério que envolvia o tempo de permanência durante o Império Brasileiro. Sendo um dos primeiros a ser fundado no II Império, ao contrário dos seus contemporâneos, permaneceu vinte e cinco anos em Campinas. Utilizaram-se como fontes os jornais publicados na época, principalmente “A Gazeta de Campinas” e o “O Diário de Campinas”, além de cartas e diários de professores, alunas e parentes. A intimidade com essa documentação possibilitou o resgate, rico em nuanças, do que ocorria no II Império, tanto na órbita pública, como na esfera privada. O trabalho estrutura-se em cinco capítulos: 1. Antecedentes históricos do Colégio Florence; 2. Colégio Florence de Campinas: aspectos formais e informais da educação feminina; 3. O corpo docente; 4. As discentes e o Colégio Florence; 4. A mudança do Colégio Florence para Jundiaí e seus desdobramentos posteriores. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

 

RIBEIRO, Gladys Sabina & ESTEVES, Martha de Abreu. Cenas de Amor: Histórias de Nacionais e de Imigrantes. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 9(18):217-235, ago./set. 1989.

RESUMO. Os autores descrevem alguns aspectos da vida da população pobre das freguesias do Espírito Santo e de Santana, na cidade do Rio de Janeiro, na virada do século XIX para o XX. A vida nestes bairros cariocas tradicionais, que viram nascer o samba, é reconstituída a partir da análise de dados provenientes dos recenseamentos do período e de histórias recuperadas em processos criminais de homicídio, defloramento e estupro.

 

RIBEIRO, Maria Alice Rosa. História sem fim... um inventário da saúde pública. São Paulo (1880-1930). Doutorado, IE/UNICAMP, 1991.

RESUMO. O estudo trata da formação da saúde pública no Estado de São Paulo, inscrevendo-a na expansão da economia cafeeira, da indústria e das cidades paulistas, na formação do mercado de trabalho livre e nos surtos de epidemias de febre amarela. O trabalho divide-se em quatro capítulos que seguem a preocupação de acompanhar o tema no tempo e no espaço geográfico. Nos tempos das epidemias (1880-1904) conta a história da  política de imigração definida pelo Estado de São Paulo para  abastecer a lavoura de café com trabalhadores livres, do roteiro das epidemias pelas estradas de ferro, seguindo a população e o café, da institucionalização da política de saúde pública. Discute a natureza da reforma urbana nas cidades de Santos e do interior de caráter sanitário e de defesa contra as epidemias.  São Paulo: a capital do café  (1884-1914), o tema da saúde pública é abordado no espaço geográfico da cidade de São Paulo tendo como cenário as transformações da cidade nos fins do século XIX, o crescimento da população, a presença dos imigrantes, a difusão da ciência e da revolução de Pasteur, a expansão do perímetro urbano e da indústria. Discute a reforma da legislação sanitária de 1911 que teve por alvo o saneamento da cidade, da habitação e das condições de vida da população pobre e trabalhadora marcada pela mortalidade infantil, pela tuberculose e pela febre tifóide.  As perturbações no mercado de trabalho e as tensões econômicas provocadas pela Primeira Guerra Mundial encarregam-se de promover a desurbanização do capital, deslocando o excesso de população para o interior. De volta ao interior: o resgate do caipira (1906-1920), para compreender o Código Sanitário Rural de 1917, volta-se para o interior paulista, as epidemias de febre amarela foram extintas, as endemias  assumem seu lugar, acompanhando a expansão da ferrovia Noroeste do Brasil e das plantações de café e de cana e o deslocamento da população. As endemias, úlcera de Bauru, malária, tracoma e amarelão, alastram-se, debilitando a população, sem encontrar obstáculos. As tensões no mercado de trabalho, crise de braços para as lavouras, e o espírito nacionalista, que floresce nos anos de guerra, resultam na tentativa de recuperar a população rural abandonada às endemias, lançando o Código Sanitário Rural. De volta à capital: a metrópole do capital (1920-1930),  para desvendar o caráter da reforma sanitária de 1925, a cidade de São Paulo e a década de 20 passam a cenário. A cidade transforma-se na metrópole industrial, do operário de fábrica e do modernismo. O mercado de trabalho paulista recebe o migrante nacional. As rupturas dos anos vinte -- com a política imigratória, com o academicismo e com o capital comercial -- não livram a cidade de suas misérias -- mortalidade infantil, tuberculose e febre tifóide. As instituições de saúde pública voltam-se para higienizar a população pobre e trabalhadora, por meio da educação sanitária. A nova concepção efetivamente pouco contribuiu para fazer avançar a saúde pública e os  problemas permanecem ou retornam de tempo em tempo. (Extraído do Catálogo de Resumos - Teses e Dissertações: Pesquisas no Acervo do Arquivo Edgard Leuenroth, 1998).

