BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA
Ano XII, no. 39, novembro de 2005
SUMÁRIO
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
Os vários resumos aqui estampados, inclusive o referente à demografia escrava em Franca (SP-Brasil), o tratamento da questão de gênero, a consideração da família escrava em Cuba, que aproxima as práticas escravistas cubanas das brasileiras, assim como a grata notícia da publicação em português de mais uma valiosa contribuição de Sandra L. Graham à nossa historiografia, evidenciam a riqueza do material divulgado neste número do BHD. De outra parte, reforçam o pedido que temos dirigido aos colegas para que nos enviem notícias sobre seus trabalhos , pois só contando com tal ajuda seremos capazes de melhor cobrir a produção desenvolvida em nossa área de especialização.
María
de los Ángeles MERIÑO FUENTES & Aisnara PERERA DÍAZ. Matrimonio y familia
en el ingenio, una utopía posible. La Habana (1811-1886).
PRESENTACIÓN. En nuestro trabajo, la
reconstrucción de familias de esclavos y libres mediante la explotación
intensiva de los registros parroquiales ha sido de enorme utilidad para
demostrar la presencia, vitalidad e importancia de las relaciones familiares y
de parentesco entre los esclavos y sus descendientes. Dicha metodología fue
empleada para estudiar el comportamiento de los matrimonios y las familias en
dos ingenios al sur de la provincia de La Habana: el San Rafael, fomentado como
tal hacia 1838 por el Teniente Coronel Pedro Rafael Armenteros y Castellón
(1776-1859) en tierras del partido de Quivicán, cuartón del Güiro Marrero,
jurisdicción de Bejucal y el San José (a) Recuerdo de Jacinto González
Larrinaga (17??-1869) en la jurisdicción de San Antonio de los Baños, partido
de la Villa.
Artigo: . Anexo estatístico: .
Teresa Cristina de Novaes MARQUES & Hildete Pereira de MELO. Que sejam felizes para sempre! A mulher e seus direitos na sociedade conjugal. Um exame do Estatuto Civil da Mulher Casada de 1962. Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005.
RESUMO. A introdução da perspectiva de gênero na história econômica promove, com mútuos benefícios, a confluência das agendas de pesquisa dos dois campos de estudos -- história de gênero e econômica -- que persistem correndo paralelas. A literatura a respeito das transformações nos costumes/culturais associa mudança no modelo de família à mudança econômica, como a industrialização e urbanização. A sociedade brasileira, por exemplo, mudou radicalmente da segunda metade do século XIX até os anos 1950, ainda assim, foi preciso o amadurecimento do processo decisório no Parlamento nacional para ajustar o país legal ao país real -- do escravismo ao mercado de trabalho livre. Este artigo examina um aspecto dessa separação: a tutela do marido sobre a mulher casada. Em troca da proteção do casamento o Código Civil de 1916 estabeleceu para o homem a determinação do local de residência da família, administrar os bens do casal e, principalmente, autorizar ou não a esposa a exercer atividade remunerada fora do lar. Assim, a lei reunia nas mãos dos maridos poder suficiente para cercear as possibilidades de as mulheres alcançarem autonomia pessoal, mesmo diante de uniões infelizes. Em termos metodológicos, a pesquisa se vale de dados sociais, como a posição da mulher no mercado de trabalho definida nos Censos, como corroborativo dessa separação. No entanto, a análise se detém no debate ideológico que levou à adoção da proposta do Deputado Nelson Carneiro -- o Estatuto Civil da Mulher Casada -- na construção dos direitos civis femininos. .
ARAÚJO,
João Lizardo; MARQUES, Teresa Cristina de Novaes; MELO, Hildete Pereira. Raça
e Nacionalidade no Mercado de Trabalho Carioca na Primeira República: O Caso da
Cervejaria Brahma. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro,
57(3):535-568, jul./set. 2003.
Resumo. Este artigo analisa as oportunidades de trabalho e os níveis de
remuneração oferecidos a trabalhadores brancos e negros em uma grande
indústria carioca: a Cervejaria Brahma. Trata-se de um estudo de caso que busca
respostas para um conjunto de questões sobre a absorção da mão-de-obra negra
e imigrante no mercado de trabalho da indústria do antigo Distrito Federal. Com
esse fio ordenador, o artigo está estruturado da seguinte forma: em primeiro
lugar, são arroladas questões recorrentes na historiografia brasileira acerca
do mercado de trabalho industrial e da imigração estrangeira na Primeira
República; em segundo lugar, faz-se uma breve síntese da trajetória da
cervejaria Brahma, desde a sua fundação até os anos 1930; em terceiro, a
metodologia de tratamento dos arquivos da empresa é explicitada para então, em
quarto lugar, elaborar-se uma análise do perfil de seus trabalhadores,
empregando-se os indicadores de nacionalidade, de cor da pele, de instrução,
de tipo de ocupações e de rendimentos. Finalmente, analisaram-se esses
indicadores com o propósito de identificar possíveis discriminações de raça
ou nacionalidade dos trabalhadores. Um resultado inesperado foi a existência de
discriminação contra brasileiros, mas não contra afrodescendentes in se.
LOPES,
Luciana Suarez. Sob os olhos de São Sebastião: a cafeicultura e as
mutações da riqueza em Ribeirão Preto, 1849-1900. São Paulo, FFLCH-USP,
Departamento de História - Programa de História Econômica, Doutorado, 2005,
272 p., mimeografado.
