BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA
Ano VIII, no. 23, novembro de 2001
SUMÁRIO
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
Colegas, tendo em vista as facilidades de edição e comunicação propiciadas pela Internet, e em face do crescente volume de informações que gostaríamos de partilhar com os assinantes deste BHD, resolvemos romper sua rígida periodicidade -- dois números ao ano -- adotada há já algum tempo. Assim, passaremos a publicar o BHD tão logo o material acumulado por nossa editoria atinja um volume crítico que justifique o lançamento de um novo número. Ao amiudarmos sua publicação faremos com que, concomitantemente, nossa atividade editorial cumpra dois importantes objetivos: fornecer rápida e agilmente informações básicas concernentes à nossa área de especialização e tornar mais "leve" cada número, evitando, assim, exemplares demasiadamente "massudos".
A nosso ver, tal maneira de operar atende ao fim maior por nós perseguido: estimular os estudos em demografia histórica facilitando o encontro entre especialistas e reservando atenção especial aos pesquisadores em formação ao promovermos seu congraçamento com os estudiosos já maduros que nos municiam com seus trabalhos e preciosa experiência. E por assim pensarmos, sentimo-nos à vontade para convidarmos todos os colegas a participarem de nosso esforço editorial mediante a remessa de trabalhos, críticas e sugestões.
ESCRAVIDÃO E REPRODUÇÃO
NO PIAUÍ: TERESINA (1875)
Renato Leite Marcondes & Miridan Britto Knox Falci.
RESUMO: Evidenciam-se as características econômicas e demográficas da escravidão numa região pouco votada à exportação: o Piauí na segunda metade do século XIX. Essa economia revelou-se mais direcionada para o mercado interno, mas também participou do rush algodoeiro decorrente da guerra civil norte-americana. Como fonte primária principal para o estudo demográfico utilizamos a Classificação dos Escravos para serem Libertados pelo Fundo de Emancipação de Teresina (1875). O final do tráfico africano, em 1850, impulsionou processos que já ocorriam em momento anterior, como, por exemplo, a existência de um certo equilíbrio numérico entre os sexos e a presença de um expressivo número de crianças. Tanto a concentração da propriedade escrava como o número médio de cativos revelaram-se menores do que as existentes nas regiões cafeicultoras do Sudeste brasileiro. Esses condicionantes aliados aos movimentos migratórios dirigidos para outras províncias geraram um sistema econômico e demográfico próprio, distinto do existente em áreas exportadoras. Assim, observamos no Piauí um perfil populacional do contingente escravo que aponta para a possibilidade de sua reprodução natural.
Para ler a versão integral deste artigo,
COLBARI, Antonia. Familismo e ética do trabalho: o legado dos imigrantes italianos para a cultura brasileira. Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 17, n. 34, 1997.
RESUMO. O artigo analisa a contribuição dos imigrantes italianos na afirmação dos alicerces culturais e morais da sociedade brasileira. Dois aspectos são privilegiados: o primeiro situa a imigração como componente de um projeto de gestão da população que envolvia o adensamento, branqueamento e elevação civilizatória dos habitantes do país; o segundo destaca a importância do capital cultural dos imigrantes italianos na definição de um padrão de racionalidade cuja contribuição foi marcante tanto na formação do mercado de trabalho exigido pela produção capitalista como para o sucesso dos núcleos coloniais organizados nas áreas despovoadas, como foi o caso do Estado do Espírito Santo.
BRAGA,
Jezulino Lúcio Mendes. Além da escravidão, convívio familiar entre cativos:
Mariana, 1872-1888. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas
Gerais, xxx p., 2001, mimeografado.
RESUMO. Além da escravidão, o autor dessa dissertação de mestrado defendida
na UFMG, explicita as relações familiares presentes entre os cativos do termo
de Mariana no final do século XIX. Procura, desta forma, identificar as
possibilidades de manutenção de mão-de-obra escrava mediante a reprodução
biológica, bem como as redes de parentesco e solidariedade que se estabeleciam
entre os escravos.
FALCI, Miridan Britto. As condições de saúde do escravo no Piauí. Anais da XX Reunião da SBPH. Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica, Rio de Janeiro, 2000, p. 223-228.
RESUMO. A autora busca identificar o nível de saúde e aptidão dos escravos no Piauí, as principais moléstias que os atacavam, decorressem elas das condições de trabalho ou das epidemias reinantes na Província.
FALCON, Francisco José Calazans. O Rio de Janeiro como objeto historiográfico. Revista Brasileira de História. São Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 15, n. 30, p. 63-75, 1995. São Paulo, ANPUH/Marco Zero, vol. 15, n. 30, p. 63-75, 1995.
RESUMO. Texto de uma conferência cujo tema centrou-se no balanço historiográfico acerca do Rio de Janeiro -- a cidade e o Estado -- considerado como objeto de investigação por historiadores e cientistas sociais de instituições de pesquisa e cursos de pós-graduação situados no Rio de Janeiro. A partir de alguns levantamentos já realizados, o autor busca definir tendências temáticas dominantes bem como certas "ausências", assim como certas indagações teórico-metodológicas a propósito das características de tal produção historiográfica, em particular a noção de "fragmentação" e a abordagem dos chamados "novos objetos".
FRANÇA,
Jean M. de Carvalho. Um visitante do Rio de Janeiro Colonial. Revista
Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 17, no. 34, 1997.
RESUMO. O
texto é a tradução de um manuscrito francês, intitulado Relâche du Vaisseau
L'Arc-en-ciel à Rio de Janeiro, 1748, que se encontra na Biblioteca da Ajuda,
em Lisboa. Trata-se de um relato anônimo que dá conta da passagem do navio
francês L'Arc-en-ciel pelo porto carioca. Tal relato, um curioso documento para
a história dos nossos costumes, contém uma descrição da baía da Guanabara e
da cidade do Rio de Janeiro, uma pequena análise do caráter da gente
portuguesa do Brasil, um perfil do Governador Dom Fernando Freire e algumas
considerações gerais sobre a situação do porto local e sobre os víveres
disponíveis na região.
GÓES, José Roberto Pinto. Escravos da paciência: estudo sobre a obediência escrava no Rio de Janeiro (1790-1850). Doutorado, Niterói, Universidade Federal Fluminense, 1998, mimeografado.
RESUMO. "Escravos da paciência" é um estudo sobre a obediência escrava no Rio de Janeiro, entre 1790 e 1850, pela análise de Inventários Post-Mortem, relatos de viajantes, processos-crime e registros de batismos de escravos.
GOUVÊA,
Maria de Fátima Silva. Redes de poder na América Portuguesa – o caso dos
homens bons do Rio de Janeiro, ca. 1790-1822. Revista Brasileira de História,
São Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 18, no. 36, 1998.
