BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA
Ano VIII, no. 22, setembro de 2001
SUMÁRIO
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
Este número de nosso BHD distingue-se por três motivos. Pela quantidade e pela qualidade do material publicado, seja o concernente a autores brasileiros, seja o referente a nossos colegas estrangeiros; pela incorporação de novos autores cujas dissertações e teses marcam o início de carreiras acadêmicas votadas ao estudo da formação das populações brasileiras e, por fim, pela reprodução de dossiê respeitante a controvérsia na qual se viram envolvidos, em torno do conteúdo de publicação recentemente dada a lume, alguns colegas nossos de Juiz de Fora. Trata-se, pois, de material farto e diversificado que atesta o ininterrupto avanço dos estudos da demografia histórica entre nós.
Para conhecer os textos da controvérsia de nossos colegas de Juiz de Fora percorra os arquivos indicados abaixo.
AGUIAR, Davi Peres. Fronteira e identidade na visão de Sérgio Buarque de Holanda em São Paulo colonial. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 2000), 110 p., mimeografado.
RESUMO. Investiga-se a formação da gente paulista em São Paulo colonial segundo a visão de Sérgio Buarque de Holanda. Problematiza-se o encontro das culturas luso-sertaneja e tupi na formação da sociedade colonial paulista. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
ANDRADE, Rômulo. Escravidão e cafeicultura em Minas Gerais. O caso da Zona da Mata. Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 11(22): 93-131, mar/ago. 1991.
RESUMO. O autor enfoca alguns municípios da zona da mata, cujo sistema agrário repetia o processo de produção escravista sem alterar qualitativamente os seus aspectos técnicos, diferentemente do processo de beneficiamento que se aprimorou ao longo do tempo. A idéia de que a pequena propriedade rural sustentava a economia cafeeira regional é revisada, utilizando-se inventários post-mortem. Procura-se a autonomia das unidades produtivas em relação ao mercado, tanto no tocante ao abastecimento, quanto a vários serviços realizados internamente. O escravo da zona da Mata, o maior dos investimentos dos proprietários rurais e o maior contingente da Província, é visto sob o duplo aspecto de sua origem e de sua reposição via tráfico inter e intraprovincial. São vistos também o aluguel e seu acesso aos circuitos mercantil e financeiro.
BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. A escravidão miúda em São Paulo Colonial. In: SILVA, Maria Beatriz Nizza da (org.). Brasil: colonização e escravidão. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000, p. 239-254.
RESUMO. O autor se propõe a enfocar o uso restrito de escravos no pouco conhecido ambiente do abastecimento interno e da auto-subsistência. O cenário para tal análise é a vila de Sorocaba, na capitania de São Paulo, comunidade profundamente envolvida, ao longo dos séculos XVIII e XIX, no amplo mercado de abastecimento interno de muares e de gêneros de primeira necessidade -- fundamentalmente o milho -- para tropas, tropeiros e habitantes dos principais núcleos urbanos circunvizinhos.
BERTIN, Enidelce. Alforrias em São Paulo do século XIX: entre a conquista escrava e o paternalismo senhorial. São Paulo, FFLCH da USP, Mestrado em História Social, 2001, 190 p., mimeografado.
RESUMO. Esta dissertação é o resultado de um estudo sobre a prática da alforria na cidade de São Paulo durante o século XIX, realizado com base nas Cartas de Liberdade registradas nos 1o. e 2o. Cartórios da Capital. Produzida pelos senhores de escravos, a carta de liberdade reforçou o caráter concessivo da alforria minimizando a condição de sujeito do escravo na conquista da sua liberdade. O conjunto de cartas de liberdade contemplado revelou-se de grande importância para o entendimento da prática da alforria na cidade de São Paulo no correr do século XIX. Tais registros denunciaram facetas do viver escravo na cidade e arredores, tais como as formas de domínio usadas pelos proprietários, suas tentativas para ampliar a dominação sobre o escravo e o recém-liberto, além do esforço dos cativos para livrarem-se da escravidão. Entre o paternalismo senhorial e a conquista escrava, as alforrias resultaram de diferentes estratégias dos senhores e dos escravos. Pode-se afirmar, pois, que a consideração crítica do conteúdo desses documentos permitiu recuperar, além da política senhorial paternalista, a participação escrava nas alforrias, assim como suas estratégias de sobrevivência no contexto da urbanização paulistana. Os registros de alforrias também permitiram a observação das uniões familiares dos escravos e sua importância na conquista da liberdade. A partir das cartas de liberdade verificou-se que a união do escravo com um cônjuge liberto ampliava a possibilidade de formação do pecúlio; contudo, a maioria das famílias escrava era composta apenas pela mãe e seus filhos, o que não impediu que esta encontrasse os meios de resgatar a liberdade das crianças.
BORGES, Cláudia Cristina do Lago. Cativos do sertão: um estudo da escravidão no Seridó -- Rio Grande do Norte. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 2000), 134 p., mimeografado.
RESUMO. Estuda-se a escravidão no Seridó, região do semi-árido do Rio Grande do Norte. Enfoca-se o processo de ocupação do sertão por pecuaristas, canavieiros e mineradores de Pernambuco, Paraíba e Bahia; a escravidão, que apresentou reduzido número de cativos; considera-se, também, a Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, criada em 1771, e que congregava forros e cativos, definindo-se como centro de resistência às influências e pressões sociais -- Igreja, Estado e sociedade local -- e às calamidades climáticas. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
BUENO, Wilma de Lara. Uma cidade bem amanhecida: vivência e trabalho das mulheres polonesas em Curitiba. Curitiba, Aos Quatros Ventos, 1999.
RESUMO. A autora recupera as múltiplas atividades e representações que a sociedade curitibana produziu com respeito à colona polonesa.
