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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano XIII, no. 42, agosto de 2006

                                  

                            

SUMÁRIO  

                

Apresentação

Artigos

Resumos

Notícia Bibliográfica 

Publicações Recebidas

 Pesquisas em andamento

Notícias e Informes

 ROL - Relação de Trabalhos Publicados

                               

(Foto "Roda...": Eduardo Knapp/Folha Imagem)

                           

                        

                              

Apresentação

                                

                     

Marcam este número de nosso BHD, além das notícias concernentes à copiosa e diversificada produção editorial dos pesquisadores da área, a generosa oferta de acesso ao Acervo Documental do Fórum de Dr. Geraldo Aragão Ferreira (MG), proporcionada por nossos colegas responsáveis pela guarda e organização de tal conjunto de fontes primárias. A tal valioso material juntam-se os resumos e as notas referentes a variadas atividades desenvolvidas em nosso campo. Como sempre, a verificação desse dinamismo deve servir como acicate a todos os colegas que se ocupam da história demográfica das Américas no sentido de nos remeterem, para divulgação, informes sobre o produto de seus esforços de pesquisa .   

                    

                                    

Artigos

                                                 

                       

INVENTÁRIO DO ACERVO DOCUMENTAL DO FÓRUM
DR. GERALDO ARAGÃO FERREIRA (MAR DE ESPANHA - MINAS GERAIS)

                                 

Apresentação elaborada por Elione Silva Guimarães, Coordenadora do trabalho.
                            

O acervo documental do Fórum Dr. Geraldo Aragão Ferreira (Mar de Espanha - Minas Gerais), que está sendo organizado pelo Arquivo Histórico de Juiz de Fora, compõe-se de livros de testamentos, livros de tutelas, livros de protocolos de audiências e processos criminais e civis. O trabalho de higienização, organização e catalogação do acervo foi iniciado em setembro de 2005. 

A documentação disponibilizada para organização e catalogação data da primeira metade do século XIX até a década de setenta do século passado (1827-1979). Segundo informações prestadas pelos funcionários do Fórum, a documentação do século XIX estava depositada nas dependências do Fórum, mas por não ser mais objeto de consulta dos funcionários e operadores jurídicos, dos cidadãos e dos pesquisadores, ficou por muito tempo isolada e sem atenção, sofrendo a ação de lambedores, roedores e cupins. Há alguns anos, ao constatarem a situação precária dos documentos, os atuais responsáveis realizaram um esforço para recuperar o acervo. Os documentos foram então separados por tipo de ação, acondicionados em caixas-arquivo (sem organização cronológica) e colocados em estantes de alvenaria. Muitos processos se perderam e os mais atingidos foram os processos criminais, restando alguns poucos autos criminais do oitocentos, em sua quase totalidade da última década. Para os processos de inventários, partilhas e arrolamentos de bens, testamentos e contas testamentárias os funcionários do Fórum Dr. Geraldo Aragão Ferreira realizaram uma lista com os nomes das partes (inventariante e inventariado, testador e testamenteiro), ano de abertura e de arquivamento e localização física. 

Em virtude da organização encontrada, optamos por, em uma primeira etapa, priorizamos a organização dos livros de testamento, tutelas, protocolos e os processos civis, deixando para uma segunda etapa os que já haviam sido arrolados e, para o final, a documentação criminal. 

Partimos da organização preliminar, que já havia sido realizada pelos funcionários do Fórum, isto é, a separação por tipo de ação. Para realizar os trabalhos os documentos foram paulatinamente transferidos para as dependências do Arquivo Histórico de Juiz de Fora. A cada mês os processos relativos a um tipo de ação eram transferidos para Juiz de Fora onde foram higienizados, revisados (conferido se a identificação inicial estava correta, sendo que em alguns poucos casos houve um equívoco na identificação, e nestas circunstâncias o processo foi reclassificado e transferido para a série correspondente) e organizados em ordem cronológica. Após a organização física os processos foram catalogados eletronicamente em banco de dados access. O Catálogo Eletrônico contêm as informações básicas sobre o processo, tais como: autor e réu (primeiro e segundo envolvidos), data, tipo de ação e número da caixa onde está guardado. Concluída a organização e catalogação de um tipo de ação, os processos eram devolvidos e iniciava-se o trabalho para um novo conjunto de documentos. Assim, optamos por reiniciar a numeração das caixas a cada tipo de ação. 

O trabalho da primeira etapa está praticamente concluído. Até o momento foram catalogados 14 livros de Testamentos (1849-1995); nove Livros de Tutelas (1842-1989); três livros diversos; e 3.206 processos civis diversos (este quantitativo não inclui o numero de processos, tais como volumes, traslados e apensos). Do conjunto de documentos priorizados para a primeira fase, falta realizarmos o trabalho para os documentos inicialmente classificados como diversos, que será efetivado ao final do trabalho. 

Concluída a primeira etapa do trabalho iniciamos a revisão dos processos de inventários, partilhas, arrolamentos, testamentos e testamentárias. A listagem realizada pelos funcionários do Fórum nos foi repassada datilografada e foi digitada em banco de dados pela equipe técnica, totalizando 5.736 processos, para o período de 1827-2004. Serão objetos de revisão do Arquivo Histórico de Juiz de Fora apenas os processos abertos até 1930. Neste caso estamos juntando os volumes dos processos que possuíam mais de um volume e estavam apartados, assim como os processos de contas de tutelas, justificação de dívidas e remoção de terras que estavam originalmente apensados aos processos. 

Também estamos realizando as correções necessárias na classificação originalmente realizada, tais como equívocos nos nomes (invertido o requerente com o requerido, ou erros causados pela dificuldade de leitura). Até o momento revisamos 1.174 processos, abrangendo o período 1827-1876. 