RESUMO. A autora desta tese dedicou-a ao estudo da alocação e acumulação de
riqueza de uma das mais destacadas cidades do nordeste paulista, Ribeirão
Preto, na segunda metade do século XIX. Na quadra pesquisada, a cultura
cafeeira dominava a economia paulista, atividade esta que atingiu a região
ribeirãopretana em meados da década de 1860. Com férteis solos de terra roxa,
o antigo Arraial de São Sebastião do Ribeirão Preto logo despontou como um
dos mais demandados destinos de cafeicultores deslocados de áreas em
decadência. A localidade passou por uma série de transformações, boa parte
delas diretamente decorrentes da chegada do café. O objetivo precípuo desta
pesquisa é o de verificar como a cultura cafeeira influenciou as decisões de
alocação de recursos e os padrões de acumulação de riqueza nessa sociedade
e nesse período. Foi possível constatar que o café promoveu uma valorização
generalizada das terras e demais imóveis da cidade, sendo responsável por uma
elevação nos padrões de acumulação vigentes até então. Além disso, as
análises mostraram haver uma relação direta entre a atividade cafeeira e a
acumulação de riqueza. A principal fonte documental utilizada foram os
inventários post-mortem das localidades de Ribeirão Preto e São
Simão, atualmente arquivados em Jundiaí. Ademais, a autora também serviu-se
de algumas Listas de Qualificação de Votantes, da Lista Nominativa de São
Simão de 1835 e de alguns Relatórios da Companhia Mogiana de Estradas de
Ferro.
TEIXEIRA,
Paulo Eduardo. A formação das famílias livres e o processo migratório:
Campinas, 1774-1850. São Paulo, FFLCH-USP, Departamento de História -
Programa de História Econômica, Doutorado, 2005, 284 p.
RESUMO. Em sua tese o autor revelou alguns resultados inéditos de uma pesquisa
desenvolvida sobre a população livre de Campinas e concernentes ao período
compreendido entre 1774 e 1850. Em tal quadra a localidade deixou de se
distinguir pelo autoconsumo e tornou-se uma área de plantation
representativa para a economia de São Paulo; o destaque coube inicialmente à
lavoura da cana-de-açúcar e posteriormente à cultura do café. Assim, com
base nos Registros Paroquiais, nas Listas Nominativas de habitantes e nos
Inventários e Testamentos, a pesquisa enfocou os padrões de nupcialidade,
fecundidade e mortalidade da população livre de uma área votada à grande
lavoura. Os resultados apontaram para uma elevada fecundidade, bem como para uma
alta taxa de mortalidade, especialmente a infantil. Não obstante, observou-se
uma elevada taxa de crescimento vegetativo, resultado que combinou as altas
taxas de natalidade com o afluxo de migrantes, demonstrando a existência de uma
população que se fixou na localidade em decorrência de um processo
migratório regional muito intenso, favorecido pelas condições naturais de
Campinas, como o solo fértil, bem como pelos fatores socioeconômicos vigentes
no período estudado.
TEIXEIRA,
Paulo Eduardo. Fontes para uma história da família. Métis: história &
cultura. Universidade de Caxias do Sul. v.1, n. 1, (2002). Caxias do Sul
(RS), Educs, 2004, p. 129-141.
RESUMO. No presente artigo o autor indica as possibilidades e limitações dos
registros paroquiais de batismo, casamento e óbito para o estudo da família.
Além disso, procura mostrar como os testamentos são fontes que, por sua
riqueza, indicam elementos que retratam aspectos pertinentes à história da
família. Tais fontes, dentre outras - como os inventários e as listas
nominativas de habitantes -, foram utilizadas pelo autor em sua pesquisa sobre
as famílias chefiadas por mulheres em Campinas entre 1774 e 1850, e que ora
estuda a formação das famílias livres dessa mesma localidade.
Comunicações
apresentadas no VI Congresso Brasileiro de História Econômica da ABPHE
Conservatória (RJ), setembro de 2005
BERUTE,
Gabriel Santos. Rio Grande de São Pedro: uma economia periférica na rota do
tráfico de escravos (1788-1802). Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. O presente trabalho propõe-se a investigar o tráfico de escravos para
a então Capitania do Rio Grande de São Pedro, no período 1788-1802, a partir
da análise das guias de transporte de escravos emitidas pela Provedoria da Real
Fazenda. Embora participasse apenas da etapa interna do tráfico negreiro,
investigamos a hipótese segundo a qual o Rio Grande do Sul colonial participava
de um duplo movimento de abastecimento de mão-de-obra escrava. Por um lado,
como rota interna do tráfico transatlântico de escravos. Por outro lado, como
parte integrante das rotas de tráfico interprovincial (tráfico interno). Uma
segunda linha de investigação é desenvolvida a partir da constatação de que
mais de um terço dos escravos importados pelo Rio Grande de São Pedro no
período analisado era infantes (0 a 14 anos).
FARINATTI,
Luís Augusto Ebling. Escravos nas estâncias e nos campos: escravidão e
trabalho na Campanha Rio-grandense (1831-1870). Comunicação apresentada no VI
Congresso Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE,
setembro de 2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de
História Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Até hoje, poucos foram os pesquisadores que se dedicaram ao estudo
específico da escravidão nas regiões de predominância pecuária no Brasil.
Ao contrário, essa atividade foi, tradicionalmente, entendida como um palco
privilegiado da mão-de-obra livre. Neste trabalho, analisamos as principais
características da escravidão em Alegrete, o principal município pecuário do
Rio Grande do Sul, com ênfase para a análise das transformações ocorridas
entre 1851 e 1870, período imediatamente posterior ao final do tráfico
atlântico de cativos. Em estudo anterior, investigamos de forma preliminar a
presença da escravidão naquele município, no período de 1831 a 1850. Os
resultados daquele trabalho são incorporados e rediscutidos aqui à luz de
novas evidências e em contraponto com a análise do período posterior a 1850.
As principais fontes empregadas são os inventários post-mortem e um censo
populacional datado de 1859.
FIGUEIREDO,
Luciano. Derramas e comunidades em Minas Gerais (1764-1777): fiscalidade,
cultura política e adesão imperial. Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. A proposta de trabalho adiante busca refletir a respeito do expediente
fiscal da derrama adotado em Minas Gerais na segunda metade do século XVIII
que, em duas ocasiões, buscou complementar a arrecadação do quinto do ouro.
