Ano XV, no. 52, setembro de 2008
SUMÁRIO
Relação de Trabalhos Publicados
Vai este número enriquecido por uma pletora de estudos demo-econômicos que cobrem os mais variados campos de nossa área de especialização bem como diversas regiões do Brasil e épocas de nossa formação. Ressalte-se, ademais, a resenha sobre o livro de Aisnara e María de los Ângeles, dedicadas estudiosas cubanas que mostram como o perfil da escravidão de seu país natal aproximava-se daquele vigente entre nós.
LEMOS,
Gusthavo. Família, escravaria e fortuna na comarca de Piranga na primeira
metade do Século XIX: um estudo a partir dos inventários post-mortem.
Viçosa, Universidade Federal de Viçosa - Centro de Ciências Humanas -
Departamento de Artes e Humanidades, Relatório final, apresentado à
Universidade Federal de Viçosa como parte das exigências do PIBIC/CNPq, jul.
de 2008.
RESUMO. O objetivo central do trabalho é analisar as estratégias de herança e
acumulação da elite de Piranga - Minas Gerais - bem como a sua forma de
organização econômica, isto é, como se conforma a posse de terra e escravos
da referida elite agrária. As Listas Nominativas de 1831/32 e 1838/39 e,
principalmente, os inventários post-mortem constituem as fontes cruciais desta
pesquisa, uma vez que, analisados em conjunto, podem fornecer dados
quantitativos e qualitativos acerca de vários aspectos econômicos, sociais e
culturais da vida de determinado grupo/sociedade. A temática deste projeto
insere-se nos debates historiográficos contemporâneos sobre a passagem da
economia mineradora do Século XVIII a padrões de maior diversificação
econômica no Século XIX, contribuindo diretamente para o entendimento do
dinamismo que a província de Minas Gerais veio a atingir após a queda da
economia mineradora, já na primeira metade do século XIX. Até o presente
momento, coletamos e transcrevemos cerca de vinte processos de inventários
post-mortem dispostos de maneira a constituir uma rede de relacionamentos
sócio-econômicos referente aos indivíduos inventariados e às suas famílias.
Com base no exame destes inventários e de seu cruzamento com os dados das
Listas Nominativas foram compostos tabelas, fichas, gráficos e sociogramas cujo
conteúdo busca sistematizar os principais dados obtidos na pesquisa,
orientando-nos no sentido de perceber os movimentos de fortuna no seio desta
elite agrária, bem como caracterizar o tipo de produção econômica presente
na região e sua inserção no panorama econômico da província mineira nas
primeiras décadas do século XIX. Para ler a versão integral
.
MATHIAS,
Carlos Leonardo Kelmer. O preço dos escravos no termo de Vila do Carmo,
1711-1756. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da
ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. A partir da análise de 356 inventários post-mortem presentes no
Arquivo da Casa Setecentista de Mariana, o presente artigo tem por objetivo
estudar a conformação do preço dos escravos no termo de Vila do Carmo, parte
integrante da comarca de Vila Rica, entre 1711 e 1756. Pretende-se demonstrar
que a curva dos preços permaneceu estável desde 1711 até meados da década de
1730, quando ocorreu um movimento declinante cuja duração perdurou até cerca
de 1750, momento em que a curva volta a subir. Explicar tal comportamento é o
objetivo principal do artigo em questão. Para ler a versão integral
.
María de los Ángeles Meriño Fuentes & Aisnara Perera Díaz. Matrimonio y familia en el ingenio: una utopía posible. La Habana (1825-1886). San Antonio de los Baños, Cuba, Unicornio, 2007, 121 p. Com prólogo de Robert W. Slenes.
UTOPIAS POSSÍVEIS: NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE ESCRAVIDÃO
E FAMÍLIA EM CUBA
Camillia Cowling
Matrimonio y familia en el ingenio é um livro pequeno que fornece contribuições muito grandes. Abre uma janela, que até agora permanecera quase fechada, sobre o mundo da família escravizada nos ingenios cubanos.(1) Enfocando dois ingenios na província de Havana durante o auge oitocentista da produção açucareira em Cuba, o livro esboça as vidas das famílias escravizadas com base em anos de pesquisa rigorosa e detalhada nos registros paroquiais da região - uma fonte que em grande medida fica ainda por explorar pelos historiadores de Cuba - cruzada com uma grande diversidade de outras fontes documentais. O resultado revela que os escravos valorizavam os laços de família e que lutavam sem cessar para formá-los e mantê-los através do tempo e do espaço. Ademais, tais vínculos mostraram-se mais duradouros do que a própria instituição da escravidão no âmbito da qual se formaram. Estes laços sobreviveram à abolição da escravidão em 1886 e continuaram a estender-se durante o século XX, chegando até os dias correntes. Nas últimas páginas do livro, temos a oportunidade de conhecer o sorriso e as palavras de Teresita Valdés Vélez, descendente de uma das famílias escravas estudadas. Teresita foi entrevistada em 2005 pelas autoras no seu lar em La Salud (província de Havana) e ficou admirada ao ver o muito que elas sabiam sobre a história de sua família.
Em diálogo constante com a historiografia cubana, mas também com a caribenha, norte-americana e, sobretudo, brasileira, as autoras abordam questões complexas sobre os diferentes sentidos do matrimônio e a formação das famílias escravas. Para a igreja católica na Cuba oitocentista, o matrimônio era um modo de evitar o sexo "pecaminoso" fora do matrimônio. Para alguns senhores de escravos, o matrimônio representava, tão-somente, uma inconveniente dispersão de esforços com respeito ao negócio da produção de açúcar. Para outros senhores, o matrimônio e a formação de famílias entre os escravos funcionavam para manter a estabilidade e obediência necessária para o trabalho nos ingenios. Aliás, a formação de famílias ajudava a reproduzir a mão-de-obra escrava no contexto da gradual supressão do tráfico atlântico de africanos. Ao mesmo tempo, os escravos tinham suas idéias próprias sobre os significados dos laços familiares. A formação de famílias constituía uma ferramenta para a manutenção ou re-formação de vínculos étnicos, culturais e de linhagem, e para preservar a dignidade humana, baixo condições que se mostravam muito menos do que dignas ou humanas. (2) Em que medida cada uma destas perspectivas influenciou, em termos reais, a vida familiar dos escravos nos ingenios cubanos? As estratégias familiares dos escravos "resistiam" às táticas e metas senhoriais, ou complementavam-nas? Se os debates sobre tais temas continuam acirrados no contexto brasileiro, onde a pesquisa sobre estas questões está muito mais desenvolvida, não é de esperar que um livro só, por mais detalhado e pioneiro que seja, possa resolvê-los de maneira definitiva para o caso cubano. Porém, o mero fato de colocar estas questões na pauta, de maneira séria e bem alicerçada, é uma das principais contribuições de um livro que, com certeza, será leitura obrigatória para as futuras gerações de historiadores, sociólogos e demógrafos cujos estudos versarem sobre a escravidão cubana. As autoras oferecem uma espécie de "manifesto" para que essas gerações não esqueçam o lado fundamentalmente humano da história da escravidão, e para que não desanimem perante as perguntas sem respostas e os enormes desafios de pesquisar a história das "gentes sem história" (3):
"Talvez jamais saibamos se o batizado de uma criança [no ingenio] era festejado com alegria, se os padrinhos dedicaram atenções especiais às crianças nesse dia, e não saibamos se, ao cumprirem os seis ou sete anos e passar a ficar sob o cuidado dos seus pais, estas crianças eram recebida de maneira especial pelos seus irmãos mais velhos [...], se elas foram apresentadas ao resto da parentela. Mais uma vez, parece que chegamos perante um muro que fecha o caminho, o qual fica impenetrável por causa da falta de evidências ao nosso alcance, mas não por isto devemos esquecer que o homem é o centro do nosso estudo e, tratando-se dele, tudo é possível. Estes atos que não deixam rastros, que não são mensuráveis, que não se pesam em caixas e bocoyes de açúcar, [...] formaram parte da vida da plantation, de um mundo que até agora tem existido somente a partir de listas e folhas de cálculos de rendimentos, de caballerías cultivadas, de máquinas de vapor [...] e que, porém, eram muito mais do que isso." (4)
Muitas das perguntas estimulantes e importantes que o livro deixa sem responder são, em parte, frutos da perspectiva de "micro-história" empregada pelas autoras. Os resultados deste método são fascinantes. O enfoque permite que as historiadoras provejam um detalhado esboço demográfico-social do desenvolvimento de várias gerações de famílias vinculadas aos dois ingenios estudados. Esta "história em micro" traça, para as famílias escravas, os múltiplos resultados dos encontros de diferentes grupos de escravos após a compra de novos "lotes" ou a venda de propriedades pelo senhor, ou seja, explora os vínculos íntimos entre os ciclos de vida dos senhores e os dos seus escravos. O enfoque também é capaz de iluminar as estratégias escravas para estabelecer vínculos adotivos de família, como apadrinhamento, e para manter ou re-formar nexos étnicos. Ficamos com um rico quadro de como as famílias escravas preencheram sua vida familiar de significações as quais, em larga medida, não tinham nada a ver com as estratégias de seus donos. Mesmo assim, o enfoque "micro" tem limitações. Não sabemos até que ponto estes dois ingenios eram típicos da região havanesa, nem muito menos se eram típicos dos ingenios cubanos em geral. As autoras explicam que o fundador de um dos ingenios, Don Jacinto González Larrinaga, advogava publicamente por que os laços de família dos escravos se vissem respeitados, e punha isto em prática no seu próprio ingenio. Por conseguinte, quando de sua morte, a maioria dos seus escravos possuía algum tipo de vínculo familiar. Mas não devemos imaginar que Don Jacinto fosse um senhor de escravos típico.
Também não podemos esquecer os resultados mais feios do entusiasmo de alguns senhores por "laços" entre seus escravos. Umas semanas depois de ler Matrimonio y Familia, eu fiz um tour pelo antigo cafezal "Dionisia" na província de Matanzas, guiada por um descendente de seus fundadores. Ele parou nas ruínas de um dos prédios para contar a história - passada para ele pelas gerações anteriores de sua própria família - de como casais de homens e mulheres escravos eram escolhidos e fechados dentro desse prédio para "acasalarem," enquanto o feitor ficava de olho na porta. Serão somente histórias sensacionalistas contadas para os turistas? Como podemos conciliar esse tipo de memória popular da escravidão, viva na Cuba de hoje, com o intento exitoso dos escravos, enfatizado pelo livro, de procurarem mais livremente uma vida familiar própria? Aqui, voltamos a uma questão historiográfica que já virou um clichê, mas que continua sendo surpreendentemente difícil de resolver: como podemos reconhecer o agenciamento humano sem deixar de reconhecer as condições fundamentalmente opressivas nas quais esse agenciamento atuou? Outra forma de colocar a questão: se já é difícil traçar nos documentos históricos os vínculos que, sim, sobreviveram, como poderemos começar a escrever as histórias infinitas das famílias definitivamente separadas pelas demandas vorazes da economia açucareira? Como escrevermos a história das ausências, dos "fracassos"?
Com certeza, uma boa parte da resposta à preocupação com a história "micro" é, simplesmente, que precisamos de mais - muitas mais - micro-histórias de Cuba. Visto o trabalho enorme requerido para explorar de maneira adequada este tipo de documentação, evidentemente precisamos de mais cooperação entre grupos e equipes de pesquisadores. Como já sabem muitos leitores, um projeto está em curso para disponibilizar na internet uma boa parte dos registros paroquiais que constituem uma fonte tão fundamental para o estudo demográfico e social da vida escrava nas Américas, e esse projeto inclui Cuba. (5) É de esperar que, quando mais historiadores dentro e fora da ilha tiverem acesso a fontes como estas, empreenderão eles o trabalho difícil de explorar as suas riquezas para começar a comparar estes casos de estudo com outros. Estes futuros historiadores serão privilegiados ao pisar os caminhos novos e emocionantes abertos por Perera Díaz e Meriño Fuentes.
NOTAS
1.
Diferentemente do caso do Brasil, os estudos da família escrava em Cuba estão
em sua infância. Para a versão clássica da história da família escrava no
ingenio cubano, a qual sugeriu que a família escrava não existia, ver:
Manuel Moreno Fraginals, El ingenio. Complejo económico-social del azúcar
(Havana, Editorial de Ciencias Sociales, 1978, vol. II, p. 45). Mais
recentemente, de um renovado interesse pela história social da escravidão,
têm resultado vários textos nos quais se retoma a questão da família
escrava. Ver: María del Carmen Barcia Zequeira, La otra familia: parientes,
redes y descendencia de los esclavos en Cuba (Havana, Editorial Casa de las
Américas, 2003); Gloria García, La esclavitud desde la esclavitud (Havana,
Editorial de Ciencias Sociales, 2003); e outra contribuição importante de
Perera Díaz e Meriño Fuentes, Esclavitud, familia y parroquia en Cuba: otra
mirada desde la microhistoria (Santiago de Cuba, Editorial Oriente, 2006).
2. Como nos lembrou Rebecca Scott há mais de 20 anos, "as pessoas podem
ser tratadas como animais sem converter-se em animais." Scott não enfocou
de maneira principal a família escrava e não utilizou perspectivas
demográficas, mas suas conclusões formam um marco importante para as pesquisas
de Meriño e Pereira. A ausência no livro de referências ao trabalho de Scott
é curiosa. Rebecca Scott, Slave Emancipation in Cuba: The Transition to Free
Labour, 1860-1899 (Pittsburgh, University of Pittsburgh Press, [1985] 2000),
p. 19.
3. Frase tomada de Pedro Deschamps Chapeaux e Juan Pérez de la Riva, Contribución
a la historia de la gente sin historia (Havana, Editorial de Ciencias
Sociales, 1974).
4. Matrimonio y familia, p. 72-3.
5. Ver: The Ecclesiastical Sources in Slave Societies Project, Vanderbilt
University
(http://sitemason.vanderbilt.edu/ecclesiasticalsources).
ALMEIDA, Joseph Cesar Ferreira de. Entre engenhos e canaviais: Senhoras do açúcar em Itu (1780-1830). SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA/2008. São Paulo, USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. Este mestrado tem por objetivo o estudo da atuação das Senhoras do
Açúcar em Itu do final do século XVIII a meados do XIX. A documentação
escolhida reúne mapas com relações de engenhos, recenseamento dos bens
rústicos e registros de notas de imóveis, cujas informações permitiram obter
dados para uma análise bastante ampla do tema em pauta. A pesquisa insere-se no
campo de estudos relativos à História das Mulheres, voltando-se para a
análise das distinções e semelhanças entre aquelas do período e a sua
situação específica neste contexto histórico. O trabalho, no entanto, não
se limita apenas a uma História das Mulheres na economia canavieira de Itu, mas
busca, sobretudo, uma oportunidade de dialogar com a historiografia brasileira
sobre temas mais abrangentes, como a própria formação econômica de São
Paulo.
ANDRADE,
Rômulo. Legitimidade, compadrio e mortalidade de escravos: Freguesias de Minas
Gerais e Rio de Janeiro, Século XIX. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto
integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Nos limites de uma pesquisa em andamento, o texto estabelece um diálogo
entre o universo escravista de freguesias da Zona da Mata mineira e da
Província do Rio de Janeiro em aspectos concernentes à legitimidade, compadrio
e mortalidade. Utilizamos os Relatórios de Presidentes de Província, o
Almanaque Laemmert, os Recenseamentos e os Registros Paroquiais de Batismos e de
Óbitos.
ANDREAZZA,
Maria Luiza. Sobre regimes demográficos restritos: comportamento reprodutivo e
cultura familiar entre os ucranianos no meio rural paranaense (1895-1995). Revista
Brasileira de Estudos de População. São Paulo, ABEP, vol. 25, n.1,
jan./jun. 2008, p. 71-90.
RESUMO. O estudo acompanha a dinâmica familiar de imigrantes originários da
área da atual Ucrânia, chegados ao Brasil em 1895 e estabelecidos em área
rural do Paraná, na colônia Antonio Olyntho. Dada a alta fecundidade legítima
do grupo, nas coortes estabelecidas para o estudo (1895-1949/1950-1980),
procurou-se compreender as razões da manutenção de uma descendência final
alta ao longo de todo o período analisado (entre 8 e 9 filhos, na primeira
coorte, e entre 7 e 8, na segunda) e o que isso implicou em termos de
organização social, familiar e doméstica. Disso restou considerar que o
comportamento reprodutivo é fruto de um complexo sistema de representações,
no qual interagem modos de conceber as relações de gênero e as
intergeracionais, bem como o papel do casamento e da constituição domiciliar.
Se assim for, as práticas concernentes à fecundidade correspondem,
sobremaneira, ao exercício social de uma determinada visão de mundo. Em
especial nos grupos que vivem em certo isolamento social, as chances de
reproduzir modelos ancestrais de reposição geracional são favorecidas. Entre
os imigrantes estudados, quase um século no Brasil foi insuficiente para mudar
o sistema familiar que veio em sua bagagem: aqui continuaram a produzir prole
extensa, mesmo que para isso tenham ativado uma continuada migração dos filhos
excedentes.
ANTUNES,
Wallison de Oliveira & LIBBY, Douglas Cole. Escravidão, origens e
formação de famílias: um estudo populacional da Freguesia de São José del
Rei através dos registros paroquiais de óbito, 1750-1800. Diamantina,
CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de
agosto de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Partindo de dados populacionais extraídos dos registros paróquias de
óbito assentados em livros da Matriz de São José do Rio das Mortes (atual
Tiradentes) na segunda metade do século XVIII, o texto analisa, mediante
amostragens e comparações de resultados parciais, os perfis étnicos e raciais
da população são-joseense e a sua respectiva distribuição numa hierarquia
social de liberdades. Além disso, a pesquisa também explora as influências do
sistema escravista na construção da dinâmica populacional da freguesia,
sobretudo no que concerne à formação de famílias entre cativos africanos e
nativos constantes na documentação.