FERLINI, Vera Lucia Amaral. Estrutura agrária e relações de poder em sociedades escravistas: perspectivas de pesquisas de critérios de organização empresarial e de mentalidade econômica no período colonial.
RESUMO. O artigo aponta possibilidades de investigação dos conteúdos dos referenciais econômicos da Época Moderna, na qual se moveu a empresa de expansão e colonização. Partindo da análise da economia açucareira colonial no Brasil, busca apreender o universo mais amplo da vida econômica do período e questiona as abordagens do resultado financeiro das empresas coloniais a partir de critérios pertinentes à racionalidade capitalista.
FREITAS FILHO, Almir Pita. Tecnologia e escravidão no Brasil: Aspectos da modernização agrícola nas exposições nacionais da segunda metade do século XIX (1861-1881). Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 11(22): 71-92, mar/ago. 1991.
RESUMO. O artigo representa uma contribuição ao estudo das inovações técnicas verificadas na agricultura escravista brasileira a partir da segunda metade do século XIX, tendo como fonte principal os Relatórios e Catálogos das Exposições Nacionais realizadas em 1861, 1866, 1873, 1875 e 1881. Esses certames, ao exporem diversos instrumentos de cultivo, preparo do solo e máquinas de beneficiamento de produtos agrícolas, forneciam um panorama do estágio técnico da agricultura brasileira. As exposições atuaram como um importante veículo de incentivo à modernização do país, além de documentarem o esforço modernizador levado a efeito pela parcela ilustrada da aristocracia escravista, que buscava conciliar as inovações técnicas com o emprego de mão-de-obra escrava.
GHANI, Dayse de Freitas Ackel. A imigração japonesa em Mogi das Cruzes: os caminhos da identidade, 1915-1945. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 1999), 180 p., mimeografado.
RESUMO. Estuda-se a imigração japonesa em Mogi das Cruzes a partir de 1915. Na década de 1940 já eram 3.500, 80% dos quais já possuíam propriedades rurais. Cocuera constituiu o núcleo inicial da colônia mogiana de japoneses, essencialmente rural e de alta sociabilidade interna. Apresentam-se aspectos da vida associativa derivados de mura (comunidades rurais do Japão), incorporando estilos de vida inerentes à aquisição da nova identidade nacional. Leis xenófobas do Estado Novo fizeram surgir o fenômeno dos "vitoristas" e "derrotistas" e o das sociedades secretas, como a Shindo Renmei. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
JACINTHO, Rosemeire D'Ávila. Cenas e cenários de vida dos imigrantes espanhóis em Bauru, 1892-1930. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 2000), 182 p., mimeografado.
RESUMO. A autora estabelece a história de Bauru (SP) entre 1892 e 1930 mediante a história de vida de algumas famílias de imigrantes espanhóis pioneiros. Analisa seu cotidiano e modo de vida, os modos de ascensão social e econômica, bem como a manutenção da identidade que, apesar do processo de assimilação às novas condições de vida encontradas no novo mundo, não se diluiu no contexto da sociedade receptora. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
KLEIN, Herbert S. & LUNA, Francisco Vidal. Free Colored in a Slave Society: São Paulo and Minas Gerais in the Early Nineteenth Century. Hispanic American Historical Review, 80:4, p. 913-941, November 2000.
RESUMO. O trabalho trata da inserção dos livres de ascendência africana na população livre em São Paulo e Minas Gerais no início do século XIX. Evidenciou-se expressiva participação de mulatos, pardos e negros entre os livres, fruto de um intenso processo de miscigenação entre brancos de origem européia e os negros de origem africana. As evidências demonstram que no Brasil a participação mulatos, pardos e negros entre os livres suplantava a de qualquer outra região americana no mesmo período, com participação ativa em todos os segmentos da sociedade. Estavam representados entre os proprietários de escravos e na maioria das atividades econômicas, tanto na agricultura como no comércio e no artesanato. Entretanto, quando comparados aos brancos, representavam um grupo relativamente pobre, evidenciado pela menor proporção de proprietários de escravos, pela reduzida média de escravos possuídos e pela distribuição entre as atividades econômicas, pois estavam melhor representados nas funções socialmente menos valorizadas.
KLEIN, Herbert S. & LUNA, Francisco Vidal. African-born Slaves in the São Paulo Economy, 1804-1850," in Françoise Crouzet, et al (ed.) Pour l'histoire du Brésil (Paris: L'Harmattan, 20000), p. 423-434.
RESUMO. A partir dos primeiros anos do séculos XIX evidenciava-se em São Paulo um intensa penetração dos escravos em todas as atividades econômicas, mesmos naquelas não relacionadas com a produção para exportação. E tais escravos eram em larga medida nascidos na África. Ou seja, mesmo antes da intensificação da cafeicultura em São Paulo, ocorrida a partir dos anos trinta do século XIX. No primeiro quartel do século a economia paulista baseava nos cultivos de alimentos e na pecuária. Na região do Oeste Paulista desenvolvia-se a produção açucareira, importante para a economia regional, mas pouco expressiva em termos nacionais. No Vale do Paraíba despontava a cafeicultura em algumas vilas, como Areias, ainda em pequena escala se comparada ao padrão que ocorreria na segunda metade do século. Mas já nesse período os escravos nascidos na África representavam cerca da metade da população escrava existente em São Paulo. Além disso, evidenciam-se entre os escravos taxas negativas de crescimento natural; seu crescimento exigia novas importações.
LEITE, Sarah Ayesha. Le donne immigrante: famiglia, lavoro, vita. As italianas em Franca, 1900-1934. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 2000), 209 p., mimeografado.
