BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA
Ano IX, no. 26, agosto de 2002
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SUMÁRIO
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
Nosso BHD de agosto distingue-se pela variedade de informações nele recolhidas. Ao artigo original de Ana Sílvia Volpi Scott soma-se o rico levantamento efetuado por Agnaldo Valentin; ao arrolamento das dissertações e teses apresentadas no Paraná, aliam-se a divulgação do precioso Guia de Fontes para a História do Sul de Minas e do valioso catálogo intitulado Memória da Igreja em Mato Grosso: o arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá, do qual nos dá criteriosa notícia nossa colega Maria Adenir Peraro. Ademais, além de podermos oferecer um número expressivo de resumos, coube-nos o feliz ensejo de agregarmos a este número a indicação dos trabalhos de nosso colega René Daniel Decol, que se marcam pela originalidade, e de divulgarmos o resumo das comunicações apresentadas, por pós-graduandos que se iniciam nos estudos demo-econômicos, no I Encontro de Pós-graduação em História Econômica. A riqueza dos temas levantados por essa nova geração de pesquisadores é garante seguro de que nossa área ainda está por conhecer desenvolvimentos mais expressivos do que os alcançados até o presente.
Ana Sílvia Volpi Scott. Da reconstituição de famílias à reconstrução de comunidades históricas: um exemplo do Noroeste de Portugal. Trabalho apresentado originalmente no Seminário Demografia Histórica: reflexões e experiências recentes de pesquisas, promovido em 2001 pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP e pelo Núcleo de Estudos da População – NEPO. Para ler este artigo
Maria Adenir Peraro. Notícias sobre fontes eclesiásticas do
Brasil: o arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá, Mato Grosso. A autora,
coordenadora do projeto que culminará em outubro próximo com o lançamento do
catálogo intitulado Memória da Igreja em Mato Grosso: o arquivo da Cúria
Metropolitana de Cuiabá, apresenta um circunstanciado relato do
desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa necessários ao preparo do material
ora divulgado, indicando, ademais, em linhas gerais o conteúdo da publicação
e as imensas potencialidades da documentação que se coloca à disposição dos
pesquisadores interessados em alargar nossos conhecimentos nas áreas da
história demográfica, econômica e social e concernentes a uma vasta e
relevante área do território brasileiro. Para
ler este artigo
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RESUMO. Este artigo
apresenta alguns resultados do Projeto Memória Cultural do Sul de Minas,
realizado em parceria interinstitucional entre a Universidade do Estado de Minas
Gerais – Campus de Campanha e a Fundação de Ensino Superior de São João
Del-Rei – FUNREI, com o financiamento da FAPEMIG. Além de apresentar uma descrição
sumária dos acervos regionais do Sul de Minas e discutir a importância dessas
fontes para a História de Minas Gerais, procurou-se apontar temas ainda pouco
pesquisados, estabelecendo um diálogo com a historiografia recente.
ABSTRACT. This article presents some results derived from the project Cultural Memory of Southern Minas Gerais, a project sponsored by FAPEMIG, a governmental foundation, which consists of a joint venture between the Universidade do Estado de Minas Gerais – Campus de Campanha - and Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei - FUNREI - a federal institute of higher education. The paper not only presents a brief description of the archives in Southern Minas Gerais, but also discusses the importance of these sources of study for the history of the state, as well as indicating some themes which have attracted little attention so far, thus establishing a critical dialogue with lately developed historiography.
ANDRADE, Maria José de Souza. A mão-de-obra escrava em
Salvador, de 1811-1860, um estudo de história quantitativa. Salvador,
dissertação de Mestrado, Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, 1975,
mimeografado, 172 p.
RESUMO. Estuda o grupo social constituído pelos escravos na cidade de Salvador, de 1811 a 1860, considerando-os numa condição sócio-econômica dupla: mão-de-obra e mercadoria. Reconhecendo no escravo uma importante força de trabalho e uma mercadoria altamente comerciável, a autora dirige sua atenção para o conhecimento do grupo escravo enquanto agente de produção. São consideradas as variáveis que influenciavam os preços dessa mercadoria especial. As variáveis intrínsecas ao próprio escravo (sexo, idade, qualificação profissional e estado de saúde), bem como as extrínsecas a ele: fatores políticos, sociais ou econômicos, tanto locais como nacionais e internacionais. Verifica, ademais, quanto valor do plantel representava da fortuna total de senhores residentes em Salvador no correr do período analisado.