BRANDÃO,
Silmária Souza. Comércio e gênero na Bahia oitocentista. SIMPÓSIO DE
PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA/2008. São Paulo, USP/UNICAMP/ABPHE
- Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica, 3 a 5 de
setembro de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. Neste estudo aborda-se a atuação de mulheres, residentes em Salvador
na segunda metade do século XIX, no segmento do comércio e serviços. A
pesquisa objetivou traçar o perfil dessas mulheres, enfocando as relações de
gênero numa sociedade patriarcal, as limitações impostas pelos códigos
jurídico e moral, a fim de demonstrar a contribuição das mulheres pesquisadas
para a economia, tendo como panorama as relações comerciais da província da
Bahia e sua importância no cenário nacional. As fontes utilizadas demonstraram
a força dos pequenos negócios e a sua importância para a economia baiana,
espaço de atuação das mulheres estudadas e que romperam, por vocação ou
necessidade, com o quadro de submissão vigente, por intermédio do exercício
cotidiano de sua autonomia, mediante a prática da arte de negociar, da busca do
lucro e do enriquecimento.
CERCEAU
NETTO, Rangel. As formas do concubinato diante do viver de "portas
adentro" na antiga Comarca do Rio das Velhas. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto
integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. É analisada a tentativa de moralização dos costumes executada pela
Igreja e pelo Estado português, o que possibilitou traçar, na prática do
concubinato, diversidades de relações conjugais tipificadas segundo o discurso
inquisitorial católico. Assim, esta pesquisa constitui um esforço para situar
a temática do concubinato como estudo dos agentes sociais que o praticaram e
estabeleceram outras relações familiares diferentes do modelo cristão
monogâmico de casamento. Diante do cruzamento documental observou-se que homens
e mulheres recriaram modos de viver instituindo caminhos e alternativas que lhes
possibilitaram condições objetivas de inserção social e familiar numa
sociedade escravista. (O artigo constitui parte da dissertação de Mestrado
apresentada ao Programa de Pós- graduação em História da Faculdade de
Filosofia, Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, intitulado
"Um em casa de outro": concubinato e família na Comarca do Rio das
Velhas 1720/1780).
CHAVES,
Edneila Rodrigues. Tendências da demografia mineira no século XIX: a estrutura
populacional da Vila de Rio Pardo. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário
sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto integral
disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Na década de 1830, o mapeamento da população da província mineira
foi medida importante na conjuntura político-administrativa de atendimento das
demandas populacionais e administrativas. Os primeiros dados sobre a população
do termo de Rio Pardo foram produzidos neste contexto de conhecimento
demográfico. Neste artigo, analiso a composição da população livre e
escrava riopardense, cujos suportes documentais são o mapa de população do
termo de 1833, a lista nominativa de 1840, processos de inventários post-mortem
e processos-crime. São verificadas tendências demográficas no termo, que
caracterizam o norte mineiro, com também tendências que refletem a dinâmica
demográfica mineira mais geral. (Este artigo é parte da dissertação de
mestrado defendida no Programa de Pós-graduação em História da Universidade
Federal de Minas Gerais em 2004 e intitulada O sertão de Rio Pardo).
CUNHA,
Maísa Faleiros da. Criando gado, plantando roças: trajetórias familiares e
escravidão além das fronteiras de Minas Gerais. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008, Texto
integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Neste trabalho apresentamos um estudo particularizado das trajetórias
familiares de dois mineiros escravistas que migraram do sul de Minas em
direção ao nordeste paulista: Francisco Antonio Diniz Junqueira e Francisco
Antonio da Costa, respectivamente sogro e genro. Mediante a identificação dos
proprietários e proprietárias dos escravos montamos uma rede de parentesco de
membros da família Junqueira e de alguns de seus escravos. Ao acompanhar os
proprietários e seus escravos pudemos conhecer um pouco mais da história dos
atores sociais que participaram do efetivo povoamento da região nordeste
paulista e de seu desenvolvimento, assim como vislumbrar a constituição da
hierarquia social local e até mesmo regional no período oitocentista. Em
razão da vila Franca do Imperador se caracterizar por uma economia voltada à
produção de gêneros e à criação de gado, um estudo cujo objeto sejam as
famílias escravas poderá contribuir para o entendimento da dinâmica e
estrutura de grupos familiares em áreas distintas das plantations. Este
trabalho integra um estudo mais amplo que pretende reconstituir e acompanhar no
tempo famílias escravas presentes em Franca no século XIX.
DANIELI
NETO, Mário. Escravidão na indústria: uma visão comparativa entre Brasil e
Estados Unidos no século XIX. SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
ECONÔMICA/2008. São Paulo, USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de
Pesquisadores em História Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. No presente artigo faço uma reflexão sobre a polêmica entre a
incompatibilidade do trabalho escravo em estabelecimentos industriais. Para
tanto, vejo a questão sob o ponto de vista de algumas obras importantes da
historiografia norte-americana e brasileira sobre o tema, procurando demonstrar,
por meio dessas leituras comparativas, que a dicotomia entre escravidão e
indústria tem sido revista em muitos pontos por estudiosos do Brasil e dos
Estados Unidos, trazendo à tona novos problemas e novas visões sobre essa
questão.
FONSECA,
Marcus Vinícius. Pretos, pardos, crioulos e cabras nas escolas mineiras do
século XIX. São Paulo, Faculdade de Educação, Universidade de São
Paulo, Tese de Doutorado, 2007.
RESUMO. O período que compreende os anos de 1820 a 1850 marca o início da
construção e da estruturação de uma política de instrução pública com
objetivo de educar o povo da província de Minas Gerais. Esta pesquisa procura
analisar o nível de relação entre este processo e o segmento mais expressivo
dentro da estrutura demográfica de Minas Gerais, ou seja, a população negra
livre. Para realizar a análise utilizamos como referência uma documentação
censitária que, em 1831, tentou contabilizar a população de todos os
distritos mineiros e registrou as crianças que estavam nas escolas. A partir do
registro censitário construímos um perfil racial das escolas mineiras, que foi
confrontado com informações fornecidas por outros documentos e revelaram uma
presença majoritária dos negros nos espaços voltados para os processos de
educação formal. Estes dados foram analisados a partir dos estudos mais
recentes sobre a população mineira, em particular aqueles que procuram superar
as construções teóricas que reduziram os negros à escravidão.
FRANCO
NETTO, Fernando. Escravidão e Estrutura Fundiária em Guarapuava. SIMPÓSIO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA/2008. São Paulo,
USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de Pesquisadores em História
Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008. Texto integral disponível
em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. O autor analisa algumas características da ocupação de uma localidade
no sul do Brasil que nas primeiras décadas do século XIX foi palco de intensas
manobras militares com a intenção de abertura de fronteira, bem como de defesa
territorial. Nesse período Guarapuava tornou-se um importante ponto de passagem
das tropas que vinham do extremo sul do país, como também foco importante da
atividade pecuária, com os tropeiros fazendo parte desse processo. A
participação dos escravos, apesar de pequena, foi importante no processo de
ocupação e desenvolvimento da localidade, e suas características
demográficas permitem inferir que o crescimento endógeno de sua população
foi um dos fatores de manutenção das escravarias.
FREIRE,
Jonis. Famílias senhorias, estratégias de manutenção e/ou ampliação de
posses em escravos: Zona da Mata mineira, século XIX. Diamantina,
CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de
agosto de 2008, Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Analisa-se a questão da reprodução escrava no decorrer do século XIX
por meio do estudo de caso de três famílias proprietárias de cativos do
Distrito de Santo Antonio do Paraibuna, localizado na Zona da Mata Mineira.
Constatam-se diferenças de estratégias entre um senhor e outro. Nota-se que
até a primeira metade do Oitocentos optou-se pelo incremento das posses por
meio do tráfico atlântico, já na segunda metade, a manutenção e/ou
ampliação se deu com a reprodução natural e o tráfico interno. Entretanto,
o tráfico (externo ou interno) e a reprodução natural dos escravos parecem
não ter sido excludentes.
GUIMARÃES,
Elione Silva. Libertos, patrimônio e conflitos nas Minas Gerais oitocentista
(Juiz de Fora e Mar de Espanha). Diamantina,
CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de
agosto de 2008, Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Este artigo apresenta os resultados parciais de uma pesquisa que se
propõe a discutir a transmissão de patrimônio para libertos. Analiso a
questão considerando os municípios de Juiz de Fora e de Mar de Espanha, dois
dos principais produtores de café da Zona da Mata mineira, que tiveram o negro
como força de trabalho primordial, primeiro como escravo e, depois da
emancipação, os "libertos" permaneceram nas fazendas cafeeira
trabalhando sob diversas formas de contratos. Acompanhei por fontes múltiplas
algumas histórias emblemáticas para a compreensão dos embates travados em
torno da transmissão do patrimônio para os libertos e os conflitos envolvendo
os atores que disputaram o direito à herança.
LIMA,
Igor de & SAMARA, Eni de Mesquita. Senhoras e escravas tecedeiras indígenas
no cotidiano da economia algodoeira. Vila de São Paulo (1554-1640). SIMPÓSIO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA/2008. São Paulo,
USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de Pesquisadores em História
Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008.
RESUMO. Os papéis das mulheres no comando das escravas indígenas na cultura do
algodão durante a formação econômica e social da vila de São Paulo de
Piratininga entre os anos de 1554 e 1640 é o principal objetivo do presente
trabalho. Para o tratamento deste tema foram escolhidas como fontes primárias
as Cartas Jesuíticas, as Ordenações Filipinas, as Atas da Câmara e os
Testamentos e Inventários post-mortem. Nota-se, por meio da análise
documental e das observações de historiadores como Alcântara Machado, Sérgio
Buarque de Holanda e Muriel Nazzari que as senhoras paulistas passavam a
controlar o cultivo de algodão, a tecelagem caseira, realizados pelas mulheres
e crianças indígenas escravas, para a produção de redes, tecidos e gibões,
bem como a comercialização destes artefatos e da matéria prima pelo
Atlântico Sul, como as regiões de Angola e Guiné. Além disso, as
indumentárias de algodão faziam parte do consumo cotidiano dos habitantes da
vila e do sertão.
LOTT,
Mirian Moura. A lista nominativa de 1838: características demográficas,
econômicas e sociais de Ouro Preto. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto
integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. De acordo com Saint-Hilaire, que esteve em Vila Rica em 1816, seu
aspecto era de abandono, tristonho e desolador. Calculava-se a sua população
em 8.000 habitantes. Realmente, identificamos esvaziamento do núcleo urbano da
capital da província desde o final do século XVIII com base na documentação
paroquial (assentos de batismos, casamentos e óbitos da paróquia de Nossa
Senhora do Pilar do Ouro Preto) e na pesquisa realizada por Iraci del Nero da
Costa acerca da paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Antonio Dias. Ambas
formavam o núcleo urbano da capital mineira. No entanto, se o fausto do ouro
já se encerrara, as atividades ditas complementares à lida mineratória, como
a agricultura de subsistência e o comércio local e provincial tornaram-se as
centrais, pois já sabemos que a extração mineral nunca foi a única atividade
econômica das regiões mineradoras. A proposta desse artigo é, após traçar
breve perfil econômico de Minas Gerais no primeiro terço do século XIX,
visualizar Ouro Preto, considerando sua especificidade como capital da
província que, após o declínio mineratório se reergue sobre novas bases
econômicas e sociais. Para tanto, analisamos a lista nominativa de 1838 que
cobre a freguesia de Nossa Senhora do Pilar do Ouro Preto, uma das duas
paróquias que constituem o núcleo urbano da cidade. Portanto, é importante
enfatizarmos que estaremos visualizando parte de Ouro Preto, apesar de ser parte
significativa, já que a paróquia de Nossa Senhora do Pilar é mais rica e
populosa que a de Nossa Senhora da Conceição do Antonio Dias. O censo de 1804
já nos indica sua superioridade, relacionando para ela 2.871 habitantes,
enquanto foram recenseados 1.694 habitantes em Antonio Dias. Devemos alertar
também que tratamos da área mais central da cidade, apesar de já observarmos
características rurais nos últimos fogos listados, indicativos de se
localizarem no limite da freguesia. No entanto, trata-se de fonte primorosa para
visualizarmos aquela localidade, sua composição demográfica, social e
econômica naquele momento. Em alguns aspectos as informações censitárias
foram cotejadas com dados dos registros paroquiais da mesma matriz,
informações estas obtidas no Banco de Dados coordenado pela professora
Adalgisa Arantes Campos, o qual, apesar de ainda estar em fase de implantação,
nos permite estudos aprofundados acerca daquela sociedade.
LOTT,
Mirian Moura. A sociedade vilarriquenha através das fontes paroquiais.
Texto apresentado no III Seminário Fontes Históricas, organizado pela
Universidade Federal do Tocantins, Palmas (TO), 2004. Disponível em:
RESUMO.
Este
artigo pretende traçar um perfil da sociedade vilarriquenha com base na análise
dos assentos de casamentos entre 1804 e 1839, período em que a capital da província
buscou mediante o comércio, a agricultura voltada para o abastecimento local e
a prestação de serviços superar a decadência determinada pelo declínio da
produção aurífera.
MAIA,
Moacir Rodrigo de Castro. As relações de parentesco ritual em uma sociedade
escravista: compadres, padrinhos e afilhados no cotidiano mineiro da primeira
metade do século XVIII. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a
Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. São analisadas as relações de compadrio tecidas num importante
núcleo minerador no interior da América Portuguesa e levantadas novas
questões sobre o tema. Através da história de livres, escravos e forros
procura-se entender como a sociedade colonial institucionalizou práticas ao
transgredir a norma eclesiástica que proibia a participação dos pais como
padrinhos dos próprios filhos. Além disso, vê-se como os vínculos entre
compadres, padrinhos e afilhados produziram várias reciprocidades e como o
apadrinhamento também se refletia em legados e bens deixados por aqueles que
fizeram do compadrio uma prática de eleição em uma povoação em processo de
formação. (Esta comunicação contém resultados do quarto capítulo de "Quem
tem padrinho não morre pagão": as relações de compadrio e
apadrinhamento de escravos numa Vila Colonial (Mariana, 1715-1750),
Dissertação de Mestrado Universidade Federal Fluminense, 2006).
MATHIAS,
Carlos Leonardo Kelmer. O bem primeiro da sociedade: o escravo e a produção
social da desigualdade. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a
Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. O presente texto tem por finalidade empreender um estudo sobre a
produção social da desigualdade no termo de Vila do Carmo - parte integrante
da comarca de Vila Rica, capitania de Minas Gerais - entre 1713 e 1756,
arriscando algumas incursões para além de tal periodização. Para tanto, dois
serão os principais pontos a serem analisados, quais sejam: o nível de
concentração dos escravos e o nível de concentração da riqueza. A razão de
se inserir a posse de escravos em uma tentativa de compreender a desigualdade
social no termo repousa na alta porcentagem representada pelos negros no padrão
de distribuição da riqueza consoante os inventários post-mortem,
correspondendo, em média, a 43,4%. Pretendo, por exemplo, relacionar o
comportamento porcentual do investimento em escravos com a variação no preço
dos cativos. Outra comparação bastante frutífera será empreendida entre o
nível de concentração da riqueza por faixa de fortuna com a porcentagem dos
escravos condizente a cada faixa. Na medida do possível, os resultados obtidos
nos vários cruzamentos empreendidos serão contrastados com dados de mesma
natureza para outras áreas da capitania e para a comarca de Vila Rica em
períodos mais avançados do século XVIII.
MATHIAS,
Carlos Leonardo Kelmer. Preço e estrutura da posse de escravos no termo de Vila
do Carmo (Minas Gerais), 1713-1756. São Paulo, IEB-USP, Almanack
Brasiliense: Revista Eletrônica, n. 6, nov. 2007, p. 54-70. Disponível em:
http://www.almanack.usp.br/neste_numero/index.asp?numero=6
RESUMO. O objetivo do artigo consistiu em estudar o preço e a estrutura da
posse de escravos no termo de Vila do Carmo, parte integrante da comarca de Vila
Rica - capitania de Minas Gerais -, entre os anos de 1713 e 1756. A fim de
melhor compreender tais fatores, por vezes o texto estabeleceu comparações com
o período compreendido entre 1750 e 1850. Na primeira parte do trabalho,
dedicado à estrutura de posse de escravos, as conclusões indicam uma relativa
uniformidade na posse entre 1713 e 1774. Tendo em conta que a curva da
produção aurífera em 1774 apresentou o mesmo rendimento observado em meados
da década de 1710, ficou patente ter sido o declínio da produção aurífera o
principal fator que concorreu para uma reorientação na estrutura da posse de
escravos, gerando, concomitantemente, um movimento que culminaria em uma maior
concentração de escravos observada no final do século XVIII e início do XIX.
