O verdadeiro sentido do Natal (natal.doc)

O verdadeiro sentido do Natal (natal.doc)

O verdadeiro sentido do Natal

Uma mulher arrumando a sala para a festa de Natal. Ouve-se uma voz de fundo.

NARRADOR: Tudo corria bem. A família inteira tinha confirmado presença...bem, quase toda. A tia Guilhermina havia dito que não poderia ir à festa devido às dificuldades que a idade lhe causavam. Coitada...Bem, a sua falta não mudaria em nada o clima festivo que reinava. O clima do espírito de natal. Estava quase tudo pronto para a festa. O pernil, o peru, o chester, o lombo, o suficiente para agradar e satisfazer a todos. Na verdade, deve até sobrar um bocado de comida. Mas nós, como uma tradicional família cristã, sempre tivemos o costume de não economizar para a festa de natal. Afinal, comemoramos o nascimento de Cristo. Os homens se responsabilizaram pelo vinho. Isto é muito importante. Mas eles saberiam escolher o melhor.

Ouve-se a campainha.

ESPOSA: A campainha...Deve ser o meu marido trazendo os últimos ingredientes para a festa.

A mulher abre a porta.

ESPOSA: Olá, querido. Conseguiu tudo o que eu te pedi?

MARIDO: Sim, está tudo aqui. Agora estamos prontos para recebê-los. Esta festa vai entrar na história da nossa família. Até hoje todos comentam a festa que tivemos na casa do seu irmão. Mas depois desta festa eles vão mudar de opinião.

ESPOSA: É, nós vamos arrasar! Bom, acho que não falta mais nada. Ah...Você preparou uma palavrinha para o culto em família?

MARIDO: Ai...Ainda essa. Bem, eu acho que podemos cantar alguns hinos, ler o texto que fala sobre o nascimento de Jesus e depois, como chefe da família, eu farei uma oração.

ESPOSA: É...está bem. Afinal, não podemos esquecer a razão de toda esta festança.

MARIDO: Claro que não. Eu vou tomar meu banho que já está quase na hora.

A mulher continua arrumando a casa. Depois de algum tempo ouve-se a campainha.

ESPOSA: Quem será agora? Nossa, já está na hora dos convidados chegarem.

A mulher abre a porta.

ESPOSA: Olá, sejam bem vindos. Que bom que vocês vieram. Fiquem à vontade. Estamos quase prontos.

Os convidados entram e se sentam.

ESPOSA: Querido, você está pronto? Já estão todos aqui.

MARIDO: Sim, já estou indo.

Entra o homem, arrumado para a festa.

MARIDO: Boa noite. Sejam bem vindos ao nosso humilde lar. Sintam-se à vontade. Alguém quer beber alguma coisa?

A mulher dá um cutucão no marido.

MARIDO: Oh, é mesmo. Antes de começar nós vamos ter o nosso culto em família. Vamos relembrar a razão de festejarmos o natal. Vamos cantar um hino?

TODOS: Noite feliz, noite de paz...

As vozes vão sumindo. Se aproxima um mendigo e se coloca a ouvir o que eles cantam.

MARIDO: Vamos ler agora o que a bíblia nos conta sobre o nascimento de Jesus.

Ele começa a ler e a voz vai sumindo. O mendigo continua ouvindo.

MARIDO: Vamos orar agora. Senhor Jesus, nesta data tão importante, onde comemoramos o Seu nascimento, queremos agradecer de maneira especial porque o senhor veio ao mundo para nos salvar, e para salvar a todos os homens. O senhor veio de modo humilde, disposto a ajudar a todas as pessoas, sem exceção. Que nós também possamos seguir este exemplo e estender o Seu amor a todas as pessoas. Amém. Bem, vamos à festa então.

Neste momento ouve-se a campainha.

MARIDO: Quem será a esta hora?

O homem abre a porta.

MARIDO: Pois não?