  

RODRIGUES, Jaime. Liberdade, humanidade e propriedade: os escravos e a Assembléia Constituinte de 1823. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, IEB-USP, (39):159-167, 1995.

RESUMO. Este ensaio aborda as questões acerca da liberdade dos escravos mediante a discussão de um caso particular, na Assembléia Constituinte brasileira de 1823. Através da solicitação de um grupo de escravos, podemos avaliar suas estratégias no âmbito da discussão parlamentar, bem como o papel de senhores e parlamentares, no início do século XIX. Temos aqui algumas evidências de que, além do confronto cotidiano direto entre senhores e escravos e do confronto na arena judicial, o parlamento também foi visto pelos escravos como um campo de luta no interior da escravidão brasileira no século XIX.

 

RODRIGUES, Jaime. De costa a costa: escravos e tripulantes no tráfico negreiro (Angola-Rio de Janeiro, 1780-1860). Doutorado em História Social, Campinas, IFCH/Unicamp, 2000.

RESUMO. A partir de um diálogo com a historiografia que se debruçou sobre
os volumes numéricos do tráfico negreiro entre Angola e o Rio de Janeiro o autor discute o comércio de escravos como elemento da história social da escravidão. Considerando a escravidão como um processo marcado por especificidades no tempo e  no espaço, o estudo recupera a ação de diversos sujeitos históricos envolvidos no tráfico entendido, por sua vez,  como uma fase importante da escravização. São analisados os conflitos e negociações em Angola, envolvendo os interesses da Coroa portuguesa, dos soberanos africanos, dos estrangeiros envolvidos no contrabando e dos agentes intermediários da compra/troca de cativos (no litoral e nas feiras do interior de Angola). Além destes interesses, destacam-se as relações estabelecidas entre marinheiros e oficiais dos navios negreiros e os africanos embarcados, tendo em vista a importância dessa experiência para a vida e a cultura desses homens. Discute-se, ainda, a importância das transformações técnicas ocorridas nas embarcações para as mudanças no processo de trabalho no mar, sua influência sobre o tempo das viagens negreiras e a mortalidade de escravos e marinheiros. A saúde a bordo, as discussões médicas sobre as moléstias e as terapias adequadas para as doenças que mais atingiam os embarcadiços e os cativos, as vistorias de saúde no porto do Rio de Janeiro e o papel delas como ponto de divergência entre traficantes e autoridades (coloniais e imperiais) também são discutidos. Por fim, a resistência dos africanos -- em terra e a bordo dos navios -- e o impacto do desembarque no Rio de Janeiro encerram o trabalho e a discussão do tráfico como período essencial na análise das transformações desses homens e mulheres em escravos -- um processo que, em sua continuidade, levaria em conta essas experiências.

 

SAMARA, Eni de Mesquita. A família Negra no Brasil. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):27-44, jan./jul. 1989.

RESUMO. O artigo discute as dificuldades da historiografia contemporânea para estudar o casamento entre escravos, particularmente o problema do difícil acesso a fontes específicas, sugerindo testamentos manuscritos, onde vem descrita a vida familiar de escravos e libertos. Passa em revista diferentes trabalhos historiográficos, confrontando dados. Cerca de um terço da população escrava e/ou liberta era casada ou vivia em uniões consensuais estáveis. Também aborda o estudo de casamentos mistos, entre os quais discerne a tendência ao casamento inter pares, reforçando o padrão de dominação das elites.