A segunda parte do texto analisou o comportamento do preço dos escravos
valendo-se de tais dados para uma melhor compreensão da própria estrutura da
posse de escravos. Observou-se que as interferências da política econômica
metropolitana acerca da correlação entre o valor da oitava e sua equivalência
em real levada a cabo na primeira metade do século XVIII em nada interferiu na
estrutura da posse, ou seja, no acesso à mão-de-obra escrava. Por fim, o texto
analisou a variação do preço dos escravos mediante as diferentes faixas de
fortuna detectadas na primeira metade do século XVIII. Após correlacionar,
consoante a estrutura de posse, fatores como razão de masculinidade, razão de
africanidade, porcentagens de crianças, adultos e velhos e preço médio dos
escravos com os índices efetivos de sexo e naturalidade, ficou patente não ter
sido a maior ou menor reposição de cativos e a especialização dos mesmos os
principais fatores a determinar as oscilações em seus valores conforme o
tamanho dos plantéis. O texto terminou por concluir que na sociedade mineira da
primeira metade do século XVIII, o acesso ao seu bem primeiro, o cativo, não
era tão desigual conforme se poderia supor. Ao contrário, verificou-se que
mesmo os mais pobres detinham plenas condições de tornarem senhores de outros
homens e mulheres, ainda que em conjunturas nas quais os preços dos escravos
tivessem atingindo seu ápice. As fontes que serviram de base para o estudo
consistiram no levantamento e análise de todos os inventários post-mortem
relativos aos anos de 1713 e 1756 presentes no 1º e no 2º ofício do Arquivo
da Casa Setecentista de Mariana (366 no total), escrituras de compra e venda e
escrituras de alforria e liberdade (essas últimas respeitaram os anos
compreendidos entre 1711 e 1730, salvo o intervalo de 1721 a 1725).
MELO, José Evando Vieira de. Família e Domicílio dos Senhores de Engenho de Piracicaba (1835/1888). SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA/2008. São Paulo, USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. A elevação da Antiga Freguesia de Piracicaba à condição de Vila, em 1822, foi fruto da implantação da manufatura escravista mercantil açucareira, que gerou um pequeno grupo de famílias detentoras de terras, engenhos e escravos e conectou a economia local ao mercado regional e mundial. Até a década de 1850, a manufatura açucareira constituía o principal ramo escravista mercantil do município, superado pela lavoura cafeeira, no decênio seguinte. Juntas, ambas concentraram, durante o Império brasileiro, um dos maiores plantéis de cativos das Vilas paulistas. Este trabalho discute a estrutura dessas famílias de senhores e senhoras de engenho (os engenheiros de açúcar) e de seus domicílios, a partir de 1835, data da elaboração da última lista nominativa dessa Vila, até o final da escravidão, com base em inventários e outras fontes coevas.
OLIVEIRA,
Paloma Rezende de. A Sociedade Propagadora do Ensino Primário: Igreja, poder
público e infância pobre em Juiz de Fora/MG, no início da República.
RESUMO. Este trabalho é uma reflexão sobre as mudanças e permanências
ocorridas no âmbito da educação à infância pobre em Juiz de Fora/MG, no
início da República. Nesse período, a ação eclesiástica passa por um
momento de separação entre Igreja e Estado. A Igreja continua a realizar
trabalhos com os pobres, através da assistência vinculada à escolaridade,
como forma de se auto-afirmar frente à secularização imposta na sociedade
moderna, mantendo a tradição das instituições do tipo 'internato' e
ampliando sua abrangência através das escolas paroquiais. Buscou-se, portanto,
analisar a origem, as finalidades e a abrangência dessas instituições. O
recorte se deteve na implementação de políticas para a infância pobre, nas
mentalidades estruturantes, que deixam sua marca nas construções
institucionais, assim como, nas formulações da época, tenham ou não os
sujeitos, consciência de seus significados, e independente da dinâmica social
que tal implementação adquirirá por si mesma, inventando novas
significações possíveis ao longo da existência. Daí a relação com o tema
Educação e Cultura. Esta análise se deu sobre o contexto de Juiz de Fora, mas
buscou estabelecer relações com aspectos mais amplos e generalizantes da
nação. A pesquisa documental tem sido realizada no Arquivo da Igreja da
Glória, no Colégio Santa Catarina, no Arquivo Municipal e no Arquivo da
Biblioteca Murilo Mendes, situados em Juiz de Fora.
PAIVA,
Clotilde Andrade & GODOY, Marcelo Magalhães. Um estudo da qualidade da
informação censitária em listas nominativas e uma aproximação da estrutura
ocupacional da província de Minas Gerais. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto
integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. São objetivos do estudo: i. evidenciar a necessidade da avaliação da
qualidade da informação censitária em listas nominativas de habitantes do
século XIX; ii. propor classificação, segundo a qualidade da informação,
para as unidades espaciais de informação do Censo de 1831-32, realizado na
província de Minas Gerais; iii. apresentar resultados preliminares e gerais da
estrutura ocupacional de Minas, com base no referido Censo, e que contemplam a
diversidade regional da província.
PEREIRA,
Ana Luiza de Castro & PAES, Maria Paula Dias Couto. Viver nas Colônias:
ilegitimidade e transmissão da herança nas duas margens do Atlântico no
século XVIII. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a Economia
Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. A proposta deste artigo é analisar a possibilidade de sucessão
conferida aos filhos ilegítimos na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição do
Sabará (região para onde imigrou um grande contingente de minhotos no século
XVIII), no Brasil e na Paróquia de São João do Souto em Braga, Portugal.
PRAXEDES,
Vanda Lucia. Donas da casa e dos seus: mulheres chefes de domicilio em Minas
Gerais (1770-1870) - algumas considerações. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto
integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. Este trabalho é parte da pesquisa desenvolvida no Programa de
Pós-Graduação da FAFICH/UFMG, Doutorado em História Social da Cultura, em
que analisei questões relativas às mulheres chefes de domicílio em Minas
Gerais, com ênfase na Comarca do Rio das Velhas e Comarca do Serro Frio
(1770-1870), tendo como principais fontes documentais: testamentos,
inventários, mapas de população, registros de batismos e cartas de
legitimação localizados em diversos arquivos mineiros. O estudo buscou
evidenciar que as mulheres cujos lares eram marcados pela matrifocalidade
distinguiam-se por suas experiências, pela situação familiar, pela condição
social, pela cor, por suas trajetórias e seus ofícios. Que o universo das
práticas sociais que envolviam a atuação das mulheres foi mais plástico do
que os termos escritos nos discursos, rompendo com a idéia de que o papel da
mulher era aquele restrito à esfera privada, ao recesso do lar, ao cuidado com
a casa e filhos. O do homem era o que estava ligado à esfera pública, à rua,
ao trabalho e à vida social. Na prática esses papéis foram recriados,
improvisados, subvertendo a norma e o discurso e, inclusive, o exercício de
determinadas ocupações. As condições de existência, muitas vezes adversas
à necessidade de sobrevivência e manutenção da família, levaram muitas
mulheres a assumirem a chefia de domicílios. Para além dos argumentos
formulados pela historiografia em geral, tais como dificuldades de casamento
entre desiguais, pressões de ordem demográfica e social, dificuldades no que
se refere à escolha de cônjuge, resultando num alto índice de solteiras,
chefes de domicílios, observei que havia outras variáveis e que a chefia
feminina dos domicílios, entre outros elementos, estava intimamente relacionada
ao padrão de relação que estas mulheres estabeleceram com seus homens,
alterando o padrão de autoridade vigente.
RODARTE,
Mario Marcos Sampaio & SANTOS JÚNIOR, José Maria dos. A estrutura
ocupacional revisitada: uma proposta de correção dos dados do Recenseamento
Geral do Império de 1872. Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII Seminário sobre a
Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.cedeplar.ufmg.br/seminarios/diamantina_2008.php
RESUMO. O Recenseamento Geral do Império de 1872 passou por alguns estudos
críticos que apontaram erros, tais como de soma e de impressão da
publicação. Contudo, as correções propostas tinham sido insuficientes para
eliminar, de todo, as suas inconsistências, que acabam por comprometer as
análises. O presente trabalho objetiva apresentar, pela primeira vez, o Método
do Resultado Predominante (MRP), que foi desenvolvido pelo núcleo de pesquisa
do Cedeplar e a distribuição dos dados ocupacionais do Censo de 1872
resultante desse processo de correção. À luz dos resultados apresentados,
procura-se contribuir com o debate na historiografia sobre a estrutura
ocupacional da população na segunda metade do Século XIX.
ROVARON,
Carlos Eduardo. Refluxo populacional para o Sul de Minas Gerais a partir do
último quartel do séc. XVIII. Pequena discussão historiográfica. SIMPÓSIO
DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA/2008. São Paulo,
USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de Pesquisadores em História
Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008. Texto integral disponível em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. O refluxo populacional para o Sul de Minas Gerais a partir do último
quartel do século XVIII, após a crise da mineração, tornou-se bastante
conhecido graças ao clássico Formação do Brasil Contemporâneo de Caio Prado
Júnior, publicado em 1942. Desde então alguns pesquisadores ligados aos campos
da Demografia Histórica e da História Econômica dedicaram-se ao tema. A
partir dos anos 80 do século XX, generalizaram-se os recursos da informática
nos campos de estudo citados e o conhecimento de séries de fontes que permitem
tratamento estatístico. Bancos de dados digitais e programas de computador
facilitaram o manuseio e a análise de séries documentais extensas. Alguns
pesquisadores, utilizando tais técnicas, dedicaram-se ao tema do refluxo e
chegaram a conclusões semelhantes às de Caio Prado. Graças aos recursos da
informática, contribuíram com uma riqueza de detalhes maior. Faremos uma breve
discussão historiográfica sobre o refluxo com: Caio Prado Júnior, Laird W.
Begard e Kenneth Maxwell.
SILVA,
Célio Antônio Alcântara. Quando mundos colidem: a imigração confederada
para o Brasil (1865 - 1932). SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
ECONÔMICA/2008. São Paulo, USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de
Pesquisadores em História Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008. Texto integral
disponível em:
http://www.fflch.usp.br/dh/posgraduacao/economica/spghe/programa.htm
RESUMO. Este estudo teve por objetivo compreender os motivos pelos quais
centenas de sulistas emigraram dos EUA para o Brasil a partir do final da Guerra
de Secessão, em especial a partir da Reconstrução, em 1867. Argumentamos que
o principal fator para a escolha do Brasil como destino incluía a existência
de uma estrutura social hierarquizada cuja base residia na escravidão. Entre os
principais líderes estavam militares confederados bem como políticos
pró-escravidão e seus filhos. Os insucessos e infortúnios nas diferentes
colônias confederadas no Brasil estiveram associados às dificuldades em
restabelecer a ligação que possuíam com o circuito mercantil-escravista. A
única colônia que prosperou foi aquela localizada em uma região com um dos
principais mercados de cativos do Brasil a partir da segunda metade do século
XIX: a colônia de Santa Bárbara, na região de Campinas.
SOUSA, José Weyne de Freitas. Os trabalhadores das secas
no Ceará (1877 a 1900). SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
ECONÔMICA/2008. São Paulo, USP/UNICAMP/ABPHE - Associação Brasileira de
Pesquisadores em História Econômica, 3 a 5 de setembro de 2008.
RESUMO. Este texto analisa a família no Ceará e sua relação com as secas
ocorridas entre os anos de 1877 e 1909. Focaliza o domicílio, o trabalho e a
migração aferindo o impacto social, político, econômico e cultural das secas
na sociedade cearense, apreendendo os diferentes significados e motivos pelos
quais a seca se tornou uma questão social dominante. Para isso pesquisamos
diversas fontes como: relatórios de presidente de província e estado,
periódicos da época, censos populacionais e, principalmente, a documentação
das Comissões de Socorros Públicos produzida durante as secas como registro e
controle do atendimento às famílias desvalidas. A constituição da seca como
evento capaz de sobrepujar os demais acontecimentos deu ensejo à formulação
de um modelo burocrático de atendimento baseado numa premissa migracionista que
promoveu a desvirtuação do trabalho em esmola, transformou o domicílio
privado em espaço coletivo e a migração em recurso recorrente, financiado
pelo governo.
TEIXEIRA,
Heloísa Maria. Buscando a liberdade: o injusto cativeiro e a luta de famílias
negras pela alforria (Mariana, século XIX). Diamantina, CEDEPLAR-UFMG, XIII
Seminário sobre a Economia Mineira, 26 a 29 de agosto de 2008.
RESUMO. Durante a segunda metade do século XIX, muitas alforrias foram
alcançadas após longos processos de liberdade. Prática comum em todo o
período da escravidão, essas batalhas judiciais aumentaram em número durante
as últimas décadas do Oitocentos, principalmente no período posterior a 1871,
quando a legislação passa a interferir na relação senhor/escravo, dando
possibilidades aos cativos de acumularem pecúlio ou serem alforriados pelo
Fundo de Emancipação. Examinando processos de liberdade, abertos durante a
segunda metade do século XIX em Mariana, Minas Gerais, encontramos muitos
escravos recorrendo aos meios jurídicos a fim de alcançar a liberdade.
Entretanto, em muitas situações, os autores das ações, através de seus
representantes legais, eram descritos como libertos ou livres, ou seja, embora
legalmente não pertencessem à condição de cativos, viviam sob o jugo da
escravidão. Em nossa comunicação pretendemos apresentar a luta de famílias
negras, que viviam em injusto cativeiro, pela liberdade mediante ações
judiciais. Para ler a versão integral
.
IV ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA DA ANPUH-BA
VITÓRIA DA CONQUISTA - 29 DE JULHO A 1 DE AGOSTO DE 2008
ALMEIDA,
Kátia Lorena Novais. "Como se de ventre livre nascera": alforrias na
pia batismal em Rio de Contas (BA), 1811-1862. Comunicação proposta ao IV
Encontro Estadual de História da ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a 1 de ago. de 2008.
O batismo de crianças recém-nascidas tem sido uma prática milenar no mundo
católico. No Brasil, o registro de batismo assumiu grande importância, uma vez
que a burocracia eclesiástica foi apropriada pelo Estado, e os livros
paroquiais assumiram caráter de registro religioso e civil. No Brasil
escravista, o assento de batismo comprovava a propriedade escrava, como deixava
claro o Código Filipino. O assento de batismo, pelo seu caráter de fé
pública, podia também ser usado pelos senhores como documento de doação,
transferência e alforria de escravos. Ao analisar registros de batismo da
paróquia do Santíssimo Sacramento de Minas do Rio de Contas, Bahia, entre os
anos de 1811 e 1862, pode-se observar a prática da liberdade na pia batismal no
processo de manumissão de crianças cativas. Nesses livros, encontramos apenas
oito registros desse tipo de alforria. Este é um número surpreendentemente
baixo, uma vez que 1.777 cativos tiveram suas cartas de liberdade registradas
nos livros de Notas do Tabelião da vila de Rio de Contas durante o século XIX.
Algumas crianças alforriadas na pia batismal foram registradas nesses livros
sob a alegação de que poderiam não constar nos assentos de batismos. Nesta
comunicação analisaremos o perfil das crianças alforriadas na pia batismal.
ASSUNÇÃO,
Mariana Almeida. Formas senhoriais de alforriar e as lutas dos escravos pela
liberdade no Ceará do século XIX. Comunicação proposta ao IV Encontro
Estadual de História da ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade Estadual
do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a 1 de ago. de 2008.
RESUMO. Pretendo com esta comunicação discutir as formas mais comuns
encontradas pelos senhores cearenses para alforriar seus escravos. As escolhas
pelas diferentes formas de alforriar dependeram das negociações tecidas entre
senhores e escravos nas quais interferia aspecto importante como a demanda pelo
trabalho escravo na província. Nos processos de efetivações das alforrias
vigoravam relações sociais complexas e os escravos souberam, com muito
esforço e criatividade, reverter uma boa parte delas em proveito próprio. Os
conteúdos das cartas de alforria cearenses revelam, assim, aspectos
interessantes da realidade em questão: os arranjos singulares articulados para
o pagamento da alforria e, sobretudo, as solidariedades e as alianças
constituídas entre os escravos e membros das famílias ou comunidades negras
fundamentais para a conquista da tão almejada liberdade. Este trabalho é parte
da minha tese de doutorado em elaboração no Programa de Pós-Graduação em
História da FFCH/Ufba.
CHAVES,
Elisgardênia de Oliveira. Os registros paroquiais e a configuração
sócio-familiar na freguesia de Limoeiro - CE, de 1870 a 1880. Comunicação
proposta ao IV Encontro Estadual de História da ANPUH-BA, Vitória da
Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a 1 de ago. de
2008.
RESUMO. Os registros paroquiais são ricos em evidências sociais, como nomes,
datas, sexo, cor, estado conjugal, condição social, causas mortis, entre
outros e desse modo constituem rica fonte de análise para a Historia
Demográfica. Considerando que no Brasil, a partir dos anos de 1970, a
produção historiográfica acerca dos estudos da família, ancorados nessa
abordagem historiográfica, vem diversificando-se e ampliando-se
consideravelmente, partindo dos registros de casamentos, batismos e óbitos e
num diálogo entre essas três ordens de registros temos por principal objetivo
no Mestrado identificar, analisar e compreender a estrutura populacional por
sexo, cor e condição social da freguesia de Limoeiro-CE, bem como, a
configuração das famílias, durante a década de 1870. Essas famílias
formadas a partir de uniões legitimadas pela Igreja Católica ou consensuais,
compostas por homens, mulheres, idosos, crianças, solteiros, viúvos, pardos,
brancos, negros, pobres, ricos, livres, escravos, serão postas em evidência,
considerando os significados dos três sacramentos: casamento, batismo e
extrema-unção (último) e as razões e sentimentos que as levaram a agir de
determinada forma frente as leis canônicas: aceitando-as, negando-as,
transpondo-as, reinventando-as.
COSTA,
Alex Andrade. Espaços da sobrevivência: escravidão e economia no Recôncavo
Sul da Bahia. Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da
ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29
de jul. a 1 de ago. de 2008.