CARVALHO,
Andréa Aparecida de Moraes Cândido de. Negros de Lages Memória e Experiência de Afrodescendentes no
Planalto Serrano: 1960-1970.
Florianópolis, UDESC, 2001. (Trabalho de Conclusão de Curso de História).
RESUMO. Este ensaio pretende contribuir com as demais pesquisas que
objetivam dar mais visibilidade às experiências das populações de origem
africana no Estado de Santa Catarina. Com esse estudo retrataremos a presença e
a vivência dos afrodescendentes na cidade de Lages, enfocando as décadas de
1950 e 1960, período no qual a região serrana sofre mudanças significativas
em sua economia, alterações essas que se refletiram de maneira expressiva nas
relações sociais e no cotidiano daquela população.
COSTA, Dora Isabel Paiva da. Family Formation and Wealth Distribution in frontier land: Campinas, São Paulo, Brazil, 1765-1850 (Mecanismos de redistribuição da riqueza e formação de famílias proprietárias em área de fronteira: Campinas, 1795-1850). Comunicação apresentada no XIII World Congress of International Economic History Association, Buenos Aires, 22-26 Julho de 2002.
COSTA. Dora Isabel Paiva da. As mulheres chefes de domicílios e a formação de famílias monoparentais: Brasil, século XIX. Revista Brasileira de Estudos de População. ABEP, vol. 17, n. 1/2, jan./dez. 2000, p. 47-66
RESUMO. Examina-se o fenômeno da chefia feminina de domicílios. A autora serve-se de uma metodologia que aborda os arranjos domésticos à luz do ciclo de desenvolvimento da família, apresenta, ademais, algumas comparações com outras localidades. Observa-se que as famílias chefiadas por mulheres vivenciaram estratégias específicas de sobrevivência em face de mudanças havidas na organização produtiva da sociedade. Tal especificidade contrastou com o comportamento verificado nos arranjos chefiados por homens.
LAMUR, Humphrey E. O impacto das Guerras dos Quilombolas na política populacional durante a escravidão no Suriname, Afro-Ásia. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO-FFCH) da Universidade Federal da Bahia (UFBa), n. 25-26, 2001, p. 61-93.
RESUMO. Após o fim do tráfico negreiro adotado por algumas nações européias no início do século XIX, os governos metropolitanos implementaram, nas sociedades escravocratas caribenhas, medidas para estimular o aumento natural da população escrava. Este trabalho lança luz sobre os efeitos de tais políticas coloniais, os quais mostraram-se distintos, a depender de condições locais e das características das políticas populacionais adotadas. No caso do Suriname, o governo holandês não obteve êxito quanto às práticas que visavam a elevar a taxa de crescimento natural e a reduzir a mortalidade da população escrava.
LIBBY, Douglas Cole & PAIVA, Clotilde Andrade. Alforrias e forros em uma freguesia mineira: São José d´El Rey em 1795. Revista Brasileira de Estudos de População. ABEP, vol. 17, n. 1/2, jan./dez. 2000, p. 17-46.
RESUMO. A base empírica do presente artigo é uma lista nominativa eclesiástica que arrola a população (com sete ou mais anos de idade) da freguesia de São José, Minas Gerais, no ano de 1795. Cerca da metade da população arrolada era composta por escravos, fato este que atesta a prosperidade da região cuja economia já se voltava para o abastecimento do mercado interno. Ademais, os 60% de africanos na população mancípia indicam a continuada importância do tráfico negreiro. Por outro lado, os brancos representavam apenas um quinto da população total e menos da metade da população livre, que incluía pessoas de cor nascidas livres e um número substancial de forros. A marcante participação dos forros entre os proprietários de cativos e no grupo dos que haviam conhecido o matrimônio consagrado pela Igreja indica o alto grau de integração dos alforriados nessa sociedade, evento este que pode ser tomado como uma das estratégias de manutenção da ordem escravista. Algumas pistas sobre as formas de obtenção de liberdade emergem quando se examina a composição da população forra e do grupo de escravos engajados na compra, a prazo, das suas cartas de alforria.