Duas serão as perspectivas que convergem neste trabalho. De um lado
historicizar o passado de tensões políticas na capitania de Minas Gerais e na
América portuguesa em torno da fiscalidade que enformaria as reformas
pombalinas, território em que germinou a derrama. De outro apresentar algumas
listas inéditas de arrecadação da derrama em pequenas localidades mineiras,
analisadas à luz de princípios de adesão política ao império
luso-brasileiro, projeto que então engatinhava, conforme fica patente no
cuidado de registrar as possibilidades financeiras e materiais dos
contribuintes. Isto sem descurar da avaliação dos volumes do recolhimento
fiscal, seus princípios e índices de arrecadação.
GARAVAZO,
Juliana. Análise dos preços dos escravos inventariados em Batatais (SP):
1850-1888. Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História
Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM
- Anais do VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência
Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. O presente artigo ocupa-se da análise dos preços atribuídos a uma
amostra dos cativos inventariados na cidade de Batatais (SP) entre os anos de
1850 e 1888. Para tanto, lançou-se mão das informações contidas em 245
inventários post-mortem de pessoas que faleceram na condição de escravistas
naquele período e localidade. Em um primeiro momento, tratou-se de averiguar o
grau de influência das diversas características próprias dos cativos (sexo,
idade, origem etc.) na formação de seus preços, ou seja, observar de que
forma os valores estipulados nos autos de inventários eram variáveis
dependentes de cada uma das peculiaridades dos cativos arrolados. Além disso,
procedeu-se ao acompanhamento das flutuações desses preços unitários no
correr da segunda metade do século XIX com o objetivo de identificar como, e
se, as mudanças ocorridas naqueles anos ocasionaram alterações nos valores
atribuídos aos cativos batataenses.
HAMEISTER,
Martha Daisson. Nas malhas do compadrio: estratégias sociais e relações entre
famílias livres e escravas em algumas unidades domésticas da Vila do Rio
Grande (c. 1738 c. 1777). Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro
de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005.
[disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. A presente comunicação é decorrência da metodologia empregada na
análise dos registros de batismo da Vila do Rio Grande nas primeiras décadas
do século XVIII. Mediante o estudo intensivo destas fontes destacaram-se as
relações entre os agentes históricos estabelecidas com base no compadrio.
Isso possibilitou identificar as relações de compadrio das escravarias de
algumas famílias. Diferente do que é encontrado em estudos sobre compadrio,
que analisam os estratos sociais em separado, este trabalho pretende, através
de alguns casos específicos, apontar as relações tanto da família
proprietária de escravos como das famílias de seus escravos, comparando a
malha de compadrio desses dois setores sociais que coexistiam em uma unidade
doméstica. Os resultados têm sido bastante instigantes, haja vista alguns
padrões coincidentes nos dois estratos. Com isso, buscam-se elementos para
repensar o funcionamento destas unidades domésticas que são complexas unidades
econômicas, hierarquizadas, e que contêm em seu interior gente de diferentes
estatutos sociais. Talvez se modifique a idéia da abrangência da família
setecentista nesta região, incluindo nela um setor muitas vezes dito como
"excluído" socialmente. Como decorrência dessa reflexão, há a
sugestão para que se repense a própria "economia" da localidade,
indo ao encontro da idéia de uma oiconomia, conforme defendido por Bartolomé
Clavero em Antidora.
ABSTRACT.
The present paper is a result of the analysis of the Vila do Rio Grande
baptismal records of the early eighteenth century. This documentation
highlighted the significance of the fictional kinship networks among the social
agents; moreover, it made possible identifying the fictional kinship networks
among the slaves of certain families. Unlike other scholar's studies, the
present work intends to examine, through the analysis of specific cases, the
relations of both slave owner family and slave families comparing the fictional
kin networks of these two social groups that coexisted in a household. The
results are intriguing, since it shows coincident patterns among both groups;
therefore, it allows to re-thinking the way how such household's unities worked.
Such households were hierarchical and complex economic unities which included
people who belong to different estates. As a result, it might be necessary to
change the family's concept scope including groups traditionally excluded. In
addition, there is the suggestion to reevaluate the whole economy of the region,
accepting the idea of oiconomia according the definition of Bartolome
Clavero in Antidora.
KÜHN,
Fábio. A prática do dom: família, dote e sucessão na fronteira da América
Portuguesa. Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História
Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM
- Anais do VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência
Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Neste texto procuro discutir um dos principais aspectos das estratégias
familiares das elites coloniais e como ele se apresentava na região dos Campos
de Viamão durante a segunda metade do século XVIII. A prática do dote não
significava apenas a doação de bens para o noivo e a constituição de uma
nova unidade produtiva, mas, sim, a própria reprodução e continuidade da
riqueza familiar, o que se fazia com a entrada de um indivíduo portador de
atributos valorizados não somente por sua condição econômica. Assim sendo, o
dote não pode ser entendido somente como um mecanismo de transferência
patrimonial, mas também como um ato estabelecedor de relações políticas, na
medida em que vinculava famílias ou ainda determinados indivíduos a certas
famílias importantes, celebrando uma política de alianças.
LAMOUNIER,
Maria Lúcia. Agricultura e mercado de trabalho: trabalhadores brasileiros nas
fazendas de café e na construção de ferrovias em São Paulo (1850-1890).
Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História Econômica,
Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM - Anais do
VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência Internacional
de História de Empresas.]
RESUMO. Este texto analisa as transformações na organização das relações
de trabalho na agricultura brasileira, privilegiando as regiões de expansão
cafeeira, especialmente o oeste paulista, no período entre 1850 e 1890.
Destacando questões relevantes tratadas pela historiografia no que diz respeito
ao papel desempenhado por trabalhadores escravos, libertos, nacionais e
estrangeiros, a historiografia sobre o tema em geral ressalta a
ausência/marginalidade dos trabalhadores nacionais na economia agroexportadora,
seja privilegiando a economia cafeeira e o fluxo imigratório em São Paulo e
assumindo a exclusão dos trabalhadores brasileiros considerados
"vadios" e "indolentes" pela sociedade coeva, seja
privilegiando os aspectos culturais desse grupo de população que resistia em
se submeter aos novos moldes de dominação e padrões de eficiência e
disciplina impostos no processo de transição para o trabalho livre.