O objetivo deste trabalho é analisar o perfil dos escravos e de seus
proprietários no Recôncavo Sul da Bahia, especialmente em Nazaré e Santo
Antonio de Jesus, duas cidades que tinham importância fundamental para o
abastecimento de gêneros alimentícios para a capital da Província no final do
século XIX, além disto configura-se como uma região que exercia um importante
papel de ligação entre os sertões e o litoral, tornando-se um entreposto
comercial beneficiado pelas condições geográficas. Esta pesquisa procura
identificar os níveis de riqueza da região e associá-lo à agricultura
produzida na região, conhecida como uma região onde fartamente se produzia a
mandioca e sua farinha que servia para o abastecimento interno e de Salvador
através do comércio realizado pela Baía de Todos os Santos. O estudo sobre
esta região é importante por tratar-se de uma localidade que apresenta
características distintas de outras regiões do Recôncavo já fartamente
estudadas, em especial em virtude do tamanho das propriedades e da escravaria,
bem menor comparado às propriedades que estavam situadas na área do Recôncavo
que se dedicava à produção do açúcar e do fumo. O foco desta pesquisa são
as formas de trabalho e relações escravas estabelecidas na região.
FERREIRA,
Jackson André da Silva. A escravidão no norte da Chapada Diamantina: os
documentos do Morro do Chapéu. Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual
de História da ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a 1 de ago. de 2008.
O objetivo dessa comunicação é apresentar os primeiros resultados de pesquisa
em torno da escravidão no norte da Chapada Diamantina,tomando por base a cidade
do Morro do Chapéu-Ba, durante o século XIX, caracterizada pela economia
baseada na agricultura, pecuária e mineração. Até o presente momento as
análises vêm sendo desenvolvidas com base nos documentos forenses,
especialmente testamentos e inventários, encontrados no Fórum Clériston
Andrade. As primeiras impressões indicam uma maior presença de mulheres e
crianças nos plantéis. Essa pesquisa é parte integrante das discussões
realizadas por professores e discentes no Grupo de Estudo Escravidão nos
"Sertões": Jacobina e região da Uneb, Campus IV, Jacobina e tem como
meta principal agregar conhecimentos aos já produzidos sobre a escravidão no
interior.
JESUS,
Yves Samara Santana de. Livros de Batismo como fontes para a historiografia da
escravidão em Feira de Santana, séculos XVIII e XIX. Comunicação proposta ao
IV Encontro Estadual de História da ANPUH-BA, Vitória da Conquista,
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a 1 de ago. de 2008.
Os estudos sobre escravidão na Bahia ainda têm privilegiado, em termos
geográficos, Salvador e o Recôncavo e, no tocante a cronologia, o século XIX;
no sertão o tema ainda é carente de pesquisas. Este plano de trabalho tem a
finalidade de ampliar as possibilidades de investigação sobre o tema a partir
dos registros eclesiásticos guardados no acervo da Secretaria do Bispado de
Feira de Santana, particularmente os livros de batismos de escravos dos séculos
XVIII e XIX. Nestes livros podemos identificar a complexidade das relações
sociais no período escravocrata, desde as questões religiosas e relações de
dominação, até as identidades étnicas, os arranjos familiares e outras
formas de sociabilidade dos escravizados. Por exemplo, as relações de
compadrio que se configurava no estabelecimento de laços espirituais entre
padrinhos e batizados. O batismo era uma regra na sociedade brasileira baseada
na família extensiva e ampliada, então os laços de compadrio feitos entre
pessoas de classes sociais semelhantes ou desiguais estabeleciam ou reforçavam
laços de dependência e/ou solidariedade. Os livros de batismo, particularmente
nos anos de 1872 e 1873, também oferecem um panorama das mudanças sociais a
partir da Lei do Ventre Livre, uma vez que serviam como registro oficial dos
ingênuos (filhos de escravas nascidos livres). A partir desta fonte também
podemos realizar estudos quantitativos da população escrava, observar
diferentes períodos e estabelecer comparações entre populações rurais e
urbanas. Ao centrar a pesquisa nos registros de batismo da Freguesia de São
José das Itapororocas, acreditamos oferecer dados fundamentais para a análise
da estrutura escravista em Feira de Santana nos séculos XVIII e XIX, além de
disponibilizar informações importantes sobre o século XVIII para análises de
conjuntura e de estrutura, em termos comparativos, com o século posterior.
MARTINS,
Rômulo de Oliveira. Batismos de escravos na cidade de Nossa Senhora da
Conceição dos Lençóes - Bahia (Séc. XIX). Comunicação proposta ao IV
Encontro Estadual de História da ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade
Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a 1 de ago. de 2008.
Esta comunicação tem por objetivo analisar os registros de batismos de
escravos na Cidade de Nossa Senhora da Conceição dos Lençóes - Bahia na
segunda metade do século XIX. Procurando neles mergulhar no passado e
reconstituir alianças e estratégias dos escravos em ampliar laços familiares
através do compadrio. Na historiografia sobre a escravidão na Bahia contamos
com inúmeros estudos referentes à cidade do Salvador e as antigas áreas de
domínio da cana-de-açúcar. No entanto, concernente à presença negra no
sertão ainda são parcos os estudos. Analisar os Arquivos Paroquiais é hoje
uma das formas possíveis de adentrar em um passado longínquo que, até então,
parecia distante e desta forma tentar chegar nesse universo de relações
sociais desses cativos.
NOGUEIRA,
Gabriela Amorim. Vivências familiares e relações escravistas: escravos e
forros na Fazenda da Volta - Freguesia de Santo Antonio do Urubu, 1780-1829.
Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da ANPUH-BA,
Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a
1 de ago. de 2008.
A presente comunicação resulta de uma pesquisa, em andamento, que visa
reconstituir trajetórias de escravos e forros nos sertões baianos. Busca
documentar as experiências dos escravos e forros à luz da noção de rede
familiar, e dessa forma, compreender a família escrava no contexto colonial do
Médio São Francisco. Reconhecer a importância social do compadrio,
"parentesco espiritual" que influenciou marcantemente as relações
escravistas, é um tema ainda carente de pesquisas acadêmicas. Tratá-la,
portanto, remete às relações internas entre escravos e forros, e uma
atenção mais dedicada às alianças tecidas cotidianamente na sociedade
escravista. As experiências de compadrio analisadas inscrevem-se na Freguesia
de Santo Antonio do Urubu, especificamente na Fazenda da Volta, propriedade de
Manoel de Saldanha, conde da Casa da Ponte, entre 1780 e 1820. Essa região
desde o final do século XVI voltou-se para a criação de gado, apresentando
forte presença do trabalho escravo. Os registros paroquiais e os inventários
post-mortem são as fontes investigadas para a construção dessa narrativa
histórica.
NOGUEIRA,
Max Oliveira Santana. Compadrio: formação das relações de parentesco ritual
na família escrava na Paróquia de Sant'Anna da Feira, 1866 e 1880.
Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da ANPUH-BA,
Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a
1 de ago. de 2008.
No contexto da escravidão no Brasil, muitas foram as formas encontradas pelos
escravos para fazer resistência a toda opressão a que estavam submetidos.
Desde resistências mais explícitas e violentas até aquelas tidas como mais
"pacíficas" e que se davam no cotidiano, através de apropriações
pelos escravos de práticas e costumes da cultura branca que lhes era a todo
tempo imposta. Desta forma, podemos tratar a prática do batismo de crianças
escravas e filhas de escravas como mais um instrumento de que dispunha a
família escrava para buscar benefícios e se defender da violência da
escravidão. O presente trabalho visa analisar a formação destas relações de
"parentesco fictício" ou apadrinhamento destas crianças na paróquia
de Sant´Anna da Feira no período entre 1866 e 1880. Para tal, as principais
fontes utilizadas foram dois livros de batismos que se encontram na Secretaria
do Arcebispado de Feira de Santana. O período foi escolhido em virtude da
promulgação da Lei do Ventre-Livre ou Lei Rio Branco, que tirava da condição
de escravas as crianças nascidas de mulheres escravas, a partir de 28 de
setembro de 1871, com a lei 2040, e as colocava na condição nova de
"ingênuo". O trabalho tem como objetivos principais contribuir para a
história da escravidão no Brasil, assim como tentar perceber os principais
problemas enfrentados pela família escrava, e ainda discutir os efeitos da Lei
2040 na região do recorte.
PODEROSO,
Eloiza Mara Lima. Escravidão urbana: o cotidiano dos escravos na capital de
Sergipe. Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da
ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29
de jul. a 1 de ago. de 2008.
RESUMO. A escravidão urbana em Sergipe foi parcamente estudada, e em Aracaju
quase não há estudos que versem sobre a temática. Visando a contribuir para o
preenchimento dessa lacuna, este trabalho tem como objetivo analisar a vivência
dos homens e mulheres escravos em Aracaju, capital da Província de Sergipe, no
período compreendido entre 1850 e 1888. Elegi as ações cotidianas entre
senhor e escravo, escravo e escravo, escravos e homens livre como pilares
básicos para compreensão da vida desses escravos. Para isso utilizei algumas
fontes históricas: jornal, ações de liberdade, processos-crime, sumário de
culpa, apelação criminal e diversos cível. Aracaju depois de se tornar a
capital da Província de Sergipe passou a ganhar ares mais sofisticados,
comportando a atuação dos escravos de ganho. Escravos esses que com o seu novo
"modo de vida" contribuíram através da submissão e revolta;
resistência e acomodação para melhorar suas condições de sobrevivência e
para manter presente a possibilidade de um dia ser livre.
SANTANA,
Napoliana Pereira. A presença negra no povoamento do Médio São Francisco -
século XIX. Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da
ANPUH-BA, Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29
de jul. a 1 de ago. de 2008.
Este trabalho, inserido no campo da História Social, tem a pretensão de
documentar a vida de escravos e forros que habitavam a região do Médio São
Francisco nas fazendas Batalha e Rio das Rãs no século XIX, quando essas
terras passaram a ser ocupadas pela família Teixeira que ali formaram pequenos
plantéis e currais de gados, onde mais tarde teríamos a formação de
comunidades negras rurais. Assim, objetivamos perceber o modo de vida exercido
por estes negros, visualizando as relações sociais, as resistências e
estratégias elaboradas para garantir a permanência no território. Nesse
intuito, lançaremos mão da análise e cruzamento dos registros paroquiais,
correspondências pessoais e da fonte oral.
SOARES,
Jane de Jesus. Mulheres chefes de família em Salvador no século XIX.
Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da ANPUH-BA,
Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a
1 de ago. de 2008.
Esta pesquisa tem como foco a família negra em Salvador nos anos de 1850 a
1888, que tinha a mulher chefe de família. Esta proposta se originou de uma
inquietação diante dos dados divulgados pelo IBGE nos anos de 2005 sobre os
domicílios brasileiros. Estes dados demonstravam um aumento no número de
mulheres provedoras do lar. Através de um breve estudo sobre Salvador pude
perceber que este fato não é novo, pois segundo Kátia Mattoso no século XIX
já havia cerca de 29,96% de lares chefiados por mulheres. Esses dados sugerem
normas familiares e sociais que, por vezes, diferiam do modelo patriarcal,
nuclear e monogâmico proposto por Gilberto Freire e imposto pela igreja
católica no Brasil. O século XIX foi escolhido por nele encontramos um maior
número de fontes e pesquisas sobre o tema. Para analisar este fenômeno
utilizarei como referenciais teóricos E. P. Thompson, e o conceito de
experiências e também Michel de Certeau na tentativa de fazer a
sócio-etnografia da vida cotidiana de uma freguesia que concentrou grande
número de mulheres chefes de família na Salvador oitocentista - a freguesia da
Sé. Meu intuito é relatar as práticas culturais, cotidianas das mulheres
chefe neste espaço, suas experiências, os comportamentos sociais, sua
relação com o público e o privado, a afetividade entre mãe e filho e se
possível à relação entre eles e o pai. As fontes pesquisadas serão os
censos demográficos de 1855, 1872 e 1885, as entradas de enjeitados da Santa
Casa de Misericórdia, ocorrências policiais, registros de nascimento,
inventários, posturas municipais, jornais e diários de viajantes.
SOUZA,
Daniele Santos de. Entre o "serviço da casa" e o "ganho":
notas sobre o trabalho escravo em Salvador na primeira metade do século XVIII.
Comunicação proposta ao IV Encontro Estadual de História da ANPUH-BA,
Vitória da Conquista, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, 29 de jul. a
1 de ago. de 2008.
RESUMO. Em 1700, na "cidade da Bahia de Todos os Santos", viviam o
mulato oficial de açúcar João de Fontes, o carreiro "mina"
Francisco, o "já velho" João "benguela" e a
"arda" Maria "do serviço da casa", todos escravos. O
presente trabalho pretende discutir quem eram esses e os demais cativos que
compunham a mão-de-obra escrava em Salvador na primeira metade do século
XVIII. As origens étnicas, ocupações e as tensões, conflitos e negociações
que cercavam o cotidiano de trabalho escravo são os pontos principais desta
comunicação. Para tanto, foram analisados os inventários de Salvador,
disponíveis no Arquivo Público do Estado da Bahia referentes ao período
estudado, bem como documentos relativos ao Tribunal da Relação além das
Ordens Régias e dos Livros de Nota. Com os dados até então levantados pode-se
construir uma interpretação sobre a escravidão nos primeiros anos do século
XVIII e conhecer um pouco da história de alguns dos crioulos,
"ardas", "angolas" e "minas", atores relevantes
para entendermos a sociedade baiana setecentista.
XVI ENCONTRO REGIONAL DE
HISTÓRIA DA ANPUH-MG
BELO HORIZONTE, 20 A 25 DE JULHO DE 2008
AMANTINO,
Márcia. Relações sociais entre negros e índios nas fazendas dos Jesuítas na
Capitania do Rio de Janeiro no século XVIII. Comunicação apresentada no XVI
Encontro Regional de História da ANPUH- MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
RESUMO. Esta comunicação pretende analisar, ao longo dos Setecentos, na
Capitania do Rio de Janeiro, as relações sociais estabelecidas entre os
escravos negros dos Jesuítas e os índios que viviam nos aldeamentos
pertencentes a esta ordem religiosa. Busca também, identificar a geração de
riqueza gerada por eles, mediante seus três mais importantes bens: as terras,
os escravos e os índios. Entende-se que estes elementos eram condições
imprescindíveis e necessitavam estar interligados para que houvesse crescimento
econômico, político e social destes religiosos na Colônia e por que não, do
próprio projeto colonizador.
ASSIS,
Ângelo Adriano Faria de. Por tortuosas crenças. Mulheres neoconversas
perseguidas pela Inquisição nas Minas Setecentistas. Comunicação apresentada
no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de
julho de 2008.
RESUMO. Embora não tenha recebido oficialmente visitações do Tribunal do
Santo Ofício como ocorrera com as capitanias visitadas entre 1591-95 e 1618-20,
a presença dos representantes da Inquisição na região das Minas durante o
século XVIII permitiu um considerável número de confissões, acusações e
processos contra indivíduos suspeitos de má prática do catolicismo. Dentre os
principais acusados, os cristãos-novos, descendentes dos antigos judeus
convertidos ao cristianismo pelos decretos do monarca português D. Manuel I,
entre 1496-97. Os cristãos-novos foram não só os principais responsáveis
pela criação da Inquisição portuguesa em 1536, mas também suas principais
vítimas. Entre os neoconversos que se dirigiam ao Brasil, recebeu a colônia,
presumivelmente, algumas famílias de criptojudeus - aqueles que, não aceitando
a conversão forçada dos antigos judeus ao cristianismo, mantinham em secreto
as práticas da religião que não podiam seguir abertamente. Responsáveis pela
criação dos filhos, e muitas vezes catapultadas à posição de cabeça da
família, pela ausência dos homens, as mulheres tornavam-se peças primordiais
para a manutenção da crença judaica, repetindo-a por gerações, ensinando-a
aos filhos e praticando-a em casa, longe do olhar curioso da população. Esta
comunicação tem por objetivo discutir o papel feminino na divulgação das
crenças e práticas judaicas num ambiente de proibição. Para tanto,
partiremos da análise de denúncias e processos movidos pela Inquisição
contra algumas mulheres cristãs-novas que viviam em Minas durante o Setecentos.
BOTELHO,
Tarcísio Rodrigues. Casamentos de escravos em Minas Gerais no século XIX.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO: A família escrava tem sido um tema recorrente de pesquisas na
historiografia brasileira desde a década de 1980. Um aspecto central para
entendê-la tem sido o reconhecimento de sua organização peculiar. Assim, boa
parte dos escravos não se casava formalmente, o que não impedia que
desfrutassem, ao longo de sua existência, de um ambiente familiar. Por outro
lado, sabe-se que os padrões de nupcialidade variavam entre as diversas
províncias brasileiras e mesmo no interior delas. Pretende-se nesse paper
explorar os padrões de nupcialidade escrava dentro da província de Minas
Gerais. Os aspectos a serem considerados são: a homogamia (intensidade de
casamentos entre pessoas com mesmas características) por condição social e
por raça; e a difusão dos casamentos (a partir do índice de ilegitimidade).
Para tanto, cruzo os dados contidos nos mapas com os registros de batismos e de
casamentos de algumas paróquias da região central de Minas Gerais buscando
compreender aspectos das representações construídas pelos párocos acerca das
populações sob sua administração.
CAMILO,
Débora Cristina de Gonzaga. As donas da rua: comerciantes de ascendência
africana no Império português - Século XVIII. Comunicação apresentada no
XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho
de 2008.