Estando o trabalho de organização do acervo documental do Fórum Dr. Geraldo Aragão Ferreira inconcluso, este inventário é provisório. Para ter acesso a toda a documentação já disponível .
                                        

Juiz de Fora, 24 de junho de 2006
                                                                                                           

                                                

  Resumos

                                                                 

                                                                          

ARAÚJO, Maria Lucília Viveiros. Resenha. Família e mulheres no povoamento do antigo planalto paulista. Revista Estudos Feministas, UFSC, Florianópolis, vol. 13, nº 3, dec. 2005.
Nota explicativa. Resenha sobre o livro de SAMARA, Eni de Mesquita. Famílias, mulheres e povoamento: São Paulo, século XVII. Bauru, São Paulo: EDUSC, 2003. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0104-026X20050003&lng=en&nrm= 
                                        

ARAÚJO, Maria Lucília Viveiros. Resenha. Os primeiros espaços da nacionalidade brasileira. História e-história, NEE-Núcleo de estudos estratégicos/Arqueologia, Unicamp, Campinas, abr. 2006.
Nota explicativa. Resenha sobre o livro: MOREL, Marco. As transformações dos espaços públicos: imprensa, atores políticos e sociabilidades na cidade imperial (1820-1840). São Paulo: Hucitec, 2005. 326 p. Disponível em: http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=resenhas&id=8 
                                                                  

ARAÚJO, Maria Lucília Viveiros. As práticas testamentárias paulistanas da primeira metade do século XIX. História Hoje - Revista eletrônica de história. ANPUH, vol. 3, nº 9, abr. 2006. Disponível em: http://www.anpuh.org/  
RESUMO. Os testamentos da primeira metade do Oitocentos apresentavam os comportamentos em processo de transformação. Alguns utilizavam-no para favorecer os parentes preferidos, outros para regularizar uniões informais, outros ainda para saldar dívidas morais ou em busca da salvação da alma. No entanto, os legados estudados pela autora nesse artigo beneficiaram principalmente o parentesco consangüíneo, o que indicou a necessidade de se efetuar uma reflexão sobre as práticas da partilha no Brasil e, também, sobre as questões de gênero, haja vista que as mulheres tenderam a proteger notadamente as filhas. 

                                                            

ARAÚJO, Maria Lucília Viveiros. Reflexões sobre a pesquisa historiográfica dos testamentos. Revista Justiça & História, Memorial do Judiciário do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, vol. 5, nº 10, p. 279-295, 2005.
RESUMO. Nas últimas décadas, os historiadores passaram a investigar novas formas de análise dos antigos testamentos. Por ser um documento composto de diferentes partes e objetivos, a coleta de dados e a síntese dos resultados pressupõem uma metodologia muito específica. Em vista disso, nosso artigo pretende apresentar as diversas questões envolvidas nessa documentação, a saber: as normas impostas pela legislação, seus diferentes arquivos, a estrutura do documento, a coleta dos dados e sua síntese, assim como descrever a importância dessa documentação para as novas abordagens da história da religião e da família.
                                        

ARAÚJO, Maria Lucília Viveiros. História da vida material do paulistano da primeira metade do século XIX. Comunicação apresentada no SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DO AÇÚCAR: açúcar, preços, medidas e fiscalidade, IV, CEHA - Centros de Estudos de História do Atlântico. Anais ... Funchal, Portugal, CEHA, 2005.
RESUMO. A comunicação visa a apresentar a vida material da cidade de São Paulo na fase de expansão da lavoura paulista de cana e de surgimento das fazendas de café, ou seja, a primeira metade do século XIX. Nessa época, a cidade passava por importantes mudanças econômicas e políticas, no entanto mantinha o estilo pacato e despojado dos primeiros séculos, esse ar de imobilismo e apatia dos paulistanos encobria a vocação dessa região para tornar-se uma megalópole.
                                

ARAÚJO, Maria Lucília Viveiros. Negócios do açúcar paulista. Comunicação apresentada no SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DO AÇÚCAR: açúcar, preços, medidas e fiscalidade, IV, CEHA - Centros de Estudos de História do Atlântico. Anais ... Funchal, Portugal, CEHA, 2005.
RESUMO. A comunicação tem por objetivo contribuir para o esclarecimento das formas de financiamento da lavoura exportadora açucareira paulista da segunda metade do século XVIII e início do século XIX. Nossas pesquisas identificaram parte substancial da riqueza das famílias paulistanas investida nos engenhos das novas fronteiras agrícolas, cremos, pois, que esses investimentos foram essenciais para a rápida expansão da lavoura canavieira paulista nesse período. 

                                            

BEZERRA, Maria José. Invenções do Acre: de Território a Estado - um olhar social... São Paulo, USP, tese de doutorado em História Social (Programa de Pós-Graduação em História. Instituto de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo), 2006, 394 p.
RESUMO. A autora colocou-se com objetivo central caracterizar o processo histórico de invenção do Acre em quatro momentos decisivos, a saber: o Acre estrangeiro, o Acre brasileiro, o Acre emancipado e o Acre viável. Como parte do objetivo explicitado destacam-se, também, questões relativas aos seguintes aspectos: o processo de anexação do Acre ao território nacional; a luta pela emancipação política do Acre; a participação das mulheres na luta emancipacionista acreana; a memória dos militantes políticos acerca do Acre-Estado; e as novas representações do Acre. Ademais, para a elaboração deste trabalho foram utilizadas como fontes os depoimentos de seringueiros e seringueiras, das mulheres integrantes da "Legião Acreana" e dos militantes políticos do Acre, artigos dos jornais "O Acre" e "O Estado", livros, relatórios de prefeitos e governos do Acre, fotografias, coletâneas de documentos oficiais acerca da anexação do Acre ao Brasil, bem como alusivos à tramitação do processo de elevação do Acre a Estado, entre outros. A meta perseguida foi descrever as invenções do Acre, a partir de um "olhar" social, destacando sujeitos sociais não contemplados pela história oficial, tendo como horizonte demonstrar o custo social das referidas invenções para os segmentos subalternos.                                                 

                                

CANABRAVA, Alice Piffer. História econômica: estudos e pesquisas. São Paulo, ABPHE; Hucitec; UNESP, 2005. 315 p.
RESUMO. O professor da Faculdade de Economia - FEA-USP, Flávio Azevedo Marques de Saes redigiu a introdução dessa coletânea, assim como, organizou a relação bibliográfica contendo a maioria dos artigos, comunicações e livros publicados por Alice Piffer Canabrava (1911-2003). A obra reuniu doze textos da professora que foram distribuídos nas três áreas de maior interesse da autora: História econômica do Brasil, História econômica de São Paulo e historiografia e fontes, para cada uma delas foram selecionados quatro títulos. O livro interessa aos estudantes e pesquisadores da História do Brasil e tudo indica que foi bem recebido, haja vista que já consta como esgotado nos sites de venda. (Resumo de autoria de Maria Lucília Viveiros Araújo).