RESUMO. Contempla as mulheres italianas no fenômeno imigratório e revisa a história da imigração no Brasil comparando-a à de outros países. Analisa as condições de vida das mulheres no Brasil, bem como os modelos de comportamento feminino no Brasil e na Itália; toma como contrapontos papéis ativos e contestatórios. Mapeia estratégias matrimoniais da etnia e sua constante reinterpretação social. Destaca o papel da mulher na ascensão social rural e urbana dos imigrantes, realçando estratégias de transmissão de valores culturais. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
LEWKOWICZ, Ida & DI GIANNI, Tércio Pereira (org.). Pós-graduação em história: catálogo de dissertações, 1983-2000. Franca, UNESP/FHDSS, 2000, 188 p.
RESUMO. Apresentam-se resumos das dissertações de mestrado defendidas no âmbito do curso de pós-graduação em história da Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca.
MARCÍLIO, Maria Luiza. Mortalidade e morbidade na cidade do Rio de Janeiro Imperial. Revista de História - Nova Série, (127-128):53-68, ago./dez. 92-ago./dez. 93.
RESUMO. Trata o artigo dos primeiros resultados de uma Projeto de pesquisa sobre a “História Social da Saúde no Brasil (séculos 18 e 19)”, que a autora vem desenvolvendo. Contextualiza sumariamente as condições sanitárias no Rio de Janeiro durante o Império e a ação do Governo e da Academia Imperial de Medicina. Calcula os níveis de mortalidade geral e diferencial (livres e escravos e mortalidade infantil). Descobriu que anualmente e até o final do século a mortalidade foi inferior à natalidade. O movimento sazonal mostrou que os meses quentes e úmidos eram os de maior mortalidade. Enfim, procurou-se mapear a cronologia das grandes epidemias que assolaram a população carioca no século passado e conhecer as principais moléstias crônicas mais mortíferas. A tuberculose pulmonar por si só foi responsável por cerca de 15% das mortes em todo o país.
NADER, Maria Beatriz. Mulher: do destino biológico ao
destino social. 2a. ed. rev., Vitória, EDUFES, 2000.
RESUMO. A partir de dados obtidos na FIBGE sobre o crescimento quantitativo das
unidades domésticas gerenciadas por mulheres (UDGPM) desenvolvemos um estudo
cujo enfoque histórico versou sobre a representação dos valores que a mulher
adquiriu no interior da instituição familiar desde os tempos coloniais.
Consideramos e analisamos o contexto histórico e social que
ocasionou a transformação dos padrões de comportamento feminino alterando o
sentido da visão da instituição familiar e, por conseguinte, da própria
mulher na História e na sociedade. Essas transformações dizem respeito às
mudanças ocorridas na economia (industrialização, urbanização, mercado de
trabalho, pobreza), na escolaridade e profissionalização, na sociedade
(movimentos femininos e feministas), na legislação (divórcio), na política
(voto feminino - votar e ser votada), na saúde (esterilidade e anticoncepção)
etc. Constatamos que: 1) a vida urbana tem forte influência na adoção da
unidade doméstica gerenciada pela mulher; 2) a maternidade, que até na
primeira metade do século XX era sinônimo de feminilidade, já não é
encarada como um impedimento para o exercício de uma vida profissional e a
possibilidade de decidir sobre o tamanho da prole, o que ocasiona um maior
investimento na vida profissional e pessoal da mulher; 3) já não existe a noção
extremamente arraigada do destino natural de a mulher ser esposa e mãe, esta noção
levava a mulher a casar-se cedo e a manter um relacionamento por toda a vida,
mesmo que este não a fizesse feliz; 4) o aumento do nível de escolaridade
permite a constatação do investimento efetivado pelas mulheres na sua formação
e vida profissional, todavia, mesmo diante dessas mudanças, a influência dos
valores atribuídos à mulher pela sociedade ainda persiste: nas referências
quanto às causas do rompimento conjugal; nas referências de mudanças pessoais
após o rompimento conjugal; nas referências de valores que ainda permanecem;
nas referências de valores rejeitados; na educação de suas filhas e filhos; nas referências de qualidades que espera para suas filhas e seus filhos.
Outras conclusões vão reportadas adiante. Entre as 130 mulheres pesquisadas: 1) 73%
contavam menos de 40 anos; 2) 10% tinham menos de 21 anos quando se separaram; 3) 6,5%
recebem pensão de seus ex-maridos;
73,8% possuem casa própria; 4) 9,2% adquiriram a casa antes do casamento e 38,4%
depois da separação; 5) 73,8% tomaram a decisão de romper o casamento; 6)
100% ficaram com os filhos; 7) 87,69% não permitem que os ex-maridos interfiram
na educação dos filhos.
OLIVEIRA, Hilton César de. A devassa da vida quotidiana: o delito do concubinato em Minas Gerais setecentista. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 1999), 102 p., mimeografado.
RESUMO. Estudo sobre a família por meio da aproximação entre a documentação leiga e eclesiástica mineira do século XVIII. Enfoca o concubinato e revê posições historiográficas decorrentes do apoio exclusivo na documentação eclesiástica. Supera os limites impostos pelo conteúdo da legislação eclesiástica sobre o amancebamento e estabelece paralelos com a legislação leiga e os documentos gerados a partir de seus pressupostos. Mapeia as diversas interpretações sobre o concubinato, correntes no seio da sociedade. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
OLIVEIRA, Maria Ivanira de Castro. O escravo negro no baixo Jaguaribe. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 1996), 78 p., mimeografado.
RESUMO. Estuda-se, para o período 1720-1820, o espaço geográfico do Vale do Jaguaribe, onde teve início o povoamento da Província do Ceará Grande. As atividades econômicas aí desenvolvidas, pecuária e agricultura de subsistência, contavam com a força de trabalho do nativo (agregados e forasteiros) e dos escravos negros. Estudando Capistrano de Abreu, Caio Prado Júnior e Raimundo Girão, conclui-se que na região do baixo Jaguaribe a esperança de vida dos escravos era alta e que as relações entre escravos e senhores eram peculiares e se distinguiam das prevalecentes nos engenhos de açúcar. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
PARAISO, Maria Hilda Braqueiro. De como se obter mão-de-obra indígena na Bahia entre os séculos XVI e XVIII. Revista de História - Nova Série, (129-131):179-208, ago./dez. 93-ago./dez. 94.
