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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano XI, no. 34, novembro de 2004

               

 

SUMÁRIO

                                               

                

Apresentação

Artigos

Resumos

Notícia Bibliográfica

Censo de Demografia Histórica

Notícias e Informes

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

   

 

  

Apresentação

                                            

Este número do BHD mostra-se tão diversificado e rico que fica prejudicada a tentativa de apresentá-lo. Lançamentos de livros nacionais e estrangeiros, presença de artigos, resumos de material apresentado em duas reuniões, uma de caráter nacional, outra congregando estudiosos estrangeiros; enfim, nos foi dado o ensejo de arrolar matérias que cobrem tantos aspectos da história demográfica que só nos resta reafirmar: vejam como caminha célere e com firmeza nosso campo de especialização! 

                                               

Artigos

                  

                                        

Ana Luiza de Castro Pereira. Batismo e solidariedade na Vila de Sabará, 1723-1757.
RESUMO. A autora analisa a maneira como o rito do batismo, tão importante para a sociedade colonial mineira, permitiu que laços de solidariedade fossem estabelecidos entre os moradores da Vila de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, entre 1723 e 1757. Para tanto, foram lidos e transcritos 4.178 assentos de batismo referentes à vila de Sabará, acervo este que se encontra sob guarda da Cúria Metropolitana de Belo Horizonte (CEDIC-BH). Como sabido, os assentos de batismos constituem uma rica fonte de pesquisa por historiadores por fornecerem informações como: índice de legitimidade e ilegitimidade, estado matrimonial de pais padrinhos, estatuto legal dos envolvidos no batismo. Neste artigo levanta-se o número de crianças que receberam o primeiro sacramento católico na aludida vila, sendo os filhos ilegítimos os que receberam mais atenção. Procurou-se, na leitura dos assentos, recuperar os índices de ilegitimidade, comparando-os com os de algumas vilas setecentistas de outras capitanias. Verificou-se que a vila de Sabará, ao longo do século XVIII, alcançou índices elevados de ilegitimidade quando comparados com os de outras regiões. Para ler o texto integral do artigo .

                                        

  Resumos

                 

                           

CRIVELENTE, Maria Amélia Assis Alves. Poder e cotidiano na capitania de Mato Grosso: uma visita aos senhores de engenho do lugar de Guimarães, 1751-1818. Revista de Demografia Histórica. Espanha, ADEH, Univ. Zarogoza, v. XXI-II, 2003, p. 129-152.

RESUMO. Este artigo tem por objetivo desvendar uma realidade colonial mato-grossense no limiar dos domínios espanhóis, inimigo sempre presente na fronteira oeste, a mais remota dos domínios portugueses na América. Espaço que se constituiu, durante todo o século XVIII pela característica da violência e embate entre lusos, castelhanos, paulistas e a população indígena, no processo de ocupação e povoamento empreendido pela coroa, especialmente após 1750, com o tratado de Madri e as novas demarcações. Realidade social e econômica que se contrapõe à noção de um sertão decadente e miserável pós mineração. Uma sociedade de senhores de engenho e considerável escravaria, além das lavras auríferas. De agricultura abundante, no período, o Lugar de Guimarães, atual Chapada dos Guimarães, tornou-se o celeiro da Província.

                      

ENGEMANN, Carlos. De grande escravaria à comunidade escrava. Estudos de História: Revista do programa de pós-graduação em história. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social/UNESP - Campus de Franca, v. 9, n. 2, 2002, p. 75-96.
RESUMO. São reportadas reflexões do autor sobre pesquisa que efetua sobre as grandes escravarias. Busca-se, inicialmente, identificar indícios da formação de comunidades escravas nos plantéis demograficamente numerosos para, em seguida, mapear os diferentes estágios concernentes à formação das aludidas comunidades. São contempladas, também, as especificidades das escravarias nas quais havia largos vínculos parentais de modo a permitir a ressignificação dos instrumentos usuais de socialização cativa. Nesse sentido, investiga-se o manejo dos espaços sociais, temporais e físicos, encarando-os como possibilidades de paroxismos das tensões e das estratégias do cativeiro e, ao mesmo tempo, como instâncias nas quais os laços comunitários fluíam e refluíam em face das intenções primeiras que os instauravam.

                            

FERNANDES, Edson. Comércio de escravos numa boca do sertão: Lencóes, 1860-1888. Estudos de História: Revista do programa de pós-graduação em história. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social/UNESP - Campus de Franca, v. 9, n. 2, 2002, p. 53-73.
RESUMO. O autor trata do comércio de escravos em Lencóes à época em que essa vila era uma boca do serão, área de conflitos entre os povoadores brancos e os remanescentes indígenas que habitavam a porção ocidental da Província de São Paulo nos meados do século XIX. A economia de Lençóes caracterizava-se por não estar integrada aos mercados de longa distância, destinando-se, sua produção, aos mercados local e regional. Nessa boca do sertão, o comércio de escravos recaiu sobre os cativos em idade produtiva, sendo preteridos os mais velhos e as crianças. As mulheres escravas eram tão valorizadas quanto os homens até a lei do Ventre Livre, quando então a perda da condição de reprodutoras de mão-de-obra cativa fez com que seu preço se tornasse inferior ao dos escravos do sexo masculino.

                          

FERREIRA, Roberto Guedes. Bibiana, Maria, Ana, Micaela Joaquina e outras escravas: estratégias de mobilidade social de mulheres cativas. Porto Feliz e Rio de Janeiro (primeira metade do século XIX). Estudos de História: Revista do programa de pós-graduação em história. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social/UNESP - Campus de Franca, v. 9, n. 2, 2002, p. 255-279.
RESUMO. O autor analisa fragmentos dae histórias de vida de mulheres que tiveram relações sexuais/afetivas com seus senhores e que resultaram na geração de filhos. Focando a Corte do Rio de Janeiro e a vila de Porto Feliz (localizada em São Paulo) durante a primeira metade do século XIX, o objetivo foi o de destacar estratégias empreendidas por mulheres escravas a fim de conseguirem benefícios para si e/ou para seus filhos, quer em termos materiais, quer em termos simbólicos. Ressalta-se que, não obstante tratar-se de áreas com diferentes dinâmicas, as estratégias empregadas foram semelhantes. Para abordar tais aspectos, lança-se mão de listas nominativas de habitantes da vila de Porto Feliz, e de inventários post-mortem e testamentos de ambas as localidades.