RESUMO. A participação de mulheres africanas e crioulas na pequena atividade
comercial nas regiões urbanas foi um aspecto marcante da colonização
portuguesa na América. Em outras terras das Conquistas lusitanas também se
observaria o fato, retratado de variada forma por autoridades, viajantes e por
extensa iconografia. Participar do mercado representaria por vezes a ascensão
destes sujeitos, destinados, ao menos no discurso de uma sociedade de Antigo
Regime, aos lugares mais baixos na hierarquia. Donas das ruas, vendendo toda
sorte de comestíveis e outras miudezas, tais comerciantes angariaram recursos
que lhes permitiram ascendência simbólica e mesmo material. Suas relações
com comerciantes de maior abastança fizeram delas a ponta de uma rede de
comércio que possuía, como extremos, outras regiões do Império português.
Desta sorte, pretendemos refletir sobre a inserção destes sujeitos no
comércio em Vila Rica e Vila do Carmo ao longo do século XVIII, realizando
algumas pontes com os contextos atlânticos que o formaram. Desejamos também
compreender a inclusão destas comerciantes de cor nas dinâmicas locais de
comércio e nos quadros de uma sociedade de Antigo Regime que, diante de uma
multidão de libertos de ascendência africana se reformulava para manter seu
valor principal: a escravidão.
CARVALHO,
Leonam Maxney. Africanos e crioulos no banco dos réus: crimes de morte, pena
capital e articulações sociais em Oliveira, Minas Gerais, 1835-1850.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. Analisando processos crimes de homicídio do termo da Cidade de
Oliveira, em Minas Gerais, investigamos algumas possibilidades que estas fontes
podem nos fornecer, quando buscamos dados sobre o cotidiano de escravos e forros
no século XIX. De acordo com o Código Criminal de 1831, os crimes de
homicídio eram passíveis da pena de morte, fosse o réu livre ou escravo. Com
a lei de 10 de junho de 1835, vetou-se a possibilidade de apelação para
escravos condenados por matar membros de seu senhorio (feitores, senhores e
respectivos familiares). A partir do estudo desses processos em que escravos
atentavam contra este senhorio, articulamos um diálogo entre o perfil social
que caracteriza cada réu e o contexto histórico de criação e aplicação
desta lei. Numa época em que os depoimentos tinham caráter de prova dentro dos
processos criminais, numa sociedade escravista, sob uma política
centralizadora, abordamos como os representantes da justiça aplicavam suas
disposições e seus códigos, utilizando as testemunhas para condenação ou
absolvição do réu. Esta pesquisa é parte de dissertação de mestrado ainda
em construção, sob os auspícios da UFMG e financiamento da Capes.
ENGEMANN,
Carlos. Catando as migalhas da mesa do Barão: reflexões acerca da composição
de grandes plantéis e suas redes parentais em comunidades escravas a partir da
escravaria do Barão de Santa Justa (1773- 1884). Comunicação apresentada no
XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho
de 2008.
RESUMO. Este trabalho investiga características desenvolvidas na comunidade
formada pelos escravos pertencentes ao barão de Santa Justa. Com base em dados
fornecidos pelo inventário do barão e por registros assentados no livro de
batismos de escravos da Freguesia de São Pedro e São Paulo foram exploradas as
possibilidades para compreender a dinâmica escravista desenvolvida pelo barão
em suas propriedades. Ademais, o cruzamento das informações contidas em duas
fontes diferentes, inventário e livro de batismos, proporcionou o traçado de
uma ampla rede de conexões sociais, permitindo ensejar hipóteses acerca da
dinâmica da escravaria analisada.
FONSECA,
Marcus Vinicius. Os negros nas escolas de Minas Gerais durante o século XIX.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. Neste trabalho utilizamos as listas nominativas de habitantes, dos anos
de 1830, para demonstrar o predomínio dos negros nas escolas de Minas Gerais.
Foram selecionadas as listas nominativas que assinalaram as crianças que
estavam nas escolas e isto representou a utilização das listas de dez
distritos que se encontravam na Comarca do Rio das Velhas e na Comarca de Ouro
Preto. As listas nominativas destes distritos revelaram que havia uma sintonia
entre o perfil racial da população e o das escolas, ou seja, ambas eram
marcadas por uma presença majoritária de negros. O que constatamos através
das listas nominativas foi confirmado pelas listas de professores que também
revelaram um número maior de negros nas escolas da instrução elementar de
Minas Gerais. Este perfil racial das escolas indica a necessidade da
historiografia educacional reavaliar suas formas de tratamento da população
negra e a necessidade de aproximação entre esta área e aquela que se refere
aos estudos de caráter demográfico.
LEMOS,
Gusthavo. Estratégias matrimoniais e de transmissão de fortuna da elite
agrária de Guarapiranga, MG - século XIX. Comunicação apresentada no XVI
Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
RESUMO. Recentes estudos históricos têm-se ocupado de pesquisas voltadas para
o campo da história da família. Uma de suas ramificações, sobre a qual se
pode observar fecundos debates historiográficos, diz respeito às estratégias
matrimoniais e de transmissão e acumulação de riqueza. O estudo da região de
Guarapiranga, localizada na Zona da Mata mineira, para a primeira metade do
século XIX, mostrou-se promissor nesse sentido. Com base na análise de
inventários post-mortem disponíveis para essa região e de outras fontes
complementares, tornou-se possível verificar a presença de uma sólida elite,
majoritariamente ocupada com atividades agropastoris, em que estreitos laços de
sociabilidade foram firmados visando à manutenção de poder e fortuna. A
metodologia de que lançamos mão para a análise dessas fontes constitui-se,
basicamente, na construção de redes de relacionamentos dos membros da elite em
questão. Estabelecemos, pois, um inventário de um desses indivíduos como
ponto zero, e, por meio deste, cruzamos dados que nos permitem identificar suas
relações sociais, tanto profissionais e comerciais como relações de
parentesco e de vizinhança. O trabalho que se apresenta vislumbra expor alguns
resultados alcançados nessa pesquisa, elegendo uma das redes construídas como
ponto de discussão e de apresentação das características sócio-econômicas
intrínsecas desta elite. Para ler o texto integral
.
MACHADO,
Geosiane Mendes. "Escravos fujões": uma possibilidade de inserção
no mercado de trabalho em Minas Gerais (1871-1888). Comunicação apresentada no
XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho
de 2008.
RESUMO. Nosso objetivo é analisar o processo de inserção dos cativos no
mercado de trabalho livre se valendo da sua especialização profissional,
dentre as quais destacamos: carpinteiro, pedreiro, alfaiate, marceneiro, padeiro
e outros. Em termos específicos, procuramos compreender, através dos anúncios
de escravos fugidos publicados nos periódicos, o papel desempenhado pelas fugas
no encaminhamento político da abolição e o significado das mesmas para os
próprios cativos. A partir de uma análise da documentação, percebemos
várias referências aos ofícios praticados pelos escravos fugidos, o que pode
se constituir num aspecto essencial para compreendermos como os mesmos podiam
tentar se inserir no mercado de trabalho livre e, conseqüentemente, permitir a
sua fixação na sociedade escravocrata. Em termos metodológicos recorremos ao
conceito de autonomia e resistência escrava. Este, entendido enquanto uma
aversão ao escravismo e que era manifestado de diversas maneiras, no caso
específico, através da evasão. Já o termo autonomia será interpretado
enquanto uma possibilidade de o cativo se inserir no mercado de trabalho se
valendo das suas habilidades e não como resultado de um trato consensual entre
senhor e escravo estabelecido no âmago do regime escravista. Por fim, não
negamos o meio ao qual os cativos estavam inseridos, no entanto, destacamos o
seu papel enquanto sujeito histórico do seu meio.
OLIVEIRA,
Mônica Ribeiro de. A terra e seus homens: as pequenas comunidades do setecentos
em Minas Gerais. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História
da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. Essa apresentação tem como objetivo a análise do comportamento
sócio-econômico de indivíduos e grupos pertencentes a pequenos núcleos de
povoamento no século XVIII na Capitania de Minas Gerais. Encontramos
indivíduos cuja trajetória remete à busca de status e diferenciação pelas
mercês, verdadeiros embriões de uma elite colonial, que mesmo em regiões mais
periféricas comporta-se de acordo com seu "aprendizado" em terras
portuguesas, se utilizam de estratégias e de todo um "idioma"
próprio de diferenciação social. A esses se somam outros grupos sociais e
indivíduos marcados pela pobreza e pela utilização de estratégias de
sobrevivência sócio-econômica própria de uma comunidade camponesa, marcada
pela formação de unidades autônomas de economia doméstica. Esse grupo
caracterizava-se pela prática da lavoura de alimentos associada à criação, o
que nos remete à busca de um grau de autonomia frente à sociedade mais ampla.
Produzia-se um pouco de tudo, para que a recorrência ao mercado e, portanto,
qualquer gasto monetário ou troca, ficasse reduzido ao mínimo necessário.
Não temos informações acerca da produção de bens artesanais nos documentos
pesquisados, mas sabe-se que, tradicionalmente, a tendência era a de prover a
casa e a propriedade de tudo aquilo que lhe fosse necessário, dos utensílios
de casa aos tecidos grossos de algodão. Por outro lado, a supressão de
qualquer item que pudesse não ser produzido internamente, rebaixando o padrão
de existência material ao mínimo possível, corresponderia muito bem à
necessidade, o que justificaria a extrema rusticidade da cultura material
encontrada. A sociedade camponesa do século XVIII no Brasil caracterizava-se
por aliar a posse de terra de proporções relativas, que lhe possibilitava a
manutenção paralela de roça de alimentos e criação extensiva de animais,
aos escassos recursos para investimento em benfeitorias e instrumentos de
trabalho, característicos de sociedades arcaicas de baixo nível técnico.
Certamente essa situação era compensada pela mão-de-obra escrava,
representando ela a única possibilidade de sucesso da empreitada. Encontramos
algumas propriedades marcadas por extrema rusticidade em seus utensílios,
móveis e instrumentos de trabalho, mas com a propriedade de no mínimo cinco
cativos. Esse padrão de propriedade, bens e cultura material dessa comunidade
é o substrato da referida sociedade camponesa. Outro fator a ser realçado é a
importância do grupo doméstico e não a da família nuclear em seu sentido
estrito. Como dito acima, a possibilidade da co-residência entre diferentes
gerações familiares era uma realidade, além de encontrarmos a presença de
agregados e camaradas em muitas unidades pesquisadas. Portanto, as relações de
proximidade características de sociedades arcaicas constituíam um importante
traço dessa sociedade camponesa. Intercâmbio e interconhecimento ou mesmo o
estabelecimento de redes sociais, a unir parentes consangüíneos e ao criar
parentesco ritual. O compadrio revelava-se de grande importância na
consolidação de uma relação de dependência, expresso na condição de
devedores, agregados, mas, acima de tudo, apresentava-se como mais uma
estratégia de aproximação e fortalecimento dos vínculos de solidariedade,
utilizada pelos membros da comunidade.
OLIVEIRA,
Paloma Rezende de. A infância pobre no final do século XIX e início do XX: um
olhar sobre as políticas de assistência em Juiz de Fora. Comunicação
apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte,
20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. O presente trabalho é fruto de reflexões em torno das políticas de
assistência à infância em Juiz de Fora/MG, no período de transição
Império/República. Nosso objetivo é analisar a distinção dos projetos em
torno da assistência à infância existentes neste período, bem como sua
relação com o poder público. Este estudo tenta levantar também discussões
acerca das mudanças e permanências ocorridas no modelo de assistência naquele
período, tendo como base as abordagens da História da Cultura e da História
das Idéias, enquanto método de pesquisa. Na análise que faremos destas
mudanças e permanências ocorridas no âmbito da assistência à infância,
buscaremos dar uma dimensão de projeto, a qual tem a pretensão de analisar as
ações e discursos dos atores em um sentido micro, ou seja, no contexto de Juiz
de Fora, para então buscar estabelecer relações com aspectos mais amplos e
generalizantes da nação. Trata-se de uma pesquisa documental que tem a
pretensão de analisar os arquivos de instituições existentes ainda hoje, tais
como Santa Casa de Misericórdia, Instituto João Emílio (Asilo de órfãos),
Colégio Santa Catarina (Escola dos Pobres), bem como o Arquivo Municipal de
Juiz de Fora e o Arquivo da Igreja da Glória. Quanto à pesquisa jornalística,
os dados foram catalogados no Arquivo Municipal de Juiz de Fora, Arquivo da
Igreja da Glória e Biblioteca Murilo Mendes. Este estudo poderá contribuir
para a análise histórica da infância e da assistência.
PINTO,
Fabio Carlos Vieira. Família Escrava em São José Del Rei: o perfil dos
casamentos escravos entre 1830-1850. Comunicação apresentada no XVI Encontro
Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. O autor aborda a configuração de casamentos entre escravos nos termos
da Vila de São José Del Rei (atual Tiradentes) no período de 1830 a 1850.
Pretende, também, perceber que o casamento é parte de um processo de
socialização pelo qual os escravos recém-chegados da África passavam no
contexto da escravidão no Brasil do século XIX. São mapeadas as estratégias
de sobrevivência forjadas mediante o casamento entre mancípios. Os africanos
passaram a se entender como "africanos" no território brasileiro.
Enquanto isso, o mercado matrimonial via a reprodução de casamentos desses
africanos com outros africanos, ao passo que os "brasileiros" também
casavam-se com outros "brasileiros", sem excluir das escolhas
conjugais os casamentos mistos (africano com brasileiro). São apontados alguns
questionamentos para esse perfil são-joseense de casamentos.
PINTO,
Francisco Eduardo. Conquista e civilização da banda oriental da Capitania -
Termos de Mariana e Barbacena: Sertões dos Rios da Pomba e Peixe. Comunicação
apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte,
20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. Apesar da proximidade com os centros administrativos da Capitania e da
Comarca do Rio das Mortes e de divisar com o Rio de Janeiro, sede da colônia, a
ocupação das terras no limite leste desta Comarca aconteceu, efetivamente, um
quarto de século após a conquista do sertão do São Francisco. Os
requerimentos de sesmarias concentram-se no último lustro do século XVIII e,
posteriormente, no terceiro qüinqüenio do XIX, já com a região pacificada.
Nem mesmo a vizinhança do Caminho Novo, a mais importante via de acesso às
minas, facilitou a povoação desta região. Motivos vários podem ser citados:
a densa floresta, as terras montanhosas, o clima extremamente quente e úmido,
as febres, os temidos índios coropós, coroados, puris e botocudos (sendo as
duas últimas nações as mais temidas) e, sobretudo, o desinteresse inicial da
metrópole em franquear entradas para as minas, que foram sendo permitidas
gradativamente até o início do século dezenove, quando começou a se esvaecer
a crença de se encontrar um novo Eldorado na região. Conquista que se deu,
efetivamente, com a ocupação da terra que antes era habitada pelas nações
indígenas citadas. Tais povos foram expulsos, massacrados ou submetidos a um
regime disfarçado de escravidão mediante os aldeamentos, sendo as terras
distribuídas por sesmarias aos novos entrantes.
RESENDE,
Maria Leônia Chaves de & Hal Langfur. Minas expansionista: a resistência
dos índios nos sertões gerais. Comunicação apresentada no XVI Encontro
Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. Esta comunicação aborda a resistência indígena à ocupação de seus
territórios na região leste de Minas, fronteira com Bahia e Espírito Santo,
analisando a natureza dos conflitos com os colonos posseiros e com as
expedições de conquista, que acabaram por culminar na decretação da guerra
contra os botocudos pela Carta Régia de 1808. Além disso, trata ainda da luta
dos índios e/ou seus descendentes, de diversas procedências étnicas, que,
desterrados de suas aldeias, passaram a viver nas vilas de Minas Gerais.
Tratados como mestiços, esses índios vão rejeitar tal atributo, acionando a
Justiça colonial para demonstrar sua origem indígena
("indianidade"), num movimento de reconstrução identitária, e por
prerrogativa da lei, garantir o direito à liberdade.
REZENDE,
Rodrigo Castro. Bantos e Crioulos: identidades coletivas e herança identitária
nas Minas do século XVIII. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional
de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. A população mancípia de Minas Gerais, no século XVIII, foi marcada
por uma alta taxa de africanidade. Este fato não só informa o alto poder
aquisitivo da população mineira, mas também a diversidade de origens destes
cativos. Muito embora os estudos sobre a composição da população cativa de
Minas no Setecentos não sejam recentes, falta ainda uma pesquisa mais detalhada
sobre o assunto, sobretudo, a respeito dos, atualmente, denominados
afrodescendentes. Neste trabalho, com base numa gama de fontes variadas, procuro
averiguar a construção das identidades da população de cor nas Minas Gerais
do século XVIII, principalmente, dos crioulos e dos mestiços. Em essência,
acreditamos que os crioulos, identitariamente, construíram-se, em termos de
grupo, a partir de uma possível herança banto. Como a identidade é
influenciada pela família, é possível que os crioulos, fruto de um processo
de "bantolização" e acreditando, como afirma Slenes, que estes
possuíam uma identidade comum, constituíram suas identidades como
desdobramento da "proto-nação" banto. Desse modo, a demografia será
um fator primordial na identidade crioula e mestiça. Em outras palavras,
parte-se da premissa que as identidades da população de cor nas Minas
setecentistas foram fomentadas muito mais autonomamente pelos seus integrantes
do que os estudos historiográficos foram capazes de demonstrar até então.