RESUMO.
A virada do século XVIII para o XIX tem sido objeto freqüente de análise dos
historiadores nestes últimos anos, sendo o Rio de Janeiro focalizado como espaço
privilegiado da gênese do Brasil independente. O debate sobre a dinâmica do
poder local e das redes de poder situadas no interior dessa sociedade colonial têm
sido também fortemente favorecidos. Este artigo dedica-se a discutir alguns
destes elementos, caracterizando o perfil dos homens bons do Rio de Janeiro no
período supracitado.
GUIMARÃES, Elione Silva. Violência entre parceiros de cativeiro: Juiz de Fora, segunda metade do século XIX. Mestrado, Juiz de Fora, 2001, mimeografado.
RESUMO.
É
objetivo da dissertação discutir a Violência
entre Parceiros de Cativeiro no principal município cafeeiro da Zona da
Mata Mineira. O locus de estudo é
Juiz de Fora (sudeste de Minas Gerais) na segunda metade do século XIX, período
em que o município concentrou a maior população escrava da província. Em
1873 o município de Juiz de Fora possuía uma população mancípia de 19.353
pessoas, com predomínio de escravos crioulos do sexo masculino,
majoritariamente empregados na lavoura cafeeira, destinada à exportação.
A
ocupação das terras próximas a Juiz de Fora remonta à abertura do Caminho
Novo — estrada que ligava a região mineradora à capital do Império — por
Garcia Rodrigues Paes (1709). A região vivenciou uma gradual expansão de suas
atividades econômicas, primeiramente ligada ao comércio de tropas e à produção
de gêneros. Entre 1850-1870 a cultura da rubiácea expandiu-se na Zona da Mata
Mineira. Juiz de Fora assumiu o posto de principal produtor de café de Minas
Gerais, posição que manteve até aproximadamente 1920.
Nesta pesquisa, as datas limites colocam-se nos anos 1850 e 1888. O ano inicial corresponde ao início da expansão da lavoura cafeeira em Juiz de Fora e, ao mesmo tempo, à data do fim do tráfico transatlântico. Também foi em 1850 que a Paróquia de Santo Antônio do Juiz de Fora foi elevada à categoria de vila, com a denominação de Santo Antônio do Paraibuna. A data final corresponde ao fim oficial da escravidão no Brasil.
Pretende-se
centrar a pesquisa na História Social da Escravidão, buscando resgatar o
comportamento do cativo no interior da comunidade escrava, recuperando-o
enquanto sujeito histórico. Importa-me compreender porque escravos crioulos,
com redes de solidariedades estabelecidas, agiram com violência em determinadas
situações; as razões dos conflitos, as questões que estavam em disputa entre
indivíduos da classe social dominada. Acredito que estes conflitos foram
resultado das tensões latentes geradas nas relações de convivência. No cerne
destas disputas, estava a concorrência por bens suplementares ou simbólicos, a
tentativa de afirmação do cativo perante sua comunidade, a defesa de sua
dignidade.
A
violência e o conflito entre companheiros de escravidão foram estudados através
das manifestações criminais denunciadas à justiça e dos registros
preservados pelo tempo. Para estudar a criminalidade em Juiz de Fora em geral, e
a violência entre parceiros de cativeiro em particular, empreendi a análise
dos seguintes tipos de fontes primárias:
documentos criminais de Juiz de Fora; Livros Cartoriais (procurações,
escrituras de compra e venda de bens e hipotecas); inventários
post-mortem; anúncios de jornais; documentação da Câmara Municipal
(relatórios de fiscais, almanaques administrativos, mapas populacionais,
requerimentos de particulares); assentamentos de casamento e de batismo de
escravos; Código de Posturas Municipal; Código
Criminal e o Código do Processo Criminal e alguns Relatórios de Presidentes de
Província.
No que concerne à documentação judicial, foram utilizados os inquéritos, auto de corpo de delito, processos, confissões, sentenças, requerimentos de habeas-corpus etc. Quanto ao nível da abordagem, realizei uma análise quantitativa e qualitativa das fontes. O método quantitativo ajudou-me a apresentar os padrões e tendências da criminalidade. A análise qualitativa das fontes criminais implicou tanto a avaliação seletiva dos números quanto a análise de processos individuais significativos.
A dissertação compõe-se de duas partes. A primeira intitula-se Juiz de Fora, segunda metade do século XIX: Cafeicultura e Escravidão — Cenário de Tensões. Está dividida em três capítulo. O primeiro, Criminalidade e Escravidão, apresenta uma rápida discussão historiográfica, as fontes e métodos utilizados na pesquisa. Embora a historiografia venha utilizado com freqüência os processos criminais e outros documentos judiciais como fonte de pesquisa, ainda são poucos os estudos específicos sobre Criminalidade e Escravidão no sudeste para a segunda metade do dezenove. A obra que mais diretamente aborda a questão é o livro de Maria Helena Machado, Crime e escravidão: Trabalho, lar e resistência nas lavouras paulistas (1830-1888), com quem realizarei meus principais diálogos ao longo deste estudo. Outra obra que muito inspirou minhas discussões, foi o livro Das Cores do Silêncio, de Hebe de Castro.
O segundo capítulo, Juiz de Fora na segunda metade do século XIX, apresenta um pequeno histórico do desenvolvimento cafeeiro de Juiz de Fora e sua expansão ao longo do século XIX, comportando uma breve discussão demográfica sobre população livre e escrava no período em foco. Ainda neste capítulo, apresento aos leitores um pouco das condições materiais de vida dos escravos. Seu cotidiano, a relação afetiva com seus pares na formação familiar, formas de luta e resistência, o confronto direto com seus opressores e sua interpenetração no mundo dos dominantes. Para realizá-lo, tomei por base estudos realizados por pesquisadores juizforanos e informações contidas na documentação criminal. O terceiro capítulo, Juiz de Fora, Século XIX: Tendências e Padrões da Criminalidade, apresenta um levantamento quantitativo/qualitativo da criminalidade ocorrida no município. Realizo uma rápida discussão sobre a tendência da criminalidade no município em tela. Para tanto, foram levantados 1.654 processos criminais.
A
segunda parte trata especificamente da Violência
entre parceiros de cativeiro. O objetivo é reconstituir os crimes nos quais
escravos figuram simultaneamente como vítimas e como réus. No capítulo
quatro, intitulado Tendências da criminalidade entre parceiros de cativeiro, apresento
os dados quantitativos da criminalidade entre companheiros de escravidão e
mapeio os possíveis motivos desta
criminalidade. Isolei os autos em que cativos figuram simultaneamente como vítimas
e réus, totalizando 36 processos. Estes últimos mereceram uma análise
detalhada, por permitirem-me enfocar o tema de meu interesse. Parto das fontes
criminais em direção a fontes múltiplas, que me forneceram subsídios para
buscar compreender as razões da violências entre indivíduos da classe social
dominada. Os crimes entre parceiros de cativeiro ocorridos em Santana do Deserto
serviram de estudo de caso para este capítulo. Santana do Deserto foi um
distrito com grande concentração
de cativos e os delitos entre companheiros de cativeiro, ocorridos neste
distrito, são representativos do universo estudado.