                                            

LOPES, Janaina Christina Perrayon. Tempo de casar: casamentos de escravos e forros na Freguesia da Candelária, Rio de Janeiro - 1809 a 1837. Estudos de História: Revista do programa de pós-graduação em história. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social/UNESP - Campus de Franca, v. 9, n. 2, 2002, p. 195-213.
RESUMO. O artigo é votado à análise do mercado matrimonial escravo e forro da freguesia carioca da Candelária no início do século XIX e suas relações com a dinâmica econômica e social da cidade do Rio de Janeiro, sobretudo no que tange ao seu perfil demográfico. São recuperadas as relações estabelecidas entre os homens e mulheres que buscavam sancionar suas uniões mediante a bênção eclesiástica, a autora leva em conta as condições adversas em que tais casamentos aconteciam, de maneira especial para os que, no Rio de Janeiro da época, eram escravos ou forros.

                                            

LUNA, Francisco Vidal & KLEIN, Herbert S. Slave Economy and Society in Minas Gerais and São Paulo, Brazil, in 1830. Journal of Latin American Studies, vol. 36, parte 1, fev. 2004. p. 1-28.
Resumo. Com base em fontes manuscritas, estudou-se a economia e sociedade em Minas Gerais e São Paulo em 1830. Encontrou-se uma estrutura formada por uma maioria de proprietários com poucos cativos, onde a posse de escravos estava amplamente distribuída e incluía uma parcela importante de pessoas livres de cor, inclusive forros. Características distintas do modelo propondo o predomínio da grande lavoura. De modo geral o Brasil assemelhou-se muito mais aos Estados Unidos do que às ilhas açucareiras das Índias Ocidentais. Mas no Brasil os escravos estavam mais bem distribuídos por região e por ocupação. A estrutura demográfica dos escravos demonstrava baixo potencial reprodutivo e elevada proporção de escravos casados em São Paulo. A miscigenação era expressiva, formando uma população com alta participação de mulatos e pardos, inclusive entre os livres, particularmente em Minas.

                                         

LUNA, Francisco Vidal & KLEIN, Herbert S. Escravos em Sorocaba, 1777-1836. São Paulo, FEA-USP/NEHD, 2004, 16 p. mimeografado.
RESUMO. Estudou-se a estrutura de posse de escravos em Sorocaba entre 1777 e 1836, vila de grande importância econômica pelo papel desempenhado na comercialização das mulas criadas no sul do país. No período analisado houve forte crescimento no número de escravos na localidade e expansão das atividades não agrícolas, provavelmente influenciadas pelo intenso comércio de animais. De modo geral, as características dos escravos ali existentes e na estrutura de posse de escravos não diferiam das outras regiões paulistas no mesmo período.

                                               

LUNA, Francisco Vidal & KLEIN, Herbert S. African Slavery in the Production of Subsistence Crops; the Case of São Paulo in the Nineteenth Century. In: Eltis, D., Lewis, F.D. and Sokoloff, K. L. Slavery in the Development of the Americas. Cambridge, Cambridge University Press, 2003, p. 120-149.
Resumo. A utilização de escravos africanos nas Américas esteve tradicionalmente associada à produção agrícola para exportação, particularmente açúcar, algodão, tabaco e café. Entretanto em todos os regimes, ocorria o cultivo complementar de gêneros alimentícios para consumo próprio e eventualmente para oferta no mercado local. Mas em nenhum caso tornou-se esta atividade tão importante como no Brasil, particularmente na região paulista por onde expandia-se a produção cafeeira na primeira metade do século XIX. O artigo analisa a inusitada concentração de trabalho escravo, caro, em cultivos de gêneros alimentícios produzidos especificamente para o mercado interno. Analisa-se também a relação entre os cultivos de exportação e a produção de alimentos, bem como a existência simultânea de trabalho escravo e trabalho livre na atividade agrícola.

                           

LUNA, Francisco Vidal & KLEIN, Herbert S. Fontes para o Estudo da História Econômica e Social na Internet. São Paulo, FEA-USP/NEHD, 2004, 14 p. mimeografado.
RESUMO. Neste artigo fornecemos ao pesquisador indicações de fontes de informações econômicas e sociais disponíveis na internet. Dado o número de websites existentes, concebemos o ensaio como uma primeira aproximação para divulgação do material disponível na Internet, útil para o estudo da economia e sociedade brasileira. Entendemos ser este um esforço preliminar para organizar a multiplicidade de sites e informações existentes na Internet.

                                      

MACEDO, Helder Alexandre Medeiros de. Homens de cor: escravos, forros e libertos em fontes manuscritas dos séculos XVIII e XIX do Sertão do Seridó. Estudos de História: Revista do programa de pós-graduação em história. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social/UNESP - Campus de Franca, v. 9, n. 2, 2002, p. 97-118.
RESUMO. Faz-se um inventário das fontes manuscritas referentes à presença negra nos séculos XVIII e XIX na região do Seridó, no Sertão do Rio Grande do Norte, avaliando-se as suas possibilidades de utilização na pesquisa histórica sobre a história da escravidão na área.

                         

RODARTE, Mario Marcos Sampaio; PAULA, João Antônio de; SIMÕES, Rodrigo Ferreira. Rede de Cidades em Minas Gerais no Século XIX. História Econômica & História de Empresas, São Paulo: HUCITEC/ ABPHE, v. 7, n. 1, p. 7-45, 2004.

RESUMO. O artigo analisa a urbanização no século XIX, na Província de Minas Gerais, à luz de duas teorias da economia regional: a dos lugares centrais e a de sistemas de cidades. Através de dados de profissão extraídos de documentos censitários, estuda-se a rede urbana em dois períodos: as décadas de 1830 e de 1870. Os estudos mostraram que, no início do século XIX, a rede de cidades em Minas estava ainda centrada no núcleo central minerador, sendo os principais pólos urbanos Ouro Preto e Serro. Já na segunda metade do século, a polarização urbana se desloca, em alguma medida, para as porções meridionais da Província, devido ao novo momento econômico. Os maiores pólos passaram a ser Juiz de Fora e Mar de Espanha. Mas, salvo estas mudanças mais evidentes, o interior de Minas preservou muito de sua estrutura urbana já existente na primeira metade dos Oitocentos. Acesso ao artigo: http://ideas.repec.org/a/abp/hehehe/v7y2004i1p7-45.html 

                                        

SANTOS, Jonas Rafael dos. Senhores e escravos: a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes no início do século XIX. Estudos de História: Revista do programa de pós-graduação em história. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social/UNESP - Campus de Franca, v. 9, n. 2, 2002, p. 235-253.
RESUMO. Estuda-se a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes com base na lista nominativa de habitantes de 1801 visando-se a verificar como estava organizado o sistema escravista local em relação às outras regiões da capitania e da colônia. Chama-se a atenção para a importância da teoria do ciclo de vida e da reprodução natural no processo de acumulação em cativos.

