Ano XV, no. 50, julho de 2008
SUMÁRIO
Relação de Trabalhos Publicados
Este número do BHD, além de trazer resumos de relevantes estudos e notícias sobre o lançamento de novas e estimulantes obras, distingue-se pela divulgação dos dados quantitativos referentes ao censo levado a cabo na cidade do Rio de Janeiro em 1849 e efetuado sob a direção de Haddock Lobo, tais dados, assim como os escritos do responsável pelo aludido levantamento populacional foram localizados no Arquivo Nacional, em 1988, por Thomas H. Holloway a quem devemos, também, o Prefácio, igualmente estampado neste exemplar de nosso BHD. Esperamos que os colegas atendam ao chamamento de nosso colega Holloway e utilizem tais dados para a elaboração de novos estudos sobre o comportamento demográfico do Rio de Janeiro no meado do século XIX.
Thomas H. HOLLOWAY. Prefácio: Haddock Lobo e o recenseamento do Rio de Janeiro de 1849. Prefácio ao escrito de Roberto Jorge Haddock Lobo intitulado Texto introdutório do recenseamento do Rio de Janeiro de 1849, e aqui reproduzido, juntamente com os dados estatísticos pertinentes, logo após o prefácio elaborado por Holloway.
APRESENTAÇÃO. Durante a segunda metade de 1849, foi realizado o primeiro levantamento demográfico do Rio de Janeiro feito em moldes modernos, com questionários distribuidos e recolhidos em todo o Município Neutro seguido por uma apuração minuciosa dos dados estatísticos. O diretor da tarefa, Roberto Jorge Haddock Lobo, escreveu um ensaio introdutório que é, em si, um valioso documento histórico. Haddock Lobo fez comentários detalhados sobre a importância de estatísticas precisas, e descreveu os procedimentos segundo os quais se realizou o recenseamento. O propósito deste prefácio não é de repetir nem de substituir as observações tão instrutivas e reveladoras de Haddock Lobo. Para melhor avaliar a obra pioneira dele na história demográfica do Brasil, no entanto, vale a pena apresentar algumas notas sobre a carreira de Haddock Lobo, sobre a máquina administrativa pela qual foi feito o censo, e sobre o destino dos resultados depois de que Haddock Lobo entregou o relatório final em novembro de 1850. Conforme anotado por T. Holloway, a documentação ora estampada foi levantada por ele, em 1988, em meio a material não catalogado do Arquivo Nacional, cujos dirigentes foram devidamente alertados sobre o seu rico achado; já de volta a sua Universidade, providenciou este prefácio e preparou os dados originais e os escritos de Haddock Lobo para publicação. Esta última, não obstante, não chegou a ser efetuada; há algumas semanas, instado por colegas desejosos de conhecer os dados do Censo de 1849, Holloway resolveu oferecê-los ao NEHD a fim de garantir sua ampla divulgação. A finalidade da presente publicação é, pois, fornecer aos pesquisadores a "matéria prima" mais completa que existe do recenseamento de 1849 do Rio de Janeiro, para que possa servir como base empírica para pesquisas nos muitos temas relacionados com os dados quantitativos aqui apresentados. Para ler o texto completo deste Prefácio e o da Introdução assinada por R. J. Haddock Lobo em versão .doc ; para ler em versão .pdf .
ANDREAZZA,
Maria Luiza. O impacto da imigração no sistema familiar: o caso dos ucranianos
de Antonio Olinto, PR. São Leopoldo (RS), Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, Revista História Unisinos, v. 11, n. 1, jan.-abr. 2007.
Disponível em:
http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/historia/
RESUMO. Vários estudos que se ocupam em analisar processos ligados à emigração sugerem que o abandono da terra natal seria acompanhado pelo firme propósito de construir uma nova realidade. Em especial, as correntes migratórias da segunda metade do século XIX teriam esta esperança fortemente alicerçada na busca de mobilidade social. O que os expulsava da Europa, em grande parte, eram fatores de ordem econômica e, assim, estaria implícito que os participantes daquela aventura imigratória detinham a firme crença na força de mecanismos compensatórios capazes de lhes garantir outras condições e posições sociais. Esse artigo se ocupa em verificar a abrangência dessa idéia e, para isso, apresenta uma discussão com base no sistema familiar de imigrantes ucranianos que se estabeleceram no Paraná em 1895. Orienta tal discussão o pressuposto de que um sistema familiar expressa opção coletiva e, como tal, conforma forte traço cultural cuja estabilidade não necessariamente é ameaçada pela imigração.
ABSTRACT. Several studies that analyze process connected to emigration suggest that the abandonment of homeland would be followed by the firm intention of building a new reality. In special, the migratory chains from the second half of century XIX would have this hope strongly based on the search of social mobility. What expelled them from Europe, mostly, were economic factors and, thus, would be implicit that the participants of that migratory adventure had a firm belief on the strength of the compensatory mechanisms that could assure them other conditions and social status. This article intends to verify how this idea applies and, therefore, presents a discussion based on the familiar system of Ukrainian immigrants that settled in Paraná in 1895. The discussion is guided by the presuppose that a familiar system expresses a collective option and so shows a strong cultural side whose stability not necessarily is threatened by immigration.
BERUTE,
Gabriel Santos. O comércio de africanos ladinos e crioulos: vila do Rio Grande
(1812-1822). São Leopoldo (RS), Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Revista
História Unisinos, v. 10, n. 3, set.-dez. 2006. Disponível em:
http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/historia/
RESUMO. No presente artigo são analisadas as transações de escravos
registradas no Livro de Sisas dos Escravos da Vila do Rio Grande, entre
1812 e 1822. Investigamos o perfil demográfico dos escravos negociados e
procedemos à análise das características das transações registradas na
fonte. Constatamos que se tratava, em sua maioria, de cativos que já estavam
estabelecidos na capitania; entre eles, predominavam os africanos e os homens.