                                    

CUPERSCHMID, Ethel Mizrahy. Judeus entre dois mundos: A formação da comunidade judaica de Belo Horizonte, 1922-1961. Belo Horizonte, Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e ciências Humanas, Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais, 1997, mimeografado.
RESUMO. Este estudo insere-se na corrente historiográfica internacional e nacional voltada para o resgate da diáspora contemporânea dos judeus da Europa e Palestina no tumultuado contexto político das duas Guerras Mundiais em que se entrecruzam o movimento do sionismo, o socialismo e o anti-semitismo. O trabalho aborda o processo constitutivo da comunidade judaica na cidade de Belo Horizonte, iniciada durante as duas primeiras décadas do século XX. A comunidade formada, a princípio por judeus sefaradim, ganhou novo impulso, com a chegada de judeus ashkenazim, a partir dos anos trinta. Técnicas da 'história oral' são utilizadas para desvendar as trajetórias de vidas desses judeus. São recuperados alguns aspectos da história política de seus países de origem, os caminhos e as razões da imigração e o processo de sua integração social, cultural, política e econômica tanto na comunidade judaica quanto na sociedade de Belo Horizonte. Na dinâmica do processo de institucionalização dessa comunidade judaica observa-se, em meio a divergências de natureza política e diferenças culturais, um ritmo singular de integração e convivência. Constata-se que, mesmo fazendo sua vida na América, o imigrante judeu e seus descendentes permanecem vivendo 'entre dois mundos'.
ABSTRACT. This dissertation issues the Jews that immigrate to Belo Horizonte city, making one single community. At the beginning, during the two firths decades of the XX century, the community was by sefaradim. New development arrived with the ashkenazim Jewish after the thirty's. Through a historical perspective, these studies provide the rescue of the contemporary history of the European and Palestine Jews and the political and ideological contexts of the Zionism, Socialism, and of the anti-Semitism. Techniques of "oral history" were applied to reveal the trajectories of the Jewish life living in two worlds. It was considered issues on the political history in their origin's states, on pathways and reasons of the immigrations and on the processes of social, cultural, political, and economical integration in the local and major communities. The proliferation of Jewish Institutions of the various political and cultural natures provides an environment in which the community follows its own rhythm of integration and acquaint-anceship. The present work shows that the Jewish immigrants and their descendants remain living between two worlds. 

                                

KANDAME, Néstor A. H. Colección de anuncios sobre esclavos (Desde el comienzo del Montevideo de la "Guerra Grande", en 1839, hasta la abolición "parcial" de la esclavitud, el 12 de diciembre de 1842).
APRESENTAÇÃO. Esta é uma oportunidade ímpar. Uma oportunidade que me traz, pelo menos duas enormes satisfações, as quais, é evidente, não posso deixar de descrever com entusiasmo e até, quem sabe, com excesso de adjetivos, o que não me é habitual. Uma delas é, sem dúvida, a de poder expressar minha admiração pelo Uruguai, sua história e sua gente e que, seguramente, não se trata de paixão repentina, visto que já dura trinta e cinco anos. A outra é poder, como se fosse um prólogo, falar sobre a importância do trabalho de Néstor A. H. Kandame, pesquisador e historiador paciente e meticuloso, um trabalho que, à primeira vista, por mais simples que possa parecer, não o é. Além do mais, é uma enorme contribuição para a historiografia uruguaia, por se tratar de uma obra inédita no gênero, fato que, por si só, seria suficiente para que esta mesma historiografia o saudasse, pois pesquisas desta natureza são a que a tornam dinâmica. Se para o leitor comum é um compilado de fatos, para o pesquisador da história, sociologia, economia, política ou direito é um apanhado de fatos, corroborado por fontes. [...] concluindo, afirmo não ter a menor dúvida que o livro Colección de Anuncios de Esclavos ... encontrará e ocupará seu merecido espaço, não somente nas melhores e mais atualizadas bibliografias uruguaias e brasileiras, mas, e principalmente, junto a quaisquer autores e pesquisadores que tratarem do tema escravidão. (Do texto intitulado "Como se fosse um prólogo", de autoria de A. F. Monquelat). 

                               

MEDEIROS, Marcelo. O que faz os ricos ricos: o outro lado da desigualdade brasileira. São Paulo, Hucitec/Anpocs, 2005, 299 p. (Estudos Brasileiros).
RESUMO. O livro tem por objetivo analisar a distribuição das rendas no Brasil. O tema é apresentado em nove capítulos, introdução, conclusão e apêndices. O autor examina as diferentes explicações para as desigualdades econômicas, tais como: as ações do Estado que privilegiam alguns grupos sociais; as características demográficas; as diferenças de esforço individual; a qualificação dos trabalhadores; as diferenças de rendimento de trabalho; e a segmentação regional do mercado de trabalho. As informações são baseadas nas Pesquisas Nacionais por Amostragem de Domicílios ou da Pesquisa de Padrões de Vida do IBGE. O autor conclui que: " As explicações mais comuns para as desigualdades sociais, como as baseadas em diferenças educacionais e discriminação, não bastam para explicar as origens da riqueza. (...) Há indicações de que a riqueza no Brasil se origina ou ao menos é perpetuada por relações com o Estado. A fusão de elites econômicas e políticas cria as condições para que a máquina estatal oriente suas ações para o benefício do ricos (...)." (cf. p. 265). Enfim, o livro apresenta a aguda questão das desigualdades econômicas no Brasil como um exercício de reflexão intelectual, analisa os vários fatores que favorecem as desigualdades, mas explicita que o caminho da eqüidade começa pela redução das diferenças dos níveis de remuneração dos trabalhadores. Essa publicação direciona-se tanto para os economistas quanto para o cidadão brasileiro. Esperamos que ela não seja utilizada para justificar mais imposto para os assalariados. (Resumo de autoria de Maria Lucília Viveiros Araújo). 

                                         
PAGLIARO, Heloísa & AZEVEDO, Marta Maria & SANTOS, Ricardo Ventura (orgs.). Demografia dos povos indígenas no Brasil. Rio de Janeiro, Editora Fiocruz / Associação Brasileira de Estudos Populacionais - ABEP, 2005, 192 p.
NOTA. Volume lançado no âmbito do II Seminário de Demografia e Saúde dos Povos Indígenas e no qual é apresentado um painel variado dos estudos concernentes ao tema. 

                            