 

SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá de. Na curva do tempo, na encruzilhada do Império: hierarquização social e estratégias de classe na produção da exclusão (Rio de Janeiro, c.1650-c.1750). Niterói, UFF, tese de doutoramento, 2000, mimeografado.

 Esta tese tem por objeto a evolução econômica da capitania do Rio de Janeiro entre 1650 e 1750. A partir deste estudo de caso buscamos lançar luz sobre as transformações econômicas que ocorrem nesse período em toda a América Portuguesa, as quais têm tido pouca atenção dos historiadores. O Rio de Janeiro, nesse sentido, é um locus privilegiado para tal estudo, tanto pelo seu significativo papel no interior da atividade açucareira quanto por sua participação destacada nas transformações ocorridas no Centro-Sul após a descoberta do ouro nas Minas Gerais. Entretanto, essa análise não é suficiente se não levarmos em conta o caráter profundamente hierarquizado e excludente da sociedade colonial. Para atingirmos esse objetivo, estudamos as características de atuação e a evolução da elite colonial, representada aqui por senhores de engenho e homens de negócio.

 

SAMPAIO, Patrícia Maria Melo.  Os Fios de Ariadne: tipologia de fortunas e hierarquias sociais em Manaus, 1840-1880. Mestrado em História, Niterói, UFF, 1994. 

RESUMO. Nesta dissertação, basicamente, elabora-se uma tipologia para as fortunas existentes na cidade de Manaus (Província do Amazonas) no período 1840-1880. Para a compreensão da natureza do processo de acumulação mercantil, a autora descreve e analisa os dados demográficos disponíveis para o período, a configuração e organização do processo produtivo da região -- predominantemente voltado para a agricultura de subsistência e o extrativismo --, os mecanismos de crédito e os fatores da produção agrícola. Além desta tipologia de fortunas e do detalhamento da composição dos ativos nos processos de inventários post-mortem da cidade, o trabalho também busca estabelecer -- com emprego de técnicas de reconstituição baseadas em procedimentos metodológicos da micro-história -- as hierarquias sociais decorrentes de um processo de acumulação desigual e perverso que engendrou uma sociedade profundamente hierarquizada marcada pelo predomínio do capital mercantil.

 

SCHMERTMANN, Carl P. & CAETANO, André Junqueira. Estimating Parametric Fertility Models with Open Birth Interval Data. Demographic Research, Rostock (Alemanha), The Max Planck Institute for Demographic Research, vol. 1, n. 5, 1999. O original deste e dos demais artigos publicados na Demographic Research encontra-se no site dessa publicação eletrônica:

http://www.demographic-research.org

RESUMO. In the past thirty years, more than 100 censuses gathered fertility data through questions on women's date of last birth. The standard "births last year" (BLY) approach for such data truncates timing information, using binary indicators for births in the prior year only. The first author recently proposed consistent, maximum-likelihood estimation approaches using untruncated date of last birth (DLB). In this paper we extend DLB techniques to parametric models. We construct estimators for Coale-Trussell M and m parameters from open interval lengths. We apply the new procedure to Brazilian census data, producing maps and spatial statistics for BLY and DLB m estimates in 723 municipalities in Minas Gerais. DLB estimators are less sensitive to sampling error than BLY estimators. This increased precision leads to clearer spatial patterns of fertility control, and to improved regression. (Reproduzido do site indicado acima).

 

SCHUELER, Alessandra F. Martinez de. Crianças e escolas na passagem do Império para a República. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 19(37), Set. 1999.

RESUMO. O artigo aborda o processo de escolarização ocorrido nos principais centros urbanos brasileiros a partir de meados do século XIX. Os debates, propostas e políticas públicas educacionais, direcionadas para as então denominadas "crianças pobres", no contexto de transformação das relações de trabalho, constituem as preocupações centrais deste ensaio.