MENDIGO: Boa noite. Eu não quero atrapalhar, mas é que eu estava passando e ouvi o que vocês cantavam e falavam. Então eu pensei que talvez vocês poderiam me ajudar. Eu não sou um vagabundo por profissão. Aliás, gostaria muito de poder estar trabalhando agora. Eu trabalhei a vida inteira em construção civil, mas de dois anos e meio para cá eu não consegui mais nenhum emprego. Deve ser por causa da minha idade. Bem, de qualquer forma, eu estava indo visitar a minha filha no orfanato, pois eu perdi a guarda dela. Talvez seja melhor assim. E eu prometi a ela que levaria alguma coisa bem gostosa para ela comer. Ela tem muita saudade da comida que a mão dela fazia para ela. Pena que ela nos deixou há quatro anos. Eu estou há três dias sem comer, mas nem por isto eu estou me lamentando e reclamando da vida. Eu não pediria nada se não fosse pela minha filha. Será que vocês não teriam nada que eu pudesse levar para ela?

MARIDO: Olha, nós ainda vamos começar a festejar o natal. Não temos nada de...você sabe. Nenhuma sobra. Lamento não podermos ajudar hoje.

O mendigo abaixa a cabeça e se vira para ir embora.

MENDIGO: Ah, então não era verdade...

MARIDO: O que não era verdade?

MENDIGO: Aquilo que o senhor pediu a Jesus, sobre seguir o seu exemplo e estender o seu amor.

MARIDO: Claro que é verdade. Eu ajudo as pessoas, sabia? Sempre que eu posso. Mas hoje é natal, dia de ficar em família, comemorando o nascimento de Jesus.

MENDIGO: É, mas o senhor disse que Jesus veio de forma humilde, disposto a ajudar todas as pessoas, sem exceção.

MARIDO: Olha, hoje não dá, tá? Volta outro dia que nós podemos até te ajudar.

MENDIGO: Tudo bem. Obrigado pela sua atenção.

O homem fecha a porta e volta para a festa.

ESPOSA: Quem era?

MARIDO: Era só um mendigo, que ouviu a nossa música e a nossa conversa e achou que podia se aproveitar da situação.

TIA: Mas será possível que nem no natal eles nos deixam em paz?

ESPOSA: Bem, vamos jantar.

SOBRINHA: Sabem, nós oramos dizendo que queríamos seguir o exemplo de Jesus. E se Jesus mandou este homem só para nos testar?

CUNHADA: Ora, que absurdo. Bem no dia de natal?

SOBRINHA: Justamente no dia de natal! Jesus veio ao mundo de forma humilde, e, como se não bastasse, Ele veio para morrer por nós. Ele abriu mão de Sua glória para morrer por pecadores.

MARIDO: Olha, eu falei para ele voltar um outro dia. Quem sabe podemos ajudá-lo então...

SOBRINHA: Pobre homem...Ele apenas acreditou no que ouviu...

A sobrinha caminha em direção á janela e vê alguém caído no chão.

SOBRINHA: Ei, tem alguém caído aqui em frente à casa!

MARIDO: Como?! Alguém caído? Nossa, é aquele homem com quem eu acabei de conversar. Será que devemos abrir a porta e ajudar? Podemos apenas chamar a polícia. Ele pode até ser um ladrão!

SOBRINHA: Se vocês vão ajudar eu não sei, mas eu vou.

A sobrinha sai em direção ao homem. Dois homens a acompanham.

SOBRINHA: Vamos levá-lo para o quarto.

ESPOSA: Para o quarto? Mas ele está sujo...

SOBRINHA: Sim, para o quarto. E ele precisa de comida.

ESPOSA: Comida?! Assim também já é demais. Eu preparei todos os pratos com todo o capricho e agora vocês querem servir um...um...

MARIDO: Ele me disse que está há três dias sem comer.

ESPOSA: Está bem. Mas depois não reclamem do aspecto dos pratos.

TIA: Será que ele está morto?

SOBRINHA: Não, ainda não. Mas ele está muito fraco. Podem deixar que agora eu cuido dele. Logo eu vou ficar com vocês.

Todos saem. A sobrinha fica com o mendigo.

MENDIGO: Por que você está fazendo isso?

A sobrinha se assusta.

SOBRINHA: Hein? Ah, você acordou? Bem, eu estou apenas fazendo o que eu acho que é certo.

MENDIGO: Eu achei que era só por causa daquilo eu vocês pediram a Jesus...Sobre estender Seu amor.

SOBRINHA: Sim, é claro. Todos nós queremos fazer isto. É que...bem, não estamos acostumados a ter que ajudar alguém no dia de natal. É sempre uma festa em família.