RIBEIRO,
Núbia Braga. Catequese, escravidão e liberdade sob tutela dos índios nas
Minas coloniais. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História
da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
RESUMO. A presente comunicação tem como objetivo levantar alguns
aspectos do legado do pensamento de Manoel da Nóbrega para a catequese e
civilização dos indígenas dialogando com o plano do padre Francisco da Silva
Campos que integrou o "Directorio que se deve observar nas Povoaçoens dos
Índios." Esta reflexão é parte de um estudo, em andamento, intitulado
Fronteiras e Sertões Coloniais: os conflitos da política de terras e as lutas
dos povos indígenas. A escolha por este recorte se deve ao fato de Manoel da
Nóbrega ter sido pioneiro e decisivo na montagem de uma política indigenista
com permanência de seu pensamento que vai além de sua morte. Apesar das
transformações e da especificidade das Minas no século XVIII, a influência
das discussões iniciadas com Nóbrega repercutiu nos demais planos de catequese
e civilização mesmo com a entrega do gentio aos civis e militares. A
escravidão indígena ou liberdade restrita na América portuguesa está
abordada principalmente no Plano Civilizador de 1558 produzido por Nóbrega. As
concepções de domínio, sujeição e tutela dos índios, ao longo do tempo,
assumiram significados os quais determinaram o aldeamento, a guerra justa e o
uso do trabalho destes povos. Acresce, ainda, as premissas da catequese que
justificaram de formas histórica, jurídica e teológica o estabelecimento da
escravidão possibilitando questionar a proteção da liberdade dos índios.
SANTOS,
Carolina Zamperlini. A família escrava e os senhores de terra da região de
Piranga na Primeira metade do século XIX. Comunicação apresentada no XVI
Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
RESUMO. Atualmente, discutir acerca da existência ou não de famílias escravas
torna-se algo irrelevante, na medida em que a historiografia mais recente
demonstrou mediante um arcabouço documental diversificado que os laços
familiares entre cativos eram algo comum, tanto para o período Colonial como
para o Imperial. Entretanto, há ainda muito que se estudar acerca desta
temática, uma vez que é possível observar regiões nas quais o plantel
escravo foi significativo e que a historiografia ainda relega à escuridão. E
é nesse contexto que se insere Guarapiranga, importante centro minerador e de
expansão agrária desde o início do século XVIII. O presente trabalho tem o
objetivo de analisar, com base em uma amostragem de inventários - reunida
através da técnica de reconstrução das redes de relacionamento - e de Lista
Nominativa, quais eram as características do plantel escravo dos grandes
proprietários de terras da região de Piranga na primeira metade do século
XIX. Ou seja, identificar, entre outros elementos, a origem dos escravos, o
tamanho dos plantéis e quais eram as ocupações desses cativos. E, por
conseguinte, mediante o cruzamento desses dados, examinar as possibilidades de
constituição de famílias escravas nestas grandes propriedades. Esta questão
torna-se mais relevante na medida em que pudermos observar, com base na
documentação pesquisada, que Piranga constitui uma região cujo contingente
escravo mostrava-se bastante significativo.
SILVA,
Gustavo Bianch. Africanos e outros mapas das Minas: a Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário em Guarapiranga (1758-1800). Comunicação apresentada no XVI
Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
RESUMO. Na América Portuguesa foi comum o surgimento de várias irmandades
religiosas, especialmente de escravos africanos, crioulos e libertos. Com
constituição diversa, atuaram tanto no âmbito da devoção a santos
padroeiros como na organização étnica e de ajuda mútua entre irmãos e
devotos. Estas confrarias tornaram-se - entre outros significados - palco de
criação e reinterpretação de identidades, fossem de africanos, crioulos ou
setores coloniais diversos. Tema clássico na historiografia brasileira sobre o
universo colonial, destacadamente para as Minas Gerais setecentista, os estudos,
entretanto, têm destacado a formação das chamadas "irmandades
negras" nas grandes vilas como Mariana e Vila Rica. Ainda sabemos pouco
sobre o perfil e papel das irmandades criadas em outras áreas coloniais, fora
dos eixos urbanos e de expansão econômica. Nesta comunicação apresentamos
resultados preliminares de uma investigação em andamento sobre a irmandade de
Nossa Senhora do Rosário da freguesia de Guarapiranga. Levantamos questões
sobre possíveis diferenças e semelhanças entre as confrarias em áreas
urbanas em comparação com aquelas rurais, assim como as conexões destas nas
religiosidades populares locais, considerando o perfil sócio-econômico,
demográfico e cultural da população de escravos, africanos, crioulos e
libertos.
SILVEIRA,
Anny J. Torres. Historia da saúde na Província de Minas Gerais - Século XIX.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
Participantes: Anny Jackeline Torres Silveira, Rita de Cássia Marques, Betânia
Gonçalves Figueiredo, Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani, Eliza Teixeira de
Toledo, Rafael Gomes Ribeiro, Ana Luisa Teles Del Cistia. Instituições
Financiadoras: CNPq/FAPEMIG
RESUMO. O projeto História da Saúde Pública na Província de Minas Gerais -
Século XIX, objetiva estudar a organização da assistência à saúde em
Minas, durante o Império - 1822-1889. O século XIX foi um marco para a
história da saúde no Brasil, sendo visto como o momento de
institucionalização da Medicina no país, com o estabelecimento da
organização profissional e da regulamentação do ensino mediante a criação
das primeiras escolas médicas. São também desse período a criação de
outras instituições - academias, sociedades, publicações especializadas,
instituições de pesquisa entre outras - contribuindo para que a competência
médica, respaldada pelo desenvolvimento científico, se ampliasse para além
dos temas relacionados à cura. Essa competência e visibilidade alcançadas
pela medicina na época, guardam laços fortes e profundos com a primazia
atribuída às questões sanitárias do país, que mobilizaram não só os
médicos, mas também o poder público e outros agentes sociais.
OBJETIVOS. Estabelecimento das atribuições dos poderes central, provincial e
municipal, e o papel de instituições - as Santas Casas, hospitais militares,
lazaretos - e de outros agentes privados no atendimento dispensado à
população; caracterização do conjunto de leis que regulava a saúde pública
na província; identificação das competências relativas aos serviços de
vacinação - nas esferas provincial e municipal - e os agentes por eles
responsáveis; identificação dos surtos epidêmicos e outras moléstias
presentes entre a população no período.
METODOLOGIA. Prioriza a pesquisa da documentação impressa, de caráter oficial
ou privado, cotejada à luz da bibliografia sobre a saúde no Brasil.
RESULTADOS. Iniciado em agosto de 2007, o projeto encontra-se em fase de
levantamento de dados (fichamento e digitalização) nos acervos do Arquivo
Público Mineiro e da Santa Casa de Caridade de Diamantina. A partir do material
já levantado foram produzidos: um capítulo de livro e uma apresentação em
congresso científico.
XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Caxambu
(MG), 20 a 24 de setembro de 2004
SANTOS,
Jonas Rafael dos. Senhores e escravos: a estrutura da posse de escravos em Mogi
das Cruzes no início do Século XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro
Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de
2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_670.pdf
RESUMO. O objetivo do artigo é estudar a estrutura da posse de escravos em Mogi
das Cruzes, a partir das listas nominativas de habitantes, especialmente a de
1801 com o fim de verificar como estava organizado o sistema escravista em
relação às outras regiões da capitania e da colônia. Chama-se atenção
para a importância da teoria do ciclo de vida e da reprodução natural no
processo de acumulação em cativos.
PINTO,
Luciana Suarez Galvão. A estrutura da posse de cativos nos momentos iniciais da
cultura cafeeira no novo oeste paulista. Ribeirão Preto: 1849-1888.
Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais,
ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_788.pdf
RESUMO. Neste artigo procuramos analisar a estrutura da posse de cativos em
Ribeirão Preto no período de 1849-1888, época em que a escravidão caminhava
para seus momentos finais e a cultura cafeeira despontava na localidade. Como
fonte de dados foram utilizados inventários post-mortem de proprietários de
cativos, localizados no Fórum de São Simão e no Arquivo do Fórum de
Ribeirão Preto. O estudo concentra-se na análise das características dos
proprietários de escravos, suas atividades econômicas, a estrutura da posse e,
por fim, na caracterização da população cativa. Busca-se também verificar
se realmente as atividades anteriores à cultura cafeeira limitavam-se à
subsistência e qual o papel da mão-de-obra cativa início da cafeicultura no
oeste novo paulista.
GODOY,
Marcelo Magalhães. Fazendas diversificadas, escravos polivalentes -
caracterização sócio-demográfica e ocupacional dos trabalhadores cativos em
unidades produtivas com atividades agroaçucareiras de Minas Gerais no século
XIX. Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_739.pdf
RESUMO. Nos séculos XVIII e XIX, as atividades agroaçucareiras de Minas Gerais
desenvolveram-se integradas em unidades rurais que se caracterizavam por ampla
diversificação produtiva. A típica fazenda com cultivo e transformação da
cana exigia larga versatilidade dos trabalhadores. Ao contrário dos espaços
canavieiros fortemente especializados do litoral, os escravos dos engenhos
mineiros deveriam estar habilitados para o exercício de múltiplas tarefas.
Fora da safra da cana dividiam-se em ocupações relativamente simples, como as
da agricultura e pecuária, bem como em atividades complexas, como as das artes
e ofícios. A pronunciada tendência à auto-suficiência da fazenda mineira
pressupunha permanente formação profissional dos trabalhadores, nomeadamente
dos novos escravos. Assim, nas unidades de produção com engenho de cana de
Minas Gerais a diversificação produtiva, consorciação de múltiplas
atividades em complexo calendário agrícola, produção sazonal, longa
entressafra e trabalhadores com eclética formação profissional eram traços
que obstaculizavam a especialização e conformavam a superposição de
divisões técnica e profissional do trabalho. Nas atividades dos engenhos de
cana predominava organização artesanal do trabalho, consoante a estrita
dependência da capacidade individual e habilidades de polivalente trabalhador.
Ao contrário dos espaços canavieiros voltados para mercados externos, em Minas
a produção em base manufatureira somente poderia vigorar em minoritários
grandes engenhos que se distinguiam por ocupar posição central em unidades
produtivas diversificadas, assim como apresentarem safras longas e programada
destinação mercantil da produção. Objetiva-se com esse estudo a exploração
de alguns atributos sócio-demográficos e ocupacionais do trabalhador escravo
das fazendas mineiras, mormente aquelas com fabricação de derivados da cana. O
Censo de 1831/32, os Mapas de Engenhos Aguardenteiros e Casas de Negócio de
1836, anúncios de escravos fugidos em periódicos e relatos de viajantes
estrangeiros compõem os principais repertórios documentais compulsados.
MARCONDES, Renato Leite. Estrutura da posse de cativos no
Paraná e em Minas Gerais (1872-1875). Comunicação apresentada no XIV Encontro
Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de
2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_338.pdf
RESUMO. Apresentamos as diferenças da estrutura demográfica da população
escrava e da posse de cativos entre sete localidades paranaenses e seis mineiras
na década de 1870. Estas áreas mantiveram-se pouco infensas às principais
atividades exportadoras do Império (o café e o açúcar), porém conservaram
uma escravidão significativa até os últimos anos do escravismo brasileiro.
Utilizamos como fonte básica para a pesquisa: as listas de classificação dos
escravos para serem libertados pelo Fundo de Emancipação de 1873 a 1875.
Adicionalmente, lançamos mão do recenseamento de 1872. Apesar do quadro geral
de posses reduzidas nas duas províncias, conseguimos estabelecer grupos de
cidades com propriedades cativas diferenciadas.
CORRÊA,
Carolina Perpétuo. Aspectos da demografia e vida familiar dos escravos de Santa
Luzia, Minas Gerais, 1818-1833. Comunicação apresentada no XIV Encontro
Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de
2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_136.pdf
RESUMO. O presente trabalho investiga a vida familiar e as características
demográficas dos escravos de Santa Luzia, na região central de Minas Gerais,
nas primeiras décadas do século XIX. O lugarejo foi escolhido devido à sua
inserção econômica: diferentemente da maioria das localidades para as quais
se conhece aspectos da vida familiar de cativos no oitocentos, Santa Luzia
jamais esteve orientado para a exportação, tendo se estabelecido desde cedo
como próspero entreposto comercial para o norte de minas. Esperamos que ele
possa ser representativo de outras paróquias também voltadas para o mercado
interno na região. Utilizamo-nos para esse estudo de registros paroquiais de
batismo (1818-33) e da lista nominativa de habitantes do distrito (1831). A
partir dos assentos de batismo nos quais pelo menos um dos membros da família
era escravo, foi elaborada uma base de dados com 1284 registros e 14 variáveis.
No caso das listas, trabalhamos com o banco de dados elaborado por pesquisadores
do CEDEPLAR/UFMG. Através desses dois bancos de dados procuramos responder a
algumas indagações quanto à inserção local no tráfico internacional de
escravos, inferida através da análise de algumas variáveis (como o peso da
população cativa de origem africana, a razão de sexo e a estrutura etária) e
de como essa inserção incidia sobre a vida familiar dessa comunidade escrava.
Indagamo-nos sobre o acesso de casais cativos ao matrimônio religioso formal e
de suas preferências no que concerne à escolha dos cônjuges. Haveria
tendência à uniões endogâmicas, casando-se os escravos preferencialmente com
outro da mesma região de origem? Haveria possibilidade de formalização de
uniões entre escravos de senhores diferentes? Seria essa população capaz de
reproduzir-se naturalmente? Finalmente, abordamos a adequação da
documentação analisada para esse tipo de estudo, sinalizando as suas
potencialidades e limitações, procurando sermos úteis a pesquisadores
interessados em conduzir pesquisas nessa área.
TEIXEIRA,
Heloísa Maria. Meninos-dos-olhos do senhor: crianças escravas nas propriedades
de Mariana (1850-1888). Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de
Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004.
Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_108.pdf
RESUMO. Nossa comunicação pretende apontar indícios sobre o valor da criança
escrava entre os senhores da localidade de Mariana (economicamente voltada para
a produção de alimentos) na segunda metade do século XIX, quando o sistema
escravista encontrava-se continuamente limitado pelas leis abolicionistas. O
valor das crianças escravas pode ser mensurado por sua representação na
totalidade dos plantéis marianenses, nas transações comerciais que as
envolviam, na dificuldade em conquistarem a alforria incondicional e até mesmo
nos casos de furto e reescravidão que envolviam os pequenos cativos. As fontes
utilizadas constituem-se de inventários post-mortem, escrituras de compra e
venda de escravos, matrículas de escravos, cartas de alforrias e processos
judiciais.
GARAVAZO,
Juliana. Relações familiares e estabilidade da família escrava: Batatais
(1850-88). Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_370.pdf
RESUMO. O presente artigo analisa as famílias escravas identificadas em uma
amostra dos inventários post-mortem lançados na cidade de Batatais (SP) no
período de 1850 a 1888, bem como investiga o impacto da partilha para a
manutenção e/ou desestruturação dos laços familiares estabelecidos entre os
cativos. Nos plantéis herdados naquela localidade verificou-se um elevado
número de grupos familiares, com destaque para o predomínio das famílias
"regularmente constituídas", vis-à-vis aquelas consideradas apenas
"arranjos consensuais", e para a concentração das unidades
familiares nas maiores escravarias. Além disso, o acompanhamento do destino dos
cativos arrolados juntamente com seus familiares demonstrou que as famílias
escravas batataenses enfrentaram com relativo êxito a morte de seu senhor,
embora algumas delas tenham sido total ou parcialmente separadas. Evidenciou-se,
ainda, que a presença de filhos, a legalidade das relações estabelecidas, a
inserção em plantéis de maior tamanho e o maior tempo de convivência dos
familiares não garantiram a permanência dos laços familiares previamente
estabelecidos.
MARTINS,
Maria do Carmo Salazar & SILVA, Helenice Carvalho Cruz & LIMA, Maurício
Antônio de Castro. Branco mais preto é igual a pardo ou igual a cinzento? Sexo
e Cor em Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Comunicação
apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu
(MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_88.pdf
RESUMO. A importância da chefia feminina na economia e na sociedade
colonial/provincial mineira já foi bastante estudada. Entretanto, são poucos
autores que tocam - e quando o fazem é apenas de passagem - em um tipo de
problema que trouxe conseqüências graves para a sociedade brasileira atual. É
difícil reconhecer que as desigualdades sociais vivenciadas pelos
afrodescendentes em todas as esferas da vida social sejam conseqüência de um
regime, ou de uma política econômica, imposta por indivíduos da raça branca
sobre os negros, e que, no Brasil, há cerca de quinhentos anos, os
afrodescendentes vêem seu espaço social limitado por barreiras dificilmente
transponíveis e historicamente determinadas. No caso das mulheres então,
associe-se uma sociedade patriarcal a um regime escravista e veja-se onde é
possível situar a mulher na escala social. Assim, o objetivo desse trabalho é
contextualizar a existência da desigualdade social entre raça e sexo e
confirmar que a mesma é historicamente determinada. As fontes de dados a serem
trabalhadas serão as listas nominativas de Minas Gerais produzidas em 1818-20 e
em 1838-40.
SCOTT,
Ana Silvia Volpi. Criança imigrante e dissolução familiar (São Paulo, finais
do século XIX e inícios do XX). Comunicação apresentada no XIV Encontro
Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de
2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_530.pdf
RESUMO. Uma busca no acervo composto pelo Juízo dos Órfãos, depositado no
Arquivo Público do Estado de São Paulo mostrou que é possível resgatar
história de crianças e de famílias imigrantes que passaram por experiências
de desestruturação e dissolução familiar, através do exame dos processos
depositados naquele fundo documental. A análise de um conjunto desses processos
revelou as vicissitudes encontradas pelas famílias de imigrantes, que por
motivos variados, tinham suas estruturas familiares quebradas, deixando filhos
menores que precisam ter seus destinos definidos quando uma fatalidade ou
separação os apartava seus pais biológicos. Os processos reunidos oferecem
não apenas detalhes sobre o cotidiano das crianças e das famílias imigrantes,
mas indicam as relações que se estabeleciam entre os adultos e as crianças em
situações de crise. Tais situações colocavam em pauta a necessidade de se
transferir a autoridade sobre a criança para outro adulto ou instituição,
levando à circulação desses pequenos imigrantes. Que critérios presidiriam
as decisões tomadas por curadores e juízes, diante das disputas e mútuas
acusações que confrontavam pais, avós, familiares e até mesmo indivíduos
não aparentados? Impotentes, as crianças ficavam submetidas à vontade e aos
desígnios dos juízes que decidiriam seus destinos. É objetivo desta
comunicação relatar não só as possibilidades de pesquisa desta
documentação, como também recuperar fragmentos da história dessas famílias
e de seus filhos, no contexto da sociedade paulista nas primeiras décadas
República.