                            

       

                                                              

COMUNICAÇÕES APRESENTADAS NO I CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO LATINO AMERICANA DE POPULAÇÃO

 CAXAMBU - SETEMBRO DE 2004
                                                       

CABELLA, Wanda & POLLERO, Raquel. El descenso de la mortalidad infantil en Montevideo y Buenos Aires entre 1890 y 1950. Comunicação apresentada no I Congresso da Associação Latino Americana de População, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMEN. El trabajo plantea un estudio comparado del descenso de la mortalidad infantil en Montevideo y Buenos Aires desde fines del siglo XIX hasta mediados del siglo XX, a partir de la combinación de análisis de series demográficas y análisis cualitativo de fuentes históricas. En las dos capitales rioplatenses el inicio del descenso de la tasa de mortalidad infantil se remontó a fines del siglo XIX, alcanzando en la segunda década del siglo XX niveles poco usuales en el contexto latinoamericano, en torno a 100 por mil. Sin embargo, mientras la TMI bonaerense continuó descendiendo prácticamente sin interrupciones, el descenso de TMI montevideana se estancó durante casi toda la primera mitad del siglo XX. Este trabajo se propone comparar las principales causas de defunciones de menores de un año en ambas márgenes del Río de la Plata, así como explorar cuáles fueron los factores que determinaron las diferencias señaladas en la tendencia de la mortalidad infantil. La divergencia en los desempeños de las dos capitales es particularmente llamativa si se considera que ambas partieron de condiciones demográficas (fecundidad, niveles de urbanización, composición de las corrientes inmigratorias), geográficas y climatológicas muy similares. Más aún, la consolidación de la matriz de Bienestar en Uruguay, usualmente relacionada con la mejora en las condiciones de vida de los niños, antecede prácticamente en tres décadas a la argentina. Pretendemos comenzar a dilucidar estas interrogantes a partir del análisis comparado de cuatro conjuntos de factores explicativos: 1) Medidas de salud pública y extensión de los servicios de infraestructura básica urbana; 2) Nivel de vida; 3) Desarrollo institucional de la salud pública y medicalización y 4) Desigualdad social.
                                  

CELTON, Dora & RIBOTTA, Bruno. Las desigualdades regionales en la mortalidad infantil de Argentina Niveles y tendencias durante el siglo XX. Comunicação apresentada no I Congresso da Associação Latino Americana de População, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMEN. El presente trabajo constituye una primera aproximación al estudio de la mortalidad infantil en la Argentina, y se propone analizar los diferenciales regionales para distintos momentos del siglo pasado (1950-2000). Al respecto, indaga sobre el nivel y la tendencia de la mortalidad infantil y sus componentes (neonatal y post-neonatal), así como las principales causas de defunción. A grandes rasgos, los resultados indican que las reducciones más importantes de la mortalidad infantil en la Argentina, se deben fundamentalmente a la disminución del componente post-neonatal. Dada la asociación de éste con causas de defunción fácilmente erradicables (de origen exógeno), las posibilidades de obtener nuevos descensos en el futuro implicará cambios en el abordaje del fenómeno. En particular, el mayor desafío estará centrado en la reducción de la mortalidad neonatal, ya que la misma se encuentra asociada con dolencias que pueden llegar a ser de complicada identificación y tratamiento, y por lo tanto, de mayores costos. Un hallazgo significativo se relaciona con el hecho de que las mayores desigualdades regionales acontecieron a propósito de la reducción de la mortalidad post-neonatal, y que el descenso en la mortalidad neonatal, muestra una pauta semejante solamente hacia el fin del periodo estudiado (año 2000).
                             

MONTERO, Raquel Gil & MASSÉ, Gladys. Evolución demográfica de Los Toldos (Bolivia - siglos XVI a 1938 - y Argentina - 1938 en adelante). Comunicação apresentada no I Congresso da Associação Latino Americana de População, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMEN. Dentro de América Latina, Argentina está considerada uno de los países que inició en forma más temprana la transición demográfica, mientras que Bolivia se encuentra entre los últimos. Los trabajos más recientes sobre la temática, sin embargo, han hecho hincapié en las enormes diferencias que hay en el interior de estos países. Con frecuencia se consideró que uno de los factores más importantes que influyeron en el inicio temprano argentino fue la llegada masiva de inmigrantes europeos que se asentaron fundamentalmente en la Capital Federal y en las zonas litorales del país. Esta explicación desestima la influencia de la enorme complejidad étnica y cultural colonial, que "desapareciera" frente a la llegada de estos inmigrantes. Pensamos que la dinámica demográfica de este interior argentino no es únicamente una consecuencia de lo que no ocurrió (la llegada de inmigrantes), sino que tiene una historia propia inscripta dentro de la historia colonial y la del siglo XIX temprano. En este trabajo nos proponemos cambiar el mirador y analizar los ritmos y las causas de los cambios en la dinámica demográfica desde un espacio de tendencias muy diferentes a las del promedio nacional. Nuestro contexto es el noroeste argentino y el sur boliviano. Nos centraremos en un departamento ubicado al Noroeste de la Provincia de Salta (Santa Victoria), que tiene un municipio (Los Toldos) que formó parte de la Provincia de Aniceto Arce (Tarija, Bolivia) hasta 1938. Las fuentes de datos corresponden a registros parroquiales del siglo XIX y estadísticas vitales del siglo XX; revisitas de indios tardocoloniales y censos nacionales de población (Bolivia 1900; Argentina 1869 a 2001).
                                   

PÉREZ BRIGNOLI, Héctor. Los caracteres originales de la demografía histórica latinoamericana. Comunicação apresentada no I Congresso da Associação Latino Americana de População, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMEN. La primera parte del trabajo resume los desarrollos de la demografía histórica en Europa y los Estados Unidos. La segunda se ocupa de la demografía histórica latinoamericana mientras que la tercera propone una agenda de investigación para la historia de la población de América Latina.
                                    

       

                                

COMUNICAÇÕES APRESENTADAS NO XIV ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS POPULACIONAIS

CAXAMBU - SETEMBRO DE 2004
                                                       

BOTELHO, Tarcísio R. Estratégias matrimoniais entre a população livre de Minas Gerais: Catas Altas do Mato Dentro, 1815-1850. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O matrimônio é um momento crucial dentro das estratégias de reprodução social. Entretanto, as escolhas matrimoniais têm sido pouco estudadas para o passado brasileiro. Pretendo contribuir para a compreensão do comportamento da população livre a partir da observação de uma localidade específica de Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Observando a raça/cor dos noivos, o local de nascimento dos noivos e a ocupação dos pais dos noivos, fica evidente uma forte tendência à homogamia dentro da população, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista espacial. Quanto à mobilidade ocupacional, é difícil fazer afirmações com os dados disponíveis, embora se deva enfatizar os aspectos interessantes do passado brasileiro que esse tipo de estudo pode evidenciar.
                         