Quanto às transações realizadas, concluímos que se tratava de um comércio
de pequena monta no qual preponderavam as transações de no máximo dois
escravos que eram realizadas diretamente entre os proprietários, sem a
participação de intermediários.
ABSTRACT. This paper intends to analyze the slave transactions registered in the
Livro de Sisas dos Escravos da Vila do Rio Grande, between 1812 and 1822.
We investigated the demographic profile of the negotiated slaves, and also
analyzed the characteristics of the transactions registered in the book. Most of
the negotiated slaves were already settled in the capitania. Africans and men
were predominant among them. It was mostly a small trade with a maximum of two
slaves' transactions. The slaves were negotiated directly between the owners
without the interference of middlemen.
BOTELHO,
Tarcísio Rodrigues. Família e escravidão em uma perspectiva demográfica:
Minas Gerais (Brasil), século XVIII. In: LIBBY, Douglas Cole & FURTADO,
Júnia Ferreira (orgs.). Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa,
séculos XVIII e XIX. São Paulo, Annablume, 2006, p- 195-222.
RESUMO. O autor dedica-se ao estudo a família escrava e sua articulação com o
comportamento demográfico dos cativos com ênfase na primeira metade do século
XVIII. Para tanto utiliza-se de dados concernentes a uma localidade de Minas
Gerais: Catas Altas do Mato de Dentro.
CORRÊA, Carolina Perpétuo. Comércio de escravos em Minas Gerais no século XIX: o que podem nos ensinar os assentos de batismo de escravos adultos. XII Seminário sobre a Economia Mineira, UFMG/CEDEPLAR, 2006, Diamantina. Disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2006_3.php
RESUMO. O presente artigo lida com a questão do grau de dependência do
tráfico negreiro internacional, após 1831, por parte dos senhores de Santa
Luzia, uma localidade mineira de inserção econômica relativamente modesta -
ou seja, que não integrava as áreas economicamente mais importantes, quer em
nível provincial quer em nível nacional. De modo geral, acredita-se que a
legislação que busca pôr fim à importação de cativos africanos, em 1831,
teria permanecido letra morta e que a compra de escravos novos teria continuado
até 1850, quando finalmente encerra-se de vez o contrabando. A partir deste
momento, ter-se-ia estabelecido um tráfico interno de escravos, sendo as
regiões menos aquecidas economicamente responsáveis por suprir a demanda por
mão-de-obra dos setores mais dinâmicos do Império. São raros, todavia, os
estudos sobre regiões de menor importância econômica. Utilizando os assentos
de batismos de escravos adultos como indicadores indiretos do volume do tráfico
para a região, concluímos que, para os senhores de Santa Luzia, a compra de
escravos africanos realmente arrefecera no momento em que entrava em vigor a lei
que suprimia legalmente o tráfico internacional de escravos para o Brasil.
Esses dados sugerem que posições radicais que enfatizam somente o recurso ao
mercado de escravos, ou somente a reprodução natural não se mostram
apropriadas para explicar o crescimento da população mancípia de localidades
de economia menos aquecida. Tal crescimento só pode ser compreendido se
percebermos que esses dois processos se alternaram, de acordo com diferenças
nas conjunturas econômicas. Acreditamos, assim, que, à medida que o século
XIX avança, os senhores de regiões como Santa Luzia foram se tornando
gradativamente mais dependentes da reprodução natural.
COWLING,
Camillia. Negociando a liberdade: mulheres de cor e a transição para o
trabalho livre em Cuba e no Brasil, 1870-1888. In: LIBBY, Douglas Cole &
FURTADO, Júnia Ferreira (orgs.). Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e
Europa, séculos XVIII e XIX. São Paulo, Annablume, 2006, p. 153-175.
RESUMO. A autora pretende demonstrar que mulheres de cor vivendo em cidades
estavam numa posição privilegiada para influenciar o processo de transição
do trabalho escravo para o trabalho livre que se deu em Cuba e no Brasil.
FURTADO,
Júnia Ferreira. Quem nasce, quem chega: o mundo dos escravos no Distrito
Diamantino e no Arraial do Tejuco. In: LIBBY, Douglas Cole & FURTADO, Júnia
Ferreira (orgs.). Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa, séculos
XVIII e XIX. São Paulo, Annablume, 2006, p. 223-250.
RESUMO. A autora procura descortinar o universo dos cativos que habitavam o
arraial do Tejuco ao longo do século XVIII. Utiliza como fonte primária
básica para o estudo da composição da mão-de-obra escrava parte dos
registros de batismos realizados no correr do século XVIII em alguns arraiais
da Demarcação Diamantina, discutindo as possibilidades de interpretação e os
limites que tais documentos impõem a esse tipo de análise historiográfica.
MAIA,
Moacir Rodrigo de Castro. 'À MODA DE SUA TERRA': identidade étnica e
parentesco espiritual entre escravos couranos na Mariana setecentista
(1715-1750). XII Seminário sobre a Economia Mineira, UFMG/CEDEPLAR,
2006, Diamantina.
Disponível em: http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2006_3.php
RESUMO. O presente trabalho tem como objetivo analisar as relações de
parentesco espiritual estabelecidas pelos escravizados do grupo étnico courano
em um importante núcleo urbano da Capitania de Minas Gerais no século XVIII.
Após uma discussão sobre grupo étnico, centra-se o foco sobre os cativos da
Costa da Mina, mais especificamente da "Terra de Coura", e seus laços
étnicos reforçados no batismo cristão na Mariana setecentista.
MALAVOTA,
Cláudia Mortari. Os africanos de uma vila portuária do sul do Brasil:
criando vínculos parentais e reinventando identidades. Desterro, 1788/1850.