MONSMA,
Karl & TRUZZI, Oswaldo & VILLAS BÔAS, Silvia Keller. Entre a paixão e
a família: casamentos interétnicos de jovens italianos no oeste paulista,
1890-1914. Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_445.pdf
RESUMO. No oeste paulista, o período 1890 - 1914 foi marcado pela entrada
maciça de imigrantes, trazidos para o trabalho nas fazendas de café. Em São
Carlos, onde a colônia italiana predominava, embora a endogamia norteasse a
maior parte dos casamentos de jovens italianos, havia ainda, entretanto, aqueles
que preferiam se casar fora da colônia. Tomando por fonte inquéritos e
processos criminais por defloramento e habilitações de casamento, esse
trabalho focaliza os casos extremos em que jovens italianos ou italianas optaram
por enfrentar a resistência dos pais e da comunidade ao casamento interétnico.
O texto argumenta que nas discussões sobre os processos de fixação definitiva
dos imigrantes no Brasil, nem sempre a decisão de ficar ou voltar ao país de
origem foi produto de escolhas calculadas racionalmente. Apontamos outro motivo
para ficar: o casamento com brasileiros ou brasileiras, ou com pessoas de outras
etnias imigrantes, que podia ser decisivo para a fixação não somente de
nubentes, mas também de seus pais e irmãos. Como muitos italianos e italianas
que se casaram com pessoas de outras etnias eram motivados pela paixão -
necessária, aliás, para enfrentar a oposição dos pais e a censura da
comunidade - concluímos que um número significativo de italianos permaneceu no
Brasil por amor. Este trabalho aponta algumas linhas de tensão dentro das
famílias imigrantes. A família italiana, tantas vezes idealizada na literatura
por sua solidariedade e devoção ao trabalho, também impunha seus custos, na
forma de subordinação das mulheres aos homens, dos jovens aos velhos e das
vontades e dos sonhos individuais ao projeto coletivo. As escolhas matrimoniais
eram focos de tensão porque muitas vezes implicavam a repressão dos desejos
dos jovens. Às vezes, os controles familiais produziam resistência e rebeldia.
Este trabalho focaliza sobretudo os rebeldes e as rebeldes, que estimularam a
permanência e facilitaram a adaptação de muitas famílias italianas ao
Brasil.
SILVEIRA,
Alessandra da Silva. Casando em segredo: um estudo sobre os casamentos de
consciência, Bispado do Rio de Janeiro, século XIX. Comunicação apresentada
no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24
de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_571.pdf
RESUMO. O Bispado do Rio de Janeiro vivenciou na primeira metade do século XIX
o chamado Casamento de Consciência ou Casamento Oculto. Tal cerimônia era
realizada sem os procedimentos habituais, os Banhos, por casais que viviam em
concubinato há vários anos. De tal modo, os casais faziam petições de
casamento diretamente ao bispo para que seus casamentos fossem realizados em
absoluto sigilo. O seu conteúdo era, portanto, ocultado dos paroquianos, já
que a publicidade necessária aos proclamas não era cumprida. A fonte onde
consta o Casamento de Consciência, um livro com vinte e um registros, embora
pequena, pode revelar inúmeros traços que marcaram a família no Bispado do
Rio de Janeiro, na primeira metade do século XIX. A origem geográfica, as
motivações que teriam levado estes indivíduos a se casar, o tempo que
envolvia estas relações, entre outros assuntos, serão tratados neste
trabalho.
CAVAZZANI,
André M. & MORAES, Juliana de Mello. In extremis causa: exposição e
mortalidade numa pequena vila da América portuguesa no século XVIII.
Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais,
ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_386.pdf
RESUMO. O trabalho ora proposto dedica-se ao estudo de algumas variáveis acerca
do fenômeno da exposição de crianças na Vila de Nossa Senhora da Lux dos
Pinhais de Curitiba, à segunda metade do século XVIII. Ao que tudo indica, a
exemplo de uma vasta gama de localidades no Brasil colonial, a vila de Curitiba,
ainda no setecentos, não dispunha de uma Santa Casa de Misericórdia instalada
e ativa, que pudesse amparar os enjeitados. Paralelamente, a análise da
documentação camarária, trouxe indicadores de que na vila de Curitiba a
Câmara, no decorrer do século XVIII, também não assumiu para si o encargo
dos expostos. Isto não inibiu o abandono, que era realizado em locais ermos,
monturos, e, principalmente, "à porta dos fogos". Nesse quadro,
agregando dados provenientes das atas de catolicidade - batismos, óbitos e
casamento - levantamentos nominativos e documentação coeva tentar-se-á
recuperar primeiramente a dimensão quantitativa desse fenômeno, para em
seguida, conhecer o perfil dos domicílios receptores desses expostos. De outro
lado, através da recuperação dos registros de óbitos de expostos pretende-se
entrever como se relacionavam o fenômeno da exposição e os índices de
mortalidade infantil nesse período.
GALVÃO,
Rafael Ribas & NADALIN, Sergio Odilon. Arquivos Paroquiais e Bastardia:
Mães Solteiras na Sociedade Setecentista. Comunicação apresentada no XIV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de
setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_346.pdf
RESUMO. Na esteira de comunicação apresentada recentemente em Curitiba
(Jornada Setecentista, UFPR, 26-28 de novembro de 2003), pretendemos
complementar e avançar resultados referentes a um projeto de pesquisa que tem
como fundamento principal a crítica dos registros paroquiais, no que diz
respeito aos limites, às possibilidades e virtualidades das informações
propiciadas por essa categoria de fontes. Tendo como fio condutor o tema da
"ilegitimidade", procuramos traduzir o laconismo das atas de batismo,
tentando realizar uma leitura das suas entrelinhas. Com essa finalidade, para
além das categorias de ilegitimidade já relatadas, pretendemos enfatizar a
análise dos termos e das expressões utilizados pelos vigários, nem sempre
coerentes com as especificações do modelo informado pelas
"Constituições do Arcebispado da Bahia". Trabalhando no âmbito da
"longa duração", selecionamos um ano por década, delimitando como
balizas temporais os anos de 1690 e 1849, período este que caberia num século
XVIII estendido.
CUNHA,
Alexandre Mendes & GODOY, Marcelo Magalhães. Redes clientelares e as listas
nominativas de 1831/32 para a província de Minas Gerais: reflexões conceituais
e metodológicas. Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_534.pdf
RESUMO. O objetivo central do trabalho, mais do que apresentar um estudo
vertical de um caso em particular, é oferecer uma contribuição ao debate
teórico e metodológico acerca do tema proposto ("Família e redes de
sociabilidade"), com olhos voltados particularmente à primeira metade do
século XIX. É importante argumentar que a discussão historiográfica acerca
das redes de sociabilidade vem ganhando destaque nos últimos anos, sendo
flagrante a contribuição da historiografia portuguesa nos estudos acerca das
chamadas "redes clientelares" para os estudos do antigo regime e seus
prolongamentos. Ainda que mais restrita ao campo da história social e
política, a história demográfica, especialmente por conta da tradição de
estudos no campo da história da família, tem, e deve ter ainda mais,
fundamental importância na construção deste campo de pesquisa. O trabalho
visa estabelecer bases conceituais ao tratamento do tema das redes de
sociabilidade, particularmente no que diz respeito às relações
clientelísticas e às redes daí decorrentes, tendo por pano de fundo as
dimensões próprias do período colonial e imperial brasileiro. Na seqüência
são contemplados aspectos mais propriamente metodológicos, contribuindo para
uma reflexão das potencialidades de utilização das listas nominativas de
população para os estudos dessas redes de sociabilidade. Concentra-se no caso
das elites provinciais mineiras e nas listas de 1831/32, buscando novas
interpretações dessas fontes a partir do conceito de redes clientelares.
MACHADO,
Cacilda. Casamento & Compadrio: estudo sobre relações sociais entre
livres, libertos e escravos na passagem do século XVIII para o XIX (São José
dos Pinhais - PR). Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_134.pdf
RESUMO. Neste texto buscou-se recuperar trajetórias de casais mistos (escravos
com livres ou libertos) que viveram entre os séculos XVIII e XIX, no vilarejo
de São José dos Pinhais (vizinho a Curitiba e, por então, pertencente a
Capitania de São Paulo), principalmente a partir do cruzamento de listas
nominativas de habitantes com documentos eclesiásticos (registros de batismos,
casamentos e óbitos, autos de casamentos e outros processos). A interpretação
dessas trajetórias teve como principal resultado a formulação da hipótese de
que, naquela sociedade escravista fundamentada nas relações pessoais, o
casamento e o compadrio eram atos sociais estratégicos. Para aquela elite,
proprietária de poucos escravos, casar seus escravos e administrados com
livres, ou com estes estabelecer compadrio, era uma forma de arregimentar
dependentes e reproduzir a hierarquia social que organizava os diferentes grupos
de cor e condição jurídica. Para a população de origem africana e/ou
indígena, constituía importante instrumento de ascensão social e de
afirmação da liberdade. É preciso enfatizar, no entanto, que o casamento e o
estabelecimento de compadrio com pessoas de estrato superior me parecem menos
adesão a uma prática escravista, da parte de escravos, libertos e livres de
cor, e mais algumas das estratégias socialmente disponíveis para assegurar a
liberdade para si e para a sua geração, ainda que nesse empenho se tornassem
partícipes do nosso peculiar processo de produção e reiteração das
hierarquias sociais.
FREIRE,
Jonis. Compadrio em uma freguesia escravista: Senhor Bom Jesus do Rio Pardo (MG)
(1838-1888). Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_543.pdf
RESUMO. O presente trabalho tem como objetivo estudar as relações de
compadrio, uma das principais origens do parentesco fictício, estabelecidas
pela população cativa na freguesia rural do Senhor Bom Jesus do Rio Pardo,
localizada na Zona da Mata de Minas Gerais, no decorrer do século XIX.
Utilizamo-nos como fonte de pesquisa os livros de batizado, onde compilamos os
registros de batismo das crianças filhas de mulher escrava. O sacramento do
batismo parece ter sido buscado tanto por senhores quanto por cativos, não
obstante por razões diferentes. Procurar-se-á demonstrar que as relações
advindas do parentesco fictício não se estabeleceram somente ente os cativos e
seus "irmãos de cativeiro". Na dita freguesia a população mancípia
estabeleceu relações de solidariedade, primeiro com um grupo social em
posição superior ao seu e depois dentro do próprio grupo social. Nesse
segundo caso as escolhas se deram em sua maioria dentro do mesmo plantel, embora
as estabelecidas entre plantéis distintos não tenham sido desprezíveis.
Poderia se pensar que a Lei do Ventre Livre (1871) que libertou as crianças
agora tidas como "ingênuas" pudesse ter levado os cativos a buscar
uma coesão dentro de sua comunidade, isso aconteceu, entretanto, aqueles
indivíduos continuaram a estabelecer suas relações de compadresco com um
grupo de status social superior ao seu. As escolhas pessoais estabelecidas pelos
escravos eram bem maiores do que até então poderia se pensar. Foram
estabelecidas redes de solidariedade com livres, escravos, libertos/ forros. As
relações de compadrio são exemplo de (re)adaptações feitas pelos escravos,
dentro do sistema escravista de outrora. O cativo via na mesma a possibilidade
de ampliar sua rede de parentesco e em certa medida, por meio destas relações
de parentesco os escravos construíram uma coesão enquanto grupo.
BRÜGGER,
Silvia Maria Jardim. Compadrio e Escravidão: uma análise do apadrinhamento de
cativos em São João del Rei, 1730-1850. Comunicação apresentada no XIV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de
setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_119.pdf
RESUMO. O compadrio foi, sem sombra de dúvidas, um importante elemento de
constituição e/ou consolidação de laços de sociabilidade, na sociedade
escravista brasileira. Nesta comunicação, analiso o padrão de escolha de
padrinhos e madrinhas de cativos, tanto crianças quanto adultos, em São João
del Rei, entre 1730 e 1850. Constato o predomínio de livres entre os indicados
para exercerem estes papéis. A análise centra-se, primeiramente, em
informações apresentadas em registros paroquiais de batismo. Posteriormente,
procuro abordar alguns casos específicos, acompanhando a prática de
apadrinhamento em algumas escravarias da região e cruzando variáveis, que
possam interferir nas escolhas de padrinhos e madrinhas dos escravos. Nesta
segunda parte do trabalho, torna-se fundamental a utilização de outras fontes,
com o objetivo de complementar as informações contidas nos registros de
batismo, como os inventários post-mortem e testamentos, tanto de proprietários
dos cativos, quanto de padrinhos e madrinhas livres. A partir deste refinamento
da abordagem, torna-se mais precisa a caracterização das práticas de
apadrinhamento de escravos e, conseqüentemente, avança-se nas análises sobre
os laços de sociabilidade entre a população cativa e suas relações com
livres e libertos.
MARTINEZ,
Cláudia Eliane P. Marques. Família, Riqueza e Organização da Estrutura
Doméstica: Vale do Paraopeba/MG, 1850 a 1914. Comunicação apresentada no XIV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de
setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_422.pdf
RESUMO. O objetivo desta comunicação consiste em avaliar a riqueza e as formas
de organização da estrutura doméstica da família mineira, entre os anos de
1850 a 1914. As análises têm como suporte empírico um Banco de Dados composto
por 410 inventários post-mortem (160 documentos referentes à fase
pré-abolição e 250 da fase pós-1888). Utilizam-se também informações
contidas no Recenseamento da População do Brasil de 1872 e nos Anuários
Estatísticos do Século XX. Parte-se do pressuposto que a economia desse antigo
centro minerador e agropecuário de grande dinamismo e que teve sua história
marcada por expressiva importação de africanos, sofreu profundas
transformações materiais e demográficas após o fim da escravidão. Por meio
da análise das fontes - cartorária e censitária - é possível perceber, por
exemplo, como as mudanças na esfera material e populacional afetaram
diretamente a organização da estrutura doméstica da família mineira. A
abordagem estabelecida possibilita, ainda, investigar aspectos relacionados à
problemática do trabalho, da renda, do patrimônio, bem como a
inclusão/exclusão de alguns setores da população inventariada. Assim, este
estudo permite, portanto, discutir como a família adaptou-se às novas formas
de organização doméstica, impostas pelos novos valores e formas de riqueza
decorrentes do final da escravidão.
TEIXEIRA,
Paulo Eduardo. A família do homem livre em Campinas: alguns aspectos
demográficos, 1774-1850. Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de
Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004.
Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_135.pdf
RESUMO. Este trabalho procura revelar alguns resultados de uma pesquisa sobre a
população livre em Campinas, entre 1774 e 1850, aonde a localidade deixa de
ser uma área de autoconsumo e passa a ser uma área de plantation
representativa para a economia de São Paulo nesse período, com destaque para a
lavoura da cana-de-açúcar. Assim, baseada nos Registros Paroquiais, nas Listas
Nominativas de habitantes e nos Inventários e Testamentos, a pesquisa enfoca os
padrões de nupcialidade, fecundidade e mortalidade do homem livre de uma área
de grande lavoura. Os resultados, ainda preliminares, apontam para uma elevada
fecundidade, bem como para uma alta taxa de mortalidade, especialmente a
infantil. Não obstante, observa-se uma elevada taxa de crescimento vegetativo,
demonstrando a existência de uma população que se fixou na localidade
proveniente de um processo migratório regional muito intenso, favorecido pelas
condições naturais de Campinas, como o solo fértil para a agricultura, bem
como os fatores sócio-econômicos da época em questão.
BOTELHO,
Tarcísio R. Estratégias matrimoniais entre a população livre de Minas
Gerais: Catas Altas do Mato Dentro, 1815-1850. Comunicação apresentada no XIV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de
setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_65.pdf
RESUMO. O matrimônio é um momento crucial dentro das estratégias de
reprodução social. Entretanto, as escolhas matrimoniais têm sido pouco
estudadas para o passado brasileiro. Pretendo contribuir para a compreensão do
comportamento da população livre a partir da observação de uma localidade
específica de Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Observando a
raça/cor dos noivos, o local de nascimento dos noivos e a ocupação dos pais
dos noivos, fica evidente uma forte tendência à homogamia dentro da
população, seja do ponto de vista social, seja do ponto de vista espacial.
Quanto à mobilidade ocupacional, é difícil fazer afirmações com os dados
disponíveis, embora se deva enfatizar os aspectos interessantes do passado
brasileiro que esse tipo de estudo pode evidenciar.