O quinto capítulo intitula-se Tensões Latentes, Relações Perigosas. Num primeiro momento busquei abordar as rixas e brigas ocorridas entre cativos, discutindo seu significado político dentro do micro-grupo em estudo. Dentre os motivos dos crimes entre companheiros de cativeiro destacaram-se os crimes passionais. Hebe de Mattos e Maria Helena Machado consideram as uniões entre cativos fundamentais na conquista da diferenciação no interior do cativeiro. Parto destes pressupostos e vou de encontro às fontes, com o objetivo de compreender as razões da violência entre companheiros de escravidão. Procuro penetrar no mundo do cativo, descortinar suas vidas, conhecer suas razões.
Ao longo do texto, demonstro como os diferentes personagens — senhores, escravos, advogados e demais juristas — operaram a lei visando a atingir interesses específicos. Apresento uma leitura das entrelinhas do processo criminal, explorando o jogo das contradições e das possibilidades.
LIMA, Carlos A. M. Pequena diáspora: migrações de libertos e de livres de cor (Rio de Janeiro, 1765-1844). LOCUS: Revista de História. Juiz de Fora, Núcleo de História Regional/Dep. de História/Arquivo Histórico/EDUFJF, 2000, v. 6, n. 2, p. 99-110.
RESUMO. O autor reavalia a tendência a migrar que vem sendo apontada em relação a libertos e a livres de cor na América Portuguesa; são trabalhados dados relativos a uma área que se comportou como ponto de partida de processos migratórios: o Rio de Janeiro, entre 1765 e 1844.
LINHARES,
Maria Yedda Leite. A Pesquisa Histórica do Rio de Janeiro. A História
Agrária como Programa de Trabalho: 1977-1994. Um Balanço.
Revista Brasileira de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero,
ano 15, no. 30, p. 77-89, 1995.
RESUMO.
Apoiado nas diretrizes metodológicas de Ernest Labrousse --
Congresso de Roma, 1955 -- para a exploração sistemática de corpos
documentais seriados localizados no nível regional-municipal, de natureza
demográfica, cartorária e fiscal -- inventários, contas de tutela,
registros de terra, processos criminais e eclesiásticos --, desenvolveu-se no
Rio de Janeiro a área de pesquisa em História Agrária, em duas universidades
federais (UFF e UFRJ), nos seus respectivos programas de Pós-Graduação. Este
processo teve dois pontos de partida: o primeiro, no CPDA/FGV, com o
desenvolvimento agrícola; e o segundo, na UFF, com a escravidão. Decorridas
quase duas décadas -- 1977-1994 --, foram concluídas mais de 50 dissertações
de mestrado e 7 de doutorado, além dos trabalhos realizados em programas de
doutorado em outras universidades do país e do exterior. Tais pesquisas
estenderam-se por dez outros estados da federação. Suas referências
encontram-se em Febvre, Bloch, Vilar, Labrousse e outros, e seus temas centrais
abrangem a estrutura fundiária, os sistemas de uso e posse da terra, os regimes
e a organização do trabalho, as hierarquias sociais, os níveis de renda (a
pobreza) e a fronteira agrícola.
LOBO,
Eulália Maria Lahmeyer. Historiografia do Rio de Janeiro. Revista Brasileira
de História, São Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 15, no. 30, p. 45-62, 1995.
RESUMO.
Realiza-se um balanço da produção historiográfica sobre o Rio de Janeiro nos
períodos Colonial, Imperial e Republicano. Inicialmente, apresenta-se um
levantamento das principais fontes primárias existentes em arquivos e instituições
de pesquisa. Num segundo momento se passa em revista a produção dos
historiadores desde os trabalhos considerados clássicos até as publicações
mais recentes, originárias sobretudo, de teses e dissertações defendidas em
universidades brasileiras e estrangeiras.
MOTT,
Luiz. A Inquisição no Maranhão. Revista Brasileira de História, São
Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 14, no. 28, p. 45-73, 1994.
RESUMO.
Com base em documentação escrita inédita da Torre do Tombo – Lisboa --,
reconstroem-se a atuação e os procedimentos da Inquisição na Capitania do
Maranhão, descrevendo-se os crimes contra a fé e a moral sexual denunciados
nesta região. Conclui-se com a lista dos Familiares, Comissários e
Qualificadores do Santo Ofício que atuaram no Maranhão entre os séculos XVII
e XVIII.
NOVINSKY,
Anita. Ser Marrano em Minas Gerais. Revista Brasileira de História, São
Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 21, no. 40, p. 161-176, 2001.
RESUMO.
Baseado em 57 Processos inéditos de marranos -- cristãos-novos, conversos --
presos em Minas Gerais no século XVIII, este artigo procura mostrar seu papel
na Idade de Ouro do Brasil. 64% deles eram mercadores e 23% eram mineiros.
Pertenciam à classe média e raros eram os magnatas. Nenhum deles esteve
envolvido no tráfico negreiro. Acusados do crime de judaísmo e de pertencerem
a sociedades secretas, representaram 42% dos brasileiros condenados à morte.
Ser marrano entre os portugueses no Brasil era mais um sentimento e uma visão
de mundo do que uma prática religiosa.
OSÓRIO,
Helen. Comerciantes do Rio Grande e São Pedro: formação, recrutamento e negócios
de um grupo mercantil na América Portuguesa. Revista Brasileira de História,
São Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 20, no. 39, p. 115-134, 2000.
RESUMO.
O artigo aborda o processo de formação do grupo mercantil que se constituiu
durante a segunda metade do século XVIII e as primeiras décadas do XIX no Rio
Grande do Sul, no âmbito do Império Colonial Português. Para tanto,
analisaram-se as formas de recrutamento e as redes familiares e mercantis nas
quais seus membros estavam inseridos. O estudo do montante e da composição e
amplitude de seus negócios permitem confrontar este grupo com os negociantes do
Rio de Janeiro. Verificou-se, também, que os capitais para o estabelecimento
das primeiras charqueadas originaram-se nas atividades desenvolvidas pelo grupo
mercantil local.
PERARO,
Maria Adenir. O princípio da fronteira e a fronteira de princípios: filhos
ilegítimos em Cuiabá no séc. XIX. Revista Brasileira de História,
São Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 19, no. 38, 1999.
RESUMO.