BRÜGGER, Silvia Maria Jardim. Compadrio e Escravidão: uma análise do apadrinhamento de cativos em São João del Rei, 1730-1850. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O compadrio foi, sem sombra de dúvidas, um importante elemento de constituição e/ou consolidação de laços de sociabilidade, na sociedade escravista brasileira. Nesta comunicação, analiso o padrão de escolha de padrinhos e madrinhas de cativos, tanto crianças quanto adultos, em São João del Rei, entre 1730 e 1850. Constato o predomínio de livres entre os indicados para exercerem estes papéis. A análise centra-se, primeiramente, em informações apresentadas em registros paroquiais de batismo. Posteriormente, procuro abordar alguns casos específicos, acompanhando a prática de apadrinhamento em algumas escravarias da região e cruzando variáveis, que possam interferir nas escolhas de padrinhos e madrinhas dos escravos. Nesta segunda parte do trabalho, torna-se fundamental a utilização de outras fontes, com o objetivo de complementar as informações contidas nos registros de batismo, como os inventários post-mortem e testamentos, tanto de proprietários dos cativos, quanto de padrinhos e madrinhas livres. A partir deste refinamento da abordagem, torna-se mais precisa a caracterização das práticas de apadrinhamento de escravos e, conseqüentemente, avança-se nas análises sobre os laços de sociabilidade entre a população cativa e suas relações com livres e libertos.
                      

CORRÊA, Carolina Perpétuo. Aspectos da demografia e vida familiar dos escravos de Santa Luzia, Minas Gerais, 1818-1833. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O presente trabalho investiga a vida familiar e as características demográficas dos escravos de Santa Luzia, na região central de Minas Gerais, nas primeiras décadas do século XIX. O lugarejo foi escolhido devido à sua inserção econômica: diferentemente da maioria das localidades para as quais se conhece aspectos da vida familiar de cativos no oitocentos, Santa Luzia jamais esteve orientado para a exportação, tendo se estabelecido desde cedo como próspero entreposto comercial para o norte de minas. Esperamos que ele possa ser representativo de outras paróquias também voltadas para o mercado interno na região. Utilizamo-nos para esse estudo de registros paroquiais de batismo (1818-33) e da lista nominativa de habitantes do distrito (1831). A partir dos assentos de batismo nos quais pelo menos um dos membros da família era escravo, foi elaborada uma base de dados com 1284 registros e 14 variáveis. No caso das listas, trabalhamos com o banco de dados elaborado por pesquisadores do CEDEPLAR/UFMG. Através desses dois bancos de dados procuramos responder a algumas indagações quanto à inserção local no tráfico internacional de escravos, inferida através da análise de algumas variáveis (como o peso da população cativa de origem africana, a razão de sexo e a estrutura etária) e de como essa inserção incidia sobre a vida familiar dessa comunidade escrava. Indagamo-nos sobre o acesso de casais cativos ao matrimônio religioso formal e de suas preferências no que concerne à escolha dos cônjuges. Haveria tendência à uniões endogâmicas, casando-se os escravos preferencialmente com outro da mesma região de origem? Haveria possibilidade de formalização de uniões entre escravos de senhores diferentes? Seria essa população capaz de reproduzir-se naturalmente? Finalmente, abordamos a adequação da documentação analisada para esse tipo de estudo, sinalizando as suas potencialidades e limitações, procurando sermos úteis a pesquisadores interessados em conduzir pesquisas nessa área.
                           

CUNHA, Alexandre Mendes & GODOY, Marcelo Magalhães. Redes clientelares e as listas nominativas de 1831/32 para a província de Minas Gerais: reflexões conceituais e metodológicas. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O objetivo central do trabalho, mais do que apresentar um estudo vertical de um caso em particular, é oferecer uma contribuição ao debate teórico e metodológico acerca do tema proposto ("Família e redes de sociabilidade"), com olhos voltados particularmente à primeira metade do século XIX. É importante argumentar que a discussão historiográfica acerca das redes de sociabilidade vem ganhando destaque nos últimos anos, sendo flagrante a contribuição da historiografia portuguesa nos estudos acerca das chamadas "redes clientelares" para os estudos do antigo regime e seus prolongamentos. Ainda que mais restrita ao campo da história social e política, a história demográfica, especialmente por conta da tradição de estudos no campo da história da família, tem, e deve ter ainda mais, fundamental importância na construção deste campo de pesquisa. O trabalho visa estabelecer bases conceituais ao tratamento do tema das redes de sociabilidade, particularmente no que diz respeito às relações clientelísticas e às redes daí decorrentes, tendo por pano de fundo as dimensões próprias do período colonial e imperial brasileiro. Na seqüência são contemplados aspectos mais propriamente metodológicos, contribuindo para uma reflexão das potencialidades de utilização das listas nominativas de população para os estudos dessas redes de sociabilidade. Concentra-se no caso das elites provinciais mineiras e nas listas de 1831/32, buscando novas interpretações dessas fontes a partir do conceito de redes clientelares.
                              

CUNHA, Maísa Faleiros da. A legitimidade entre os cativos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Franca - Século XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Este trabalho busca, a partir dos registros paroquiais de batismo dos filhos de escravos, estudar a legitimidade entre os cativos da Paróquia Nossa Senhora da Conceição de Franca em três momentos: 1805-1850, 1851-1871 e 1872-1888, visando desta forma verificar como o contexto sócio-econômico local e regional influenciou a legitimidade e, num aspecto mais amplo, a formação da família escrava. O primeiro momento diz respeito à localidade em sua fase inicial de formação e povoamento por livres e escravos provenientes, principalmente, de Minas Gerais. No segundo, Franca é um município consolidado, com sua economia voltada para o mercado interno, em uma fase em que a escravidão já anuncia seu esfacelamento com o fim do tráfico transatlântico de escravos (1850) e a promulgação da Lei do Ventre Livre (1871). Na terceira fase, após a Lei de 1871 ao fim da escravidão, a região norte paulista assiste à expansão da monocultura cafeeira e a transição para o trabalho livre. Após a análise das fontes, verificamos que o período entre 1805-1850 apresentou proporção de 44,9% de filhos legítimos de escravos e, o período entre 1851-1871, 51%. O aumento da legitimidade, nestes dois períodos, parece estar relacionado aos interesses dos senhores em ampliar suas escravarias após o fim do tráfico externo de escravos. O período de 1872 a 1888 apresenta a menor proporção de filhos legítimos, cerca de 37%. Ao que tudo indica, a queda na legitimidade entre os dois últimos períodos foi o resultado da diminuição na formalização das uniões dos cativos em razão do maior desinteresse por parte dos senhores em oficializá-las.
                         

