ERNESTO MORSCH


          Ernesto Morsch nasceu em 5 de agosto de 1877, na cidade de Passo Fundo, Rio Grande do Sul, onde, posteriormente, tornou-se comerciante de madeiras. Casou-se com Lucinda D'Oliveira Rocha, nascida em 3 de fevereiro de 1883, na cidade de Passo Fundo. Juntos tiveram 12 filhos: Ana Leopoldina, Alberto, Otília, Hélio, Maria, Diogo, Arthur, Julieta, Sueli, Frederico Guilherme, Carlos e Nei. Recebeu o título de Comendador, outorgado pelo Papa Pio XXII. Faleceu em 9 de janeiro de 1968 em Porto Alegre.



     "Srs. membros da Câmara Municipal e do Governo Administrativo do Município, meus Srs.:
     Em primeiro lugar, devo agradecer a presença tão honrosa de todos os que acorreram a cumprimentar-me, perdoe-me a preferência, e também a minha filha e seu noivo, agora marido, meu amigo Paulo, a quem dedico grande admiração. Em segundo lugar, mas não naquela ordem preferencial dada à humana gente, mas aquela outra, a contrária, aquela ensinada pelo evangelho que diz: 'os últimos serão os primeiros'. A respeito da outra colocação, privilegiada, essencial, particularíssima, é que em nome de meu pai eu devo agradecer tão eloqüente homenagem. Aliás, proporcional e não ferindo a sensibilidade de ninguém, diria ainda, desproporcional porquanto valor em humanismo integral que caracteriza o homem homenageado, é desproporcionalmente maior do que o seu valor de homem comerciante e homem industrialista. Parece incrível, não é o valor de Ernesto Morsch, comerciante e industrialista, que deve ser revelado, é aquele outro que ele escondeu com a mania de não dizer o que é. Esta característica psíquica é um sunto que (...) a sua psicologia até os dias atuais e fez com que ele se escondesse dentro de si próprio e não fosse entendido por muitos. Eu o entendi. Outros também o fizeram, mas é difícil entender-se assim, quando alguém se esconde. É preciso estar-se perto deste alguém, e tão perto que ele não possa bem penetrar no esconderijo que ele criou. Assim, o homem com o humanismo integral, da personalidade de quem, hoje, agora, neste momento é homenageado, é bem difícil. Ele fez da ordem dos fatores econômicos, degrau para revelar não a si próprio, mas o coração dos outros. Isto é bem difícil. Então, revelou mais a seus filhos que a si próprio. Alguém, inteligentemente, analisou-o e em sua personalidade pode por o dedo de Cristo na ferida de um dos apóstolos. Mostrou bem a característica da sensibilidade e percebeu aquilo que a maioria ignora. O maior valor de Ernesto Morsch não é o do comerciante. O maior valor de Ernesto Morsch não é do homem que venceu os seus sonhos e foi à campina, a cavalo. Não é do homem que saiu daqui a cavalo e foi à estação do Bexiga e lá embarcou no trem, e depois no vapor e foi estudar. O maior valor do homem não é o de até agora trabalhar. O maior valor do homem não é o de até hoje ter a benção dos 88, coisa que nós ignoraremos. O maior valor do homem não é aquele que a sociedade aqui quer (...). O maior valor do homem não é aquilo que todos pensam perceber, é aquilo que eles não perceberam. É o homem integral, de quem transformou todo o valor econômico e financeiro em função humana que é muito difícil, por que a auto-admiração e gosto do dinheiro criam uma vaidade que é obstáculo real a que alguém queira integralizar-se a si próprio e foi privilégio de Ernesto Morsch... Muito Obrigado.

Palavras proferidas por Frederico Guilherme da Rocha Morsch, na homenagem prestada ao casal Ernesto e Lucinda Morsch pela passagem de suas Bodas de Diamante, realizada no dia 29 de Janeiro de 1966, nos salões de festas do Turis Hotel, em Passo Fundo.