 

SCHWARTZ, Stuart B. Mentalidades e estruturas sociais no Brasil colonial: uma resenha coletiva. Economia e Sociedade, Campinas (13):129-153, dez. 1999.

RESUMO. O autor resenha e discute parte da produção historiográfica que busca redefinir e redirecionar o estudo do passado colonial brasileiro. Até recentemente a moderna historiografia brasileira tratava, preferencialmente, de assuntos relativos à economia política, pacto colonial, questões concernentes à escravidão e anomalias decorrentes de uma sociedade multirracial. Historiadores de linhas radicalmente diferentes chegaram a um consenso quanto à idéia do Brasil como uma colônia mercantilista cuja economia estruturava-se no latifúndio escravista orientado para a exportação, liderada por uma aristocracia de fazendeiros que determinava de várias formas sua vida social, mesmo nas regiões não dedicadas à produção de bens exportáveis. Se este consenso dominou o pensamento histórico brasileiro por meio século, ele passa hoje por uma séria revisão. O ataque tem partido tanto de historiadores de formação marxista que privilegiam como objeto de estudo a estrutura econômica e suas relações com a organização da sociedade, como também de  estudiosos mais interessados nas atitudes e idéias que se formaram em meio a estas estruturas e relações sócio-econômicas.

 

SOARES, Luiz Carlos. O roubo de escravos no Rio de Janeiro e o tráfico interno paralelo: 1808-1850. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):121-133, jan./jul. 1989.

RESUMO. A documentação policial da Corte na primeira metade do século passado evidencia a freqüência de um comércio ilícito de escravos roubados e revendidos para as províncias vizinhas. Delineia-se a par do tráfico internacional de contrabando, um comércio marginal a preços menores, controlados em sua maioria por ciganos e seus intermediários. Também envolvia capitães-de-mato ou quadrilhas muito bem organizadas. Era um meio de fornecer mão-de-obra mais barata a pequenos proprietários. Por vezes este comércio envolvia libertos em alforria condicional, evidenciando uma circulação clandestina de parentes escravos.

 

TELLES, Edward E. & LIMA, Nelson. Does it matter who answers the race question? Race classification and income inequality in Brazil. Demography, vol. 35, n. 4, nov. 1998, p. 465-474.

RESUMO. Previous studies of racial inequality have relied on official statistics that presumably use self-classification of race. Using novel data from a 1995 national survey in Brazil, we find that the estimates of racial income inequality based on self-classification are lower than those based on interviewer classification. After human capital and labor market controls, whites earn 26% more than browns with interviewer classification but earn only 17% more than browns with self-classification. Black-brown differ­ences hardly change: Blacks earn 13% and 12% less than browns with interviewer classification and self-classification, respec­tively. We contend that interviewer classification of race is more appropriate because analysts of racial inequality are interested in the effects of racial discrimination, which depends on how others classify one's race. (Extraído da Review of Population Reviews).

 

TELLES, Norma. Rebeldes, Escritoras, Abolicionistas. Revista de História - Nova Série, São Paulo, (120):73-83, jan./jul. 1989.

RESUMO. A autora resgata a memória de duas escritoras abolicionistas do século passado, analisando sua militância e suas críticas à sociedade escravista. Aborda de início o livro Ursula de Maria Firmina dos Reis (1859), que teria sido não somente um precursor dos escritos abolicionistas de Castro Alves, mas também o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil. Da mesma autora, também analisa o livro A escrava, de 1877. Outra pioneira foi Narcisa Amália, abolicionista militante, que publicou a obra intitulada A família Medeiros na qual descreve com minúcias assustadoras e provocantes uma revolta de escravos numa fazenda de café.

 

TRINDADE, Judite Maria Barboza. O abandono de crianças ou a negação do óbvio. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 19(37), Set. 1999.