Porto Alegre, PUCRS, Tese de Doutorado, 2007.
RESUMO. A tese tem como objetivo a pontuação, valorização e análise dos
vínculos parentais (consangüinidade e compadrio) estabelecidos por escravos e
libertos de procedência africana, portanto sujeitos de diferentes categorias
sociais e origens étnicas, no contexto de uma vila portuária ao Sul do Brasil:
Nossa Senhora do Desterro, localizada na Ilha de Santa Catarina. A análise da
criação desses vínculos parentais tem como objetivo evidenciar e compreender
os processos de reinvenção das identidades desses sujeitos históricos no
contexto da diáspora. Os marcos cronológicos da pesquisa referem-se a período
muito pouco estudado da história catarinense nesta perspectiva de abordagem;
visa-se, assim, a contribuir para o preenchimento de uma imensa lacuna da
história da aludida área. Parte-se do princípio de que os estabelecimentos de
vínculos parentais constituem, num contexto escravista, uma maneira de criar
esperanças, de possibilitar a sobrevivência e de reinventar as identidades. Os
africanos, ao criarem suas famílias e as suas relações de compadrio,
conferiram sentido às suas vidas e marcaram de forma significativa o espaço
social da vila.
MARTINS,
Maria do Carmo Salazar & SILVA, Helenice Carvalho Cruz da. Via Bahia: a
importação de escravos para Minas Gerais pelo Caminho do Sertão 1759-1772. XII
Seminário sobre a Economia Mineira, UFMG/CEDEPLAR, 2006, Diamantina.
Disponível em: http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2006_3.php
RESUMO. A literatura sobre o tráfico interno de escravos no Brasil, menciona
que havia, com certeza, um significativo fluxo de importação de escravos da
Bahia para Minas Gerais pelo Caminho do Sertão, mesmo depois que o Caminho Novo
foi aberto ligando o Rio de Janeiro à região diamantífera. Este trabalho
objetiva apresentar e estudar uma nova e rica descoberta histórica nomeada
Códice 249 do Arquivo Público da Bahia, fonte de dados esta que trata do
registro de concessões de passaportes para exportações de escravos da cidade
de Salvador para outras regiões brasileiras, particularmente para Minas Gerais.
A série estatística criada a partir desse Códice vem reiterar os trabalhos
já tratados na literatura específica existente, reforçando a idéia de que o
Caminho do Sertão não era utilizado tão somente para o comércio de
mercadorias entre as capitanias , mas também para o muito lucrativo tráfico
interno de escravos.
MERIÑO
FUENTES, Maria de los Ángeles & PERERA DÍAZ, Aisnara. La madre esclava y
los sentidos de la libertad. Cuba 1870-1880. São Leopoldo (RS), Universidade do
Vale do Rio dos Sinos, Revista História Unisinos, v. 12, n. 1, jan.-abr.
2008. Disponível em:
http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/historia/
RESUMEN. El diseño de los roles femeninos en el siglo XIX cubano se produjo en medio de grandes tensiones sociales. Los intelectuales que concretaron su interés en la educación de la mujer como "ángel y reina del hogar" dirigieron sus discursos a la fémina blanca. Hablar de sentimientos maternales entre mujeres sometidas a la esclavitud sin caer en posiciones reduccionistas, como aquella que justifica a las que asesinaban a sus hijos "pues preferían verlos muertos antes que esclavos", se presume aún hoy imposible. Nuestro trabajo se vale de documentos donde está presente la voz y la voluntad de la madre esclava que diseña estrategias de libertad con un sentido más práctico y real que las de estas supuestas actitudes heroicas o la de la consigna sublime del "todo o nada".
ABSTRACT. The design of female roles in the 19th century in Cuba took place amid great social tensions. The intellectuals who focussed their interest in the education of women as "angels and queens of the home" directed their discourses to the white female. Even today it would be impossible to speak about maternal feelings among women subjected to slavery without adopting reductionist positions, such as the one that justifies those women who murdered their children "because they preferred to see them dead rather than slaves." This paper relies on documents that contain the voice and will of the slave mothers who design strategies of freedom with a more practical and real sense than these of the supposedly heroic attitudes aforementioned or the sublime "all or nothing" attitude.
NADALIN,
Sergio Odilon. João, Hans, Johann, Johannes: dialética dos nomes de batismo
numa comunidade imigrante. São Leopoldo (RS), Universidade do Vale do Rio dos
Sinos, Revista História Unisinos, v. 11, n. 1, jan.-abr. 2007.
Disponível em:
http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/historia/
RESUMO. Na perspectiva lingüística, os prenomes assumem uma esfera do uso dos
idiomas, o que é coerente com as preocupações expressas na historiografia e
na antropologia recente. Na escala de um grupo étnico, a escolha do nome no
batismo define um sinal ou signo, compondo um dos "traços diacríticos que
as pessoas procuram e exibem para demonstrar sua identidade". Este artigo
pretende desenvolver algumas questões teórico-metodológicas fundamentadas num
projeto de pesquisa cujo tema tem como referência a "nominação" dos
indivíduos por ocasião do batismo. O trabalho é conduzido pela genealogia
fundada por um casal de imigrantes alemães, construída a partir dos registros
de batismos, casamentos e óbitos da antiga Deutsche Evangelische Gemeinde em
Curitiba (1866). O conjunto dos descendentes do casal pioneiro, arranjado por
gerações, traduz-se na identidade definida por nomes e sobrenomes, permitindo
o exercício que se pretende objetivar neste trabalho. As hipóteses
desenvolvidas fundamentam-se na idéia de que categorias de prenomes (estoque
"imigrante", estoque "teuto-brasileiro", estoque
"brasileiro") podem ajudar a compreender a dinâmica das fronteiras
étnicas edificadas pelo grupo imigrante e seus descendentes. A discussão
metodológica desenvolve-se em torno da listagem dos prenomes arrolados da
genealogia em função das gerações, no intuito de sedimentar a proposta. O
artigo desemboca, portanto, em sugestões no sentido de aprofundar e sofisticar
a metodologia, na pretensão da utilização do arrolamento exaustivo de nomes
para explorá-los, inclusive, em função dos ciclos matrimoniais.