DURÃES, Margarida. Estratégias de sobrevivência económica nas famílias camponesas minhotas: os padrões hereditários (sécs. XVIII - XIX). Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Os padrões hereditários da casa camponesa minhota inseriam-se na eficácia da contradição de dois conjuntos normativos. De um lado tínhamos as Ordenações que decretavam a igualdade de direitos dos descendentes à herança bem como o carácter sagrado e inviolável da legítima. Porém, como a principal forma de acesso à exploração da terra era através dos contratos de emprazamento e estes estavam subjugados a um conjunto de princípios que regulavam a sua sucessão e impediam a divisão das explorações agrícolas, os camponeses minhotos criaram um conjunto de estratégias que visavam conciliar a igualdade entre os herdeiros e a indivisibilidade da propriedade garantindo, desse modo, a sua sobrevivência económica. Este objectivo foi obtido graças à utilização das regras do direito sucessório e da sucessão testamentária. Assim, o sistema jurídico vigente foi adaptado aos interesses e necessidades de cada família ou grupo social através da utilização do testamento e da adopção de um conjunto de práticas onde a sucessão e a herança se apresentavam como dois processos distintos. Sucedia-se na direcção e administração da casa, no nome, no estatuto e lugar detido na sociedade, nos títulos, honras e cargos, mas também nas dívidas e encargos que os antecessores tinham assumido; herdava-se os bens imóveis ou o seu valor e os bens móveis . Não obstante as Ordenações que relegavam o cônjuge para o grupo dos herdeiros não obrigatórios, sempre o cônjuge sobrevivente , enquanto se mantivesse no estado de viuvez foi colocado como principal herdeiro ou usufrutuário; não obstante as Ordenações privilegiarem os varões relegando para lugar secundário as fêmeas, estas não foram preteridas pelos seus progenitores que sempre as colocaram num plano de igualdade com os irmãos, acontecendo, em certas situações, preferirem-nas em relação aos descendentes masculinos. As práticas sempre foram mais fortes do que a lei possibilitando que, num sistema desigual, as exclusões fossem atenuadas.
                                  

FREIRE, Jonis. Compadrio em uma freguesia escravista: Senhor Bom Jesus do Rio Pardo (MG) (1838-1888). Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O presente trabalho tem como objetivo estudar as relações de compadrio, uma das principais origens do parentesco fictício, estabelecidas pela população cativa na freguesia rural do Senhor Bom Jesus do Rio Pardo, localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, no decorrer do século XIX. Utilizamo-nos como fonte de pesquisa os livros de batizado, onde compilamos os registros de batismo das crianças filhas de mulher escrava. O sacramento do batismo parece ter sido buscado tanto por senhores quanto por cativos, não obstante por razões diferentes. Procurar-se-á demonstrar que as relações advindas do parentesco fictício não se estabeleceram somente ente os cativos e seus "irmãos de cativeiro". Na dita freguesia a população mancípia estabeleceu relações de solidariedade, primeiro com um grupo social em posição superior ao seu e depois dentro do próprio grupo social. Nesse segundo caso as escolhas se deram em sua maioria dentro do mesmo plantel, embora as estabelecidas entre plantéis distintos não tenham sido desprezíveis. Poderia se pensar que a Lei do Ventre Livre (1871) que libertou as crianças agora tidas como "ingênuas" pudesse ter levado os cativos a buscar uma coesão dentro de sua comunidade, isso aconteceu, entretanto, aqueles indivíduos continuaram a estabelecer suas relações de compadresco com um grupo de status social superior ao seu. As escolhas pessoais estabelecidas pelos escravos eram bem maiores do que até então poderia se pensar. Foram estabelecidas redes de solidariedade com livres, escravos, libertos/ forros. As relações de compadrio são exemplo de (re)adaptações feitas pelos escravos, dentro do sistema escravista de outrora. O cativo via na mesma a possibilidade de ampliar sua rede de parentesco e em certa medida, por meio destas relações de parentesco os escravos construíram uma coesão enquanto grupo.
                         

GARAVAZO, Juliana. Relações familiares e estabilidade da família escrava: Batatais (1850-88). Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O presente artigo analisa as famílias escravas identificadas em uma amostra dos inventários post-mortem lançados na cidade de Batatais (SP) no período de 1850 a 1888, bem como investiga o impacto da partilha para a manutenção e/ou desestruturação dos laços familiares estabelecidos entre os cativos. Nos plantéis herdados naquela localidade verificou-se um elevado número de grupos familiares, com destaque para o predomínio das famílias "regularmente constituídas", vis-à-vis aquelas consideradas apenas "arranjos consensuais", e para a concentração das unidades familiares nas maiores escravarias. Além disso, o acompanhamento do destino dos cativos arrolados juntamente com seus familiares demonstrou que as famílias escravas batataenses enfrentaram com relativo êxito a morte de seu senhor, embora algumas delas tenham sido total ou parcialmente separadas. Evidenciou-se, ainda, que a presença de filhos, a legalidade das relações estabelecidas, a inserção em plantéis de maior tamanho e o maior tempo de convivência dos familiares não garantiram a permanência dos laços familiares previamente estabelecidos.
                                      

GODOY, Marcelo Magalhães. Fazendas diversificadas, escravos polivalentes - Caracterização sócio-demográfica e ocupacional dos trabalhadores cativos em unidades produtivas com atividades agroaçucareiras de Minas Gerais no século XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
Resumo. Nos séculos XVIII e XIX, as atividades agroaçucareiras de Minas Gerais desenvolveram-se integradas em unidades rurais que se caracterizavam por ampla diversificação produtiva. A típica fazenda com cultivo e transformação da cana exigia larga versatilidade dos trabalhadores. Ao contrário dos espaços canavieiros fortemente especializados do litoral, os escravos dos engenhos mineiros deveriam estar habilitados para o exercício de múltiplas tarefas. Fora da safra da cana dividiam-se em ocupações relativamente simples, como as da agricultura e pecuária, bem como em atividades complexas, como as das artes e ofícios. A pronunciada tendência à auto-suficiência da fazenda mineira pressupunha permanente formação profissional dos trabalhadores, nomeadamente dos novos escravos. Assim, nas unidades de produção com engenho de cana de Minas Gerais a diversificação produtiva, consorciação de múltiplas atividades em complexo calendário agrícola, produção sazonal, longa entressafra e trabalhadores com eclética formação profissional eram traços que obstaculizavam a especialização e conformavam a superposição de divisões técnica e profissional do trabalho. Nas atividades dos engenhos de cana predominava a organização artesanal do trabalho, consoante a estrita dependência da capacidade individual e habilidades de trabalhadores polivalentes. Ao contrário dos espaços canavieiros voltados para mercados externos, em Minas a produção em base manufatureira somente poderia vigorar em minoritários grandes engenhos que se distinguiam por ocupar posição central em unidades produtivas diversificadas, assim como apresentarem safras longas e programada destinação mercantil da produção. Objetiva-se com esse estudo a exploração de alguns atributos sócio-demográficos e ocupacionais do trabalhador escravo das fazendas mineiras, mormente aquelas com fabricação de derivados da cana. O Censo de 1831/32, os Mapas de Engenhos Aguardenteiros e Casas de Negócio de 1836, anúncios de escravos fugidos em periódicos e relatos de viajantes estrangeiros compõem os principais repertórios documentais compulsados.
                            