RESUMO. O artigo apresenta a trajetória do abandono de crianças desde o século XVIII até o surgimento de menores abandonados enquanto "problema social". Essa trajetória é buscada na historiografia, sobretudo francesa, e na literatura médica e jurídica até o início do século XX, período no qual se constróem políticas sociais específicas para o atendimento de menores abandonados.

 

VENÂNCIO, Renato Pinto. Famílias abandonadas: assistência à criança de camadas populares no Rio de Janeiro e em Salvador -- séculos XVIII e XIX. Campinas, Papirus, 1999.

 RESUMO. As instituições destinadas a auxiliar crianças abandonadas no Brasil começaram a existir no período colonial. Este livro não apenas reconstrói criticamente a história dessas instituições no Rio de Janeiro e em Salvador, como compara os modelos assistenciais em voga no Brasil e na Europa nos séculos XVIII e XIX. Para os administradores das instituições européias tornou-se primordial manter as crianças junto a seus pais. No Brasil, ao contrário, imperou uma prática que implicava o rompimento dos laços familiares, com o recolhimento das crianças às instituições. O abandono de meninos e meninas brasileiros, recém-nascidos, em sua grande maioria, era interpretado como uma prova de irresponsabilidade paterna e de desamor materno. Vista por um prisma de longa duração, a falência das instituições de assistência infantil no Brasil contemporâneo decorre, em parte, da secular incapacidade da cultura oficial em compreender as formas de organização das famílias pobres. De maneira objetiva e coerente, o autor explica, com base nos últimos três séculos, de que modo a "assistência" se subordinou ao "rompimento dos laços familiares". 

 

VENÂNCIO, Renato Pinto. Os Últimos Carijós: Escravidão Indígena em Minas Gerais: 1711-1725. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 17(34), 1997.  

RESUMO. O autor analisa a relação entre os senhores e seus respectivos índios em Minas Gerais durante o século XVIII. Baseado nas listas de capitação da cidade de Mariana, o articulista calcula a proporção de carijós em relação ao conjunto da população escrava.

 

 

 

Notícia Bibliográfica

 

O CICRED - Committee for International Cooperation in National Research in Demography já está a distribuir o ACERD - 2000 Annuaire des Centres d'Etudes et de Recherches en Démographie (Directory of Population study and Research Centres), Cicred, França, 2000, 164 p. Este útil rol de centros de pesquisa é distribuído graciosamente; para solicitar um exemplar dirija-se ao endereço postal abaixo ou escreva um e-mail para o endereço eletrônico cicred@cicred.ined.fr . O mesmo rol também consta do site da instituição: http://www.cicred.ined.fr  

 

Endereço Postal:

CICRED

Committee for International Cooperation in

National Research in Demography

133  Boulevard Davout

75980  PARIS  Cedex 20

FRANCE

BARICKMAN, B. J. A Bahian counterpoint: sugar, tabaco, cassava and slavery in the Recôncavo, 1780-1860. Stanford, Stanford University Press, 1998.

 

Este estudo procura integrar os trabalhos sobre a produção e comercialização de alimentos para as necessidades locais, a escravidão e a agricultura de exportação. O livro examina a história sócio-econômica da região do Recôncavo na capitania-província da Bahia, na qual se produzia açúcar e tabaco. O autor mostra a importância da produção mercantil de alimentos para o consumo interno nesta economia exportadora. Ele compara a utilização dos escravos nas três principais culturas: açúcar, tabaco e mandioca. Esta comparação permitiu evidenciar uma complexa e variada estrutura de produção.

BRANDÃO, Tanya Maria Pires. O escravo na formação social do Piauí: perspectiva histórica do século XVIII. Teresina, Editora da UFPI, 1999.

 

A autora estuda a economia e a demografia escrava no Piauí durante o século XVIII. A atividade criatória permitiu a consolidação do regime de trabalho escravo, com perfil sócio-econômico semelhante ao restante do Brasil. Ela baseou-se num rico leque de fontes documentais, como, por exemplo, inventários e correspondências. Este trabalho é a dissertação de mestrado da autora, defendida na UFPE em 1984 sob orientação do Prof.  Armando Souto Maior.