ABSTRACT. From a linguistic perspective, first names play a special role in the
use of languages. This is coherent with the explicit concerns in the fields of
historiography and recent anthropology. In the scale of an ethnic group,
choosing a name when the child is baptized, expresses a specific signal or sign,
constituting one of the "diacritical features which people look for and
exhibit to show their identity". This article sets out to develop some
theoretico-methodological questions based on a research project whose thesis
concerns the naming ceremony at the baptismal fonts. The work follows the
genealogy founded by a married couple of German immigrants using the baptism,
marriage and death records of the old Deutsche Evangelische Gemeinde in
Curitiba, capital of the State of Paraná, in the south of Brazil. The identity
of descendants of this couple of settlers, organized by generations is expressed
by their first names and last names, thus allowing the scientific investigation
of this work. The hypotheses elaborated here are based on the idea that
categories of first names ("immigrant", stock,
"German-Brazilian", stock, "Brazilian" stock) can help us
understand the dynamics of the ethnic frontiers built by the immigrant group and
their descendants. The methodological discussion unfolds around the genealogy's
inventory of names in relation to the different generations. However, in the
conclusion of this article, we give out suggestions to improve and refine this
methodology if it is to be used in the exhaustive enumeration of names in
relation to matrimonial cycles.
PERARO,
Maria Adenir. O princípio da fronteira e a fronteira de princípios: filhos
ilegítimos em Cuiabá no séc. XIX. Revista Brasileira de História,
vol. 19, n. 38, São Paulo, 1999, Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881999000200003&script=sci_arttext
RESUMO. Neste artigo, a abordagem do tema da família no âmbito da Paróquia
Senhor Bom Jesus de Cuiabá, a mais antiga e populosa de Cuiabá, teve menos o
interesse em detectar a existência de características patriarcais do que em
perceber como as especificidades locais pertinentes à região de Mato Grosso
teriam forjado formas de organização familiar alternativas, bem como qual
teria sido o nível de aceitação dos filhos ilegítimos por parte das
famílias cuiabanas em suas mais variadas formas. A pesquisa foi realizada
mediante a consulta dos registros de batismo (período 1853-1890) do Arquivo da
Cúria Metropolitana de Cuiabá. Entre os resultados, observou-se que o recurso
aos parentes parece ter sido uma solução comum e recorrente no cuidado do
filho ilegítimo, evidenciando-se que a família era o espaço em geral
escolhido para abrigar os nascidos fora do casamento formal. Ademais, este
artigo é parte da Tese de Doutorado defendida no Departamento de História da
Universidade Federal do Paraná no ano de 1997 sob o título Farda, Saias e
Batina: a ilegitimidade na Paróquia Senhor Bom Jesus de Cuiabá, 1853-90.
PIMENTEL,
Helen Ulhôa. O casamento no Brasil Colonial: um ensaio historiográfico.
Brasília, Em Tempo de Histórias - Publicação do Programa de
Pós-Graduação em História PPG-HIS/UnB, n. 9, 2005.
RESUMO. Este artigo pretende oferecer uma contribuição ao estudo do casamento
no Brasil colonial por meio da análise do que alguns autores escreveram sobre
ele. Alguns documentos de cunho eclesiástico permitem analisá-lo além das
fronteiras estabelecidas pela norma, ou seja, pela legislação civil e
eclesiástica. A penetração no cotidiano das pessoas, possibilitado pelas
devassas, pelas averiguações do estado de solteiro dos nubentes, pelas
verificações de graus de parentesco, pelos processos de divórcio etc, abriu
um campo muito fértil para conhecermos um pouco a multiplicidade e diversidade
da vida na Colônia.
ABSTRACT. This article intends to offer a contribution to the study of the
marriage in colonial Brazil by means of the analysis than some authors wrote on
him. Some documents of ecclesiastical stamp allow you analyze it besides the
borders established by the norm, that is to say, for the civil and
ecclesiastical legislation. The penetration in the daily of the people,
facilitated by the investigations, for the verifications of the bachelor's of
the couples state, for the verifications of relationship degrees, for the
divorce processes, etc, he/she opened a very fertile field for we know a little
the multiplicity and diversity of the life in the Colony.
PRAXEDES,
Vanda Lúcia. O "avesso do bordado" - desvelando os traços, fios,
teias e tramas: famílias de mulheres na Comarca do Rio das Velhas - Minas
Gerais (1770-1850). XII Seminário de Economia Mineira, UFMG/CEDEPLAR, 2006,
Diamantina. Disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/seminario_diamantina/2006/D06A019.pdf
RESUMO.
As mulheres, mesmo estigmatizadas pela linguagem e pelo discurso contido nos
códigos civis e eclesiásticos - que ensinavam que as mulheres deveriam ter
comedimento sexual, serem submissas aos homens, fiéis e honradas -, o universo
cultural, as especificidades e as singularidades do viver na colônia gestaram,
criaram e "reforçaram o papel da mulher como mantenedora, gestora e
guardiã do lar e dos destinos de seus", alterando, em boa medida, o
padrão tradicional de autoridade e de poder centrado apenas no masculino.