GOMES, Alessandra Caetano. Os Pretos forros do Sertão da Farinha Podre: Um caso de equilíbrio entre os sexos dos libertos de Uberaba-MG. 1840-1888. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. A literatura da escravidão, já comprovou que o escravismo não foi o mesmo nas diversas regiões do Brasil. A historiografia das manumissões parece apontar algumas convergências, quanto às práticas de concessão das alforrias no país. Entretanto, historiadores do tema sempre privilegiaram análises do processo de manumissão em regiões com características econômicas semelhantes, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro que no século XIX, possuíram economias essencialmente urbanas e Campinas, a qual voltava-se para as atividades de agroexportação. Assim faz-se necessário, o estudo das práticas de alforria de regiões, que se notabilizaram por dinâmicas econômicas diferentes, como é o caso de Uberaba. A economia apresentada no Triângulo Mineiro do século XIX voltava-se essencialmente, para a agropecuária mercantil de subsistência. A literatura da posse de cativos comprovou que em economias que se caracterizaram pela atividade mencionada, o escravismo diverge de outras regiões. Assim, o recorte espacial de Uberaba justifica-se pelos motivos apresentados. Ademais, a região aparenta especificidades quanto ao processo de manumissão, diferentes em alguns aspectos, das apresentadas por outras localidades. Os libertos de Uberaba, apresentaram características diferentes das constatadas por outros estudos. Ao realizar o cruzamento das variáveis sexo, idade, cor e origem com os tipos de alforria, mostra-se que o tipo de economia, o processo de crioulização crescente e a divisão social do trabalho presentes no século XIX, influenciaram na concessão das alforrias de forros e forras. Tanto que, na região, não ocorreu a sobrerepresentação das libertas, mas sim um equilíbrio entre os sexos da população forra, fato que contraria outros estudos que afirmam que as mulheres sempre foram mais alforriadas que os homens.
                                    

MACHADO, Cacilda. Casamento & Compadrio Estudo sobre relações sociais entre livres, libertos e escravos na passagem do século XVIII para o XIX (São José dos Pinhais - PR). Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Neste texto buscou-se recuperar trajetórias de casais mistos (escravos com livres ou libertos) que viveram entre os séculos XVIII e XIX, no vilarejo de São José dos Pinhais (vizinho a Curitiba e, por então, pertencente a Capitania de São Paulo), principalmente a partir do cruzamento de listas nominativas de habitantes com documentos eclesiásticos (registros de batismos, casamentos e óbitos, autos de casamentos e outros processos). A interpretação dessas trajetórias teve como principal resultado a formulação da hipótese de que, naquela sociedade escravista fundamentada nas relações pessoais, o casamento e o compadrio eram atos sociais estratégicos. Para aquela elite, proprietária de poucos escravos, casar seus escravos e administrados com livres, ou com estes estabelecer compadrio, era uma forma de arregimentar dependentes e reproduzir a hierarquia social que organizava os diferentes grupos de cor e condição jurídica. Para a população de origem africana e/ou indígena, constituía-se importante instrumento de ascensão social e de afirmação da liberdade. É preciso enfatizar, no entanto, que o casamento e o estabelecimento de compadrio com pessoas de estrato superior me parecem menos adesão a uma prática escravista, da parte de escravos, libertos e livres de cor, e mais algumas das estratégias socialmente disponíveis para assegurar a liberdade para si e para a sua geração, ainda que nesse empenho se tornassem partícipes do nosso peculiar processo de produção e reiteração das hierarquias sociais.
                                  

MARCONDES, Renato Leite. Estrutura da posse de cativos no Paraná e em Minas Gerais (1872-1875). Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Apresentamos as diferenças da estrutura demográfica da população escrava e da posse de cativos entre sete localidades paranaenses e seis mineiras na década de 1870. Estas áreas mantiveram-se infensas às principais atividades exportadoras do Império (o café e o açúcar), porém conservaram uma escravidão significativa até os últimos anos do escravismo brasileiro. Utilizamos como fonte básica para a pesquisa: as listas de classificação dos escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação concernentes ao lapso 1873- 1875. Adicionalmente, lançamos mão do recenseamento de 1872. Apesar do quadro geral de posses reduzidas nas duas províncias, conseguimos estabelecer grupos de cidades com propriedades cativas diferenciadas.
                                 

MARTINEZ, Cláudia Eliane P. Marques. Família, Riqueza e Organização da Estrutura Doméstica: Vale do Paraopeba/MG, 1850 a 1914. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O objetivo desta comunicação consiste em avaliar a riqueza e as formas de organização da estrutura doméstica da família mineira, entre os anos de 1850 a 1914. As análises têm como suporte empírico um Banco de Dados composto por 410 inventários post-mortem (160 documentos referentes à fase pré-abolição e 250 da fase pós-1888). Utilizam-se também informações contidas no Recenseamento da População do Brasil de 1872 e nos Anuários Estatísticos do Século XX. Parte-se do pressuposto que a economia desse antigo centro minerador e agropecuário de grande dinamismo e que teve sua história marcada por expressiva importação de africanos, sofreu profundas transformações materiais e demográficas após o fim da escravidão. Por meio da análise das fontes - cartorária e censitária - é possível perceber, por exemplo, como as mudanças na esfera material e populacional afetaram diretamente a organização da estrutura doméstica da família mineira. A abordagem estabelecida possibilita, ainda, investigar aspectos relacionados à problemática do trabalho, da renda, do patrimônio, bem como a inclusão/exclusão de alguns setores da população inventariada. Assim, este estudo permite, portanto, discutir como a família adaptou-se às novas formas de organização doméstica, impostas pelos novos valores e formas de riqueza decorrentes do final da escravidão.
                                   