RESUMO. O objetivo do trabalho é analisar a política indigenista e as práticas na capitania da Bahia, Ilhéus e Porto Seguro entre os séculos XVI e XVIII e as tentativas de conciliação dos interesses conflitantes entre grupos indigenistas, colonos, jesuítas e administradores metropolitanos. A preocupação central é demonstrar como as relações sociais estabelecidas resultaram de visões, interesses, referências culturais, valores e estratégias sociais dos vários agentes envolvidos e como essa diversidade se articulou, tecendo uma rede social complexa, relacionada com os vários problemas pensados quanto à efetiva ocupação e exploração da nova colônia.
PASCKES, Maria Luisa Nabinger de Almeida. Notas sobre os imigrantes portugueses no Brasil (séculos XIX e XX). Revista de História - Nova Série, (123-124):35-70, ago./dez. 90-ago./dez. 91.
RESUMO. A imigração portuguesa para o Brasil, no final do século XIX, foi uma conseqüência da transição política e econômica do fim do século. O sistema de “remessas” de contingentes foi um recurso usado para satisfazer interesses duplos. De um lado, aliviava a tensão causada por grupos que queriam deixar Portugal, de outro, facilitava o equilíbrio interno. Neste quadro, o Brasil era evidenciado como lugar ideal para imigração. O fato de ser um país rico, em desenvolvimento, ter a língua, tradições e instituições portuguesas, facilitava aos interessados.
PENNA, Eduardo Spiller. O jogo da face: astúcia escrava frente aos senhores e à lei na Curitiba Provincial. Curitiba, Aos Quatro Ventos, 1999.
RESUMO. Ao desvendar o negro na sociedade paranaense, o autor evidencia que a presença do escravo no Paraná, ao contrário de diminuta, foi muito expressiva. Assim, negros escravos e imigrantes europeus são retratados, lado a lado, em suas atividades diárias nas ruas, no trabalho e nas festas.
RAMINELLI, Ronald. Da vila ao sertão: os mamelucos com agentes da colonização. Revista de História - Nova Série, (129-131):209-219, ago./dez. 93-ago./dez. 94.
RESUMO. Nos primeiros anos da colonização os mamelucos foram os intermediários entre os portugueses e os índios, auxiliando no agenciamento de mão-de-obra indígena, necessária aos empreendimentos coloniais. Ao deslocarem os nativos do sertão para os engenhos, eles infligiram regras da Cristandade, pois no sertão viviam ao modo gentílico: pintando corpo, tendo várias mulheres e participando de rituais antropofágicos. No entanto, nas vilas viviam como cristãos, A especificidade cultural dos mamelucos é o tema principal do artigo.
SAMARA, Eni de Mesquita. Patriarcalismo, família e poder na sociedade brasileira (séculos XVI-XIX). Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, 11(22): 7-33, mar/ago. 1991.
RESUMO. Os trabalhos surgidos nas últimas décadas no campo da História da Família Brasileira apontam questões inéditas que nos levam a novos caminhos de reflexão. A partir dessas descobertas, a autora volta-se à análises criteriosas do papel da família na sociedade brasileira, assim como de suas possíveis mudanças ocorridas em função do tempo, espaço e grupos sociais. Além disso, procura discutir o termo “família” e seu modelo clássico patriarcal, generalizado para toda realidade colonial. No desenvolver deste enfoque, utiliza, comparativamente, informações contidas na bibliografia e nas fontes manuscritas – Maços de População (1836) e Testamentos (1800-1870), referentes à região sul do país, principalmente São Paulo.
SCARANO, Julita. Algumas considerações sobre o alimento do homem de cor no século XVIII. Revista de História - Nova Série, (123-124):71-79, ago./dez. 90-ago./dez. 91.
RESUMO. Como parte de um livro sobre a vida cotidiana dos negros e dos mulatos de Minas Gerais no século XVIII, o artigo leva em conta aspectos comuns à nutrição no período. O milho, largamente utilizado na região, era o principal produto, seguido pela mandioca. Apesar de produtos americanos, o milho e a mandioca eram produtos convenientes ao sistema, porque apreciados pelos escravos, dispensavam o uso de talheres e bons dentes. Produtos adicionais, como a carne de porco, eram identificados como dieta dos grupos dirigentes. Vindos de fora, estes produtos eram importados.
SOTO, Cristina. Efeitos de uma epidemia de varíola em Taubaté (1873-1874). Revista de História - Nova Série, (127-128), ago./dez. 92-ago./dez. 93.
RESUMO. Tentando compreender a contradição detectada entre as medidas aplicadas pelas autoridades no combate a uma epidemia de varíola surgida em 1870 no município de Taubaté e as comemorações subseqüentes, o artigo vai desvendando os jogos de interesses locais, a crescente importância dos critérios sanitários na orientação da política municipal, as propostas perante o temor que a doença provoca, as resoluções destinadas a neutralizar os conflitos derivados da epidemia e o processo de construção de uma versão oficial dos fatos. Da interligação destes fatores, extrai o significado do acontecido.
TEIXEIRA, Paulo Eduardo. Mulheres, domicílios e povoamento: Campinas, 1765-1850. (mestrado, Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP-Campus de Franca, 1999), 254 p., mimeografado.