MAHONY, Mary Ann. "Instrumentos necessários": escravidão e posse de escravos no Sul da Bahia no século XIX, 1822-1889, Afro-Ásia. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO-FFCH) da Universidade Federal da Bahia (UFBa), n. 25-26, 2001, p. 95-139.
RESUMO. A autora descreve a introdução e difusão do escravismo em Ilhéus (Bahia), o qual, contrariamente à noção convencional sobre a história da região cacaueira, esteve associado à cultura do cacau e às demais atividades econômicas desenvolvidas na área.
OLIVEIRA,
Maria Inês Cortes de. O Liberto, o seu mundo e os outros, Salvador,
1790-1890. Salvador,
dissertação de Mestrado, Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, 1979,
mimeografado, 248 p.
RESUMO. Estudo sobre ex-escravos, suas reais condições de vida, seus comportamentos e suas organizações. Apresenta uma introdução histórica do período colonial ao Império -- a evolução da Bahia no século XIX. Estuda o liberto e seu trabalho, traços gerais da escravidão urbana, a passagem da escravidão para a liberdade, a sua ocupação e seus bens. O ex-escravo e a família, seu modo de vida e suas relações sociais. O liberto diante da morte, o comportamento religioso, as Irmandades às quais pertenciam, as idéias sobre a morte, o ritual do enterro, os sufrágios por sua alma e pelas dos parentes e amigos.
SILVA, Luiz Geraldo. "Sementes da sedição": etnia, revolta escrava e controle social na América Portuguesa (1808-1817). Afro-Ásia. Salvador, Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO-FFCH) da Universidade Federal da Bahia (UFBa), n. 25-26, 2001, p. 9-60.
RESUMO. De uma perspectiva qualitativa, o autor refere algumas das diferenças comportamentais observadas entre grupos de escravos africanos deslocados para o Brasil às suas origens étnicas, afetadas que estiveram por experiências históricas distintas.
TEIXEIRA,
Heloísa Maria. A estabilidade familiar entre os escravos de Mariana. In: Anais do X Seminário sobre a economia mineira. [CD-ROM]. Belo
Horizonte: CEDEPLAR/UFMG, 2002, 23p.
RESUMO. Neste texto apresentam-se os resultados de uma
análise acerca da estabilidade familiar entre os escravos de Mariana no
período 1850-1888; nesse lapso temporal a localidade integrava-se à economia
voltada para o mercado interno. Muitos são os estudos dedicados à temática da
família escrava e sua estabilidade no Brasil; poucos, porém, referem-se a
regiões desvinculadas da economia exportadora. São essas regiões, que a
historiografia aponta como fornecedoras de mão-de-obra, sobretudo após o fim
do tráfico internacional de escravos (1850) e da liberdade concedida às
crianças nascidas de mães escravas (1871). Nesse mesmo período,
concomitantemente à intensificação do tráfico interno, foram promulgadas as
primeiras leis de proteção ao escravo: a lei de 1869, que proibia a
separação das famílias escravas por venda ou doação; e a regulamentação,
em 1872, do Fundo de Emancipação para a libertação dos escravos - na ordem de classificação para alcançar o
benefício, em primeiro lugar, encontravam-se as famílias, em particular os
casais cujos membros pertencessem a diferentes senhores. Os resultados ora
apresentados apontam para o fato de que a escravidão, na segunda metade do
século XIX, não impossibilitava a manutenção de laços familiares estáveis
por um tempo significativo entre os escravos de Mariana. Os dados indicam que os
senhores geralmente seguiam a prática de não separar as famílias. Até mesmo
no momento mais tenso para a família escrava (a partilha dos bens entre
herdeiros), a maioria dos escravos continuava unida a seus familiares. Mesmo
para as famílias que conheceram separações parciais ou totais de seus
membros, questionamos o fato de isso acarretar o distanciamento das relações
familiares, pois deve-se ter presente que em Mariana predominavam os pequenos
plantéis sediados em pequenas propriedades, normalmente bastante próximas;
assim, provavelmente, a separação entre distintos proprietários não
significava a ruptura absoluta das relações familiares preexistentes entre os
cativos.
TRABALHOS APRESENTADOS NO
I ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica e pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP - Araraquara, aos 2 e 3 de Setembro de 2002.
ENGEMANN, Carlos. Estado, Escravidão e Trabalho: Real
Fazenda de Santa Cruz, RJ (1790-1820).