REIS,
Déborah Oliveira Martins dos. Estrutura da posse de escravos nas atividades de
subsistência de Araxá (MG), 1776-1848. Comunicação apresentada no XIV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de
setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_525.pdf
RESUMO. O trabalho pretende deter-se sobre alguns elementos referentes à
estrutura da posse de cativos e a composição dos plantéis escravistas da
localidade mineira de Araxá, bem como em variáveis de natureza econômica
relativas aos proprietários. Procuramos caracterizar, em especial no que
respeita a indicadores estatísticos concernentes à distribuição da
propriedade escrava e características demográficas dos escravos como sexo,
estrutura etária e origem, o trabalho escravo empregado nas atividades locais
atentando, principalmente, para os pequenos e médios plantéis (1 a 5 e 6 a 10
cativos), característicos de atividades não vinculadas ao comércio
internacional. Através do recurso aos inventários post-mortem e à lista
nominativa de habitantes de 1832, observamos os plantéis araxaenses no período
que vai de 1776-1810 (coincidente com a chegada dos primeiros povoadores à
localidade e com a consolidação, em Minas Gerais, das atividades
agropecuárias como eixo central da economia, em detrimento à mineração) a
1848 (pouco anterior à extinção do comércio atlântico de escravos).
CUNHA,
Maísa Faleiros da. A legitimidade entre os cativos da Paróquia Nossa Senhora
da Conceição de Franca - Século XIX. Comunicação apresentada no XIV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de
setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_408.pdf
RESUMO. Este trabalho busca, a partir dos registros paroquiais de batismo dos
filhos de escravos, estudar a legitimidade entre os cativos da Paróquia Nossa
Senhora da Conceição de Franca em três momentos: 1805-1850, 1851-1871 e
1872-1888, visando desta forma verificar como o contexto sócio-econômico local
e regional influenciou a legitimidade e, num aspecto mais amplo, a formação da
família escrava. O primeiro momento diz respeito à localidade em sua fase
inicial de formação e povoamento por livres e escravos provenientes,
principalmente, de Minas Gerais. No segundo, Franca é um município
consolidado, com sua economia voltada para o mercado interno, em uma fase em que
a escravidão já anuncia seu esfacelamento com o fim do tráfico
transatlântico de escravos (1850) e a promulgação da Lei do Ventre Livre
(1871). Na terceira fase, após a Lei de 1871 ao fim da escravidão, a região
norte paulista assiste à expansão da monocultura cafeeira e a transição para
o trabalho livre. Após a análise das fontes, verificamos que o período entre
1805-1850 apresentou proporção de 44,9% de filhos legítimos de escravos e, o
período entre 1851-1871, 51%. O aumento da legitimidade, nestes dois períodos,
parece estar relacionado aos interesses dos senhores em ampliar suas escravarias
após o fim do tráfico externo de escravos. O período de 1872 a 1888 apresenta
a menor proporção de filhos legítimos, cerca de 37%. Ao que tudo indica, a
queda na legitimidade entre os dois últimos períodos foi o resultado da
diminuição na formalização das uniões dos cativos em razão do maior
desinteresse por parte dos senhores em oficializá-las.
GOMES,
Alessandra Caetano. Os Pretos forros do Sertão da Farinha Podre: um caso de
equilíbrio entre os sexos dos libertos de Uberaba-MG (1840-1888). Comunicação
apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu
(MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_144.pdf
RESUMO. A literatura da escravidão, já comprovou que o escravismo não foi o
mesmo nas diversas regiões do Brasil. A historiografia das manumissões parece
apontar algumas convergências, quanto às práticas de concessão das alforrias
no país. Entretanto, historiadores do tema sempre privilegiaram análises do
processo de manumissão em regiões com características econômicas
semelhantes, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro que no século XIX,
possuíram economias essencialmente urbanas e Campinas, a qual voltava-se para
as atividades de agroexportação. Assim faz-se necessário, o estudo das
práticas de alforria de regiões, que se notabilizaram por dinâmicas
econômicas diferentes, como é o caso de Uberaba. A economia apresentada no
Triângulo Mineiro do século XIX voltava-se essencialmente, para a
agropecuária mercantil de subsistência. A literatura da posse de cativos
comprovou que em economias que se caracterizaram pela atividade mencionada, o
escravismo diverge de outras regiões. Assim, o recorte espacial de Uberaba
justifica-se pelos motivos apresentados. Ademais, a região aparenta
especificidades quanto ao processo de manumissão, diferentes em alguns
aspectos, das apresentadas por outras localidades. Os libertos de Uberaba,
apresentaram características diferentes das constatadas por outros estudos. Ao
realizar o cruzamento das variáveis sexo, idade, cor e origem com os tipos de
alforria, mostra-se que o tipo de economia, o processo de crioulização
crescente e a divisão social do trabalho presentes no século XIX,
influenciaram na concessão das alforrias de forros e forras. Tanto que, na
região, não ocorreu a sobrerepresentação das libertas, mas sim um
equilíbrio entre os sexos da população forra, fato que contraria outros
estudos que afirmam que as mulheres sempre foram mais alforriadas que os homens.
STANCZYK
FILHO, Milton. "Os declaro, e instituo, e nomeyo, por meus legitimos e
oniverçais erdeiros": família e transmissão de bens nos sertões de
Curitiba, 1725-1801. Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de
Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004.
Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_441.pdf
RESUMO. Esta comunicação tem por objetivo apresentar alguns dados recolhidos
no rol de testamentos de Curitiba existentes no Arquivo Dom Leopoldo Duarte e
Silva, da Mitra Arquidiocesana de São Paulo. Esses dados, ainda iniciais,
referem-se às origens dos testadores, seu estado civil, e a modalidade de
vínculo, social ou parental, que o testador tinha para com beneficiados em seu
testamento. De posse dessas informações, pretende-se delinear as
possibilidades que esses testadores tiveram para se estabelecer na região. Para
tal empreitada, um estudo de caso perpassa os dados referentes ao patrimônio e
posição social (e por extensão da família do testador) com a intenção de
reconhecer atividades, cargos e/ou ofícios como estratégias de sobrevivência.
Finalmente, como a documentação arrola parcialmente o patrimônio que um
indivíduo amealhava ao longo de sua vida, apresentam-se alguns indicadores que
permitam o vislumbre das condições materiais da existência presentes nos
sertões curitibanos.
SILVA,
André Félix Marques da & PEREIRA, Leonardo de Atayde & SILVA,
Patrícia Garcia Ernando da & DOMINGUES, Vanessa Kely. Modernização e
desigualdades sociais em Fortaleza na segunda metade do século XIX.
Comunicação apresentada no XIV Encontro Nacional de Estudos Populacionais,
ABEP, Caxambu (MG), 20 a 24 de setembro de 2004. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/site_eventos_abep/PDF/ABEP2004_94.pdf
RESUMO. Este trabalho tem por objetivo estudar a população de Fortaleza na
segunda metade do século XIX, através do Arrolamento da cidade de Fortaleza
para o ano de 1887, dos Relatórios de Presidente de Província e de obras de
memorialistas. Procuramos identificar, sobretudo, os membros das camadas menos
abastadas, compostas por mulheres pobres que chefiavam domicílios, meretrizes,
trabalhadores informais e retirantes da seca. Visamos também situar esta
parcela da população no contexto das reformas empreendidas após a seca de
1877-1879, buscando compreender seus desdobramentos sobre o cotidiano destes
indivíduos, destacando sua presença no espaço urbano e seus conflitos com o
poder.
XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais da ABEP
Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006
REZENDE,
Rodrigo Castro. Africanos, Crioulos e Mestiços: a população de cor em algumas
localidades mineiras do século XVIII e a construção de suas identidades.
Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais,
ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
RESUMO. A população mancípia de Minas Gerais no
século XVIII foi marcada por uma alta taxa de africanidade. Este fato não só
informa o alto poder aquisitivo da população mineira, mas também a
diversidade de origens destes cativos. Muito embora os estudos sobre a
composição da população cativa de Minas no setecentos não sejam recentes,
falta ainda uma pesquisa mais detalhada sobre o assunto. Utilizando as listas
nominativas dos Quintos Reais, encontradas na Coleção Casa dos Contos do
Arquivo Público Mineiro e do Arquivo Nacional, para as localidades de Vila
Rica, no ano de 1718, São João del Rei, em 1719, e Vila Rica, para o ano de
1804; e do rol de confessados de São José del Rei, no ano de 1795, localizado
no Instituto Histórico Geográfico de Tiradentes, tento tecer algumas
considerações sobre a população cativa de Minas no decorrer do século
XVIII: sua composição de origem e a distribuição das nações africanas nos
domicílios de Minas para o período em tela. Como segundo objeto de estudo,
procuro averiguar a construção das identidades da população de cor nas Minas
Gerais do século XVIII. Os africanos transportados para Minas recebiam da
população mineira representações conforme suas origens. Eram criados
estereótipos sobre os africanos segundo suas procedências africanas. As
representações eram apropriadas pelos africanos que, com base nisso,
construíram suas próprias identidades. Em outras palavras, parte-se da
premissa segundo a qual as identidades africanas em Minas setecentista foram
construídas muito mais autonomamente pelos africanos do que os estudos
historiográficos foram capazes de demonstrar até então.
TEIXEIRA,
Paulo Eduardo. O uso do programa SYGAP para a reconstituição de famílias
livres na Campinas do século XIX: usos e limites do software. Comunicação
apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu
(MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
BASSANEZI,
Maria Silvia Casagrande Beozzo. População, imigração e propriedade da terra
- procedimentos de pesquisa. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional
de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
SCOTT,
Ana Silvia Volpi & SCOTT, Dario. Cruzamento Nominativo de Fontes: desafios,
problemas e algumas reflexões para a utilização dos registros paroquiais.
Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais,
ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
MOURA FILHO, Heitor Pinto de. Demografia da escravidão. Um micromodelo dos efeitos do tráfico. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
SANTOS, Jonas Rafael dos. Imigração e ascensão social em Ribeirão Preto entre o final do século XIX e metade do XX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
SILVEIRA, Alessandra da Silva. Legitimação e transmissão de heranças na Mesa do Desembargo do Paço, Rio de Janeiro, século XIX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
POLAZ, Karen Teresa Marcolino. Porto Feliz: evolução demográfica, imigração e propriedade de terra nos séculos XIX e XX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
LOPES, Luciana Suarez. Alocação de Riqueza no Interior Paulista Oitocentista: o caso da antiga vila de São Sebastião do Ribeirão Preto, década de 1870. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
FANNI, Silvana O. Família escrava e liberta no final do século XIX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
ANDRADE, Vitória Fernanda Schettini de. Ilegitimidade e Compadrio: O estudo dos nascimentos de filhos de mães escravas, São Paulo do Muriaé, 1852 - 1888. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
MOTTA, José Flávio & VALENTIN, Agnaldo. De Ventres Livres Nascidos: os batismos de ingênuos em Casa Branca e Iguape, província de São Paulo (1871-1885). Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
ARAÚJO, Regina Mendes de. Proprietárias de escravos e terras da Vila do Carmo, Vila Rica e Vila de São João Del Rei - 1718-1761. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
MATA, Karina Paranhos da. Representação social e Riqueza nas Minas do Ouro: perfil dos proprietários de escravos na primeira metade do setecentos. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
MELLO FILHO, Marcelo Soares Bandeira de & SANTOS JÚNIOR, José Maria dos. População e Geografia Econômica: a conformação da população no espaço em Minas Gerais, no século XIX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
CUNHA,
Maísa Faleiros da. Reconstituindo famílias escravas. Comunicação apresentada
no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de
setembro de 2006.
RODARTE, Mario Marcos Sampaio. Arranjos domiciliares, urbanização e desenvolvimento econômico: um ensaio de tipologia domiciliar com as Listas Nominativas de Minas Gerais, na década de 1830. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
GODOY, Marcelo Magalhães. Nota sobre ciclo de vida e desenvolvimento econômico: o caso das atividades agroaçucareiras da província de Minas Gerais. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
BOTELHO, Tarcísio Rodrigues & LEEUWEN, Marco H. D. van & MAAS, Ineke & MILES, Andrew. HISCO (Historical International Standard Classification of Occupation): construindo uma codificação de ocupações para o passado brasileiro. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
VALENTIN, Agnaldo. Entre o chuço e o remo: agricultores e caiçaras no Vale do Ribeira (1800-1880). Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
FRANCO NETTO, Fernando. População em área de fronteira - Guarapuava Século XIX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
OLIVEIRA,
Lelio Luiz de. A população do nordeste paulista e a chegada da cafeicultura
(1890-1920). Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos
Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
TEIXEIRA, Heloísa Maria. A criança no processo de transição do sistema de trabalho - Brasil, segunda metade do século XIX. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006. Disponível em:
NADALIN, Sergio Odilon. A respeito de uma Demografia Histórica de contatos culturais. Comunicação apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu (MG), 18 a 22 de setembro de 2006.
BACELLAR,
Carlos de Almeida Prado & SCOTT, Ana Silvia Volpi & BASSANEZI , Maria
Silvia C. Beozzo. Quarenta anos de Demografia Histórica. Comunicação
apresentada no XV Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu
(MG), 18 a 22 de setembro de 2006. Publicada:
Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, ABEP, vol. 22,
n. 2, jul./dez. 2005, p. 339-350.
ANDRADE,
Leandro Braga de. Senhor ou camponês? Economia e estratificação social em
Minas Gerais no século XIX. Mariana: 1820-1850. Belo Horizonte, Faculdade
de Filosofia e Ciências Humanas - UFMG, Dissertação de Mestrado, 2007, 207
p., mimeografado.
RESUMO. A abordagem da propriedade e do trabalho na economia de Minas Gerais no
século XIX é o principal esforço empreendido pelo autor. O novo perfil da
economia mineira, no qual predominaram as atividades agropecuárias, manteve a
estrutura escravista, porém também mostrou formas de organização do trabalho
calcadas na mão-de-obra livre. O trabalho camponês é a principal delas e, por
isso, está no centro da discussão deste estudo. As unidade produtivas que
utilizavam majoritariamente o trabalho livre ou um pequeno número de escravos
se assemelhavam em suas características econômicas, demográficas e
produtivas. Por outro lado, a presente pesquisa, que teve como foco espacial o
termo da cidade de Mariana, mostrou uma significativa capacidade de acumulação
da elite escravista local, composta por fazendeiros, como na Freguesia de
Furquim, e de grandes comerciantes, como no núcleo sede do termo.
Para ler a versão integral
.
CENTRO
DE DOCUMENTACIÓN HISTORICA DEL RIO DE LA PLATA- RIVERA- URUGUAY
3er.
Encuentro Regional de Historia y Ciencias Sociales
Para conhecer o programa deste 3o. Encontro, por favor, .
TRABALHOS PARA OS QUAIS AINDA NÃO DISPOMOS DE RESUMOS
ALMEIDA,
Ana Maria de Araújo. Vivências mestiças no Brasil do final do século XIX.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
ALMEIDA,
Paulo Roberto de. Alforrias nas Minas Oitocentistas - Algumas Reflexões
Preliminares: Ouro Preto 1850. Comunicação apresentada no XVI Encontro
Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
ARAÚJO,
João Eurípedes de. Cartas de Alforria na cidade de Uberaba. Comunicação
apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte,
20 a 25 de julho de 2008.
ALVES,
Romilda Oliveira. Fronteira em movimento: ocupação, povoamento e economia da
zona Leste da Mata Mineira, nos séculos XVIII e XIX. Comunicação apresentada
no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de
julho de 2008.
BARROS,
Tânia Tôrres de. Identidade e Cotidiano dos Mestiços em Minas (1750-1800).
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
CALDEIRA,
Newman di Carlo. Entre a diplomacia e a escravidão: as fugas internacionais de
escravos no relacionamento do Império do Brasil com a República da Bolívia
(1832-1870). Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da
ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
CERCEAU
NETTO, Rangel. Contra tudo e contra todos: a opção do Concubinato em Minas
Gerais colonial. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História
da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
CORRÊA,
Randolpho Radsack. Criminalidade e Escravidão na Região de Carangola-MG:
segunda metade do século XIX. Comunicação apresentada no XVI Encontro
Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
COSTA,
Carlos Eduardo C. da. Campesinato Negro no pós-abolição: história, memória
e os Registros Civis - Vale do Paraíba e Baixada Fluminense (1888-1940).
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
DIAS,
Gedey Aparecida Galvão Pimenta & Praxedes, Vanda Lucia. Recontando a
história: histórias e trajetórias de negros e negras forras em Minas Gerais
no século XIX através das cartas de alforria. Comunicação apresentada no XVI
Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
FERREIRA,
Luciana Viana. Tratamento dado aos expostos de Vila Rica no século XIX.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
FRANCO,
Renato. Pobreza e assistência aos expostos em Vila Rica. Comunicação
apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte,
20 a 25 de julho de 2008.
FREITAS
E SOUZA Rafael de. Os contratos de aluguel de escravos da Anglo-Brazilian Gold
Mining Company, Limited (Passagem de Mariana). Comunicação apresentada no XVI
Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
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Talitha Maria Brandão. A infância órfã do século XIX em São João del Rei
MG: o caso de Lavínia Pereira. Comunicação apresentada no XVI Encontro
Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
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20 a 25 de julho de 2008.
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Lívia Gabriele de. Diamantina e suas alforrias: crise geral dos diamantes -
1870. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da
ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
OLIVEIRA,
Luís Eduardo de. Uma cidade construída por cativos: o trabalho escravo no
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Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de
2008.
PAIVA,
Adriano Toledo. "O anseio por bom tratamento e honra": índios, negros
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apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte,
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2008.
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XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho
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Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
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estudo comparativo sobre a reorganização do mercado de trabalho em Minas
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pumbeiros e outros traficantes, portugueses, ciganos e outros gajos.
Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG.
Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.
VASCONCELLOS, Márcia Cristina Roma de. Famílias entre escravos no litoral sul-fluminense, século XIX. Comunicação apresentada no XVI Encontro Regional de História da ANPUH-MG. Belo Horizonte, 20 a 25 de julho de 2008.