  

VASCONCELOS, Sylvana Maria Brandão. Ventre livre, mãe escrava: reforma social de 1871 em Pernambuco. Recife, Editora Universitária da UFPE, 1996. 

 

O eixo central deste trabalho é a análise da repercussão em Pernambuco da política emancipacionista do governo imperial, iniciada em 1866 e materializada na Lei do Ventre Livre promulgada em 28 de setembro de 1871. Desta proposição decorre a investigação, a partir dos meados do século XIX, dos fatores internos à província de Pernambuco associados à esfera nacional, que motivaram o apoio legado pelos poderes provinciais durante o processo de elaboração, sancionamento e aplicação da Lei Rio Branco. A participação ativa dos escravizados é focalizada como um dos componentes decisivos à eficácia da referida lei, desde o seu encaminhamento e, principalmente, no decorrer de sua aplicação. Este trabalho é a dissertação de mestrado em história da autora, defendida na UFPE em 1984.

CARVALHO, Marcus J. M. de. Liberdade: rotinas e rupturas do escravismo no Recife, 1822-1850. Recife: Editora Universitária da UFPE, 1998.

 

"Liberdade que não é uma condição definitiva, consumada ou não, mas um permanente vir a ser. Um processo que pode avançar muito, pouco, às vezes até recuar. (...) Os escravos do Recife [PE] são os personagens  centrais desta história.  Mas eles não aparecem isolados no texto, que procura sempre relacionar os vários agentes históricos, sem amenizar os atritos, colaboração e conflitos, dentro de uma dinâmica histórica aberta, na qual as possibilidades são muitas."  O livro está organizado em três partes.  A primeira procura mostrar a distribuição das pessoas na cidade. A segunda trata do tráfico de escravos. A última refere-se à resposta dos escravos aos reajustes sofridos pelo escravismo e pelo tráfico naqueles anos.

 

 

 

Publicações Recebidas

 

CICRED Newsletter. Paris, Cicred, número 1, março de 2000. Trata-se de Boletim do Committee for International Cooperation in National Research in Demography e que passou a circular a contar de março.

 

Review of Population Reviews. Paris, Cicred, número 91-92, jan.-jun. 1999; número 93-94, jul.-dez. 1999.

 

COSIO-ZAVALA, Maria Eugenia (ed.). Women and families: evolution of the status of women as a factor and consequence of changes in family dynamics. Paris, CICRED/UNFPA/UNESCO, 1997, 448 p. 

 

Endereço:

CICRED

Committee for International Cooperation in

National Research in Demography

133  Boulevard Davout

75980  PARIS  Cedex 20

FRANCE

cicred@cicred.ined.fr

http://www.cicred.ined.fr .

 

 

Informativo ABEP. Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Estudos de População, n. 58, maio de 2000, 20p.

 

Publicação indispensável aos que desejam informações sobre eventos e atividades na área dos estudos demográficos nos planos nacional e internacional.

 

Endereço:

Secretaria da ABEP

Rua Dois Irmãos, 92

Apipucos

52071-440  RECIFE  PE

BRASIL

secabep@fundaj.gov.br 

http://www.abep.org.br 

 

 

ALVES, Maurício Martins. Caminhos da pobreza: a manutenção da diferença em Taubaté (1680-1729). Taubaté, Prefeitura Municipal de Taubaté, 1998, (Taubateana, n. 18), x+181 p.

 

"O presente livro é... inovador em variados sentidos. Em primeiro lugar, aposta em uma história social rica e complexa, que mantém firme diálogo com outras disciplinas (economia, demografia e antropologia), mas sem perder sua especificidade -- o diálogo com o tempo, com o movimento, com a transformação. Do ponto de vista da época, trata-se de um trabalho ímpar, por fincar pé no campo cada vez menos privilegiado da história colonial. Quanto ao espaço, privilegia o regional, na convicção de que o micro pode iluminar o macro em variados sentidos.

