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"Srs. membros da Câmara Municipal e do Governo Administrativo do Município, meus Srs.:
Em primeiro lugar, devo agradecer a presença tão honrosa de todos os que acorreram a cumprimentar-me, perdoe-me a preferência,
e também a minha filha e seu noivo, agora marido, meu amigo Paulo, a quem dedico grande admiração.
Em segundo lugar, mas não naquela ordem preferencial dada à humana gente, mas aquela outra, a contrária, aquela ensinada
pelo evangelho que diz: 'os últimos serão os primeiros'. A respeito da outra colocação, privilegiada, essencial, particularíssima,
é que em nome de meu pai eu devo agradecer tão eloqüente homenagem. Aliás, proporcional e não ferindo a sensibilidade de ninguém, diria ainda,
desproporcional porquanto valor em humanismo integral que caracteriza o homem homenageado, é desproporcionalmente maior do que o seu valor de homem comerciante e homem industrialista.
Parece incrível, não é o valor de Ernesto Morsch, comerciante e industrialista, que deve ser revelado, é aquele outro que ele escondeu com a mania de não
dizer o que é. Esta característica psíquica é um sunto que (...) a sua psicologia até os dias atuais e fez com que ele se escondesse dentro de si próprio
e não fosse entendido por muitos. Eu o entendi. Outros também o fizeram, mas é difícil entender-se assim, quando alguém se esconde. É preciso estar-se
perto deste alguém, e tão perto que ele não possa bem penetrar no esconderijo que ele criou. Assim, o homem com o humanismo integral, da personalidade de quem, hoje, agora,
neste momento é homenageado, é bem difícil. Ele fez da ordem dos fatores econômicos, degrau para revelar não a si próprio, mas o coração dos
outros. Isto é bem difícil. Então, revelou mais a seus filhos que a si próprio. Alguém, inteligentemente, analisou-o e em sua personalidade pode por o dedo de
Cristo na ferida de um dos apóstolos. Mostrou bem a característica da sensibilidade e percebeu aquilo que a maioria ignora. O maior valor de Ernesto Morsch não é o do comerciante.
O maior valor de Ernesto Morsch não é do homem que venceu os seus sonhos e foi à campina, a cavalo. Não é do homem que saiu daqui a cavalo e foi à
estação do Bexiga e lá embarcou no trem, e depois no vapor e foi estudar. O maior valor do homem não é o de até agora trabalhar. O maior valor do homem não é
o de até hoje ter a benção dos 88, coisa que nós ignoraremos. O maior valor do homem não é aquele que a sociedade aqui quer (...). O maior valor do homem
não é aquilo que todos pensam perceber, é aquilo que eles não perceberam. É o homem integral, de quem transformou todo o valor econômico e financeiro em função
humana que é muito difícil, por que a auto-admiração e gosto do dinheiro criam uma vaidade que é obstáculo real a que alguém queira integralizar-se a si próprio
e foi privilégio de Ernesto Morsch... Muito Obrigado.
Palavras proferidas por Frederico Guilherme da Rocha Morsch, na homenagem prestada ao casal Ernesto e Lucinda Morsch pela passagem de suas Bodas de Diamante, realizada no dia 29 de Janeiro de 1966, nos salões
de festas do Turis Hotel, em Passo Fundo. |