RESUMO. É estudada a chefia feminina dos domicílios em Campinas a contar do processo de povoamento desencadeado na capitania de São Paulo com a restauração administrativa de 1765. Aborda-se a implantação da lavoura de cana-de-açúcar na década de 1790 intensificada com a chegada de famílias nucleares; já em 1814 a camada de agricultores correspondia à principal ocupação dos chefes de domicílios de ambos os sexos. Constata-se que a chefia feminina foi uma realidade na segunda década do XIX, quando chegou a corresponder a cerca de 25% do total de chefes de domicílios em Campinas. (Extraído de LEWKOWICZ & DI GIANNI, 2000).
SANTOS, Jonas Rafael. Escravos e senhores em Mogi das Cruzes: a estrutura da posse de escravos, 1777-1829. Franca, Universidade Estadual Paulista, Faculdade de História, Direito e Serviço Social "Júlio de Mesquita Filho", dissertação de mestrado, mimeografado.
RESUMO. Estuda-se a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes,
localidade situada entre o Vale do Paraíba paulista e a cidade de São Paulo,
com base nas listas nominativas de habitantes de 1777, 1801, 1818 e 1829, com o
fim de se verificar as transformações no sistema escravista entre 1777 e 1829,
e mais especificamente o impacto do cultivo do café -- que se expandia pelo
Vale do Paraíba paulista e litoral Norte no
início do século XIX -- na organização produtiva da localidade.
Observou-se um processo de concentração, desconcentração e concentração da
posse de escravos ao longo dos anos selecionados. As características demográficas
(sexo, idade, estado conjugal) dos senhores não variaram, enquanto as dos
escravos, apesar de algumas mudanças, também não apresentaram uma transformação
significativa em termos de padrão demográfico. Constatou-se em todos os anos
analisados um equilíbrio de sexo entre os cativos, elevado número de escravos
com até 14 anos, de crioulos, bem como de cativos que contraíram matrimônio.
Os dados permitem concluir que houve reprodução natural positiva em Mogi das
Cruzes; a ela esteve aliada a entrada de escravos por meio de tráfico, no final
do século XVIII e início do XIX.
Trabalhos
efetuados pelo Prof. Nicolas NGOU-MVE, da Universidad Omar Bongo de Libreville,
GABON. E-mail:
NGOU-MVE,
Nicolas. "Participación del África bantú en en la dinámica
social y económica de América Latina”. Africamérica,
Revista de la Universidad Central de Venezuela, n.1. Caracas, enero de 1993.
NGOU-MVE,
Nicolas. África bantú en la
colonización de México. Madrid, Consejo Superior de Investigaciones Científicas,
1994.
NGOU-MVE,
Nicolas. África e os africanos nos arquivos ibéricos: proposta de uma
abordagem triangular”. Revista do Arquivo Histórico Nacional de Angola. n. 2 de noviembre
de 1995.
NGOU-MVE,
Nicolas. "La hegemonía de Angola en el poblamiento negro de México”.
Libreville, Muntu, revista científica y
cultural del CICIBA (Centro Internacional de Civilizaciones Bantu), 2o.
semestre de 1996.
NGOU-MVE,
Nicolas. “El cimarronaje como forma de expresión del África bantú en
la América colonial: el ejemplo de Yangá en México”. Bogotá (Colombia), América
Negra n. 14, Pontificia Universidad Javeriana, 1997.
NGOU-MVE,
Nicolas. L’Afrique Bantu dans la
colonisation du Mexique. Libreville, CICIBA, 1998.
NGOU-MVE,
Nicolas. “Los orígenes de las rebeliones negras en el México
colonial”. México, Dimensión Antropológica,
revista del Instituto Nacional de Antropología e Historia, Año 6, vol. 16,
mayo/agosto, 1999.
NGOU-MVE,
Nicolas. "Historia de los kongo y angola en los archivos
hispanoamericanos: ejemplos de México". Actas
do II Seminario Internacional sobre Historia de Angola "Construindo o
Passado Angolano : as fontes e a sua Interpretação". Lisboa,
Comissão Nacional para as comemorações dos descobrimenos Portugueses, 2a. edição,
2000.
NGOU-MVE,
Nicolas. "São-Tomé et la diaspora bantu vers l’Amérique
Hispanique". In: Les Cahiers des
Anneaux de la Mémoire, Revue annuelle publiée par l'association des Anneaux de
la Mémoire. Nantes, numéro de septembre-octobre 2001.
NGOU-MVE, Nicolas. Les colons, les travailleurs, les délinquants et les marrons bantu du Mexique colonial (Trabajo en curso de terminacion).
Trabalhos
efetuados pelo Prof. JOSÉ C.
CURTO, do Departamento de História da York University, Toronto, Canadá.
E-mail:
jcurto@yorku.ca
CURTO,
José C. Alcoól e Escravos: O comércio das bebibas alcoólicas e o seu impacto
em Angola durante o tráfico de escravos, c. 1480‑1830. Lisbon: Comité
Português do Projecto UNESCO "A Rota do Escravo," under translation.
CURTO,
José C. Historical Dictionary of Angola. 3rd edition. [MS co-edited with S.
Herlin, under contract to Scarecrow Press, N.J., USA]
CURTO,
José C. Bibliography of Canadian Master's Theses and Doctoral Dissertations on
Africa, 1905-1993 / Bibliographie des mémoires de maîtrise et thèses de
doctorat canadiens sur l'Afrique, 1905-1993. Montreal: Canadian Association of
African Studies, 1994. [with R.R. Gervais]
CURTO,
José C. «Une population sous pression: Luanda et la traite angolaise,
1781-1844» Revue française d'histoire d'outre-mer. Vol. 89, 2002, Special
Issue edited by Olivier Pétré-Grenouilleau, forthcoming. [with Raymond R.
Gervais]
CURTO,
José C. «The Population History of Luanda During the Late Atlantic Slave Trade,
1781-1844» African Economic History. Vol. 29, 2001, forthcoming. [with Raymond
R. Gervais]
CURTO,
José C. «The Anatomy of a Demographic Explosion: Luanda, 1844-1850»
International Journal of African Historical Studies. Vol. 32, 1999, p. 381-405.