RESUMO. Este trabalho vota-se ao estudo das relações
do Estado monárquico luso- brasileiro com o trabalho escravo em seus próprios
domínios; examinam-se, particularmente, as práticas administrativas e sociais
desenvolvidas na Real Fazenda de Santa Cruz. A partir de uma abordagem
demográfica também foi possível entender os efeitos da administração
estatal sobre a escravaria e como ela alterou a estrutura da sua vida cotidiana.
Assim, foram investigadas características como a proporção populacional entre
os sexos segundo a idade, a mortalidade, as fugas, as manumissões, a
transferência de mão-de-obra etc. O objetivo buscado foi o de observar como os
artifícios disponíveis aos escravos e à administração pública foram
manipulados no caso de Santa Cruz. Espera-se, ademais, que a pesquisa
desenvolvida possa fornecer instrumentos teóricos e metodológicos para o
estudo da escravidão nos seus termos mais amplos.
ZERO, Arethuza Helena. O preço da
liberdade: caminhos da infância tutelada, Rio Claro, 1871-1888.
RESUMO. Este trabalho busca o entendimento das formas de
controle social exercidas sobre a população pobre infantil no século XIX,
analisando as ambigüidades da “Lei do Ventre Livre” que contribuíram para
o aproveitamento espoliativo da
mão-de-obra escrava infantil. O enfoque central é dado aos ingênuos,
crianças nascidas livres de mães escravas após a “Lei do Ventre Livre”.
Verificamos os mecanismos institucionais (legais), econômicos e sociais que
possibilitaram a existência de crianças tuteladas no decorrer da transição
do trabalho escravo para o livre, assim como identificamos os fatores que
contribuíram para que as famílias abandonassem seus filhos. Nesse
contexto, foi possível a caracterização da tipologia (idade, sexo, órfã de
pai/e ou mãe) das crianças tuteladas, bem como suas relações com os tutores.
MANDARINO, Thiago Marques.
Vidas obscuras: um estudo sobre o
cotidiano e a estrutura de mão-de-obra dos negros em Rio Claro (1871-1930).
RESUMO O presente trabalho, em andamento, tem como
objetivo proceder a um estudo da estrutura de mão-de-obra, cotidiano e vida dos negros no
município de Rio Claro, para o período compreendido entre 1871 e 1930, a
partir de uma análise dos atestados de óbito dos negros deste município para
o período em questão.
Tema bastante relevante e, no entanto, obscuro devido à falta de fontes
e estudos aprofundados. Como sabido, os negros começaram a ser emancipados de
forma mais intensa a partir de 1871, para, em 1888, serem todos tidos como
livres através da Lei Áurea. O ano de 1930 marca a crise do café e a
importância assumida pelos centros urbanos. Diante de uma sociedade pautada
durante décadas pelo racismo e preconceito, das
cidades em crescimento e da vinda maciça dos imigrantes, queremos
verificar como passou a estruturar-se a mão-de-obra dos negros, se conseguiram
trabalhar, suas condições de vida e de habitação, em que regiões
concentravam-se, assim como as relações que mantinham entre si e com os
brancos.
TEIXEIRA, Paulo
Eduardo. A formação das famílias livres em Campinas: notas de uma pesquisa.
RESUMO. A fundação de vilas
e povoados, paralelamente ao incremento econômico gerado no final do século
XVIII pela penetração da cana-de-açúcar em São Paulo, permitiu o
estabelecimento de um sólido alicerce para a fixação de pessoas que tinham os
mais variados propósitos. Nosso objetivo é estudar um sistema demográfico
representativo das economias das plantations, que foi o caso de Campinas, no período de 1774 a 1850.
A escassez de pesquisas nesse campo resulta em grande medida das “dificuldades
em se trabalhar as fontes documentais”, como disse C. Bacellar, “o principal
obstáculo para aqueles que decidem se aventurar por esta seara, principalmente
no que diz respeito às famílias de pouca ou nenhuma posse”. Assim,
embasados, especialmente, nas Listas Nominativas de Habitantes e nos Registros
Paroquiais pretendemos desenvolver a pesquisa ora exposta.
VASCONCELLOS, Marcia Cristina de. Comunidade escrava
numa sociedade em transformação sócio-econômica (Famílias escravas em
Mambucaba, 1830-1881).