Neste artigo, a abordagem do tema da família no âmbito da Paróquia Senhor Bom
Jesus de Cuiabá, a mais antiga e populosa de Cuiabá, teve menos o interesse em
detectar a existência de características patriarcais do que em perceber como
as especificidades locais pertinentes à região de Mato Grosso teriam forjado
formas de organização familiar alternativas, bem como qual teria sido o nível
de aceitação dos filhos ilegítimos por parte das famílias cuiabanas em suas
mais variadas formas. A pesquisa foi realizada mediante a consulta dos registros
de batismo -- período 1853-1890 -- do Arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá.
Entre os resultados, observou-se que o recurso aos parentes parece ter sido uma
solução comum e recorrente no cuidado do filho ilegítimo, evidenciando-se que
a família era o espaço em geral escolhido para abrigar os nascidos fora do
casamento formal.
RAGO,
Margareth. A sexualidade feminina entre o desejo e a norma : moral sexual e
cultura literária feminina no Brasil, 1900-1932. Revista Brasileira de História,
São Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 14, no. 28, p. 28-44, 1994.
RESUMO.
É possível apreender nos romances produzidos por mulheres nas décadas
iniciais do século, no Brasil, uma importante crítica aos novos códigos de
sociabilidade, assim como a moral sexual que se impunha na modernidade. Num tom
freqüentemente irônico e despretensioso, as escritoras formularam
questionamentos incisivos à cultura masculina -- à qual se deve o
estabelecimento de normas e padrões --, abrindo espaço, por meio da literatura,
para a manifestação de suas diferenças de gênero. O
presente artigo pretende explorar como as mulheres participaram da construção
da esfera pública moderna, naquele período, a partir da leitura de alguns
romances.
REIS,
Liana Maria. Vivendo a liberdade: fugas e estratégias de sobrevivência no
cotidiano escravista mineiro. Revista Brasileira de História, São
Paulo, ANPUH/Marco Zero, ano 16, nos. 31/32, p. 179-192, 1996.
RESUMO. O objetivo do artigo é resgatar as estratégias cotidianas forjadas pelos escravos nas províncias mineiras, entre os anos 1850 e 1888; para tanto, efetua-se a análise dos anúncios de fuga registrados em vários periódicos da época.
TRABALHOS APRESENTADOS NO XXI SIMPÓSIO DA ANPUH
(Para esses trabalhos dispõe-se, por ora, tão-somente, dos resumos aqui transcritos)
AMARAL, Sharyse Pirolpo do. A mulher escrava na historiografia brasileira do século XIX. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 397.
RESUMO. Trata-se de uma discussão historiográfica envolvendo desde o racismo científico do final do século XIX, passando por Gilberto Freyre e pela Escola Paulista de Sociologia, chegando à historiografia dos anos 1980 e à "descoberta da família escrava". A maneira como a mulher escrava é retratada nestes vários momentos, até chegar à mãe e avó de grandes grupos de parentesco ancorados no tempo, enfatizados pela historiografia mais recente, é o principal eixo no qual se desenvolve a análise apresentada pela autora.
ANDRADE, Rômulo Garcia de. Juiz de Fora no contexto das regiões de grande lavoura do Sudeste escravista: família e comunidade escravas em perspectiva. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 231-232.
RESUMO. Os estudos sobre a população escrava na região cafeeira de Minas Gerais têm-se consubstanciado em monografias de bacharelado, de especialização, dissertações de mestrado e teses de doutorado, além de artigos publicados em revistas especializadas, desde o início da década passada. Calcados, fundamentalmente, em fontes primárias, têm grande potencial de participação nos debates, transcendendo a questão regional, principalmente pelo diálogo travado criticamente com recentes contribuições historiográficas pertinentes ao tema. As três comunicações trabalham um mesmo recorte geográfico-administrativo -- o município de Juiz de Fora --, um mesmo recorte temporal -- segunda metade do século XIX --, e uma população escrava que trabalhava predominantemente na cafeicultura em expansão. Esse é o cenário no qual vai ser discutida a violência entre parceiros de cativeiro, o padrão local de alforrias e as possibilidades e limites que incidem na formação de uma comunidade escrava.
AZEVEDO, Mônica Velloso. Imigrantes indesejáveis no governo Vargas: a tese do "perigo alemão". In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 203.
RESUMO. Com o avanço alemão sobre o mundo e a mudança nas relações externas do Brasil, por conta das pressões norte-americanas, a tese do "perigo alemão" tomou forma no país, atingindo não só os judeus mas todos os suspeitos de abraçarem o nazismo, o que tornou a colônia alemã fixada no Brasil alvo de práticas forjadas em uma verdadeira trama conspiratória. Tendo os anos de 1930 e 1945 como marcos temporais, a autora toma como objeto de análise o processo de transformação do imigrante alemão em estrangeiro maldito.
BRÜGGER, Sílvia Maria Jardim. Família e patriarcalismo em Minas Gerais. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 327.
RESUMO. Primeiramente, procuro discutir o conceito de patriarcalismo, passando pelas abordagens clássicas como as de Freyre e Oliveira Viana, e pelas diferentes posturas adotadas pela historiografia perante elas. Apesar das divergências entre os autores, existe um certo consenso quanto à ausência do patriarcalismo em Minas, decorrente da maior atuação do Estado Metropolitano nessa região, de uma presença significativa de relações consensuais, refletidas no grande número de mulheres chefes de fogos, e na raridade da família extensa. É esta caracterização que a autora discute, entendendo que o patriarcalismo não se confunde com a família extensa, mas constitui um sistema de valores e de relações de poder. Nesse sentido, afirmo que Minas não foi uma exceção à regra. Pelo contrário, o patriarcalismo fez-se presente na medida em que, também nas Gerais, foi a família o grande "fator colonizador".
CAMPOS, Vanessa Gomes de. O sul da América portuguesa: terra de possibilidades? In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 283.
RESUMO. A população colonial não deve ser tida como presa pela imobilidade que seria devida às grandes distâncias ou decorreria das dificuldades de locomoção. Ocupa-nos, assim, a mobilidade espacial da incipiente sociedade riograndense a qual passou a se formar em meados do século XVIII, ou seja, período que também pode ser considerado de expansão portuguesa em direção ao sul da América. Para tal, buscamos identificar, mediante a consideração de alguns depoimentos de homens livres, as motivações que condicionaram seus deslocamentos territoriais.
CANABARRO, Ivo. Estudos sobre a imigração e fontes visuais. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 228.