PORTA, Paula (org.). História da cidade de São Paulo.  São Paulo, Paz e Terra, 2004, 3 volumes.
RESUMO. Paula Porta organizou uma grande publicação com a contribuição de dezenas de especialistas em diferentes aspectos da história da sociedade paulista. Em linhas gerais, o primeiro volume trata do período colonial, o segundo volume aborda a cidade imperial e o terceiro retrata a cidade na primeira metade do século XX. O volume 1 é composto de 16 capítulos. Os primeiros capítulos - a presença indígena, o poder público e a vida política, vida social e econômica, organização urbana e arquitetura, cultura material e cotidiano - analisam o período Colonial. Os dois últimos capítulos listam os governantes e arrolam a cronologia. Os demais temas (vida religiosa, população, empreendedores, toponímia, ciências, artes plásticas, literatura, teatro, música) foram abordados em tempo mais longo, de 1554 a 1954. O volume 2 apresenta 15 capítulos. Dois textos listam os governantes e a cronologia. Quatro capítulos - escritos por Alzira Lobo de A. Campos, Maria Helena P.T. Machado e Ana Montoia - estudam a população, a sociedade e os costumes. Nelson Nozoe e Eudes Campos tratam da economia e das finanças e da arquitetura e do urbanismo respectivamente. Os temas restantes são pouco comuns em obras coletivas: Maria Alice R. Ribeiro pesquisa a saúde, Heloísa F. Cruz aborda a imprensa, Boris Kossoy expõe a fotografia, Bruno Bontempi Jr. descreve o ensino, Lísias N. Negrão investiga as religiões e José S. Witter relembra os esportes. Os últimos capítulos extrapolam a periodização do volume, 1823-1889; Rubens Machado Júnior, por exemplo, apresenta o cinema até os anos 1950, e o estudo da saúde pública analisa a fase colonial até a metade do século XX. Os capítulos do volume 3 atêm-se ao período republicano: de 1889 aos anos 1950. Além da lista de governantes e da cronologia, podemos ler sobre política e poder público, espaço público e sociabilidade, negros, imigrantes, migrantes, vida econômica, movimento operário, revoluções, fluxos, lazer, rádio, urbanismo e memórias. A obra é muito diversificada e bem ilustrada. Direciona-se principalmente para os estudiosos da História paulista. Apesar do financiamento da Petrobrás, cada volume custa mais do que o preço médio dos livros de História, tornando-os assim pouco acessíveis para o público.

                                                     

SOARES, Márcio de Sousa. A remissão do cativeiro: alforrias e liberdades nos Campos dos Goitacases, c. 1750 - c. 1830.
RESUMO. O autor, nesta tese, analisa a prática da alforria e as formas de re-inserção social dos libertos e de seus descendentes na região dos Campos dos Goitacases, entre 1750 e 1830, período em que se verificou a montagem e expansão da atividade açucareira voltada para a exportação. Argumenta que a prática da alforria exercia um papel estrutural para a manutenção da ordem escravista, ao considerar que - como um fenômeno de longa duração - a escravidão produzia e reiterava procedimentos socialmente determinados que visavam a amortecer os conflitos inerentes à relação senhor-escravo. Deste modo, o tráfico atlântico (responsável pela introdução contínua de estrangeiros desenraizados), a escravidão (produto da socialização que transformava o cativo num escravo, cujo objetivo final era fazer com que o mesmo reconhecesse a autoridade do senhor) e o horizonte da alforria devem ser entendidos como partes de um processo que produzia e reproduzia a ordem escravista. 

                                 

VIEIRA, Alberto. Canaviais, açúcar e aguardente na Madeira, séculos XV e XX. Funchal, Madeira, Secret. Reg. Tur. e Cultura; CEHA - Centro de Estudos de História do Atlântico, 2004. 447 p.
RESUMO. O autor visa a apresentar uma síntese da História do açúcar na Madeira e sua importância para a História do comércio e da alimentação. Os textos sobre a evolução do cultivo da cana e dos seus engenhos são ricamente ilustrados com imagens da época, documentos, tabelas e gráficos. O primeiro capítulo, mais extenso, discute a historiografia e relata o desenvolvimento do engenho à indústria do açúcar. A seguir trata das formas de trabalho, do consumo, da comercialização, do povoamento e, por fim, disserta sobre a administração pública e a legislação. A obra foi patrocinada pelo CEHA, centro criado para divulgar a História da Madeira, do açúcar e do vinho. Um resumo dessa pesquisa e algumas imagens podem ser apreciados no site http://www.ceha-madeira.net/ . (Resumo de autoria de Maria Lucília Viveiros Araújo).

                                   

                       

Notícia Bibliográfica

                                                          

                                       

EVOLUÇÃO DA SOCIEDADE E ECONOMIA ESCRAVISTA DE SÃO PAULO:
de 1750 a 1850

de Francisco Vidal Luna & Herbert S. Klein

Freqüentemente, relatos de viajantes estrangeiros serviram como fonte primária para o estudo do desenvolvimento inicial do atual Estado de São Paulo mas, em muitos casos, não mostravam um quadro completo da evolução histórica da economia e da urbanização. A contar dos anos 70 do século passado passaram a ser analisados os levantamentos da população e da produção referentes ao período 1765-1830, os quais são a base da pesquisa que resultou neste livro, um dos mais qualificados estudos sobre a economia e a sociedade de São Paulo do final do século XVIII até as primeiras décadas do século XIX. São expostas as linhas básicas do crescimento da região, examinados os fatores internos e externos que transformaram uma economia de subsistência, marginal e isolada, em uma economia agrícola, exportadora e largamente baseada no trabalho escravo, além de serem contempladas as mudanças ocorridas nos grupos sociais estabelecidos na área. 

           

LUNA, Francisco Vidal; KLEIN, Herbert S. Evolução da sociedade e economia escravista de São Paulo, de 1750 a 1850. Trad. Laura Teixeira Motta. São Paulo, Edusp, 2005. 279 p.
RESUMO. O livro, publicado primeiramente em inglês, se propõe apontar as linhas básicas do crescimento da economia e da sociedade paulista de meados do século XVIII a meados do século XIX. Suas fontes principais foram as antigas listas nominativas. A obra é composta por oito capítulos, introdução e conclusão, além de oito grupos de tabelas, quatro grupos de gráficos, dois mapas e apêndice (relação das listas nominativas de São Paulo). Os três primeiros capítulos abordam a evolução da história econômica paulista, da fase de expansão da economia exportadora açucareira à fase cafeeira. O capítulo quatro trata da importância da produção de alimentos e do abastecimento do mercado local. Os capítulos 5, 6 e 7 identificam as características demográficas da sociedade escravista. O último capítulo estuda os aspectos demográficos do setor não agrícola (artesãos, comerciantes e profissionais liberais). O livro interessa aos estudantes e pesquisadores da História de São Paulo, do Brasil e da América, pois apresenta os dados comparativamente com outras partes da região Sudeste e dos Estados Unidos. (Resumo de autoria de Maria Lucília Viveiros Araújo)

                               

              

Publicações Recebidas

                                                  

                                               

AFRODESCENDENTES EM JUIZ DE FORA

                                                             

                                    