RESUMO. Pretende-se verificar e analisar as
características das famílias escravas formadas, entre 1830 e 1871, na
Freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Mambucaba, localizada em Angra dos
Reis. Trata-se de um contexto marcado por transformações sócio-econômicas e
demográficas, presentes a partir da segunda metade do século XIX, que deixaram
reflexos sobre as populações livre e escrava. Daí surge a questão: qual o
impacto de tais alterações sobre as famílias? Esta questão será observada a
partir da comparação entre as formas tomadas por aquela instituição entre
1830-1849 e 1850-1871. A fim de atingir estes objetivos, trabalharemos mediante
o cruzamento de registros de batismo e de casamento, depositados no Convento do
Carmo de Angra dos Reis, e de inventários post-mortem de escravistas, pertencentes ao acervo do Museu da
Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
GUIMARÃES, Elione Silva. A economia escravista e a vivência
mancípia em uma região agro-exportadora de Minas Gerais (Juiz de Fora – Zona da Mata,
1850-88).
RESUMO. Neste texto apresentam-se
informações sobre a economia, a demografia e a vivências dos cativos em Juiz
de Fora, Zona da Mata — Sudeste de Minas Gerais. A expansão da economia
cafeeira neste município ocorreu no período 1850-70, tendo ele concentrado a
maior população mancípia de Minas Gerais na segunda metade do oitocentos.
Estes cativos estavam empregados, majoritariamente, nas lavouras de café. A
autora considera a vivência dos escravos no município em tela, abordando as
condições de trabalho, a relação familiar e a resistência velada e/ou
violenta ao sistema. As principais fontes utilizadas foram inventários post-mortem,
fontes notariais, processos
criminais e uma ampla produção local sobre o tema.
LACERDA, Antônio Henrique Duarte. Considerações sobre as cartas de alforria registradas
em um município cafeeiro em expansão através da análise dos livros de notas
cartoriais (Juiz de Fora, Zona da Mata de Minas Gerais, século XIX).
RESUMO. O autor analisa as variáveis contida nas Cartas de
Alforrias registradas em Juiz de Fora — tais como sexo, cor, idade, origem/nação — no
período de 1844 a 1888. Ao mesmo tempo, procura perceber se a concessão de
manumissões, no município em tela, foi uma estratégia desenvolvida pelos
senhores para manterem o controle da mão-de-obra escrava nas lavouras cafeeiras
e se os cativos tiveram oportunidades de empreenderem estratégias para obterem cartas de liberdade em uma quadra
em que a plantagem escravista, na região, encontrava-se em ascensão; portanto,
em uma conjuntura desfavorável à concessão das mesmas.
FERREIRA, Roberto
Guedes. Homens pardos – trajetórias diversas. Notas de pesquisa sobre mobilidade
social de descendentes de escravos em Porto Feliz (primeira metade do século
XIX).
RESUMO. Este trabalho analisa diferentes formas de
inserção social de descendentes de escravos na vila de Porto Feliz, capitania
de São Paulo, durante a primeira metade do século XIX. Para isto, lança-se
mão de listas nominativas de habitantes, inventários post-mortem e ordenanças. Almeja-se
ressaltar a diversidade de experiências de membros do grupo em questão.
Joaquim Barbosa Neves era um dos mais abastados da vila porto-felicense, pois em
seu inventário tinha fortuna considerável para o contexto local, ao passo que
o carpinteiro Antonio Pedroso de Campos possivelmente nem sequer teve bens a
inventariar, mas foi-lhe possível permanecer no seu ofício por cerca de 20
anos, mantendo estável sua relação familiar. Portanto, apesar de designados
nas listas como pardos, o que remete a um antepassado escravo comum, estes homens
apresentavam diferenças marcantes no que tange a sua posição na hierarquia
socioeconômica local.
FERNANDES, Edson. Comércio
de escravos e alforria numa boca de sertão: Lençóes, 1860-1888.