RESUMO. O autor trabalha a construção de uma cultura fotográfica no Noroeste colonial do Rio Grande do Sul, na primeira metade do século XX, espaço ocupado e colonizado por diferentes grupos étnicos de procedência européia. Desde os primeiros tempos da colonização da área em tela, já havia a prática fotográfica que incorpora na comunidade o hábito de ser representar pelas imagens; estas testemunhas e criam representações de como a comunidade gostaria de ser vista. As famílias fotografadas procuram se representar com objetos e poses que evidenciam as conquistas materiais no novo mundo, e também sua identidade entre os demais grupos que compõem a comunidade. A fotografia, para os retratados, serviu como um meio de divulgação de seus valores e suporte para criar representações que legitimam sua identidade e lugar num espaço social construído.
CINTRA, Rosana Aparecida. Italianos em Ribeirão Preto-SP: um estudo da família imigrante (1840-1900). In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 390.
RESUMO. Analisa-se a importância do estudo da imigração segundo a ótica da família imigrante que se dirigiu para Ribeirão Preto (SP) na década de 1890 e da política imigratória de subsídio. A partir de registros de famílias dos Livros de Matrículas de Imigrantes e da legislação específica concernente à imigração. Pretende-se estabelecer o perfil do imigrante introduzido no país à luz da análise do grupo familiar.
CORTE, Andréa Telo da. Emigração e história oral: a emigração sob o ponto de vista do imigrante. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 227.
RESUMO. Aponta-se a importância das fontes orais como uma abordagem política da produção do conhecimento, à medida que é, por excelência, a história do tempo presente. Ao permitir que o historiador acesse os agentes diretos do processo histórico, a metodologia oral possibilita a recuperação de fontes eventualmente citadas pelo depoente, assim como a tecitura de uma narrativa histórica nova a partir da multiplicidade de pontos de vistas que as entrevistas trazem à tona, de forma a aproximar o historiador da visão que o grupo criou de si e da sua própria história, isto é, da sua experiência como grupo social.
CURY, Vânia Maria. Padrões e excepcionalidades da imigração portuguesa no Rio de Janeiro: as profissões liberais. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 268-269..
RESUMO. O autor apresenta algumas das características básicas que contribuíram para constituir padrões da imigração portuguesa no Rio de Janeiro, no período histórico posterior à independência do Brasil. O confronto entre os profissionais liberais e os trabalhadores jovens e pobres que encontraram ocupação no comércio e na indústria aponta para o fato de que ambos os grupos podem ser enquadrados nas categorias de padrões e de excepcionalidades. De um lado, a grande quantidade de emigrados de origem camponesa e humilde, que acabou por constituir o padrão da colônia portuguesa na cidade; de outro, pessoas de maior qualificação intelectual e científica que representaram casos excepcionais de imigração voluntária. Embora os dois tipos tenham realizado a sua transferência em épocas semelhantes, fizeram-na motivados por razões inteiramente distintas, o que lhes confere a sua especificidade, permitindo observar, ao mesmo tempo, as condições gerais do mercado de trabalho na capital do Império.
DORNELAS, Eline Andréa. Políticas indígenas no Império. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 177.
RESUMO. A questão indígena no período Imperial foi marcada por discussões sobre a civilização e catequização dos índios, objetivando sua inserção na sociedade nacional. Nesse momento, a delimitação do território tinha como empecilho as ocupações indígenas, que causavam conflitos e guerras. Ao mesmo tempo, ocorria a extinção do tráfico negreiro, possibilitando a entrada de imigrantes europeus. Assim, enquanto a Lei de Terras legitimava a ocupação branca do território nacional, diversos decretos favoreciam a guerra e propunham aldeamentos indígenas. Em meio a essas propostas observam-se visões românticas, liberais ou excludentes, devidas a grupos que defendiam a extinção ou a aculturação dos povos indígenas que continuavam resistindo e dificultando o projeto colonizador e civilizador do Estado.
FERREIRA, Roberto Guedes. Patriarcalismo entre senhores de escravos da Freguesia de São José do Rio de Janeiro (primeira metade do século XIX). In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 327-328.
RESUMO. O autor aborda as relações familiares e parentais entre escravos na freguesia de São José do Rio de Janeiro durante a primeira metade do século XIX. Como fontes utilizam-se registros de batismos de escravos, inventários post-mortem, testamentos e relatos de viajantes. Defende-se a idéia de que o compadrio não reforçou os vínculos entre senhores e escravos, mas pode ter sido um meio indireto de os senhores manterem certo controle sobre a escravaria. Por outro lado, o compadrio foi crucial para a socialização dos cativos. Considera-se, também, que relações sexuais entre senhores e mulheres cativas, não sacramentadas pela Igreja católica, nem sempre, e necessariamente, constituíram uma imposição senhorial.
GARCIA, Elisa Frühan. A união matrimonial como estratégia para manutenção do contingente de mão-de-obra indígena: Rio Grande de São Pedro, 1750-1760. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 283.
RESUMO. A autora enfoca o casamento de índios escravos ou "administrados" com escravos negros, fossem estes crioulos ou africanos, como estratégia empregada pelos colonos para garantir o trabalho dos índios. Tal prática encontra-se vinculada à iminência do término da "administração" de índios por particulares, instituída pela legislação pombalinha em 1758. Utilizamos como fonte, basicamente, dois róis de confessados, um de 1751 e outro de 1758, bem como registros paroquiais de casamentos concernentes ao período pesquisado.
GUTIÉRREZ, Horacio. Repartição da terra e posse de escravos no Paraná. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 336.
RESUMO. Mostra-se o uso da mão-de-obra escrava entre os proprietários de terras do Paraná. Nos séculos XVIII e XIX o acesso à terra deu-se principalmente mediante a posse. Seis em cada dez famílias, no entanto, não tiveram acesso à terra e viviam em propriedades de terceiros como agregados ou arrendatários. As fontes utilizadas foram o cadastro de terras de 1818 e as listas nominativas de habitantes. Os resultados mostram que, na economia paranaense, cerca de 80 % dos domicílios não detinham escravos, bem como não os possuíam mais de 3/4 dos donos de terras; a propriedade de escravos ficava, pois, restrita à elite econômica, residente, sobretudo, em Castro e vinculada à pecuária. Essa elite também possuía a maior parte das terras: as vinte maiores fazendas de gado (1,0 % do total de propriedades) detinham 51,0 % das terras, conforme o cadastro de 1818.
LACERDA, Antônio Henrique Duarte. Os padrões das alforrias em um município cafeeiro em expansão: Juiz de Fora - Minas Gerais (1850-1888). In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 232.