GUIMARÃES, Elione Silva. Múltiplos viveres de afrodescendentes na escravidão e no pós-emancipação: família, trabalho, terra e conflito (Juiz de Fora - MG, 1828-1928). São Paulo/Juiz de Fora, Annablume/FUNALFA Edições, 2006, 348 p.
RESUMO. A autora analisa a história de afrodescendentes - escravos e livres (ex-cativos ou não) - em Juiz de Fora (Zona da Mata - Minas Gerais), procurando reconstituir fragmentos de suas vidas durante o período escravista e avançando alguns anos no pós-abolição. Contempla os seus sucessos e insucessos, suas possibilidades e oportunidades de reorganização social após a emancipação. O texto foi organizado em duas partes. A primeira foi intitulada Caminhos que se descortinam - reconstrução de trajetórias de afrodescendentes. Nela se considera o cotidiano de afrodescendentes - escravos, libertos e livres - primeiro, retratando-os no centro urbano, percebendo suas redes de solidariedade e convívio com os demais segmentos sociais, análise que se fez principalmente através de um processo de crime de roubo, que descortinou detalhes da vivência escrava no universo citadino do município em estudo. Nos anos finais do escravismo, acompanha-se o movimento social dos escravos rebeldes, as fugas, os suicídios, os crimes, a luta jurídica - ações de liberdade, denúncias por maus tratos etc. Para tanto, conjugou-se a leitura dos relatórios de presidente de Província e do Ministério da Justiça com as notas dos jornais, comparando-os aos estudos a respeito de fugas, de suicídios e da criminalidade específica do escravo, auxiliada pela produção historiográfica local sobre o tema. A autora buscou nas entrelinhas dos documentos as evidências que as fontes, aparentemente, pretendiam silenciar. Para acompanhar os caminhos e os descaminhos dos afrodescendentes, suas possibilidades de vida, oportunidades e reorganização no pós-emancipação, foram analisados testamentos e processos de inventários nos quais há registros de legados para ex-cativos, os processos de tutela de menores afrodescendentes e autos criminais que permitiram avançar, acompanhando-os por alguns anos, principalmente aqueles posteriores à abolição, percebendo seus esforços para reestruturarem suas vidas e suas famílias após o fim do escravismo e as tensões remanescentes das senzalas, como a exploração sobre o trabalho das crianças filhas de ex-cativos e a permanência dos castigos físicos e da exploração sexual sobre a mulher negra. A segunda parte foi chamada de Senhores de terras e afrodescendentes: família, trabalho, terra e conflito. Nela trata-se de afrodescendentes e senhores de terras e de homens em suas relações de convívio e de desavenças, e se toma como fio condutor a história da Fazenda da Boa Vista e seus habitantes. A propriedade, localizada no principal município cafeeiro de Minas Gerais (Juiz de Fora - Zona da Mata mineira), pertenceu ao tropeiro Francisco Garcia de Mattos e nela coabitaram grandes proprietários de terras, cativos e libertos. Acompanha-se suas histórias pelo período escravista, avançando por alguns anos depois da abolição, reconstituindo fragmentos de suas vidas por um espaço de aproximadamente cem anos (1848-1928). Ao longo deste período, a escravaria vivenciou as tensões de três partilhas: 1848, 1866 e 1878. Em 1878 faleceu a segunda esposa de Francisco Garcia de Mattos e, sem herdeiros necessários, legou os remanescente de seus bens - preferencialmente em terras - aos 21 cativos que libertou em testamento. As terras legadas estavam em condomínio com homens fortes e poderosos e, nos anos subseqüentes, os libertos tiveram que elaborar estratégias de permanência na propriedade e defender nos tribunais o direito à terra. A valorização pecuniária da terra, na região onde a propriedade estava localizada, transformou-a em um espaço de cobiça e de tensões, gerando conflitos que redundaram em crimes de sangue. Ao longo de todo o texto pondera-se sobre os relacionamentos dos afrodescendentes com o establishment, principalmente com o seu sistema jurídico. Estas questões foram analisadas pari passu com suas estratégias de sobrevivência em Juiz de Fora durante a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século passado. A autora serviu-se de uma dupla metodologia na apresentação dos resultados: a de História quantitativa e serial e a de micro-análise. Mesmo quando se analisa o geral, são focalizadas as experiências individuais. O geral deu qualidade e ajudou a compreender as especificidades. O específico permitiu perceber a multiplicidade das possibilidades, que geralmente escapam às análises estruturais. Foi utilizado um amplo leque de fontes: processos criminais, documentos cartoriais (escrituras de compra e venda de propriedades e de escravos, cartas de liberdade, procurações), inventários post-mortem, ações de divisão e demarcação de propriedades rurais, processos de tutelas, registros de nascimentos e de casamentos, jornais, memórias, relatórios da presidência da província de Minas Gerais e do Ministério da Justiça, relatórios e correspondências dos fiscais da Câmara Municipal de Juiz de Fora, assim como listas de família.

                                           

                                                       

       

                                              

                                     

 POPULAÇÕES INDÍGENAS DA AMAZÔNIA

                         

                                                                       

SAMPAIO, Patrícia Melo & ERTHAL, Regina de Carvalho (orgs.). Rastros da Memória: histórias e trajetórias das populações indígenas na Amazônia. Manaus, CNPq/Editora da Universidade Federal do Amazonas, 2006, 484 p.
RESUMO. Com apresentação de João Pacheco de Oliveira (Museu Nacional/UFRJ), o livro reúne nove artigos de historiadores e antropólogos cujos temas versam sobre diferentes momentos e espaços da Amazônia, com ênfase particular nas múltiplas histórias e trajetórias das populações indígenas da região. Também é apresentado um anexo documental composto por um Catálogo de Legislação Indigenista das Províncias do Pará e do Amazonas (1838-1889), composto por cerca de sessenta leis transcritas na íntegra e também um conjunto de Documentos Indigenistas do Amazonas Provincial, fontes essas inéditas, transcritas de material pertencente ao acervo do Arquivo Público do Amazonas. Mais informações sobre a obra podem ser solicitados à nossa colega Patrícia Sampaio: hindia@ufam.edu.br  ou pasampaio@vivax.com.br .

                                          

Integram o volume os seguintes tópicos

                                       

João Pacheco de Oliveira. Apresentação: Memórias vivas da Amazônia.
I. Auxiliomar Silva Ugarte. Alvores da conquista espiritual do alto Amazonas (séculos XVI-XVII).
Resumo. Utilizando crônicas e outros relatos coloniais, o autor trata da fase inicial de estabelecimento das ordens religiosas no alto Amazonas (rio Solimões) nos séculos XVI e XVII, com a preocupação de recuperar as impressões desses cronistas relativas à religiosidade dos índios nesse período.

II. Márcia Eliane Alves de Souza e Mello. "Para servir a quem quizer": apelações de liberdade dos índios na Amazônia portuguesa.
Resumo. Com base na da análise referente ao funcionamento das Juntas das Missões na América, a autora concentra sua análise sobre um conjunto documental importante, porém fragmentário, as apelações de liberdade dos índios escravizados na Amazônia, com a finalidade de revelar alguns dos mecanismos disponíveis para acessar a justiça no mundo colonial.