Ressaltando a peculiaridade do emprego nessa economia rural baseada no trabalho
escravo, o presente texto examina a presença marcante dos trabalhadores
nacionais em diversas atividades das fazendas de café e nas obras de
construção de ferrovias. Nestes e em outros setores da economia, a natureza
sazonal, de curto prazo do emprego favorecia a mobilidade geográfica dos
trabalhadores, os arranjos temporários e a ampliação do leque de atividades
remuneradas procuradas pelos trabalhadores brasileiros;
irregularidade/instabilidade que muitos identificavam como ociosidade e
justificavam o recurso a legislações repressivas.
MARQUES,
Teresa Cristina de Novaes & MELO, Hildete Pereira de. Que sejam felizes para
sempre! A mulher e seus direitos na sociedade conjugal. Do Código civil à luta
pelo estatuto civil da mulher casada. Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. A literatura a respeito das transformações nos costumes/culturais
associa mudança no modelo de família à mudança econômica. A sociedade
brasileira mudou do final do século XIX até os anos 1950, ainda assim, foi
preciso o amadurecimento do processo decisório no poder Legislativo para
ajustar o país legal ao país real -- do escravismo ao mercado de trabalho
livre. Este artigo examina um aspecto dessa separação: a tutela do marido
sobre a mulher casada. Em termos metodológicos, a pesquisa se vale de dados
sociais, como a posição da mulher no mercado de trabalho definida nos Censos
Demográficos, como corroborativo dessa separação, mas a análise se detém no
debate ideológico do Código Civil de 1916 a proposta do Deputado Nelson
Carneiro -- o Estatuto Civil da Mulher Casada -- na construção dos direitos
civis femininos. Vai este artigo publicado neste número do BHD.
MATHIAS,
Carlos Leonardo Kelmer. Interações Sociais na Revolta Mineira de Vila Rica de
1720: ligações parentais, redes clientelares e quebra da reciprocidade.
Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História Econômica,
Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM - Anais do
VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência Internacional
de História de Empresas.]
RESUMO. O autor tem por objetivo enfocar a revolta de Vila Rica de 1720 quer
como um espaço de confirmação de laços de reciprocidades anteriormente
consolidados, quer como um espaço de firmação de novas relações regidas por
práticas ligadas à noção de reciprocidade. Assim sendo, em ambas as
situações fez-se necessário, por parte dos indivíduos atuantes na revolta,
um (re)estabelecimento de estratégias de ação as quais lhes possibilitassem
confirmar e/ou firmar tais laços e relações. Não obstante o acima exposto, o
artigo abordará também os casos nos quais ocorreu a quebra da cadeia de
reciprocidade.
MENESES,
José Newton Coelho. Artes fabris e serviços banais. O trabalho mecânico nas
vilas mineiras. 1750-1808. Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro
de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005.
[disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. A atividade dos "oficiais mecânicos" no mundo luso-brasileiro
no final do Antigo Regime, em sua organização e em suas relações com os
poderes locais, segue um parâmetro típico dessa sociedade, onde organização
corporativa, em graus distintos de estruturação, através de agremiação
laboral ou religiosa, convive com relações individuais ou grupais com a
burocracia legal do Estado português, nos moldes que privilegiam a res publica,
mas que incentivam a busca de privilégios e de monopólios. Os artesãos no
espaço das Vilas mineiras, com formas de organização distintas daquelas da
cidade de Lisboa, embora nelas justificada, buscam estatuto especial com base em
suas capacidades de trabalho e de suas relações individuais com os
"homens bons" da Câmara.
MESSIAS,
Rosane Carvalho. Fazenda Palmital. Da escravidão ao trabalho livre, 1885-1888.
Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História Econômica,
Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM - Anais do
VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência Internacional
de História de Empresas.]
RESUMO. O presente estudo diz respeito ás relações de trabalho entre
fazendeiro, escravos, imigrantes e libertos na Fazenda Palmital, situada no
interior do Oeste Paulista, município de São Carlos do Pinhal, entre os anos
de 1885 e 1888. Examinamos a diferença da vida econômica entre escravos,
imigrantes e libertos. Procuramos trazer para a arena dos debates as
desvantagens do regime do colonato frente ao escravista. Analisamos as formas de
controle instituídas pelo fazendeiro para assegurar a mão-de-obra na lavoura
cafeeira neste momento crucial do fim da escravidão. Examinamos também as
mudanças ocorridas na organização do trabalho na Fazenda Palmital após a
Abolição.
MOTTA,
José Flávio. Escravos daqui, dali e de mais além: o tráfico interno de
cativos na expansão cafeeira paulista (Areias, Guaratinguetá e Constituição,
1861-1869). Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História
Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM
- Anais do VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência
Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Nesse texto, tendo como principal fonte documental escrituras referentes
a transações envolvendo escravos, registradas nos Cartórios de Areias,
Guaratinguetá e Constituição (Piracicaba) no período de 1861 a 1869,
procedemos ao estudo dessas três localidades dispostas "no caminho"
trilhado pela lavoura cafeeira em território paulista. Os resultados
apresentados integram pesquisa de maior fôlego, em termos espaciais e
temporais, na qual analisamos o impacto da expansão da cafeicultura em São
Paulo sobre as características do comércio interno de cativos. Enfatizamos
aqui as diferenças em tais características observadas entre os municípios
selecionados, mediante a consideração de variáveis demográficas (sexo,
idade, origem) e econômicas (preço) dos escravos. Contemplamos, também, os
informes sobre o local de residência de vendedores, compradores e de seus
eventuais procuradores, mapeando os distintos atributos dos tráficos inter e
intraprovincial.