RESUMO. Apresenta-se uma discussão sobre as manumissões ocorridas em Juiz de Fora, município da Zona da Mata (MG), na segunda metade do século XIX (1850-1888). Para tanto, realizei o levantamento dos Livros de Registros de Notas dos Cartórios do 1o. e 2o. ofícios de Juiz de Fora e nos Livros de Notas dos Distritos. Localizei 744 cartas alforriando 1.091 escravos. Na segunda metade do século XIX, Juiz de Fora desenvolveu-se como o principal centro cafeeiro de Minas Gerais, com predomínio de grandes propriedades escravistas. A formação dessas plantagens ocorreu num período posterior ao fim do tráfico transatlântico, portanto, estes plantéis se constituíram, principalmente, com elementos oriundos do tráfico inter e intraprovincial. Durante essa segunda metade do dezenove concentrou-se em Juiz de Fora uma grande população de cativos. Portanto, as manumissões ora contempladas ocorreram em uma sociedade na qual o cativo encontrava-se predominantemente no meio rural de uma região em expansão econômica.
LIMA, Adriano Bernardo Moraes. O destino de Aracne: relações comunitárias na sociedade escravista curitibana (1775-1825). In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 166-167 .
RESUMO. O autor pretende introduzir no debate historiográfico um novo olhar sobre os vínculos pessoais fomentados pelo elemento cativo, sobretudo aqueles caracterizados pelos historiadores como próprios da comunidade escrava. O autor estabelece o confronto entre os resultados dos autores que trataram da questão e as fontes primárias concernentes à região que compreendia a então Comarca de Paranaguá e Curitiba no final do século XIX e início do XIX. O material documental compulsado compreende cartas de alforria e listas nominativas, além de fontes cartoriais e eclesiásticas. Tal confronto traz a lume conclusões discordantes daquelas propiciadas por trabalhos recentes sobre a maneira como os escravos interagiam com a sociedade da qual faziam parte e pela qual, paradoxalmente, eram segregados. O autor apresenta, ainda, informações referentes ao "padrão" do escravo alforriado nos Campos de Curitiba.
MAGALHÃES, Leandro Henrique. A política indígena colonial. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 177.
RESUMO. O período colonial brasileiro foi marcado pelo debate acerca da inserção indígena na história européia e na genealogia cristã. Parte-se, para tanto, da concepção de direito natural, elaborada por Francisco de Vitória, segundo a qual os nativos americanos eram considerados soberanos sobre seus territórios, o que impedia a escravização e a imposição religiosa. A legislação portuguesa acerca dos nativos parte dessa concepção, dividindo as tribos em amigas e inimigas. Assim, ao mesmo tempo que se discutia a soberania indígena, abordava-se a possibilidade de escravização reservada aos inimigos, enquanto garantia-se a liberdade aos índios considerados aliados.
MARTINS, Robson Luís Machado. "... Até que a morte os separe": a família escrava em Nossa Senhora da Penha do Alegre, sul do Espírito Santo, 1867-1887. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 396.
RESUMO. A família escrava, tema central desta comunicação, foi, segundo o autor, uma instituição por demais relevante na manutenção do sistema de trabalho escravo, não só no Brasil como também em toda a América escravista. No contexto investigado pelo autor, trabalhou-se com a hipótese de que essa instituição desempenhou um papel fundamental na relação entre senhor e escravo, uma vez que, por ela e através dela, o escravo pode fazer valer os seus direitos, resguardando para os cativos alguns espaços de autonomia. Segundo o depoimento de D. Amélia Gonçalves, neta de escravos que teriam vivido em fazendas da região contemplada neste trabalho, na fazenda em que viviam seus familiares a sinhá perguntava às suas negrinhas:" -- Qual daqueles negros que você gosta? Aí a menina falava: fulano. Ela [a sinhá] chamava e perguntava ao rapaz: -- Você quer casar com a fulana, até que a morte os separe? E ele falava: -- Quero". Se as escravas. em particular, fossem mera extensão da vontade de seus senhores, a sinhá não iria perguntar e sim impor aos nubentes a sua própria vontade e realizar o matrimônio.
MAYER, Jorge Miguel. Diversidade e complexidade das fontes escritas sobre a imigração. Um estudo de caso: Nova Friburgo. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 228.
RESUMO. Examinam-se as fontes escritas capazes de oferecer um quadro das condições sob as quais se verificou a introdução de colonos suíços e alemães na região serrana dando origem à cidade de Nova Friburgo e de propiciarem o exame da sua inserção na realidade brasileira assim como das características da trajetória e evolução dos imigrantes e seus descendentes. Por terem sido produzidas com intenções e interesses definidos historicamente, o significado das fontes escritas é relativizado. Neste sentido, considera-se quem produziu a informação e qual a sua finalidade. Observa-se como a historiografia utilizou-se de parte da documentação muitas vezes para comprovar certas teses, por exemplo, vinculadas ao fracasso ou êxito do projeto imigratório. Omitiu-se, porém, outros, como os que caracterizam a importância da escravidão na formação de Nova Friburgo. Considerando-se o olhar contemporâneo sobre o fenômeno propõe-se uma nova seleção e leitura das fontes. Indicam-se documentos, relatos de viajantes, censos e outros documentos ainda pouco explorados.
NOVACKI, Luís Henrique. As cartas de alforria da "freguezia" da Palmeira - PR. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 166.
RESUMO. Esta freguesia, parte do "Termo da Villa de Coritiba, Quinta Comarca da Província de Sam Paulo", apresentou características peculiares com respeito à escravidão. A conformação do vilarejo que se localiza na região dos Campos Gerais do Paraná teve suas origens nas fazendas de criação e invernagem de gado, estabelecidas nas proximidades da "Estrada do Viamão"; isto se diferencia de lugares como Curitiba e São José dos Pinhais, que surgiram a partir de arraiais em regiões de mineração. A análise do "padrão de alforria" dos escravos dessa localidade demonstra a existência de peculiaridades em relação ao ônus e sexo dos emancipados bem como quanto às relações entre senhores e escravos no processo de conquista da alforria.
OLIVEIRA, Priscila Enrique de. Questão indígena: política e legislação no período republicano (1889-1967). In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 177-178.
RESUMO. O debate sobre a inserção do indígena na sociedade não se encerrou no Império. Na República retomou-se o tema, com participação do Apostolado Positivista, que serviu de inspiração para os debates travados nos Congressos Americanistas do início do século XX. A expansão cafeeira exigia a construção de estradas e ferrovias para o escoamento da produção, que cruzavam territórios dos povos indígenas. Para gerir esses problemas, foi criado em 1910 o Serviço de Proteção ao Índio (SPI) que tinha por finalidade constituir aldeamentos e reduzir o índio à condição de trabalhador nacional. O SPI perdurou até 1967 com a criação da FUNAI. Apesar de formalizados os aldeamentos, a questão territorial ainda se faz presente e os índios continuam reelaborando sua identidade constituindo grupos étnicos diferenciados.
ROCHA, Cristiany Miranda. O "estudo de caso" como via de acesso ao conhecimento do parentesco escravo. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 396-397.