III. Francisco Jorge dos Santos. Descimento dos Muras no Solimões.
Resumo. O artigo recupera uma parte importante na trajetória dos Mura que é o momento no qual essa população, considerada e tratada como aleivosa e rebelde, resolve consolidar um "acordo de paz" com as autoridades lusas, dando início ao seu estabelecimento nas vilas e aldeias da Amazônia portuguesa.

IV. Simei Maria de Souza Torres. Definindo fronteiras lusas na Amazônia colonial: o tratado de Santo Ildefonso (1777-1790).
Resumo. Fundado em pesquisa documental extensa, a autora retoma um dos mais desconhecidos e importantes tratado de demarcação de limites --  fundamental para compreender a configuração territorial da Amazônia contemporânea -- contextualizando sua execução no cenário mais amplo da fase final do período pombalino.

V. Irma Rizzini. Educação popular na Amazônia imperial: crianças índias nos internatos para formação de artífices.
Resumo. Originalmente parte de sua tese de doutorado, a autora retoma projetos de educação diferenciada para crianças indígenas, implementadas pelo Império, em Belém e Manaus, abordando questões relativas ao trabalho e à educação, sem perder de vista a articulação entre governos provinciais e experiências de educação popular.

VI. Patrícia Melo Sampaio e Natalia Albuquerque do Nascimento. Etnia e legitimidade: fontes eclesiásticas e história indígena na Amazônia.
Resumo. O artigo apresenta os resultados preliminares de pesquisa realizada no acervo da Cúria Metropolitana de Manaus, em especial, com os registros de batismo, com a finalidade de investigar as relações existentes entre referências étnicas e legitimidade das crianças, na tentativa de superar (ou desfazer) o senso comum que circunscrevia a ocorrência de nascimentos de crianças "ilegítimas" às camadas populares, em especial, índios e escravos. O estudo sobre a cidade de Manaus no século XIX revelou dados surpreendentes apontando para uma maioria de nascimentos 'ilegítimos"e, mais do que isso, para a existência de outros arranjos familiares que ajudam a iluminar a complexidade da Amazônia oitocentista.

VII. Benedito do Espírito Santo Pena Maciel. Entre os rios da memória: história e resistência dos Cambebas na Amazônia brasileira.
Resumo. O artigo é parte da dissertação de mestrado do autor e trata de um complexo processo de retomada da identidade étnica dos Cambebas e das suas estratégias de silenciamento, no tempo e no espaço, para assegurar sua sobrevivência em uma sociedade desigual e discriminadora.

VIII. Regina de Carvalho Erthal. Museus indígenas: articuladores locais de 'tradições e projetos políticos'.
Resumo. O artigo retoma parte do processo de criação de museus indígenas, discute seus novos papéis no cenário das lutas contemporâneas dos povos indígenas, analisando, em particular, o Museu Magüta dos Ticuna, no alto Solimões.

IX. Paulo Roberto Abreu Bruno. "Pra frente com a escola": reflexões sobre a educação escolar Ticuna.
Resumo. Parte de sua dissertação de mestrado, nesse artigo o autor recupera trajetórias da educação escolar entre os Ticuna e, finalmente, discute o papel contemporâneo da educação escolar e sua presença nas aldeias Ticuna.

                                             

                                             

       

                            

                                       

MULHERES E FAMÍLIAS NO BRASIL

                                         

                                                          

PERARO, Maria Adenir & BORGES, Fernando Tadeu de Miranda (orgs.). Mulheres e Famílias no Brasil. Cuiabá, Carlini & Caniato Editorial, 2005, 366 p.
APRESENTAÇÃO. Do século XVIII aos dias atuais, os autores contemplam, entre outros temas, aspectos do universo da escravidão, em que são vislumbrados os casamentos de escravos e os ofícios desenvolvidos por seus descendentes, a exemplo da lavagem das roupas por mulheres na beira dos rios; a imigração de mulheres alemãs para o sul de Mato Grosso; alguns testemunhos da época dos ervais mato-grossenses; a performance de uma mulher indígena, Rosa Bororo, no âmbito da política de "pacificação" das populações indígenas; a família luso-brasileira sob ótica comparativa; as tipologias de domicílios chefiados por mulheres em localidade do interior de Minas Gerais; as preocupações de homens e mulheres diante da morte; os motivos que impulsionaram as mulheres cuiabanas a acionar os processos de divórcio; a presença associativa da mulher em Mato Grosso e a escrita de autoria de mulheres nipo-brasileiras no Estado de São Paulo. Em outros artigos são abordados tópicos relacionados às relações humanas, enfocando o casamento; a educação dos filhos e o ato de ensinar e de formar consciências; as normas sexuais e a exclusão social; a "moral doméstica"; a construção da identidade de personagens femininas nas regiões de frentes pioneiras como Paraná e Mato Grosso e, com respeito a São Paulo, a luta pelo direito de ingresso na carreira universitária na USP. A coletânea contém dezenove artigos cujos resumos vão colocados abaixo.

                                              

Resumos dos Artigos

                                                   

Velhos portugueses ou novos brasileiros? Reflexões sobre a família luso-brasileira setecentista, de Ana Sílvia Volpi Scott, aborda com riqueza de detalhes a família luso-brasileira, confrontando períodos e sociedades sob uma ótica comparada, em busca da abertura de novos caminhos para as pesquisas sobre população e família no Brasil.

                   

Normas sexuais e exclusão social: o Direito Penal e os padrões de honra e honestidade feminina no Brasil da belle èpoque, de Carlos Martins Junior, busca compreender a constituição social dos papéis sexuais no país, quando, ao menos em tese, todos começavam a ser vistos como iguais perante a lei, a partir da leitura de fontes do jurista Francisco José Viveiros de Castro, que ganham destaque como fonte documental para o estudo do papel representado pela justiça na questão da fiscalização do comportamento dos populares e do controle social quando da implantação e consolidação da ordem republicana. 

                       

Frente ao Mar de Colonião: realidade da imigrante alemã em Terenos, MT, 1924, de Mariza Santos Miranda, narra a história de vida das mulheres alemãs que imigraram para o sul de Mato Grosso, em 1924, e passaram a viver na Colônia Agrícola de Terenos. A história oral foi o recurso escolhido pelo autora para a reconstituição do cotidiano da época. 

                   

A obra de Alice Canabrava na historiografia brasileira, de Flávio Azevedo Marques de Saes, relata a trajetória profissional da historiadora, destacando com maestria a sua vasta contribuição na História Econômica. Aluna de Monbeig e Braudel, o pioneirismo de Alice Piffer Canabrava fica demonstrado em muitas outras frentes, ao participar da fase da construção da USP e ao lutar pelo ingresso na carreira universitária.