 

"Caminhos da Pobreza discute com clássicos locais e nacionais, redefine cronologias e forja novas perspectivas para a apreensão do impacto regional da montagem da economia mineradora. Mostra que parte dos recursos diretos e indiretos por esta gerada permaneceram na Colônia, consoante ao ethos que presidida a sociedade colonial -- o de subordinar-se a economia às relações sociais, transformando-a, sobretudo, em instrumento de reiteração da diferenciação, portanto, da exclusão social. Alerto, por fim, para o ineditismo com que Maurício acompanha não apenas a substituição da mão-de-obra escrava indígena pela de origem africana, como também os processos de interação entre ambas, e isto em um campo tão determinante como o das relações parentais." (da apresentação, elaborada por Manolo Florentino, que orientou essa dissertação de mestrado, ora publicada).

 

Conheça a home page de Maurício M. Alves:

http://sites.uol.com.br/histau/index.htm 

 

 

LPH: Revista de História. Mariana, Dep. de História da Universidade Federal de Ouro Preto, n. 9, 1999.

 

Artigos de interesse para a área de história demográfica:

 

GODOY, Marcelo Magalhães & SILVA, Leonardo Viana da. As artes manuais e mecânicas na província de Minas Gerais: um perfil demográfico de artífices e oficiais. LPH: Revista de História, Mariana, Dep. de História da Universidade Federal de Ouro Preto, n. 9, 1999, p. 59-110.

 

CARRARA, Ângelo Alves. Escravismo, campesinato e capitalismo na zona da Mata central de Minas Gerais: 1767-1890. LPH: Revista de História, Mariana, Dep. de História da Universidade Federal de Ouro Preto, n. 9, 1999, p. 111-142.

 

SAMPAIO, Antonio Carlos Jucá de. Distribuição da riqueza e formas de acumulação numa economia escravista (Magé, 1850-1888). LPH: Revista de História, Mariana, Dep. de História da Universidade Federal de Ouro Preto, n. 9, 1999, p. 143-168.

 

Endereço:

LPH-ICHS

Universidade Federal de Ouro Preto

Rua do Seminánio s/n.

35420-000 MARIANA MG

BRASIL

lph@ichs.ufop.br 

 

 

Censo de Demografia Histórica

 

 

Thomas T. Orum
Bowie State University
Department of History
Bowie State University
14000 Jericho Park Road
Bowie,Maryland
U.S.A
nsdor@aol.com

Interessado particularmente na demografia de Afro-Brasileiros e Lusitanos na Amazônia, séculos XVII, XVIII e XIX.


Paulo Sérgio Silvino do Nascimento
Fundação Universidade Regional do Cariri - URCA

Rua do Cruzeiro, 1.368
Bairro S. Miguel
63010-070  Juazeiro do Norte  CE
Brasil

pssn@mailbr.com.br

Mestrando em Desenvolvimento Regional. Tema: Caracterizar os romeiros de Juazeiro do Norte, Ceará.

 

 

 

 

Pesquisas em andamento

 

 

ANDRIETTA, Selma Árabe. As fronteiras de Mariana: frente de expansão agrícola em Minas Gerais, século XIX.

RESUMO. Os estudos a respeito da história de Minas Gerais, no período de crise da mineração, ainda são raros. O presente projeto, através de uma análise de caso, tem por objetivo contribuir para que parte dessa lacuna seja preenchida. Para tanto, nossa pesquisa procura analisar a organização do sistema econômico de Mariana, no período compreendido entre 1819 e 1821. A escolha desse período teve como critério a existência de ricas fontes documentais -- listas nominativas, inventários post-mortem, documentação camarária etc. -- assim como os resultados de outras pesquisas que indicam a consolidação, no início do século XIX, da agro-pecuária na região. Procuraremos investigar as relações mantidas entre o centro minerador marianense e as regiões de expansão da fronteira agrícola, localizadas na Zona da Mata (MG). Nosso principal objetivo é o de mostrar como a antiga área mineradora, sede do poder político-institucional e local de concentração de grandes comerciantes, criou meios de transferência de renda (via, por exemplo, a cobrança de impostos e o controle do crédito), garantindo assim a própria sobrevivência econômica no período pós-minerador.