RESUMO. Discute-se a importância dos "estudos de casos" como recurso metodológico para a compreensão de questões relativas à vida familiar dos escravos. Neste sentido, analisa-se um grupo de cativos pertencentes a um mesmo proprietário por meio de vários tipos de fontes incluindo processo criminais e ações de liberdade. O cenário é a zona rural do município de Campinas (SP) no século XIX. Uma das principais questões a serem discutidas é a do papel desempenhado pelo parentesco na construção de uma "comunidade escrava" no interior das fazendas, bem como na desestruturação do regime escravista.
ROCHA, Solange Pereira da. O parentesco entre as cativas do sertão. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 149.
RESUMO. Apresentam-se resultados de uma dissertação sobre mulheres escravizadas na Província da Paraíba, século XIX, especialmente sobre os vínculos de parentesco entre as escravas de três núcleos sertanejos -- Cajazeiras, Misericórdia e Piancó -- a partir da análise de listas nominativas de escravos nas quais verificou-se a existência de famílias legítimas em número bastante reduzido, e a existência mais expressiva de grupos matri-focais, bem como o esforço das cativas em manterem o convívio com seus respectivos parentes.
ROSA, Maísa Dassiê. Entre árabes e brasileiros: as relações matrimoniais dos imigrantes sírio-libaneses em Altinópolis. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 390-391.
RESUMO. Apresentam-se alguns resultados parciais de uma pesquisa mais ampla, cujo enfoque principal é a saga da colônia sírio-libanesa de Altinópolis, cidade localizada no nordeste paulista. Contemplamos as relações matrimoniais entre árabes e brasileiros; os dados foram coletados nos Livros de Registro Matrimonial do Cartório Civil de Altinópolis, compreendidos entre 1905, ano em que ocorreu na localidade o primeiro casamento envolvendo patrícios, até meados da década de 1960. Os resultados numéricos nos remetem à discussão em torno da preservação da identidade sírio-libanesa, ou da necessidade de a colônia integrar-se à vida social na urbe em questão.
SANTANNA, Leonor de Araújo. Terra de negros: posse e propriedade na área rural capixaba. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 120.
RESUMO. O Espírito Santo registra a presença do africano desde o século XVI, preponderantemente na área rural, mesmo porque trata-se de uma região em que predominou, até a década de 70 do século XX, o meio rural. As principais perguntas a responder são: para onde foram os negros capixabas após a abolição? qual a relação do negro com a terra? existiam problemas, com relação à posse e propriedade da terra nas áreas ocupadas pelos negros? Verificamos a constante divisão das terras dos negros gerando miséria e necessidade de complementação do sustento até mesmo fora dos áreas ocupadas pelos ex-escravos; tal situação engrossou o exército da mão- de-obra sazonal. Os resquícios de Quilombos e a Brecha Camponesa foram as principais formas de obtenção de propriedade na área rural capixaba pelos negros nela instalados.
SANTOS, Jonas Rafael dos. Demografia escrava em uma economia voltada para o mercado interno: Mogi das Cruzes -- 1777-1829. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 336.
RESUMO. Tendo em vista as evidências apresentadas em vários trabalhos, esta pesquisa, que tem como objeto uma região cuja economia voltava-se para o abastecimento de mercados locais, visa a verificar até que ponto o processo de reprodução natural dos escravos foi importante para a manutenção e/ou ampliação do sistema escravista de Mogi das Cruzes (SP), ao longo do século XVIII e inícios do XIX. Utilizamos como fontes listas nominativas de habitantes e constatamos, para todos os anos analisados, uma taxa de masculinidade de cativos equilibrada e um elevado número de escravos com até 14 anos de idade.
TEIXEIRA, Paulo Eduardo. Patriarcalismo e domicílio em Campinas no início do século XIX. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 328.
RESUMO. Ao estudarmos os domicílios em Campinas notamos que os dois tipos mais numerosos correspondiam ao nuclear e ao aumentado, ambos repousando sobre uma base comum: a família composta do casal e filhos. Em 1774 os domicílios aumentados, portanto aqueles compostos pelo núcleo familiar acrescido de escravos e/ou agregados, superava todos os demais, não só quanto à freqüência do tipo do domicílio, mas também quanto ao número de pessoas que viviam sob essas casas. Entretanto, a partir dessa quadra o número de domicílios nucleares cresceu grandemente, a pondo de, em 1794, metade da população livre encontrar-se em domicílios nucleares. Em 1829, no auge da lavoura canavieira em Campinas, embora tenha havido um significativo aumento no número de escravos, encontramos ainda uma expressiva participação dos domicílios nucleares em relação ao número total de fogos, mais precisamente 46,7 %.
VALENTIN, Agnaldo. Ouro Paulista: estrutura domiciliar e posse de escravos em Apiaí (1732 a 1798). Estudos Econômicos. São Paulo, IPE-USP, vol. 31, n. 3, p. 551-585, julho-setembro de 2001.
RESUMO. Este estudo acompanha, ao longo de cerca de sete décadas, a composição domiciliar e a estrutura de posse de escravos de Apiaí; nesse período deu-se a ocorrência de dois episódios de exploração aurífera. Os resultados evidenciam que a primeira fase foi marcada pelo predomínio de fogos singulares e pela expressiva presença de escravistas. No segundo período notou-se a convivência de mineradores e moradores, já arraigados na região, estabelecendo-se um perfil peculiar: de um lado, apiaienses não escravistas compondo unidades domiciliares simples, em especial casais com filhos; de outro, mesclavam-se escravistas coevos da fundação da vila e novos proprietários, atraídos pela ocorrência do "Morro do Ouro", com posse escrava mais concentrada que a verificada anteriormente. A comparação da dinâmica observada em Apiaí com diversas localidades mineiras, tanto no auge da atividade mineratória como em sua decadência, indica semelhanças em ambos os estágios, ressalvando as particularidades de tais localidades.
WEIMER, Rodrigo de Azevedo. A respeito de "ladrões, fascinerosos, matadores, desertores e índios". Condições de mobilidade espacial indígena no Rio grande de São Pedro -- o caso da Aldeia dos Anjos. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 283-284.
RESUMO. O autor investiga as possibilidades de mobilidade espacial da população indígena no Rio Grande São Pedro. Partimos da análise da Aldeia de Nossa Senhora dos Anjos, em virtude de sua representatividade como o principal aldeamento indígena do continente na segunda metade do século XVIII. Compreender a dinâmica demográfica deste aldeamento contribui para o entendimento das atividades e relações produtivas das pessoas que dali fugiam, considerando que se trata de um período posterior ao fim da administração privada de índios, em virtude a legislação pombalina. Analisamos documentação administrativa da aldeia, legislação de controle e repressão da mobilidade espacial dessa população e censos demográficos.