Mediante esse pressuposto, algumas questões nortearam o presente trabalho, tais
como: a necessidade de observar as diferenças de papéis sexuais enquanto
construções culturais e históricas, que incluem relações de poder não
localizadas exclusivamente num único ponto, o masculino, mas presente na trama
cotidiana; pensar o fenômeno da matrifocalidade para além de questões como
pressão demográfica e dificuldade de casamento entre desiguais. Foi utilizado
variado corpus documental disseminado nos arquivos mineiros e portugueses. Entre
elas: Registros de Batismo, Testamentos, Inventários, Processos De Genere,
Cartas de Legitimação, Registros de Óbitos entre outros.
Metodologia --
Diante do elenco de possibilidades metodológicas e dada a especificidade de
cada fonte, foi necessário recorrer a diversas formas de análise dos dados
recolhidos, para explorá-los mais vigorosamente. Nesse caso, várias técnicas
e métodos foram empregados na tentativa de captar a história de homens e
mulheres e seus arranjos familiares no maior número de fontes possíveis. Um
dos métodos utilizados foi o de "ligação nominativa".
Resultados e conclusões --
Detectei, a partir dos documentos pesquisados, a existência de diversos tipos
de famílias, organizadas e estruturadas de maneiras distintas, cujos
desdobramentos se mostraram muito mais complexos do que a historiografia tem
apontado. Um grande contingente de mulheres vivia só com seus filhos e/ou com
parentes da linhagem feminina. Algumas provavelmente por opção, outras em
função do tipo de relação que estabeleciam com os homens. Isso demonstra que
para além da pressão demográfica, dificuldades de casamento entre desiguais,
custas matrimoniais, entre outros, o fenômeno da matrifocalidade se inscreve em
outros contextos sócio-culturais, que ainda não foram devidamente estudados.
Uma grande parcela dessas mulheres solteiras, mãe de filhos ilegítimos,
pertencia às camadas populares - escravas e forras. Contudo, os dados
demonstraram que o fenômeno da matrifocalidade rompe esse universo,
instalando-se, também, entre as mulheres livres, brancas e abastadas da
Comarca, que gozavam de certo prestígio, que sabiam ler e escrever e que eram
tratadas como donas. Tal constatação não só desmistifica a idéia de dona,
tal qual foi concebida e cravada no imaginário social brasileiro, como também
a associação direta entre pobreza, a matrifocalidade e a cor. Essa
associação indevida perdurou demasiadamente e criou um perfil único e
negativo de lares matrifocais, que não foi devidamente problematizado. Tal
constatação aponta para a necessidade da continuidade de estudos e de
investigações nessa direção para se compreender, inclusive, as estatísticas
atuais que apontam uma incidência cada vez maior de lares chefiados por
mulheres em todas as camadas sociais.
REIS,
Déborah Oliveira Martins dos. Araxá, 1816-1888: posse de escravos, atividades
produtivas, riqueza. XII Seminário sobre a Economia Mineira,
UFMG/CEDEPLAR, 2006, Diamantina.
Disponível em: http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2006_3.php
RESUMO. Através do recurso aos inventários post-mortem e a documentação de
caráter censitário, o trabalho pretende deter-se sobre algumas
características demográficas, ocupacionais e de acúmulo de riqueza
encontradas para os araxaenses - principalmente aqueles ligados à escravidão -
no período 1816-1888. A economia de subsistência preponderante em Araxá foi a
base para o povoamento incipiente de suas terras em fins do Setecentos, bastante
ampliado no século XIX, de acordo com dados censitários apresentados. Aos
cabedais mais modestos encontrados inicialmente juntaram-se outros de maior
monta, apontando para o aumento do nível da riqueza acumulada na localidade e
para variações na sua concentração - ainda que a setor agrícola fosse
predominante em todo o período estudado. Riqueza e atividades produtivas
estavam intimamente ligadas à posse de cativos, encontrada, em geral, na forma
de pequenos e médios plantéis.
RESENDE,
Maria Leônia Chaves de & SILVEIRA, Natália Cristina. Misericórdias da
Santa Casa: um estudo de caso da prática médica nas Minas Gerais oitocentista.
São Leopoldo (RS), Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Revista História
Unisinos, v. 10, n. 1, jan.-abr. 2006. Disponível em:
http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/historia/
RESUMO. Este artigo procura analisar o papel exercido pela Santa Casa da
Misericórdia de São João del-Rei na prática da medicina durante a primeira
metade do século XIX. Utiliza como base a terapêutica aplicada no tratamento
dos pacientes na região da Comarca do Rio das Mortes - Minas Gerais.
ABSTRACT. This article seeks to analyze the role exercised by the Santa Casa da
Misericórdia of São João del-Rei in the practice of medicine during the fi
rst half of the nineteenth century. It focuses on the therapies applied in
treating patients in the region comprising the Comarca of Rio das Mortes, Minas
Gerais.
RIBEIRO,
Alexandre Vieira. E lá se vão para as Minas: perfil do comércio de escravos
despachados da Bahia para as Gerais na segunda metade do século XVIII. XII
Seminário sobre a Economia Mineira, UFMG/CEDEPLAR, 2006, Diamantina.
Disponível em: http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2006_3.php
RESUMO. O porto de Salvador foi um dos principais receptores de mão-de-obra
africana enquanto perdurou no Brasil o comércio transatlântico de escravos. De
lá, muitos cativos foram redirecionados para diversas praças mercantis da
América portuguesa, com destaque para a capitania de Minas Gerais. Devido à
exploração mineral esta região foi um grande sorvedouro de braços africanos
na primeira metade do Setecentos. Após o auge da atividade mineral, as minas
continuaram a absorver os escravos que desembarcavam em Salvador, mesmo que de
forma reduzida se comparado com a primeira parte do século. Esta comunicação,
portanto, a partir da analise dos registros de despachos de escravos feitos em
Salvador na segunda metade do século XVIII, tem como objetivo traçar o perfil
desse negócio, bem como o padrão demográfico da escravaria remetida para as
minas.