 

 

 

Notícias e Informes


Nosso colega Armando Alves Filho cujo e-mail é armando@amazon.com.br e que mantém o site http://www.contandohistoria.pro.br lançou duas novas seções que merecem a atenção dos historiadores, são elas:

 

"Resenhas" http://www.contandohistoria.pro.br/resenhas.htm
e "Teses (resumos)" http://www.contandohistoria.pro.br/teses.htm

TRABALHOS APRESENTADOS NO V CONGRESSO INTERNACIONAL DA BRAZILIAN STUDIES ASSOCIATION, RECIFE (PE), 18 A 21 DE JUNHO DE 2000.

 

BARICKMAN, B. J. & FEW, Martha. Free women of color as household heads in rural Bahia in the early nineteenth century: survival and hierarchy.

 

CARVALHO, Marcus J. M. Fronteiras do controle: o caso do Recife, 1825-1831.

 

COLLINS, Jane Marie. The rhetoric and reality of miscegenation: manumission, race and gender in brazilian slave society.

 

CONSTANTINO, Núncia Santoro de. Italianidades na cidade brasileira (imigrantes em Porto Alegre).

 

CRUDO, Matilde Araki. Os aprendizes da guerra. Origem e destino social de meninos pobres, órfãos ou abandonados que viveram internados no Arsenal de Guerra de Mato Grosso.

 

CUNHA, Maria Amália. Mulheres migrantes chefes de família.

 

CYTRYNOWICZ, Roney. Os incluídos na história: 500 anos de presença judaica no Brasil.

 

GOMES, Flávio dos Santos. Nas fronteiras da liberdade: índios, negros e fugitivos na Amazônia colonial oriental.

 

JOHNSON, Elizabeth. Os escravos de São Bento: slave families and inheritance practice in colonial São Paulo.

 

KARASH, Mary C. The periphery of the periphery: Vila Boa de Goiás, 1780-1822.

 

KUZNESOF, Elizabeth A. The "Juiz dos Orphãos" and the proper treatment of children in Brazil, 1850-1920.

 

LEWIN, Linda. A questão da mancebia na política pública da regência: legisladores, bispos e a reforma da vida particular brasileira.

 

LEWKOWICZ, Ida. Mancebia e ilegitimidade: os problemas da Igreja e do Estado.

 

MAHONY, Mary Ann. Slaveowners, slaves and libertos on the nineteenth century southern bahian frontier.

 

PERARO, Maria Adenir. Parentesco espiritual e ilegitimidade em Cuiabá, século XIX.

 

SCOTT, Ana Sílvia Volpi. Tal mãe, tal filha: duas sociedades com propensão à bastardia.

 

 

ARQUIVOS EM FOCO

 

Arquivos & Municípios, site votado aos arquivos municípais, mantido por Janice Gonçalves (jgoncalves@beenet.com.br)

http://www.geocities.com/arquivosmunicipais/index.html

ARQ-SP, Associação de Arquivistas de São Paulo

http://www.arqsp.org.br/

Endereço Postal

Av. Prof. Lineu Prestes, 338 Sala N

05508-900 - São Paulo - SP

fone/fax: (0xx11) 3818-3795

Arquivo do Estado de São Paulo http://www.arquivoestado.sp.gov.br/

  

CONHEÇA O SITE DO LABHISS

O Laboratório de História, Saúde e Sociedade foi criado em março de 2000 por integrantes do Departamento de História da Universidade Federal de Santa Catarina. Seu objetivo é envolver professores, alunos de graduação e de pós-graduação em pesquisas, assessorias, cursos, palestras e outras atividades relacionadas com a área de história da saúde. O LABHISS busca proporcionar um espaço de reflexão sobre as diversas formas de relacionamento do homem com a saúde e a doença, tendo a história como pano de fundo.

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