MUNIZ,
Célia Maria Loureiro. Os Teixeira Leite: trajetórias e estratégias familiares
em Vassouras no século XIX. Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Vassouras cresceu como centro da produção cafeeira do Vale. Além de
várias famílias de barões fazendeiros e de pequenos e médios produtores,
existiam os que exerciam as funções de capitalistas, como os membros da
família Teixeira Leite, os quais, como moradores da cidade, procuraram
embelezá-la e dotá-la das comodidades dos centros urbanos maiores. Por essa
razão, Vassouras se distinguiu das demais cidades do café, tendo comércio
mais desenvolvido e ativa vida social.
OLIVEIRA,
Hamilton Afonso de. Estrutura e composição da riqueza familiar no Sul de
Goiás, 1843-1900. Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de
História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível
em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª
Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Este texto representa parte dos resultados preliminares de minha tese de
Doutorando que venho desenvolvendo no âmbito do Programa de Pós-Graduação da
Universidade Estadual Paulista / Campus de Franca e tem como objetivo partir da
análise, reflexão e interpretação de informações contidas em inventários
post-mortem. Pretende-se compreender o processo de formação da riqueza
familiar na região Sul de Goiás, riqueza esta que teve como principais
elementos constitutivos os escravos, as terras - incluindo as benfeitorias - e o
gado em uma economia de base familiar, de pouca circulação monetária,
predominantemente de subsistência, com uma pequena produção voltada para o
abastecimento interno e que contou com a pecuária extensiva como sua principal
atividade econômica.
OLIVEIRA,
Mônica Ribeiro de. O comportamento sócio-econômico das elites mineiras na
formação do núcleo agrário-exportador cafeeiro - 1780-1850. Comunicação
apresentada no VI Congresso Brasileiro de História Econômica, Conservatória
(RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso
Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência Internacional de História
de Empresas.]
RESUMO. Esse artigo contempla a formação e consolidação de um núcleo
agrário exportador de café desenvolvido em Minas Gerais entre 1780 e 1870 e a
sua rede de relações sóciofamiliares, que buscavam através das redes de
matrimônio, compadrio e sistemas de herança, as estratégias de manutenção
do poder e ascensão ao status de grandes proprietários de terras e escravos no
nascente núcleo agrário-exportador. Analisa-se, também, o comportamento do
mercado de terras do período.
RIBEIRO,
Alexandre Vieira. A redistribuição de escravos da praça mercantil de
Salvador, séculos XVIII e XIX. Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. O autor analisa as fontes sobre os despachos de escravos da cidade de
Salvador para os mercados regionais da América portuguesa, comparando dois
momentos distintos, o primeiro abarca o período 1760-1770; o segundo
corresponde aos anos compreendidos entre 1811 e 1820. São abordados os
negócios envolvidos no tráfico interno observando-se os padrões demográficos
dos escravos despachados. Relaciona-se o movimento do tráfico atlântico para a
capital baiana com a redistribuição. Por último, são estabelecidos os perfis
de investimentos, concentração, rotas de atuação e praças consumidoras.
Far-se-á, ademais, o cruzamento do volume de escravos despachados com as
conjunturas da economia do interior do nordeste, com a região aurífera e
demais áreas receptoras de cativos da praça mercantil de Salvador.
RODARTE,
Mario Marcos Sampaio & GODOY, Marcelo Magalhães. Comércio e
desenvolvimento econômico e urbano em Minas Gerais - Primeira metade do Século
XIX (Título Provisório). Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro
de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005.
[disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. O presente estudo tem como objeto o setor comercial, atividade
econômica que desempenhava a função de controlar a produção global numa
economia ainda sem o domínio do setor industrial. Complementar às análises
contidas em trabalhos anteriores, que buscavam notadamente fazer a
caracterização socioeconômica dos comerciantes, o presente estudo focalizou
as unidades comerciais. Número de pessoas envolvidas com a atividade, posição
do comerciante no domicílio e tamanho do plantel de escravos são os principais
atributos analisados, diferenciadas as unidades segundo a natureza do comércio
que mantinham. Nesse estudo utilizou-se o censo populacional e econômico de
1831/32. No território da Província, as unidades espaciais de análise foram
1) as regiões, diferenciadas pelos seus níveis de desenvolvimento econômico;
e 2) os níveis de centralidade urbana dos distritos mineiros, que compunham a
mais ampla e intrincada rede de cidades na hinterlândia brasileira da época.
SAMPAIO,
Antonio Carlos Jucá de. A família Almeida Jordão na formação da comunidade
mercantil carioca (c.1690 - c.1750). Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Analisamos a formação da comunidade mercantil carioca entre 1690 e
1750. Para isso, optamos por nos debruçar sobre o caso da família Almeida
Jordão. Tal família possui uma importância ímpar, não somente pela
possibilidade que nos dá de acompanhar sua trajetória durante todo o período
aqui considerado, como por permitir que se perceba, a partir dela, a
construção de uma autêntica comunidade mercantil, graças não só às
alianças forjadas no Rio de Janeiro como também aquelas estabelecidas no reino
de Portugal.
SANTOS,
Fabio Alexandre dos. Saneando a cidade, fomentando disparidades. Trabalhadores,
intervenções urbanas e salubridade em São Paulo, 1911-1930. Comunicação
apresentada no VI Congresso Brasileiro de História Econômica, Conservatória
(RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso
Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência Internacional de História
de Empresas.]
RESUMO. O objetivo é conhecer a constituição dos serviços públicos voltados
à salubridade da cidade e seus efeitos na capitalização do solo urbano,
captando sua relação com as demandas e lutas operárias por melhores
condições de vida. Para tanto, buscamos captar e inter-relacionar os
diferentes fatores que faziam da cidade um locus de contradições e de lutas
envolvendo trabalhadores, poderes públicos e empresas comerciais -
especialmente as imobiliárias e as concessionárias de serviços públicos.