ROBICHAUX,
David. Sistemas familiares e práticas matrimoniais subalternas da América
Latina: a hegemonia questionada. São Leopoldo (RS), Universidade do Vale do Rio
dos Sinos, Revista História Unisinos, v. 12, n. 1, jan.-abr. 2008.
Disponível em:
http://www.unisinos.br/publicacoes_cientificas/historia/
RESUMO.
Distintos autores, desde a antropologia e a história, têm proposto modelos
únicos de uma suposta família latino-americana - com variações nacionais -
de clara filiação com uma suposta família mediterrânea. Algumas destas
propostas, com evidente viés de classe, parecem se referir a modelos ideais e
discursos hegemônicos; ignoram as práticas culturais dos grupos subalternos ou
relegam as condutas que não se conformam aos modelos referidos às soluções
dos pobres. A partir do conceito de "sistema familiar", neste trabalho
explora-se a presença de lógicas culturais distintas das dos discursos
hegemônicos e das práticas dos grupos dominantes e europeizados. Ditas
lógicas moldam e dão formas à vida familiar em amplos setores da população
- com antecedentes definitivamente não ibéricos - de praticamente todos os
países da América Latina.
ABSTRACT. Different authors in the fields of anthropology and history have
proposed single models of a supposedly Latin American family - with national
variations - clearly connected with a supposedly Mediterranean family. Some of
these proposals, with an evident class bias, appear to refer to ideal models and
hegemonic discourses. They ignore the cultural practices of subaltern groups or
label behaviors diverging from these models as solutions of the poor. Using the
"family system" concept, this article explores the presence of
cultural logics that are different from those of the hegemonic discourses and
from the practices of the dominant, Europeanized groups. These logics shape
family life in broad sectors of the population, with definitely non-Iberian
backgrounds, in practically all Latin American countries.
TEIXEIRA,
Heloísa Maria. A labuta sem ciranda: crianças pobres e trabalho em Mariana
(1850-1900). XII Seminário sobre a Economia Mineira, UFMG/CEDEPLAR,
2006, Diamantina.
Disponível em: http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2006_3.php
RESUMO. Esta comunicação retrata o estágio atual de uma pesquisa maior, que
consiste em investigar o interesse pela utilização da criança como
mão-de-obra nas propriedades da localidade de Mariana na segunda metade do
século XIX. Mariana, desde o declínio da mineração, passou a concentrar como
atividade econômica principal a produção de alimentos tanto para
subsistência quanto para o abastecimento do mercado inter e intraprovincial. O
período em foco consiste em um momento de transição do sistema escravista
para o sistema livre de trabalho. Nesse contexto, os pequenos trabalhadores
poderiam representar uma alternativa de viável, pois apresentavam maior
facilidade de subjugação (jornadas de trabalho estafantes, remuneração
ínfima ou inexistente, castigos, etc.), além de perspectiva de vida longa. Os
fatores que inserem a criança no mundo do trabalho estão ligados à orfandade
e às dificuldades de sobrevivência que, amiúde, resultavam na necessidade de
os filhos de famílias pobres enfrentarem a lida diária ou até mesmo partirem
para outros domicílios em busca de trabalho, a fim de contribuir ou mesmo
manter a subsistência da família. Trabalharemos com registros de tutela,
remoções de tutela, processos-crime e o recenseamento de 1872.
ANDRADE,
Francisco Eduardo de. Entre a roça e o engenho: roceiros e fazendeiros em
Minas Gerais (primeira metade do século XIX). Viçosa, Editora da UFV, 2008,
255 p.
APRESENTAÇÃO. O autor efetua uma pesquisa histórica pormenorizada da economia
de Minas Gerais no século XIX, contribuindo para a revisão historiográfica
desenvolvida nos últimos lustros. Trata do mundo agrário nas primeiras
décadas do Oitocentos, quando a mineração aurífera já não era uma
alternativa viável para a grande maioria dos moradores das antigas povoações.
Examina cinco núcleos populacionais - Furquim, São Caetano, Catas Altas do
Mato Dentro, Antônio Pereira e Nossa Senhora dos Remédios - que faziam parte
do município de Mariana no período, encostado no conjunto montanhoso do centro
da província, onde dominou a mata atlântica. As povoações são classificadas
conforme as distinções econômicas e demográficas que especificam, no
território mineiro, a transição da bateia para a enxada. Pôde-se, assim,
esclarecer a natureza das práticas agrícolas de cada lugar e o perfil
socioeconômico dos produtores da época (os roceiros e os fazendeiros). A
perspectiva interdisciplinar do texto é um estímulo adicional para a leitura,
capaz de despertar o interesse dos leitores e especialistas tanto da área de
história como dos que se dedicam aos estudos agrários.
Endereço eletrônico da livraria da UFV www.livraria.ufv.br
SOARES,
Luiz Carlos. O "Povo de CAM" na capital do Brasil: a escravidão
urbana no Rio de Janeiro do século XIX. Rio de Janeiro, Editora 7 letras,
2007, 478 p.
RESUMO. No século XIX o Rio de Janeiro recebeu grande quantidade de escravos
destinados, em sua maioria, à lide cafeeira. Porém, um número considerável
de cativos permaneceu na cidade e se viu empregado nas mais diversas atividades
urbanas. É deste contingente que o autor se ocupa, contemplando o cenário da
escravidão urbana no Rio de Janeiro do início do século XIX até sua
extinção pela Lei Áurea e o abordando dos pontos de vista do mercado, da
origem dos cativos, das ocupações que desempenharam e de sua busca pela
liberdade.
NETTO,
Rangel Cerceau. Um em casa de outro: concubinato, família e mestiçagem na
Comarca do Rio das Velhas (1720-1780). Originalmente Dissertação de
mestrado defendida na UFMG, agora publicada como livro. São Paulo, Annablume/PPGH-UFMG, 2008, 160 p.