RESUMO. Este
trabalho aborda alguns aspectos da escravidão numa área tradicionalmente
esquecida pela historiografia, a chamada boca do sertão, último reduto
habitado pelo homem branco e ponto de apoio de expedições que demandavam o
sertão. Em meados do século XIX, a Freguesia de Lençóes, ligada à Comarca
de Botucatu, não estava integrada ao comércio de longa distância e destinava
sua produção aos mercados local e regional. A escravidão nesta região era
caracterizada pela existência de pequenos plantéis e a economia baseava-se na
pecuária de pequeno porte e em culturas como milho e algodão. A partir da
década de 1870, constata-se também a existência dos primeiros cafezais. Com
este trabalho procuramos caracterizar o comércio de escravos e as alforrias
nesta boca do sertão, mostrando que os escravos em idade produtiva eram os mais
transacionados e que as mulheres, no período inicial do estudo, eram mais
valorizadas que os homens. Com relação às alforrias, as que prevaleceram eram
do tipo oneroso, com pagamento em serviços.
NETTO, Fernando Franco. Dinâmica da
população escrava numa área de fronteira nova – Guarapuava (1828/1870).
RESUMO. Partindo dos primeiros grupos
que migraram para Guarapuava no início do Século XIX pretende-se avaliar a
evolução e as características da população escrava naquela localidade assim
como sua importância para a implantação e a consolidação da atividade da
pecuária/agricultura na região. Desta forma e num primeiro momento avaliam-se
alguns estudos importantes e específicos sobre as características da
população escrava em dadas regiões do país considerando algumas
peculiaridades com relação às razões de masculinidade e à relação entre
crianças/mulheres, que são dois indicadores importantes para capturar-se a
dinâmica da escravaria, sobretudo para fins comparativos. Finalmente procuro
resgatar determinadas características da população escrava em Guarapuava
utilizando esses dois indicadores – razão de masculinidade e relação
crianças/mulheres, a partir das listas nominativas de habitantes e dos
inventários post-mortem.
Guia de Fontes para a História do Sul de Minas. CD-ROM
Nesse guia resume-se e indica-se a localização de 5.274 documentos concernentes à vida social e econômica da região sulina de Minas Gerais, das origens da ocupação lusa ao século XIX. O CD-ROM pode ser adquirido por R$10,00 pelo fone:(0xx35) 3261-2020.
Na apresentação desse trabalho paradigmático,
entre outros informes, reportam os professores Marcos Ferreira de Andrade, da
UEMG -- Campus de Campanha, e Maria Tereza Pereira Cardoso, da FUNREI:
"A
montagem do banco de dados CAMPANHA DA PRINCESA: GUIA DE FONTES PARA O ESTUDO DO
SUL DE MINAS, SÉCULOS XVIII E XIX passou por diversas etapas nas quais
utilizamos procedimentos metodológicos distintos. O principal critério no qual
nos pautamos foi o de fornecer ao pesquisador um amplo leque de informações o
mais claras possíveis, de modo a facilitar-lhe a pesquisa e a rápida
localização dos documentos. Por esse mesmo motivo, utilizamos um programa
bastante conhecido e amigável, o Access 1997.
"Optamos por oferecer ao pesquisador, além dos
diversos campos que compõem os vários acervos e fundos, informações no campo
de observações, que lhes indique
caminhos de pesquisa. A título de exemplo, ressaltamos nos livros de batizados
pertencentes ao acervo da Cúria Diocesana da Campanha da Princesa os assentos
nos quais constam informações sobre escravos africanos e crioulos, assinalando
os livros em que há referências sobre nações. O mesmo procedimento foi
utilizado para os demais documentos de todos os outros fundos documentais.
"Em síntese, fazem parte desse GUIA DE FONTES os catálogos analíticos dos seguintes acervos: Cúria Diocesana da Campanha (1723-1998), Casa Paroquial da Campanha (1854-1997), Centro de Estudos Campanhenses Monsenhor Lefort (1795-1967), Santa Casa de Misericórdia da Campanha (1856-1988), Acervos Cartoriais da Campanha (1802-1909) e Centro de Memória Cultural do Sul de Minas (1768-1982)".
DISSERTAÇÕES DE
MESTRADO E TESES DE DOUTORADO DEFENDIDAS NO ÂMBITO DO PROGRAMA DE
PÓS-GRADUAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
E DE INTERESSE PARA A ÁREA DA HISTÓRIA DEMOGRÁFICA.
ANDRADE, João Corrêa de. A colônia Esperança - o japonês na frente pioneira norte Paranaense. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1975, mimeografado.