Questões ligadas aos problemas de limpeza urbana, retificações e
canalizações de rios, moradia, carência nos serviços de água e esgoto,
especulação imobiliária, entre outras, são os pontos convergentes da
preocupação aqui estabelecida, pois permitem determinar posições, ações e
reações de cada setor da sociedade.
SILVA,
Daniel B. Domingues da. O tráfico transatlântico de escravos de Pernambuco
(1576- 1851): notas de pesquisa. Comunicação apresentada no VI Congresso
Brasileiro de História Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de
2005. [disponível em CD ROM - Anais do VI Congresso Brasileiro de História
Econômica e 7ª Conferência Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. O presente artigo representa uma análise preliminar de análise em
longa-série do tráfico transatlântico de escravos de Pernambuco. Dessa
maneira, busca-se divulgar um trabalho desenvolvido há alguns anos por
pesquisadores do Laboratório Interdisciplinar de Pesquisa em História Social
da UFRJ em conjunto com historiadores de diversos países. Portanto, o objetivo
desta intervenção consiste em trazer o tráfico de escravos pernambucano para
uma perspectiva comparada ao que se já tem produzido acerca do comércio de
cativos da Bahia e do Rio de Janeiro. É escusado dizer que o artigo retoma
implicitamente a questão da difusão do trabalho escravo africano no Brasil por
meio da análise de dados quantitativos.
TEIXEIRA,
Heloísa Maria. A labuta sem ciranda: crianças pobres e trabalho em Mariana
(1850-1900). Comunicação apresentada no VI Congresso Brasileiro de História
Econômica, Conservatória (RJ), ABPHE, setembro de 2005. [disponível em CD ROM
- Anais do VI Congresso Brasileiro de História Econômica e 7ª Conferência
Internacional de História de Empresas.]
RESUMO. Esta comunicação retrata o estágio atual de uma pesquisa maior, que
consiste em investigar o interesse pela utilização da criança como
mão-de-obra nas propriedades da localidade de Mariana na segunda metade do
século XIX. Mariana, desde o declínio da mineração, passou a concentrar como
atividade econômica principal a produção de alimentos tanto para
subsistência quanto para o abastecimento do mercado inter e intraprovincial. O
período em foco consiste em um momento de transição do sistema escravista
para o sistema de trabalho livre. Nesse contexto, os pequenos trabalhadores
poderiam representar uma alternativa viável, pois apresentavam maior facilidade
de subjugação (jornadas de trabalho estafantes, remuneração ínfima ou
inexistente, castigos, etc.), além de perspectiva de vida longa. Os fatores que
inserem a criança no mundo do trabalho estão ligados à orfandade e às
dificuldades de sobrevivência que, amiúde, resultavam na necessidade de os
filhos de famílias pobres enfrentarem a lida diária ou até mesmo partirem
para outros domicílios em busca de trabalho, a fim de contribuir ou mesmo
manter a subsistência da família. Trabalharemos com registros de tutela,
remoções de tutela, processos-crime e o recenseamento de 1872.
Comunicações apresentadas no VIII Encontro Regional de História
Paraná: História e Historiografia
Curitiba (PR), julho de 2002
FRANCO
NETTO, Fernando. Algumas características de escravistas no século XIX em
Guarapuava. Comunicação apresentada no VIII Encontro Regional de História -
PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho
de 2002.
RESUMO. O presente texto tem como objetivo abordar as características dos
escravistas no período de 28 a 70 do século XIX baseado num núcleo documental
composto pelas listas nominativas e pelos inventários. A evolução no tempo de
sua propriedade com relação aos escravos e as dinâmicas de acumulação em
escravos, a estrutura da posse de escravos bem como o seu comportamento
avaliando a partir de uma análise longitudinal suas trajetórias e o processo
de acumulação de cativos.
LEANDRO,
José Augusto. Tráfico de escravos pós 1831: Luiz de Guiné Zaire e os
comerciantes da praça de Paranaguá. Comunicação apresentada no VIII Encontro
Regional de História - PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná,
Curitiba, 25 a 28 de julho de 2002.
RESUMO. Não é novidade apontar a baía de Paranaguá como porta de entrada
ilegal de africanos em solo brasileiro após a lei de 7 de novembro de 1831.
Historiadores como Calógeras, Romário Martins, David Carneiro, Sebastião
Ferrarini, Cecília Westphalen e Jaime Rodrigues já apontaram a prática do
"infame comércio" no litoral paranaense, no período abrangido pelas
décadas de 1830, 1840 e até mesmo na década de 1850. No entanto, há muito
que discutir sobre esse assunto, ainda vago na historiografia, pois tudo indica
que a introdução ilegal de africanos foi prática regular no litoral
paranaense por mais de 20 anos. Nesta comunicação, baseada em algumas ações
de liberdade do final da década de 1870 e início da década de 1880, e em
alguns autos de protesto marítimo da década de 1830 e 1840, retornamos ao
tema. Agora, inclusive, com a voz de alguns escravos e libertos sobre suas
experiências de chegada em solo paranaense.
LIMA,
Adriano Bernardo Moraes. A família escrava na Comarca de Paranaguá e Curitiba
(1775-1830). Comunicação apresentada no VIII Encontro Regional de História -
PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho
de 2002.
RESUMO. A partir do final dos anos 1980, a historiografia brasileira sobre o
escravo dedicou-se exaustivamente aos estudos sobre a "família dentro do
cativeiro". Na década seguinte, novas verdades foram estabelecidas no
lugar dos velhos paradigmas. No entanto, a discussão sobre este tema parece
não ter se esgotado. Pretende-se, nessa comunicação, apresentar a público
novas evidências sobre os arranjos familiares e comunitários fomentados pelos
escravos de regiões pouco integradas ao mercado agro-exportador. A partir de
fontes não convencionais no estudo da família escrava, encontraram-se formas
de convívio familiar que a historiografia julgou pouco freqüentes em
sociedades possuidoras de pequenos plantéis.
LIMA,
Adriano Bernardo Moraes. Trajetórias crioulas: uma comunidade de escravos no
século XVIII. Comunicação apresentada no VIII Encontro Regional de História
- PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho
de 2002.