APRESENTAÇÃO. Este livro retrata a dinâmica da vida familiar de homens e
mulheres, social e culturalmente diferentes que se relacionavam, vivendo em uma
sociedade que os desqualificava normativamente. Neste sentido, foi salientada a
idéia de que o concubinato constitui-se em outras formas de uniões que
poderiam ser vistas como variantes do estado conjugal. Essa visão pautou-se na
descoberta e no reconhecimento de relações concubinárias heterogenias que nos
remeteu aos costumes e padrões sociais dos diversos grupos étnicos e culturais
que conformaram o dia-a-dia das vilas, arraiais e cidades da América portuguesa
nos setecentos.
O resultado deste trabalho enfatiza a importância dos vínculos familiares
pautados nas uniões livres entre portugueses, africanos, índios, mestiços,
outros estrangeiros e naturais da terra, as quais apontam para um cenário
familiar híbrido. Assim, pela análise documental feita nas devassas
eclesiásticas referentes aos delitos de concubinato, tipificados segundo o
olhar dos visitadores eclesiásticos, foi possível observar a existência de
diversos códigos e de outros tipos de famílias organizadas e estruturadas de
maneiras distintas. Também a associação das devassas com outras fontes como
testamentos, cartas regias e fontes literárias permitiu fazer uma análise mais
completa tanto da sociedade em estudo como em diferentes momentos da vivencia
dos sujeitos.
O morar em casas separadas ou fugir para outros lugares em decorrência das
visitas eclesiásticas, acabaram, naquele contexto, constituindo-se em
estratégias utilizadas pelos concubinos para não serem molestados,
constituindo assim, outras configurações de estrutura familiar. Essas
famílias protagonizadas por Franciscas, Franciscos, Marias, Manoéis - ou seja,
por uma infinidade de sujeitos sociais, marcaram a mobilidade e reproduziram a
dinâmica da sociedade em suas complexas formas de organização familiar,
principalmente na preservação de distintos costumes conjugais.
Toda essa dinâmica descrita no livro foi mensurada por dados estatísticos, o
que possibilitou afirmar que as uniões baseadas na concubinagem se
estabeleciam, majoritariamente, entre homens livres brancos e mulheres pretas e
crioulas/mestiças forras. Havendo, também, um número expressivo de homens
livres brancos envolvidos com mulheres pretas e crioulas/mestiças escravas.
Por outro lado, notou-se que as mulheres livres brancas sentenciadas uniram-se,
na maioria dos casos, a homens da mesma condição sociojurídica. Já as
mulheres forras e escravas relacionaram-se com homens de todas as camadas
sociais. Portanto, é justamente na análise do grupo das mulheres forras e
escravas associadas aos homens livres que pode estar a chave de muitos motivos
pelos quais a sociedade colonial legitimou, mediante a prática costumeira do
concubinato, a bastardia e a mestiçagem. Assim, refletindo intensamente a
dinâmica sociocultural da população no período.
Em outras palavras, o costume da concubinagem se dava, na maioria das vezes,
entre indivíduos de classes sociais diferentes. De certa maneira, essa
constatação pode ser inferida considerando-se o grande percentual de homens
livres envolvidos com mulheres forras e escravas, o que influenciou, de forma
decisiva, a configuração das relações consensuais na Comarca do Rio das
Velhas. Constatou-se, aqui, um dos principais mecanismos usados por mulheres
libertas para conquistar em uma sociedade escravocrata a ascensão social e
econômica num universo extremamente adverso. Isso, certamente, permitiu
minimizar os estigmas infligidos pela escravidão, pelo preconceito e por
práticas misóginas tão presentes em alguns segmentos da sociedade.
Com efeito, o estudo mostra que, no caso das relações concubinárias, elas
abriram para muitos sujeitos um espaço de resistência amparado em estratégias
familiares que forçaram adaptações na ordem escravocrata e estamental da
sociedade colonial. Prática freqüente amparada em valores culturais, a
concubinagem foi, acima de tudo, um fenômeno capaz de oferecer mecanismos de
inserção social e econômica. Assim os indivíduos praticantes do concubinato
foram agentes ativos de sua história, ao conquistarem certa autonomia.
Daí se pode verificar que, na junção das tradições socioculturais dos
diversos grupos sociais e indivíduos envolvidos, podem ser encontradas as
razões da prática do concubinato. Desse modo, neste livro, acreditou-se que
foi a mestiçagem processada entre sujeitos tão diferentes em comportamentos,
crenças e saberes uma das condições principais para a existência da
concubinagem em larga escala na sociedade colonial.
Enfim, constatou-se, diferentemente de alguns outros estudos sobre o tema, que a
vida familiar não se constituiu na América portuguesa somente pelo foco do
matrimônio católico e da moral cristã. Tais enfoques não valorizaram a
percepção da diversidade cultural e de um cotidiano marcado por comportamentos
familiares diferentes. A dificuldade desta pesquisa não foi perceber isso, mas,
sim, apontar a forma pela qual o concubinato foi sendo construído como uma
alternativa viável e bastante comum que absorvia os interesses de grande
parcela da população livre, forra e escrava, levando em conta a historicidade
dos sujeitos e suas vivências. (Esta apresentação foi elaborada pelo autor do
livro).
Prof.
Titular Thomas Holloway
Universidade de California em Davis
Department of History, University of California, Davis
One Shields Avenue
Davis, CA 95688
USA
thholloway@ucdavis.edu
http://history.ucdavis.edu/faculty/Holloway_Thomas
VISITE O SITE DO CEPESLE
O site do Arquivo Histórico de Além Paraíba / CEPESLE-Centro de Estudos e Pesquisas "Sertões de Leste" foi atualizado e, doravante, transcenderá limites, divisas e fronteiras, voltando-se para outros Municípios, Estados e Nações, em especial para Itália, com ênfase no processo emigratório dirigido para o Brasil.