CURTO,
José C. «Sources for the Pre-1900 Population History of Sub-Saharan Africa:
The Case of Angola, 1773-1845» Annales de démographie historique. 1994, p.
319-338.
CURTO,
José C. «The Legal Portuguese Slave Trade from Benguela, Angola, 1730-1828: A
Quantitative Re-appraisal» Africa (Universidade de São Paulo). No. 16-17,
1993-1994, p. 101-116.
CURTO,
José C. «A Quantitative Re-assessment of the Legal Portuguese Slave Trade from
Luanda, Angola, 1710-1830» African Economic History. Vol. 20, 1992, p. 1-25.
CURTO,
José C. «Demografia Histórica e os Efeitos do Tráfico de Escravos em Africa:
Uma Análise dos Principais Estudos Quantitativos» Revista Internacional de
Estudos Africanos. Nos. 14-15, 1991, p. 243-277. English version «Historical
Demography and the Effects of the Slave Trade in Africa: An Analysis of the
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José C. «A Preliminary Bibliographical Report on Crime in Africa»
Criminometrica. Vols. 4-5, 1988-1989, p. 53-94.
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José C. «A Colecção de Manuscritos Angolanos do Arquivo Histórico
Ultramarino de Lisboa: Para um Guia de Trabalho» Revista Internacional de
Estudos Africanos. Nos. 6-7, 1987, p. 275-306. English version «The Angolan
Manuscript Collection of the Arquivo Histórico Ultramarino, Lisbon: toward a
Working Guide» History in Africa. Vol. 15, 1988, p. 163-189.
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José C. «The Network of Angola Scholars» Newsletter of the Canadian
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José C. «Amilcar Cabral and History» in Concordia University History Journal.
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Dimensions of Slavery. London: Continuum, 2001, forthcoming.
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José C. «Luso-Brazilian Alcohol and the Legal Slave Trade at Benguela and its
Hinterland, c. 1617‑1830» in H. Bonin and M. Cahen, eds. Le grand
commerce en Afrique noire, du 18e siècle à nos jours. Paris: Éditions de la
Société française d'histoire d'outre‑mer, 2001, in press.
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José C. «Un Butin Illégitime: Razzias d'esclaves et relations luso-africaines
dans la région des fleuves Kwanza et Kwango en 1805» in I.C. Henriques and L.
Sala-Molins, eds. Déraison, Esclavage et Droit: Les fondements idéologiques et
juridiques de l'esclavage et de la traite négrière. Paris: UNESCO/LAFFONT,
2001, in press.
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José C. «Vinho verso Cachaça: A Luta Luso‑Brasileira pelo Comércio do
Álcoól e de Escravos em Luanda, 1648‑1703» in S. Pantoja and J.F.S.
Saraiva, eds. Angola e Brasil nas Rotas do Atlântico Sul. Rio de Janeiro:
Bertrand do Brasil, 1999, p. 69-97.
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José C. «Introduction» in J.C. Curto and R.R. Gervais, eds. Bibliography of
Canadian Master's Theses and Doctoral Dissertations on Africa, 1905-1993 /
Bibliographie des mémoires de maîtrise et thèses de doctorat canadiens sur l'Afrique,
1905-1993. Montreal: Canadian Association of African Studies, 1994, p. 1-36. [With
R.R. Gervais]
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José C. Bibliographie des mémoires de maîtrise et thèses de doctorat
canadiens sur l'Afrique, 1905-1993: Les études africaines à l'Université de
Montréal: tentative de bilan. Montreal, 1994. 44 p. [with R.R. Gervais]
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José C. «Bibliography of Works by Canadian Historians on Africa /
Bibliographie des Travaux des Historiens Canadiens sur l'Afrique» Canadian
Association of African Studies. Bibliographic Series: Canadian Contributions to
African Studies / Série Biliographique: Contributions Canadiennes aux Études
Africaines. 1991. 38 p.
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José C. «The Cultural Dimension in the Strategy for National Liberation: The
Cultural Bases of Unification between Cape Verde and Guinea-Bissau» (by D.A.
Duarte) Latin American Perspectives. Vol. 11, 1984, p. 55-66. (trans.)
A Annablume, editora especializada na publicação de dissertações, teses, artigos e textos acadêmicos em co-edição com órgãos fomentadores de pesquisa, convida os leitores do BHD a que visitem o seu site -- www.annablume.com.br -- para ter acesso às informações sobre suas publicações. Havendo interesse em receber catálogos de livros e notícias sobre lançamentos, entre em contato com Juliana Aggio cujo e-mail é: juliana@annablume.com.br. A editora oferece 25% de desconto para quem adquirir as publicações diretamente pelo e-mail vendas@annablume.com.br .
Edições da Annablume concernentes à área da história demográfica:
FURTADO, Júnia Ferreira. O livro da Capa Verde - o Regimento Diamantino de 1771 e a vida no Distrito Diamantino no período da real extração.
RESUMO. O regimento diamantino de 1771 regulamentava as leis na área
durante o período da extração do ouro. Neste livro, Júnia Ferreira
Furtado mostra como funcionava a relação entre as leis e as pessoas na
época, deixando claro que as leis eram burladas ou interpretadas sempre
para favorecer que tivesse poder. Uma sutil investigação da história
do Brasil.
GOLDSCHMIDT, Eliana Maria Rea. Convivendo com o pecado na sociedade colonial paulista (1719-1822).
RESUMO. Em Convivendo com o pecado, Eliana Maria Rea Goldschmidt desenvolve um original estudo sobre como se deu, em São Paulo, a imposição da conduta moral prevista no mais importante código eclesiástico em vigor no Brasil colônia, as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia. Valendo-se de seu estilo fluente e em texto recheado pela narração de casos retirados de processos movidos pela Igreja, a autora analisa as denúncias levadas ao Tribunal episcopal pela sociedade paulista e reconstrói a convivência dos colonos que ousaram burlar as normas eclesiais cometendo o lenocínio, a sedução, o estupro, o concubinato e a bigamia.