RESUMO. A partir do estudo de um grupo de escravos moradores da então freguesia
de Castro durante a segunda metade do século XVIII, pretende-se abordar
questões referentes aos vínculos comunitários fomentados pelos escravos no
Brasil. Identificaram-se arranjos pessoais que circunscreviam a forma como se
organizavam dentro e fora do cativeiro. A formação de famílias, o acesso a
roças de subsistência, a posse de bens semoventes, entre outras condições
constituídas quotidianamente pelos escravos denotaria outra face da
hierarquização interna à sociedade escravista.
LIMA,
Carlos Alberto Medeiros. O patriarcalismo dos sítios volantes e o caso de
Agostinho Cardoso (Castro, 1804-1824). Comunicação apresentada no VIII
Encontro Regional de História - PARANÁ: História e Historiografia,
ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho de 2002.
RESUMO. Trata-se de aspectos da trajetória de um cabeça de domicílio
"pardo" em Castro entre 1804 e 1824. Ela é capaz de indicar aquilo
que, nas áreas que hoje constituem o Paraná, se associava com a pobreza dos
livres de cor. Para tanto, trabalham-se as descrições de seu domicílio
presentes em listas nominativas. Ali se observam os esquemas de co-residência
intervenientes, entrevêem-se as expectativas ligadas à organização do fogo e
aos processos de mobilidade social e aborda-se o impacto, sobre o ator social
considerado, do sentido aristocrático que percorria o conjunto do tecido
social.
OLIVEIRA,
Itamara dos Anjos. Fontes eclesiásticas; arranjo e microfilmagem da
documentação. Comunicação apresentada no VIII Encontro Regional de História
- PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho
de 2002.
RESUMO. A presente comunicação resulta de minha participação no projeto
"Memória da Igreja em Mato Grosso: O arquivo da Cúria Metropolitana de
Cuiabá". Tal projeto visa facilitar o trabalho de pesquisa daqueles que
procuram desvendar o cotidiano do passado de Mato Grosso. Na organização deste
arquivo procedemos à separação dos documentos por séries, ou seja,
identificamos cada documento e seu respectivo assunto. Através dos registros
paroquiais encontrados neste arquivo, poderemos perceber as relações
existentes entre homens e mulheres, os aspectos demográficos da população, as
migrações, as taxas de natalidade e mortalidade, a proporção de solteiros
enfim, uma gama de informações respeito da sociedade mato-grossense e por fim,
da Igreja Católica em Mato Grosso. O produto final culminará na preparação
de um catálogo que será um rigoroso instrumento de pesquisa para os que
possuem interesse nas fontes paroquiais, como tentativa de desvendar a
trajetória da Igreja no Brasil e especificamente em Mato Grosso, nos períodos
colonial, imperial e republicano.
PERARO,
Maria Adenir. Os livros de registros de batizados como fonte para o estudo da
população indígena de Mato Grosso. Comunicação apresentada no VIII Encontro
Regional de História - PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná,
Curitiba, 25 a 28 de julho de 2002.
RESUMO. A presente comunicação coordenadora tem como objetivo apresentar de
maneira sucinta, o trabalho realizado nos últimos três anos no arquivo da
Cúria Metropolitana de Cuiabá, com vistas á realização do arranjo e
microfilmagem do acervo. Objetiva-se ainda apresentar a diversidade da
documentação eclesiástica, numa demonstração das possibilidades
infindáveis de pesquisa histórica a respeito da Igreja e sociedade brasileira
do século XVIII aos dias atuais. E como um exemplo de fonte, temos um livro de
batizados de indígenas, ocorridos na cidade de Cuiabá na última década do
século XIX, referente a Colônia Tereza Cristina, revelador, a nosso ver, das
relações contraditórias entre Igreja e Estado.
SANTOS,
Quelce Queiróz dos. Fontes eclesiásticas; arranjo e microfilmagem dos livros
paroquiais. Comunicação apresentada no VIII Encontro Regional de História -
PARANÁ: História e Historiografia, ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho
de 2002.
RESUMO. O presente trabalho objetiva divulgar o acervo documental do arquivo
eclesiástico de Mato Grosso, que graças ao projeto Memória da Igreja em Mato
Grosso: o arquivo da Cúria Metropolitana de Cuiabá encontra-se microfilmado e
a disposição dos pesquisadores no NDIHR - Núcleo de Documentação e
Informação Histórica Regional/UFMT. Nessa oportunidade serão apresentados os
resultados do arranjo dos livros de registros paroquiais, composto pelos livros
de registros de batismos, casamentos, óbitos e crismas, correspondentes ao
período do final do século XVIII a meados do século XX. Além dos livros de
registros paroquiais, encontramos uma gama de documentos avulsos, entre eles os
processos relacionados a casamentos e carreira eclesiástica. Dentre os
processos, se encontram os Autos de Justificação de Estado de Solteiro e os
Autos de Justificação Matrimonial. Nesses autos podemos rastrear a origem dos
nubentes, e perceber o processo migratório para Mato Grosso, inclusive autos de
migrantes oriundos do Paraná, como será demonstrado durante a exposição.
SILVA,
Silvane Ramos Lopes da. Arquivo da cúria; fontes iconográficas. Comunicação
apresentada no VIII Encontro Regional de História - PARANÁ: História e
Historiografia, ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho de 2002.
RESUMO. O presente estudo está inserido no projeto Memória da Igreja em Mato
Grosso e refere-se a um trabalho de arranjo, microfilmagem e disponibilização
de fontes iconográficas, pertencentes ao Arquivo da Cúria Metropolitana de
Cuiabá, e objetiva facilitar os estudos de pesquisadores uma vez que a
documentação é praticamente inédita. Foram obedecidos todos os processos
técnicos necessários, visando a preservação e estabilização das
fotografias, que se encontram acondicionadas em envelopes alcalinos e envoltas
em papéis vegetais para conter a luminosidade. A etapa de catalogação foi
feita a partir das divisões temáticas onde as imagens se adequavam, tais como:
Imagens de igrejas e catedrais, fachadas e construções, imagens e altares,
eventos, Congresso Eucarístico, vistas e paisagens, celebridades dentre outras
títulos. As balizas cronológicas variam do século XIX até a segunda metade
do século XX, o maior volume de imagens corresponde aos anos de 1940 á 1954.