MARTINS, Maria do Carmo Salazar & SILVA, Helenice Carvalho Cruz & LIMA, Maurício Antônio de Castro. Branco mais preto é igual a pardo ou igual a cinzento? Sexo e Cor em Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. A importância da chefia feminina na economia e na sociedade colonial/provincial mineira já foi bastante estudada. Entretanto, são poucos autores que tocam - e quando o fazem é apenas de passagem - em um tipo de problema que trouxe conseqüências graves para a sociedade brasileira atual. É difícil reconhecer que as desigualdades sociais vivenciadas pelos afrodescendentes em todas as esferas da vida social sejam conseqüência de um regime, ou de uma política econômica, imposta por indivíduos da raça branca sobre os negros, e que, no Brasil, há cerca de quinhentos anos, os afrodescendentes vêem seu espaço social limitado por barreiras dificilmente transponíveis e historicamente determinadas. No caso das mulheres então, associe-se uma sociedade patriarcal a um regime escravista e veja-se onde é possível situar a mulher na escala social. Assim, o objetivo desse trabalho é contextualizar a existência da desigualdade social entre raça e sexo e confirmar que a mesma é historicamente determinada. As fontes de dados a serem trabalhadas serão as listas nominativas de Minas Gerais produzidas em 1818-20 e em 1838-40.
                            

NAPOLITANO, Minisa Nogueira. A construção do lesbianismo na sociedade carioca oitocentista. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Quando a sodomia feminina deixou de ser da alçada da Inquisição, em 1642, o tema das relações sexuais entre mulheres, pelo que consta, não foi, no Brasil, mais tratado e nem sequer mencionado até o século XIX. Com o fim da Inquisição, no oitocentos, as relações sexuais entre mulheres deixaram de pertencer à esfera da heresia, ou seja, deixou de ser um problema religioso para, mais adiante, tornar-se um problema social. Paralelo às transformações socioculturais ocorridas ao longo do século XIX - como, por exemplo, a tentativa de implantação do modelo da família burguesa higiênica entre nós -, a homossexualidade passou a fazer parte de tratados de medicina e de obras literárias. Buscaremos exatamente mapear quando e como a mulher que se relacionava sexualmente com outras mulheres recebeu, no Brasil, a atenção de médicos e estudiosos e sua existência foi reconhecida socialmente.
                                

PINTO, Luciana Suarez Galvão. A estrutura da posse de cativos nos momentos iniciais da cultura cafeeira no novo oeste paulista. Ribeirão Preto: 1849-1888. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Neste artigo a autora analisa a estrutura da posse de cativos em Ribeirão Preto no período 1849-1888, quadra em que a escravidão caminhava para seus momentos finais e a cultura cafeeira despontava na localidade. Como fonte de dados foram utilizados inventários post-mortem de proprietários de cativos, guardados no Fórum de São Simão e no Arquivo do Fórum de Ribeirão Preto. O estudo concentra-se na análise das características dos proprietários de escravos e suas atividades econômicas, na estrutura da posse e na caracterização da população cativa. Busca-se também verificar se realmente as atividades anteriores à cultura cafeeira limitavam-se à subsistência e qual o papel da mão-de-obra cativa no início da cafeicultura no oeste novo paulista.
                                 

REIS, Déborah Oliveira Martins dos. Estrutura da posse de escravos nas atividades de subsistência de Araxá (MG), 1776-1848. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O trabalho pretende deter-se sobre alguns elementos referentes à estrutura da posse de cativos e a composição dos plantéis escravistas da localidade mineira de Araxá, bem como em variáveis de natureza econômica relativas aos proprietários. Procuramos caracterizar, em especial no que respeita a indicadores estatísticos concernentes à distribuição da propriedade escrava e características demográficas dos escravos como sexo, estrutura etária e origem, o trabalho escravo empregado nas atividades locais atentando, principalmente, para os pequenos e médios plantéis (1 a 5 e 6 a 10 cativos), característicos de atividades não vinculadas ao comércio internacional. Através do recurso aos inventários post-mortem e à lista nominativa de habitantes de 1832, observamos os plantéis araxaenses no período que vai de 1776-1810 (coincidente com a chegada dos primeiros povoadores à localidade e com a consolidação, em Minas Gerais, das atividades agropecuárias como eixo central da economia, em detrimento à mineração) a 1848 (pouco anterior à extinção do comércio atlântico de escravos).
                                     

SANTOS, Jonas Rafael dos. Senhores e escravos: a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes no início do Século XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. O autor estuda - a partir de listas nominativas de habitantes, especialmente a de 1801 - a estrutura da posse de escravos em Mogi das Cruzes visando a verificar como estava organizado o sistema escravista local em relação às outras regiões da capitania e da colônia. Indica, ademais, a importância da teoria do ciclo de vida e da reprodução natural no processo de acumulação de cativos.
                                  

SILVA, André Félix Marques da & PEREIRA, Leonardo de Atayde & SILVA, Patrícia Garcia Ernando da & DOMINGUES, Vanessa Kely. Modernização e desigualdades sociais em Fortaleza na segunda metade do século XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
Resumo. Este trabalho tem por objetivo estudar a população de Fortaleza na segunda metade do século XIX, através do Arrolamento da cidade de Fortaleza para o ano de 1887, dos Relatórios de Presidente de Província e de obras de memorialistas. Procuramos identificar, sobretudo, os membros das camadas menos abastadas, compostas por mulheres pobres que chefiavam domicílios, meretrizes, trabalhadores informais e retirantes da seca. Visamos também situar esta parcela da população no contexto das reformas empreendidas após a seca de 1877-1879, buscando compreender seus desdobramentos sobre o cotidiano destes indivíduos, destacando sua presença no espaço urbano e seus conflitos com o poder.
                                            

STANCZYK FILHO, Milton. "Os declaro, e instituo, e nomeyo, por meus legitimos e oniverçais erdeiros": família e transmissão de bens nos sertões de Curitiba, 1725-1801. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Esta comunicação tem por objetivo apresentar alguns dados recolhidos no rol de testamentos de Curitiba existentes no Arquivo Dom Leopoldo Duarte e Silva, da Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Esses dados, ainda iniciais, referem-se às origens dos testadores, seu estado civil, e a modalidade de vínculo, social ou parental, que o testador tinha para com beneficiados em seu testamento. De posse dessas informações, pretende-se delinear as possibilidades que esses testadores tiveram para se estabelecer na região. Para tal empreitada, um estudo de caso perpassa os dados referentes ao patrimônio e posição social (e por extensão da família do testador) com a intenção de reconhecer atividades, cargos e/ou ofícios como estratégias de sobrevivência. Finalmente, como a documentação arrola parcialmente o patrimônio que um indivíduo amealhava ao longo de sua vida, apresentam-se alguns indicadores que permitam o vislumbre das condições materiais da existência presentes nos sertões curitibanos.
                                   