                  

Família e domicílio no sertão mineiro: Januária e Santo Antônio da Vereda, 1838. Tarcísio Rodrigues Botelho efetua o estudo das família nas localidades citadas privilegiando o enfoque desenvolvido por Peter Laslett, do Cambridge Group for the History of Population and Social Structure, para a tipologia de domicílios. As listas nominativas de habitantes, datadas de 1838, permitiram ao autor constatações relacionadas às figuras das mulheres em chefias de domicílios. 

                       

As representações femininas em Selva Trágica de Hernani Donato, de Jérri Roberto Marin, recupera com estética e plástica, entre a realidade e a ficção do romance, testemunhos da época de glória dos ervais mato-grossenses, que vão do início do século XX à década de 1930, fim do monopólio da erva-mate no Estado de Mato Grosso. Regional e universal, demarca bem a exploração do homem pelo homem e a submissão feminina. 

                     

Do Planalto de Benguela ao Altiplano Cuiabano: endogamia banto na constituição das famílias em Chapada dos Guimarães (1798-1830), de Maria Amélia de Assis Crivelente, utilizando-se de registros de casamento visualiza nas etnias dos cônjuges possíveis escolhas e tentativas de sobrevivência, permanência e continuidade por parte dos escravos bantos em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso.

Nísia Floresta e a educação feminina no século XIX, de Constância Lima Duarte, analisa o percurso realizado pelas mulheres brasileiras na construção e conquista de seus direitos. Segundo a autora, as obras de Nísia Floresta visavam à transformação do quadro ideológico e social da época. 

                         

Casamento e educação dos filhos no olhar de uma cuiabana letrada: Maria Dimpina, de Fernando Tadeu de Miranda Borges, aborda dois dos mais fortes fatores constitutivos na reprodução da "sagrada família", o casamento e a educação dos filhos. Ao analisar o discurso da intelectual Maria Dimpina, insinua uma certa lentidão na transformação mental da sociedade. E, na tentativa de descobrir os reais motivos que levam à manutenção pela própria mulher do domínio masculino, deixa pistas para outros trabalhos. 

                      

Cibáe Modojebádo - a Rosa Bororo e as expedições governamentais de "pacificação" dos Bororo Coroado (1886), de Marli Auxiliadora de Almeida, investiga, mediante variadas fontes, como crônicas, relatórios de presidentes de província e artigos vários, os possíveis papéis desempenhados por Rosa Bororo como mediadora dos contatos entre os Coroado e os "civilizados". 

                             

O casamento e a moral doméstica, de Nanci Leonzo, com base em rica documentação, composta de memórias, autos de habilitação, proclamas matrimoniais, Carta de guias de casados, Manual do Cristão, dentre outros, analisa os pressupostos básicos da moral doméstica na sociedade brasileira do final do século XIX e início do XX. Neste estudo, a autora traz à tona aspectos de como se casavam as pessoas mais simples e o significado do casamento para as elites. 

                        

As águas e as lavadeiras cuiabanas, de Neila Barreto e Otávio Canavarros, através de temática ainda pouco pesquisada por parte dos historiadores, a água, identificam no mundo do trabalho da vila e cidade de Cuiabá, dos séculos XVIII e XIX, respectivamente, interessantes e curiosas figuras femininas que tinham na atividade da lavagem das roupas o seu ofício. 

                           

Famílias e testamentos em Cuiabá na segunda metade do século XIX, de Maria Aparecida Borges de Barros Rocha, investiga as preocupações de homens e mulheres diante da morte e as práticas de enterramentos vigentes à época. Reconstitui, através de farta documentação, histórias individuais, permitindo-nos conhecer os desejos e vontades daquelas personagens. 

                        

A prática sociocultural associativa da mulher em Mato Grosso (segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX), de Yasmin Jamil Nadaf, recupera com poética a presença associativa das mulheres mato-grossenses na direção do jornal O Jasmin, da revista A Violeta e em clubes e ligas, como o Grêmio Literário Júlia Lópes, o Clube Feminino, a Liga das Senhoras Católica, a Liga Feminina Pró-Lázaros, a Liga Feminina Pró-Alistamento Eleitoral, e a Federação Mato-Grossense pelo Progresso Feminino, numa madura e consciente comprovação do caráter humano e social do universo feminino regional. 

                       

Uma mulher em seu tempo: Célia Perioto Antunes, de Ruth Ribeiro de Lima, apresenta-nos, mediante a metodologia da História Oral de vida, depoimentos de vivência de uma pioneira de segunda geração, na cidade de Maringá, e aspectos constitutivos da identidade das muitas personagens femininas, pioneiras do Norte Novo do Paraná na década de 1940. Para a autora, ouvir Célia é conviver no hoje, as aventuras e desventuras do cotidiano em uma frente pioneira. 

                               

A demografia das famílias em Tangará da Serra - MT, de Carlos Edinei de Oliveira, enfoca como as famílias migrantes do Estado do Paraná no início da década de 1970 reorganizaram-se no novo espaço, Estado de Mato Grosso, planalto de Tapirapuã. Para tanto, observa a procedência e naturalidade da população, bem como a sazonalidade dos casamentos e as relações de compadrio estabelecidas entre os migrantes. 

                   

Os processos de divórcio: mulheres e famílias em Cuiabá, século XIX, de Maria Adenir Peraro, observa o universo de algumas famílias de elite da Cuiabá da segunda metade do século XIX, com a intenção de refletir sobre os motivos que teriam impulsionado essas mulheres de relação conjugal estável a acionar o divórcio. Nos meandros da documentação, a autora observa as normas vigentes e as punições a que eram freqüentemente submetidas as mulheres que se insurgiam contra as normas vigentes. 

                             

Os caminhos da socialização: os filhos livres das escravas (Cuiabá: 1873-1888), de Nancy de Almeida Araújo, focaliza a escravidão na capital da província de Mato Grosso, com destaque para as relações de compadrio e as práticas do sacramento do batismo dos filhos de mães escravas na vigência da Lei do Ventre Livre. Ao levar em conta os registros de batizados no espaço urbano de Cuiabá, a autora tece reflexões acerca do comportamento dos párocos, dos senhores e das mães em relação às referidas crianças. 