Posteriormente estará a disposição também em forma de catálogo.
WAGNER,
Ana Paula. Sentir-se em família - um estudo sobre libertos moradores na
Freguesia de Nossa Senhora do Desterro (1850-1888). Comunicação apresentada no
VIII Encontro Regional de História - PARANÁ: História e Historiografia,
ANPUH-Paraná, Curitiba, 25 a 28 de julho de 2002.
RESUMO. A partir de um estudo sobre arranjos familiares de libertos moradores na
Freguesia de Nossa Senhora do Desterro na segunda metade do século XIX, mais
precisamente entre os anos de 1850 e 1888, foi possível delimitar quais seriam
as fronteiras do sentir-se em família para esse grupo social. Por meio de
práticas nominativas observamos que estas se encontravam sedimentadas no desejo
de explorar vivências e relações que extrapolavam o núcleo familiar
consangüíneo formado por mãe, pai e filhos, envolvendo também parentes
imediatos - como tios e avós. Um olhar mais aproximado sobre os padrinhos de
crianças batizadas na Paróquia de Desterro demonstra que o compadrio também
constituiu um outro tipo de associação reconhecida pelos libertos, bem como
pelo conjunto da população, sendo um complexo sistema de alianças. Deste
modo, o sentimento de pertencer a uma família específica extrapolava a
consangüinidade e congregava também os parentes rituais, como os padrinhos.
GRAHAM,
Sandra Lauderdale. Caetana diz não - histórias de mulheres da sociedade
escravista brasileira. Rio de Janeiro, Companhia das Letras, 2005, 312 p.
RESUMO. Caetana, uma jovem escrava doméstica de uma fazenda de café do Vale do
Paraíba, vê-se obrigada por seu proprietário a casar-se com determinado
escravo. O casamento é realizado, porém Caetana recusa-se a
"deitar-se" com o marido. Sua recusa é tão obstinada que seu dono
resolve pedir a anulação do casamento não-consumado ao tribunal
eclesiástico, dando início a um longo processo. Na segunda história, a
senhora solteira Inácia Delfina, da ilustre família dos Sousa Werneck, deixa
em testamento parte de seus bens - inclusive escravos - para uma família de
forros que haviam sido seus escravos. Porém, em face da astúcia do
testamenteiro, eles acabam herdando não terras, mas dívidas. Com base no
processo de Caetana e no testamento de Inácia, a autora realiza um minucioso
trabalho de investigação, juntando informações dispersas e reconstruindo
laços familiares, relações de gênero, traços culturais e vínculos
econômicos que compõem um retrato da região de economia mais pujante do
Brasil em meados do século XIX.
ROCHA,
Ilana Peliciari. Demografia escrava em Franca : 1824-1829. Franca, UNESP,
2002, 62 p. (Trabalho de Conclusão de Curso - História, n. 4 - Faculdade de
História, Direito e Serviço Social - UNESP).
RESUMO. Neste estudo analisa-se o perfil dos escravos em Franca com base nas
listas nominativas de habitantes concernentes ao lapso que se estende de 1824 a
1829. A fonte documental utilizada permitiu determinar a idade, sexo, estado
conjugal, cor e origem da população escrava. Essas características foram
interpretadas à luz de seu relacionamento com os condicionantes econômicos e
demográficos, bem como com os padrões definidos pela historiografia da
escravidão. Nem todos os resultados obtidos se encaixaram plenamente nos
apontados pela historiografia para economias de subsistência similares. Entre
eles estão: uma porcentagem mais alta de escravos sobre o total da população
se comparada com a encontrada em outros estudos, grande concentração das
pessoas reduzidas ao cativeiro nas idades produtivas e significativa presença
de escravos africanos.
Nome:
Isabel Barreto Messano.
Instituição: Pós-graduanda da Universidad de la República, Uruguay.
Endereço: Instituto de Antropología, Facultad de Humanidades y Cs. de la
Educación, Magallanes 1577, cp. 11200, Montevideo, Uruguay
Obs.: Mi línea de investigación (que se inscribe dentro de la Antropología
Biológica) es la Biodemografía o Antropología Demográfica (estoy finalizando
mi tesis doctoral), y he realizado estudios en Demografía Histórica en España;
mi línea de estudio considera abordajes propios de la demografía histórica y
la genética de poblaciones, así como la visión integral de la antropología.
E-mail: loumes@yahoo.com
O
historiador Edgard Carone (1923-2003) reuniu desde a infância 26.608 livros,
além de periódicos e fitas com entrevistas com personagens da história
recente do Brasil. Trata-se do maior acervo sobre a República no país e um dos
maiores referenciais sobre o comunismo do mundo. Este valioso acervo acaba de
ser adquirido pelo Banco Itaú que o doou ao Museu Republicano "Convenção
de Itu", instituição vinculada à Universidade de São Paulo.
Visite o site do Museu
Republicano:
Historia
Regional y Local
VII Taller Internacional
de
Problemas Teóricos y Prácticos de la
Historia Regional y Local
"Las ciudades, su historia, su proyección en la región"
La Habana, Cuba
12 al 14 de abril del 2006
Para mais informações sobre este evento
ROL - Relação de Trabalhos Publicados
OUTROS TRABALHOS INCORPORADOS AO ROL
CARLE, Cláudio Baptista. A organização dos assentamentos de ocupação tradicional de africanos e descendentes no Rio Grande do Sul nos séculos XVIII e XIX. Porto Alegre, PUCRS, Dissertação de Mestrado, 2005.