BARBOSA, Josué Humberto. Um êxodo
esquecido. O Porto de Recife e o tráfico internacional de escravos no Brasil:
1840-1871. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do
Paraná, dissertação de mestrado, 1995, mimeografado.
BARCIK, Verginia. Campo Largo, 1832-1882: Demografia histórica. Curitiba,
Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de
mestrado, 1992, mimeografado.
BELLINAZZO, Terezinha Maria. A população de
Santa Maria da Boca Monte 1844 - 1882. Curitiba, Departamento de História da
Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1982, mimeografado.
BONI, Maria Ignês Mancini de. A população
da Vila de Curitiba segundo as listas nominativas de habitantes 1765 - 1785.
Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná,
dissertação de mestrado, 1974, mimeografado.
BRODBECK, Marta de Souza Lima. A paróquia de
santo Antonio de Orleans 1879 -
1973, um estudo da Municipalidade. Curitiba, Departamento de História da
Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1983, mimeografado.
BUENO, Wilma de Lara. Curitiba, uma cidade
bem amanhecida. Vivência no trabalho das mulheres no final do século XIX e nas
primeiras décadas do século XX. Curitiba, Departamento de História da
Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1996, mimeografado.
BURMESTER, Ana Maria de Oliveira. A
população de Curitiba no século XVIII (1751 - 1800), segundo os registros
paroquiais. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do
Paraná, dissertação de mestrado, 1974, mimeografado.
CALLAI, Jaeme Luiz. Estudo da dinâmica
populacional de Ijuí (RS). Curitiba, Departamento de História da Universidade
Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1981, mimeografado.
CARDOSO, Jayme Antonio Cardoso. A população
votante de Curitiba 1853 -1881. Curitiba, Departamento de História da
Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1974, mimeografado.
CASAGRANDE, Iolanda.
Trabalhador rural volante (bóia fria)) no Paraná. Características históricas
demográficas. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do
Paraná, dissertação de mestrado, 1979, mimeografado.
CUNHA, Jorge Luiz da. Os colonos alemães de
Santa Cruz e fumicultura. Santa Cruz do Sul; RS 1849-1881. Curitiba,
Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de
mestrado, 1988, mimeografado.
DALLEDONE, Márcia Terezinha Andreatta.
Condições sanitárias e as epidemias de varíola na província do Paraná 1853
- 1889. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná,
dissertação de mestrado, 1980, mimeografado.
DOUSTDAR, Neda Mohtadi. Imigração polonesa: Raízes de um
preconceito. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do
Paraná, dissertação de mestrado, 1990, mimeografado.
GONÇALVES, Maria Aparecida Cezar. Estudo
demográfico da Paróquia Nossa Senhora Santana de Ponta Grossa 1823 - 1879.
Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná,
dissertação de mestrado, 1979, mimeografado.
GOUVÊA, Regina Rotemberg. Comunidade judaica em Curitiba 1889-1970.
Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná,
dissertação de mestrado, 1980, mimeografado.
GRAF, Marcia Eliza de Campos. População escrava da
Província do Paraná a partir das
listas de classificação para emancipação 1873 - 1886. Curitiba, Departamento
de História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado,
1974, mimeografado.
KARVAT, Erivan Cassiano. Discursos e práticas de
controle. Falas e olhares sobre a mendicidade e vadiagem (Curitiba 1890-1933).
Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná,
dissertação de mestrado, 1996, mimeografado.
KERSTEN, Marcia Scholz de Andrade. O colono
polaco. A recriação do camponês sob a capital. Curitiba, Departamento de
História da Universidade Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1983,
mimeografado.
KOJIMA, Shigeru. Um estudo sobre os japoneses e seus descendentes em Curitiba.
Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná,
dissertação de mestrado, 1991, mimeografado.
KUBO, Elvira Mari. Aspectos demográficos de
Curitiba 1801-1850. Curitiba, Departamento de História da Universidade Federal
do Paraná, dissertação de mestrado, 1975, mimeografado.
LAMB, Roberto Edgar. Uma jornada
civilizadora: Imigração, conflito social e segurança pública na Província
do Paraná; 1867-1881. Curitiba, Departamento de História da Universidade
Federal do Paraná, dissertação de mestrado, 1994, mimeografado.
LEMOS, Carlos Cesar. O casamento no Paraná - séculos XVII e XIX.
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