LOPES, Eliane Cristina. O revelar do pecado: os filhos ilegítimos na São Paulo do séuclo XVIII.
RESUMO. Eliane Lopes efetua uma revisão da situação do bastardo na São Paulo do Setecentos. Os códigos de leis e de conduta moral da época condenavam os filhos ilegítimos à marginalidade. A autora, entretanto, ao cruzar informações jurídicas com dados do dia a dia, remonta ao período e mostra que, em paralelo à marginalização jurídica, Igreja e Estado também faziam vistas grossas à condição dessas pessoas como forma de reabsorvê-las na sociedade. O Revelar do Pecado define-se, assim, como um livro instigante nesses dois sentidos: apresenta a relação Instituição e Sociedade na época, proporcionando informações significativas para se compreender essa mesma relação atualmente, e, mediante a rememoração de histórias do cotidiano paulista de 200 anos atrás, recoloca o bastardo na cena social de uma maneira mais digna.
MOTTA, José Flávio. Corpos Escravos, vontades livres: posse de cativos e família escrava em Bananal (1801-1829).
RESUMO. A implantação e o desenvolvimento da cafeicultura e o afluxo
maciço de escravos foram elementos fundamentais na configuração do
vilarejo de Bananal -- situado na porção paulista do Vale do Paraíba
-- nas primeiras décadas do século XIX. Em Corpos escravos, vontades
livres, José Flávio Motta estuda a estrutura da posse de cativos e a
família escrava, temas basilares da economia e da demografia da
escravidão. A utilização como fontes primárias das listas
nominativas dos habitantes de Bananal, em especial as referentes a
1801, 1817 e 1829, permite ao autor mostrar as singularidades da
estrutura familiar escrava na região, proporcionando uma leitura
detalhada e diferenciada do período.
NAXARA, Márcia Regina Capelari. Estrangeiro em sua própria terra: representações do brasileiro, 1870/1920.
RESUMO. Quem são os
nacionais, brasileiros (mal) nascidos, representados e sentidos
como esquecidos dentro de sua própria terra e história? Como
se deu a gestação e cristalização de uma imagem do
brasileiro como desqualificado, indolente e vadio? Neste livro,
Márcia Naxara procura resgatar a formação do imaginário que
moldou a representação da nacionalidade, na passagem do século
XIX para o XX - momento de procura de uma identidade, tanto da
nação como do povo brasileiro. Acompanhando o processo de
desqualificação da população livre e pobre no novo contexto
da formação do mercado de trabalho livre e da imigração, a
autora apresenta as formulações sobre o nacional dos ensaios
de Euclides da Cunha, Silvio Romero e Manoel Bomfim. Resgata,
também, imagens construídas pela literatura, através de
textos de Cornélio Pires, Valdomiro Silveira e Monteiro Lobato,
sublinhando sua importância para a formação e divulgação de
estereótipos marcantes na construção das representações e
do imaginário sobre o brasileiro.
PAIVA, Eduardo França. Escravos e libertos nas Minas Gerais do século XVIII - estragégias de resistência através de testamentos.
RESUMO. Eduardo Paiva empreendeu um estudo original sobre o universo colonial e sobre o cotidiano das relações escravistas nas Minas Gerais entre 1720 e 1785, mostrando como escravos e libertos e seus descendentes assumem o papel de transformadores de seu tempo e, portanto, de agentes históricos.
SANTOS, Carlos José Ferreira dos. Nem tudo era Italiano: São Paulo e Pobreza (1890-1915).
RESUMO. Em meio a discursos, códigos de postura, representações e imagens que projetavam São Paulo como a metrópole que mais crescia no Brasil, síntese do progresso e do desenvolvimento de uma cultura urbano-fabril, Carlos José construiu tabelas e quadros estatísticos a partir de relatórios governamentais, censos demográficos e estudos sobre a população de São Paulo entre os anos 1890 e 1915, trazendo à tona proporções de seus habitantes que então viviam, trabalhavam e experimentavam a pobreza, a exclusão e o reverso daquela metropolização. Pelo minucioso e criterioso cruzamento desses dados com fotografias, crônicas e reminiscências sobre os viveres na cidade símbolo do trabalho organizado, qualificou seus quadros estatísticos, reconstituindo territórios esquecidos, práticas de sobrevivência e de confrontos culturais, pluralizando as experiências que sustentavam as metáforas do progresso quando “nem tudo era italiano”, prosperidade e coesão.
NADALIN, Sergio Odilon. Imigrantes de origem germânica no Brasil: ciclos matrimoniais e etnicidade. Curitiba, Aos Quatro Ventos, 2a. edição, 2001, 249 p.
MARIO
MARCOS SAMPAIO RODARTE.
MESTRE.
R. MARQUÊS DE BARBACENA, 25, APTO. 205.
BAIRRO SAÚDE.
40.045-010 SALVADOR BA.
ÁREA DE INTERESSE: CENSOS (LISTAS NOMINATIVAS) DO SÉC. XIX.
mrodart@ig.com.br
CICRED: NOVO ENDEREÇO
O CICRED -- Committee for International Cooperation in National Research in Demography -- encontra-se em novo endereço na Internet, visite-o: http://www.cicred.org
CONHEÇA TEMPOS GERAIS
"TEMPOS GERAIS: Revista de Ciências Sociais e História é resultado da iniciativa das áreas de Sociologia e História do Departamento de Ciências Sociais, Políticas e Jurídicas (DECIS) da Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei (FUNREI).