MENDIGO: Falando em família, preciso ir ver a minha filha.

O mendigo tenta levantar mas cai novamente de fraqueza.

SOBRINHA: Não, você está muito fraco ainda. Não pode se levantar.

MENDIGO: Mas minha filha está me esperando. Apesar de eu não poder levar nada gostoso para ela comer, eu tenho que ir...

SOBRINHA: Não, deixe que eu vá. Eu vou levar alguma coisa bem gostosa e dizer a ela o quanto você gostaria de estar lá. E quando o senhor puder, irá vê-la pessoalmente.

MENDIGO: Você faria isso por mim?

SOBRINHA: Sim. Agora descanse.

A sobrinha aparece conversando com a família.

SOBRINHA: Eu vou ter que sair por uns momentos. Vou pegar alguma coisa bem gostosa e levar para a filha do nosso hóspede.

TIA: O que?

SOBRINHA: Isto mesmo. E se um pouco de comida fizer falta, podem pegar a minha parte.

CUNHADA: Mas...

A sobrinha sai.

TIA: Nossa, o que deu nesta menina?

CUNHADA: Ela não costuma agir assim.

ESPOSA: Ora, ela só vai sair por uns instantes. Nós vamos começar um pouco mais tarde, mas ainda assim teremos a nossa festa. Não é querido?

MARIDO: É...Quer dizer, depende do que estivermos festejando.

ESPOSA: Como assim? Estamos festejando o nascimento de Jesus.

MARIDO: Sim, nesta época lembramos de maneira especial que Jesus veio ao mundo em forma de homem.

CUNHADA: É isso aí.

MARIDO: Mas se Jesus apenas tivesse nascido, de nada adiantaria.

TIA: Você quer dizer que o nascimento de Jesus não é importante?

MARIDO: Não, o que eu quero dizer é que a verdadeira razão de Jesus ter nascido como homem, é que Ele pudesse morrer como homem também. Ele tinha que morrer por nós. E este é o único meio pelo qual podemos chegar a Deus. Deus mostrou todo o Seu amor por nós ao nos mandar seu filho. Isto é natal. Jesus nasceu para morrer pelos nossos pecados.

ESPOSA: Sim, mas o que isto tem a ver com a nossa situação?

MARIDO: Bem, queremos seguir e exemplo de Cristo. Ele abriu mão de sua glória e sofreu a vergonha da cruz, para salvar pecadores, pessoas que não mereciam Sua ajuda. Pessoas como nós.

CUNHADA: Eu entendo o que você quer dizer. De nada adianta festejarmos o natal, comemorarmos o nascimento de Jesus, se não lembrarmos que Ele nasceu neste mundo apenas para poder morrer por nós. Se isto não nos levar a mostrarmos a cruz de Cristo às pessoas que tanto precisam de nossa ajuda.

TIA: Sim, e mostrar a cruz de Cristo significa carregarmos a nossa própria cruz, abrir mão de nossa vida, para que as pessoas possam chegar até Jesus através de nós.

Neste momento o mendigo entra na sala e é recebido pelas pessoas.

MENDIGO: Eu lamento ter estragado a vossa festa. Mas eu gostaria de dizer a vocês que agora eu sei o que significa o natal. Antes eu apenas tinha ouvido falar desta festa e do verdadeiro espírito de natal. Mas hoje, graças a vocês, eu sei o que é natal.

MARIDO: Sabe, até hoje nós sempre festejamos o natal como sendo o nascimento de Jesus. Sempre tivemos boas intenções. Mas hoje nós pudemos ver a grandeza do fato de Jesus ter vindo ao mundo como uma criança humana. Hoje vemos o que Jesus espera de nós.

Neste momento entra a sobrinha. O homem vai ao encontro dela e lhe dá um abraço.

MARIDO: Feliz Natal. E obrigado pela sua atenção com o nosso hóspede. Você nos ajudou muito.

ESPOSA: Sim, de verdade. Vamos agora à nossa ceia? Eu pego mais um prato. Tem comida para todo mundo.

SOBRINHA: Não estou entendendo nada, mas fico muito feliz com o que estou vendo. Este é o melhor natal da minha vida.