                    

Sob a égide da intimidade: a textualização do tempo vivido, de Hilda Pívaro Stadniky, adentra no campo da literatura de autoria feminina nipo-brasileira, destacando os atributos constitutivos desse universo que expressa, antes de tudo, a experiência por parte das autoras nos processos de alteridade. Experiência, segundo Hilda Pívaro Stadniky, sobretudo, no interior de uma ordem simbólica, onde a própria linguagem é um instrumento de opressão.
                                           

                                  

 Pesquisas em andamento

                                                     

                                                            

ESTUDO SISTEMÁTICO DA SAÚDE DOS ESCRAVOS

                                                                        

Formou-se, a contar de março de 2006, na Casa de Oswaldo Cruz -- Fiocruz (Rio de Janeiro), um grupo de pesquisa coordenado por Ângela Pôrto que se votará ao tema: "O sistema de saúde do escravo no Brasil do século XIX: instituições, doenças e práticas terapêuticas". Este projeto, com duração prevista de dois anos, receberá apoio do Programa PAPES-Fiocruz. Seu desenvolvimento contará com a colaboração de Flávio Edler (doutor), Tânia Salgado Pimenta (doutora), Pedro Paulo Soares (mestre), Laurinda Maciel (doutoranda), Verônica Brito (mestre) e Maria Regina Guimarães (doutoranda).
RESUMO. O projeto está inserido na área da história social da cultura no Brasil e estabelece um diálogo estreito com a história da ciência. Seu objetivo principal é apresentar um panorama qualitativo e quantitativo dos múltiplos aspectos relacionados à saúde dos escravos no Brasil do século XIX, só parcialmente conhecido, além de estar disperso em inúmeras fontes primárias. Este panorama será estruturado em três vertentes: as instituições envolvidas no tratamento de saúde dos escravos, as doenças que os acometiam e as práticas terapêuticas adotadas no seu tratamento. Apesar de ser produzido primordial, mas não exclusivamente, com base em fontes depositadas nos arquivos das cidades do Rio de Janeiro e de Salvador, o panorama sobre a saúde dos escravos no Brasil a ser traçado pela pesquisa deverá sistematizar de modo amplo o conhecimento sobre o tema no Brasil, gerando um quadro conceitual e uma massa de informações que servirão como importantes referências para estudos futuros. Ao longo do desenvolvimento da pesquisa realizar-se-ão encontros, seminários e workshops sobre o tema, desses trabalhos participação tanto os membros da equipe de estudiosos acima arrolada como pesquisadores convidados. Com esses eventos visa-se a ampliar a discussão sobre o tema e a reunir trabalhos correlatos para publicação conjunta. Mais informações sobre as atividades do grupo podem ser solicitadas à coordenadora da pesquisa Dra. Ângela Pôrto, cujo e-mail é: aporto@fiocruz.br .

                                       

                                

Notícias e Informes

                                                  

                                       

VISITE O SITE DO PGHIS DA UFPR

             

                                   

O site www.poshistoria.ufpr.br oferece um amplo painel das atividades docentes e demais iniciativas acadêmicas -- publicações, banco de dissertações e teses etc. -- desenvolvidas no âmbito do PGHIS - Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Paraná, um dos mais antigos do País e o mais antigo da UFPR. Como sabido, a demografia histórica sempre recebeu tratamento privilegiado por parte do PGHIS, assim, visitar seu site e conhecer suas promoções representa inestimável ganho.

                                   

                                             

       

                                        

                                         

Centro de Memória da Unicamp - LAHO (Laboratório de História Oral)
(Informações sobre pesquisas realizadas, acervos constituídos etc.)

                                                   

Projetos já desenvolvidos com o apoio do LAHO:
1- Negros: memória, experiência e cidadania.
2- Historiadores de Campinas.
3- Campinas de Outrora: A história campineira na voz de velhos moradores e de estudiosos da cidade.
4- Vida familiar em diferentes grupos étnicos em São Paulo: educação, lazer e consumo cultural em cidades em rápida transformação (1890 - 1950) - Os Alemães.
5- Vida familiar em diferentes grupos étnicos em São Paulo: educação, lazer e consumo cultural em cidades em rápida transformação (1890 - 1950) - Os Japoneses.
6- Persistências e Mudanças no viver urbano em dois bairros campineiros - Cambuí e Vila Industrial.
7- Bairro, Identidade e Memória
8- Família Imigração e Cultura - Os Alemães (1950 - 1980).
9- Família Imigração e Cultura - Os Japoneses (1950 - 1980).
10- Educação & Sociedade: a diversidade das propostas educacionais na região de Campinas (1850-1960).
11- Projeto Espaço urbano e Saúde. A História de uma entidade Privada: O Hospital Vera Cruz
12- Da "Bastilha Negra" à Proletarização: Bairro, Identidade e Memória de Espaços Negros de Campinas.
12.1- Identidade na Quebrada: Educação não formal, Hip-Hop e História Oral.
13- Depressão e Velhice: Estudo da Correlação entre a Educação Formal para o Trabalho das Crianças de Ontem e os Estados Depressivos dos Velhos Trabalhadores Hoje Aposentados.
Pesquisador: Jaime Pacheco Lisandro
Projetos em andamento:
1. Memória, Qualidade de Vida e Cidadania: História dos Bairros Populares de Campinas
2. Grupo do Santo - Uma Experiência em Teatro de Rua
3. Memória do Samba Paulista pelo Grupo de Estudos do Cupinzeiro
                                          

Centro de Memória da Unicamp - LAHO (Laboratório de História Oral)
Responsável: Profa. Dra. Olga Rodrigues de Moraes von Simson
Centro de Memória - UNICAMP
Cidade Universitária "Zeferino Vaz".
Rua Sérgio Buarque de Holanda, 800. Caixa Postal 6023.
13083-970 Campinas SP
Tel.: 3289-3441 ramal 223

                                                                

                                                                                         

 ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

                                            

                                      

BATISTA SOBRINHO, Adalberto. A demografia de uma sociedade escravista: população livre e escrava de Minas Gerais em 1831 e 1832. Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, FAFICH da Universidade Federal de Minas Gerais, 1995, mimeografado.

                       

CHAVES, Maria Lúcia Resende. Família escrava e riqueza na Comarca do Rio das Mortes: o distrito de Lages (1780-1850). Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, FAFICH da Universidade Federal de Minas Gerais, 1998, mimeografado.

                           

CHEQUER, Raquel Mendes Pinto. Negócios de família, gerência de viúvas. Senhoras administradoras de bens e de pessoas (Minas Gerais 1750-1800). Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, FAFICH da Universidade Federal de Minas Gerais, 2002, mimeografado.

                           

MOL, Cláudia Cristina. Mulheres forras: cotidiano e cultura material em Vila Rica (1750-1800). Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, FAFICH da Universidade Federal de Minas Gerais, 2002, mimeografado.

                               

PINTO, Francisco Eduardo. A Guarda Nacional e o perfil dos homens matriculados no Termo de São João Del-Rei (1850-1873). Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, FAFICH da Universidade Federal de Minas Gerais, 2003, mimeografado.

                           

TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. Correrias de ciganos pelo território mineiro (1808-1903). Belo Horizonte. Dissertação de Mestrado, FAFICH da Universidade Federal de Minas Gerais, 1998, mimeografado.

                               

                             

 

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