"Concebida no âmbito de um projeto acadêmico mais amplo, pretende constituir um espaço de interlocução capaz de estreitar o contato entre a produção intelectual no DECIS -- e por extensão na FUNREI -- e a de instituições congêneres.
"A concepção de que o debate e a troca de conhecimentos são fundamentais para o bom desempenho da atividade acadêmica e de pesquisa nutre implicitamente este projeto. Com essa perspectiva, TEMPOS GERAIS se propõe divulgar trabalhos nas mais diversas linhas de pesquisa e produção acadêmica em Ciências Sociais, História e áreas afins, contando desde já com a participação de todos os que se reconheçam nessa proposta." (da Apresentação da Revista).
Endereço da Revista: http://decis.funrei.br/rtgerais
VISITE O SITE DO GRUPO DE TRABALHO DE
HISTÓRIA QUANTITATIVA E SERIAL (GT-HQS).
Estamos organizando um grupo de pesquisadores interessados na área de história quantitativa e serial. Realizamos no ano passado, em Ouro Preto, um primeiro seminário sobre a questão e agora mais recentemente, no âmbito da ANPUH, resolvemos instituir o Grupo de Trabalho. Nosso escopo é congregar pesquisadores interessados no tema e facilitar a troca de experiências, especialmente as concernentes aos tratamentos a serem dispensados aos dados e à utilização da informática. Os colegas podem obter maiores informações no site do grupo: http://www.hqse.cjb.net/ .
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
Vão arrolados abaixo trabalhos incorporados ao ROL, Relação de Trabalhos Publicados na Área de História Demográfica.
ALVIN, Zuleika Maria Forcioni. Emigração, família e luta: os italianos em São Paulo, 1870-1920. Mestrado, FFLCH-USP, 1983.
AMORIM, Nádia Fernanda Maia de. A condição da mulher solteira na cidade de Maceió: valores, aspirações e expectativas. Doutorado, FFLCH-USP, 1990.
BIANCO, Maria Eliana Basile. A Sociedade Protetora de Imigração: 1886-1895. Mestrado, FFLCH-USP, 1982.
CARVALHO, Marília Gomes de. Vicissitudes da família na sociedade moderna: estudo sobre o casamento e as relações familiares. Doutorado, FFLCH-USP, 1992.
COSTA, Ana Maria de Siqueira. Destino não manifesto: os imigrantes norte-americanos no Brasil. Doutorado, FFLCH-USP, 1986.
FILIPPINI, ELIZABETH. Terra, família e trabalho: o Núcleo Colonial Barão de Jundiaí, 1887-1950. Mestrado, FFLCH-USP, 1990.
KULCSAR, Rosa. Tentativas oficiais de colonização no Nordeste no século XIX: o caso da Colônia Isabel. Mestrado, FFLCH-USP, 1981.
MAKINO, Miyoko. Jundiaí: povoamento e desenvolvimento (1655-1854). Mestrado, FFLCH-USP, 1981.
MARTINS, Ismênia de Lima. Os problemas da extinção do tráfico africano na Província do Rio de Janeiro: uma tentativa de análise das dificuldades de reposição de mão-de-obra na grande lavoura fluminense. Doutorado, FFLCH-USP, 1972.
MAURO, Sérgio. O imigrante italiano como personagem na narrativa brasileira. Doutorado, FFLCH-USP, 1995.
MERTZIG, Lia Romano Leite. As dificuldades de adaptação do imigrante no Estado de São Paulo. Repatriação e remigração - 1889/1920. Mestrado, FFLCH-USP, 1978.
NUNES, Heliane Prudente. Imigração árabe em Goiás, 1880-1970. Doutorado, FFLCH-USP, 1996.
OLIVEIRA, Maria Coleta Ferreira Albino de. Família e reprodução. Mestrado, FFLCH-USP, 1972.
PAIVA, Eduardo França. Por meu trabalho, serviço e indústria: histórias de africanos e mestiços na Colônia. Minas Gerais, 1716-1789. São Paulo, FFLCH da USP, Doutorado, 1999, mimeografado.
PRESA, Iraci Girardi. Política de imigração e colonização no Brasil durante o II Reinado e sua aplicação na província do Paraná. Doutorado, FFLCH-USP, 1978.
QUINTÃO, Antonia Aparecida. Lá vem o meu parente: as irmandades de pretos e pardos no Rio de Janeiro e em Pernambuco (século XVIII). Doutorado, FFLCH-USP, 1997.
RENNER, Cecília Helena Ornellas. Fertilidade e migração rural urbana no distrito de São Paulo. Mestrado, FFLCH-USP, 1971.
RIBEIRO, Ana Maria Rodrigues. A imagem e o silêncio: o lugar da mulher negra no século XIX. Doutorado, FFLCH-USP, 1988.
RIBEIRO, Evanice Maria. A política de imigração no Primeiro Reinado: os núcleos coloniais de Itapecerica e Santo Amaro. Mestrado, FFLCH-USP, 1997.
RIBEIRO, Núbia Braga. Cotidiano e liberdade: um estudo sobre os alforriados em Minas Gerais no século XVIII. Mestrado, FFLCH-USP, 1996.
ROSA, Carlos Alberto. Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá (vila urbana em Mato Grosso no século XVIII: 1722-1808). Doutorado, FFLCH-USP, 1996.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da (org.). Brasil: colonização e escravidão. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2000, 417 p.
SOARES, Mariza de Carvalho. Devotos da cor - identidade étnica, religiosidade e escravidão no Rio de Janeiro, século 18. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2001, 304 p.
VASSILIEFF, Irina. A Sociedade Central de Imigração nos fins do século XIX e a "Democracia Rural". Doutorado, FFLCH-USP, 1987.
VOLPATO, Luíza Rios Ricci. Mato Grosso: ouro e miséria no antemural da Colônia (1751-1819). Mestrado, FFLCH-USP, 1980.