TEIXEIRA, Heloísa Maria. Meninos-dos-olhos do senhor: crianças escravas nas propriedades de Mariana (1850-1888). Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Nossa comunicação pretende apontar indícios sobre o valor da criança escrava entre os senhores da localidade de Mariana (economicamente voltada para a produção de alimentos) na segunda metade do século XIX, quando o sistema escravista encontrava-se continuamente limitado pelas leis abolicionistas. O valor das crianças escravas pode ser mensurado por sua representação na totalidade dos plantéis marianenses, nas transações comerciais que as envolviam, na dificuldade em conquistarem a alforria incondicional e até mesmo nos casos de furto e reescravidão que envolviam os pequenos cativos. As fontes utilizadas constituem-se de inventários post-mortem, escrituras de compra e venda de escravos, matrículas de escravos, cartas de alforrias e processos judiciais.
                                    

TEIXEIRA, Paulo Eduardo. A família do homem livre em Campinas: alguns aspectos demográficos, 1774 - 1850. Comunicação apresentada no XIV Encontro da ABEP, Caxambu, setembro de 2004.
RESUMO. Este trabalho procura revelar alguns resultados de uma pesquisa sobre a população livre em Campinas, entre 1774 e 1850, aonde a localidade deixa de ser uma área de autoconsumo e passa a ser uma área de plantation representativa para a economia de São Paulo nesse período, com destaque para a lavoura da cana-de-açúcar. Assim, baseada nos Registros Paroquiais, nas Listas Nominativas de habitantes e nos Inventários e Testamentos, a pesquisa enfoca os padrões de nupcialidade, fecundidade e mortalidade do homem livre de uma área de grande lavoura. Os resultados, ainda preliminares, apontam para uma elevada fecundidade, bem como para uma alta taxa de mortalidade, especialmente a infantil. Não obstante, observa-se uma elevada taxa de crescimento vegetativo, demonstrando a existência de uma população que se fixou na localidade proveniente de um processo migratório regional muito intenso, favorecido pelas condições naturais de Campinas, como o solo fértil para a agricultura, bem como os fatores sócio-econômicos da época em questão.

                                     

Notícia Bibliográfica

                                              

                                  

BARRIERA, Darío G. & CORTE, Gabriela Dalla (orgs.). Espacios de Familia. ?Tejidos de lealtades o campos de confrontación? España y América, siglos XVI-XX. México, Red Utopía, 2003, 323 p.
RESUMO. La familia, como institución social que regula, canaliza y confiere significado social y cultural a una convivencia cotidiana, expresada en la idea del hogar, en la que convergen una economía compartida, una domesticidad colectiva y el sustento cotidiano, unidos a la sexualidad "legítima" y a la procreación, vuelve a ser objeto de tratamiento en esta publicación. En este caso, con un hilo conductor que le otorga una particular coherencia, no siempre lograda en las compilaciones, se reúne un conjunto de artículos que buscan mostrar los espacios familiares de la sociedad española y americana desde el siglo XVI al XX, como un campo de confrontación, más allá de la malla de lealtades. [Informação colhida no Anuario IEHS, v. 18 (2003). Tandil, Instituto de Estudios Histórico- Sociales "Prof. Juan Carlos Grosso", Facultad de Ciencias Humanas, Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires, p. 496, 2004]. 

                  

       

                                      

TORRADO, Susana. Historia de la familia en la Argentina moderna (1870-2000). Buenos Aires, Ediciones de la Flor, 2003, 701 p.
RESUMO. La autora sintetiza una labor de investigación de treinta años. Proponiendo un cruce de tradición sociológica y demográfica, Susana Torrado debe considerar-se una de las pioneras indiscutidas del estudio de la familia en la Argentina. En consonancia con su trayectoria, el problema centrar que recorre la obra es el de la articulación entre la organización de las familias, la estratificación social y los diferentes modelos de acumulación económica que predominaron en el país desde 1870 hasta la actualidad. [Informação colhida no Anuario IEHS, v. 18 (2003). Tandil, Instituto de Estudios Histórico- Sociales "Prof. Juan Carlos Grosso", Facultad de Ciencias Humanas, Universidad Nacional del Centro de la Provincia de Buenos Aires, p. 500, 2004].

                    

       

                                    

NADALIN, Sergio Odilon. História e demografia: elementos para um diálogo. Campinas, Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP, 2004. 248 p., (Coleção Demographicas, v. 1).  

                                 

Censo de Demografia Histórica

                  

                                   

Mario Marcos Sampaio Rodarte
E-mai: mrodarte@cedeplar.ufmg.br 
Instituições: Cedeplar/UFMG e DIEESE
Mestre
Av. Bias Fortes, 1.150, ap 94
Ed. Indaiá
Bairro Lourdes
30170-011 Belo Horizonte MG
http://ideas.repec.org/e/pro149.html
http://genos.cnpq.br:12010/dwlattes/owa/prc_imp_cv_int?f_cod=K4775651A6  

                                    

Notícias e Informes

                                                 

                                                                   

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Visite o site do Projeto - A Censura em cena: o Arquivo Miroel Silveira, coordenado por Maria Cristina Castilho Costa. Trata-se de pesquisa do Arquivo do Serviço de Censura do Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo cobrindo o período 1930-1970 e está sendo organizado na ECA-USP.
Para ler o artigo escrito por Maria Cristina Castilho Costa sobre o projeto
Endereço do site: www.eca.usp.br/censuraemcena 
                                                                                   

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

                             

 

                                    

OUTROS TRABALHOS INCORPORADOS AO ARQUIVO ROL

                                                                

PEREIRA, Ana Luiza de Castro. Patrimônio, moralidade e sucessão: os filhos ilegítimos na Comarca do Rio das Velhas (1713-1760). Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, trabalho de fim de curso.

                        

PEREIRA, Ana Luiza de Castro. Casamento, concubinato e ilegitimidade na vila setecentista de Nossa Senhora da Conceição de Sabará, Minas Gerais. Anais da V Jornada Setecentista. Curitiba, CEDOPE - Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses, Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, 2003.

                

PEREIRA, Ana Luiza de Castro. A Ilegitimidade nomeada e ocultada na Vila de Nossa Senhora da Conceição do Sabará. Diamantina, Anais do XI SEMINÁRIO SOBRE ECONOMIA MINEIRA, 2004.

              

PEREIRA, Ana Luiza de Castro. O sangue, a palavra e a lei: faces da ilegitimidade na Sabará setecentista, 1713-1770. Belo Horizonte, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Mestrado em História. 2004.

                

 

                                

                                           

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