ZARTH, Paulo Afonso. O Barão e o colono: uma história da colonização no Sul do Brasil. In FRÓES, Vânia Leite (coord. geral). Livro de Resumos - XXI Simpósio Nacional de História. Niterói, Associação Nacional de História - ANPUH & Universidade Federal Fluminense, 2001, p. 48.
RESUMO. O texto é parte de uma investigação sobre a colonização do Rio Grande do Sul. Trata de demonstrar que a imigração para a região e sua colonização integraram um projeto que auxiliou na resolução dos problemas do latifúndio: escravidão, abastecimento e densidade demográfica. Além da solução desses problemas crônicos locais, os projetos de colonização com imigrantes europeus foram um bom negócio para grandes proprietários de terras e empresários do Brasil e da Europa mediante a comercialização de terras florestais. Tal abordagem enfatiza a colonização como um negócio, qualificando a idéia do branqueamento e da ação "civilizatória" dirigidos ao sul do Brasil. O autor analisa, também, as relações entre imigrantes e os demais grupos sociais locais: escravos, estancieiros, indígenas e lavradores nacionais.
PAIVA, Eduardo França. Escravidão
e universo cultural na Colônia: Minas Gerais, 1716-1789. Belo Horizonte,
Editora da UFMG, 2001.
Compreensão apurada e sólida da complexa e fascinante
sociedade mineira colonial, particularmente no que diz respeito às relações
escravistas ali desenvolvidas, é a tônica desta obra de Eduardo França Paiva
que contempla as antigas comarcas do Rio das Velhas, ao Norte e do Rio das
Mortes, ao Sul das Minas Gerais, através de testamentos e de inventários post-mortem
de homens e mulheres livres e libertos do século XVIII. O autor investiga,
sistematicamente, a vida cotidiana da população liberta dessas regiões,
considerando, principalmente, o dia-a-dia das mulheres ex-escravas e de suas famílias,
no período que se estende de 1716 a 1789. Como bem assinalou Serge Gruzinski,
da École des Hautes Études en Sciences Sociales, o autor "nunca deixa de
interrogar as cifras e os dados que extrai destas fontes com o olhar do sociólogo
e do antropólogo do passado. Ao mergulhar no laboratório social e cultural
excepcional que constituiu Minas Gerais, o leitor descobrirá uma sociedade
complexa, móvel, cheia de contradições, no seio da qual
negros e mulatos, homens e mulheres, aparecem integralmente como
protagonistas da história do século XVIII. Muitos -- as mulheres forras em
particular -- conseguiram forjar o seu lugar, inventar hábitos e formas de
distinção num mundo hostil, porém menos fechado e rígido do que se
acreditava." Essa obra representa, assim, uma importante contribuição aos
esforços mais recentes de se compreender o processo de formação do universo
cultural brasileiro e de se conhecer melhor a atuação efetiva de escravos(as)
e de libertos(as) nessa história.
Resumo. Este projeto tem como objetivo verificar como a transição de uma economia de subsistência para uma economia de exportação e a transição do trabalho escravo para o livre influenciaram as formas e os níveis de riqueza dos habitantes do município de Ribeirão Preto de 1847 até 1900. Para tal, utilizar-se-ão os processos de inventários arquivados no arquivo geral do fórum de Ribeirão Preto e no arquivo público de São Simão. O início do processo de formação do município de ribeirão preto enraíza-se na primeira metade do século XIX. Em 1870 o povoado foi elevado à categoria de freguesia e em 1871 a freguesia foi elevada à categoria de vila, sendo desmembrada da vila de São Simão. ainda na década de 1870 tem início a cultura cafeeira e com ela começa o movimento migratório responsável pelo expressivo crescimento populacional observado nas décadas finais do século XIX. Uma das causas desse movimento, se não a principal, foi a escassez de mão-de-obra escrava, base do cultivo da rubiácea no vale do Paraíba e no chamado oeste velho de São Paulo. Com a abolição, a necessidade de trabalhadores se intensificou e o município passou a receber imigrantes, principalmente italianos. Contudo, há relatos de fazendas dentro do município que foram formadas exclusivamente com mão-de-obra livre antes mesmo da abolição. Dessa forma, Ribeirão Preto experimentou duas mudanças, tanto sociais como econômicas, logo nas primeiras décadas de sua existência: a passagem da economia de subsistência para o sistema da grande lavoura e a passagem do regime de trabalho escravo para o de trabalho livre. Como avançado, este projeto propõe o estudo dos impactos dessas mudanças nas formas e nos níveis de riqueza da população do município de Ribeirão Preto, desde os primórdios de sua formação até o final do século XIX, utilizando para isso dois núcleos documentais pouco explorados, os processos de inventário post-mortem dos municípios de Ribeirão Preto e São Simão e as listas de qualificação de votantes para o município de Ribeirão Preto.
VISITE O SITE DO GRUPO DE TRABALHO DE HISTÓRIA QUANTITATIVA E SERIAL (GT-HQS).
Estamos organizando um grupo de pesquisadores interessados na área de história quantitativa e serial. Realizamos no ano passado, em Ouro Preto, um primeiro seminário sobre a questão e agora mais recentemente, no âmbito da ANPUH, resolvemos instituir o Grupo de Trabalho. Nosso escopo é congregar pesquisadores interessados no tema e facilitar a troca de experiências, especialmente as concernentes aos tratamentos a serem dispensados aos dados e à utilização da informática. Os colegas podem obter maiores informações no site do grupo: http://www.hqse.cjb.net/ .
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
Trabalhos incorporados ao arquivo ROL.
ELTIS, David, BEHRENDT, Stephen D. & RICHARDSON, David. A participação dos países da Europa e das Américas no tráfico transatlântico de escravos: novas evidências. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 24, 2000.
FLORENTINO, Manolo & MACHADO, Cacilda. Famílias e mercado: tipologias parentais de acordo ao grau de afastamento do mercado de cativos (Século XIX). Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 24, 2000.
LIMA, Carlos A. M. Além da hierarquia: famílias negras e casamento em duas freguesias do Rio de Janeiro (1765-1844). Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 24, 2000.
MAMIGONIAN, Beatriz Gallotti. Do que o "preto mina" é capaz: etnia e resistência entre africanos livres. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 24, 2000.
NEVES, Erivaldo Fagundes. Sampauleiros traficantes: comércio de escravos do Alto Sertão da Bahia para o Oeste Cafeeiro Paulista. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 24, 2000.
REIS, João José. De olho no canto: trabalho de rua na Bahia na véspera da Abolição. Afro-Ásia, Centro de Estudos Afro-Orientais - CEAO da FFCH-UFBa, n. 24, 2000.