Endereço
Eletrônico -- http://www.arquivohistorico-mg.com.br
PUBLICAÇÕES DO PROF. THOMAS HOLLOWAY
Da Universidade de California em Davis
LIVROS
Polícia no Rio de Janeiro: repressão e resistência numa cidade do século
XIX. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1997. (Tradução do item
seguinte.)
Policing
Rio de Janeiro: Repression and Resistance in a Nineteenth-Century City.
Stanford, Calif.: Stanford University Press, 1993.
Imigrantes
para o café: Café e sociedade em São Paulo, 1886-1934. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1984. (Tradução do item seguinte.)
Immigrants on the Land: Coffee and Society in São Paulo, 1886-1934.
Chapel Hill: University of North Carolina Press, 1980.
Vida
e Morte do Convênio de Taubaté. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
(Tradução do item seguinte.)
The Brazilian Coffee Valorization of 1906: Regional Politics and Economic
Dependence. Madison: The State Historical Society, 1975.
LIVROS
EDITADOS
A Companion to Latin American History. Waltham, MA: Blackwell Publishing,
2008
< http://www.blackwellpublishing.com/book.asp?ref=9781405131612&site=1
>
Latin
America's Debt Crisis: The Case of Mexico. Ithaca; Cornell Latin American
Studies Program, 1984.
Latin America Today: Heritage of Conquest. Ithaca; Cornell Latin American Studies Program, 1980 (with
Dan Hazen and David Jones).
ARTIGOS
E CAPÍTULOS DE LIVROS
"La Imagen de la Universidad". In Cristóbal Aljovín and César
Germaná, eds. La Universidad en el Perú, Lima, UNM San Marcos, 2002,
pp. 117-122.
"Punishment
in 19th-Century Rio de Janeiro: Judicial Action as Police Practice" In
Carlos Aguirre and Robert Buffington, eds., Reconstructing Criminality in
Latin America, Wilmington, Delaware: Scholarly Resources, 2000, pp. 85-112.
"Historical
Context and Social Topography of Memoirs of a Militia Sergeant," Introduction
to a new translation of the Brazilian novel of the same name, Oxford UP, 1999,
pp. xi-xx.
"From
Justice of the Peace to Social War in Rio de Janeiro, 1824-1841" In Eduardo
Zimmerman, ed., Judicial Institutions in 19th-Century Latin America,
London: ILAS, 1999, pp. 65-85.
"Whose
Conquest is This, Anyway? Aguirre, the Wrath of God," In Donald Stevens,
ed., Based on a True Story: Latin America at the Movies, Wilmington,
Delaware: Scholarly Resources, 1997, pp. 29-46.
"Coffee,"
"Immigration to Latin America," and "Capoeira," In Encyclopedia
of Latin American History and Culture, 5 vols. New York:
Scribners/Macmillin, 1996.
"'A
Healthy Terror': Police Repression of Capoeiras in Nineteenth Century Rio de
Janeiro." Hispanic American Historical Review, 69:4 (November 1989),
pp. 637-676.
"Repressão
policial aos capoeiras e resistência dos escravos no Rio de Janeiro no século
XIX." Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, 16 (March 1989), pp.
129-140.
"Immigration
and the Social History of the Rural South." in Michael Conniff and Frank
McCann, (eds.), Elites and Masses in Modern Brazil. Lincoln: University
of Nebraska Press, 1989, pp. 140-160.
"The
Brazilian 'Judicial Police' in Florianópolis, Santa Catarina, 1841-71." Journal
of Social History, 20:4 (Summer 1987), pp. 733-756.
"Italians
in São Paulo, Brazil: From Rural Proletariat to Middle Class," in Joseph
Tropea, James Miller, and Cheryl Beattie-Repetti, (eds.), Support and
Struggle: Italians and Italian- Americans in Comparative Perspective. New
York: AIHA, 1986, 115-130..
"Creating
the Reserve Army? The Immigration Program of São Paulo, 1886-1930." International
Migration Review XII, No. 2 (Summer 1978), pp. 187-209.
"Immigration
and Abolition: The Transition from Slave to Free Labor in the São Paulo Coffee
Zone." In Dauril Alden and Warren Dean, (eds.), Essays Concerning the
Socio-Economic History of Brazil and Portuguese India. Gainesville:
University Presses of Florida, 1977, pp. 150-178.
"The
Coffee Colono of São Paulo: Migration and Mobility, 1880-1930." in Kenneth
Duncan and Ian Rutledge, (eds.), Land and Labour in Latin America.
Cambridge, Eng.: Cambridge University Press, 1977, pp. 301-322.
"Condições
do mercado de trabalho e organização do trabalho nas plantações na economia
cafeeira de São Paulo, 1885-1915." Estudos Econômicos, (São
Paulo), II, No. 6 (1972, 145-177).
"New Light on Euclides da Cunha: Letters to Oliveira Lima, 1903-1909." Luso- Brazilian Review, VIII, No. 1 (Summer 1971), pp. 30-55 (with Thomas Skidmore).
OUTROS TRABALHOS INCORPORADOS AO ROL
LIBBY, Douglas Cole & FURTADO, Júnia Ferreira (orgs.). Trabalho livre, trabalho escravo: Brasil e Europa, séculos XVIII e XIX. São Paulo, Annablume, 2006, 466 p.
PERARO, Maria Adenir. Farda, saias e batina: a ilegitimidade na paróquia senhor Bom Jesus de Cuiabá, 1853-1890. Curitiba, Tese de Doutorado, Universidade Federal do Paraná, 1997, 358 p. Também publicado como: Bastardos do Império - Família e sociedade em Mato Grosso no século XIX. São Paulo, Editora Contexto, 2001, 219 p.