Protesto Terràvista: ponto de situação (7/8/98)

Caros amigos(as):

Eis as novidades:

 Hoje, 6ª feira, foi criada oficialmente a Associação Terràvista,
 para assumir a gestão do serviço Terràvista, que deixa de estar
 sob a tutela do Senhor Ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho.

 Esta Associação é constituída por pessoas perfeitamente conscientes
 do que é o mundo online e é improvável que uma situação como a
 que o Ministro da Cultura desencadeou se venha a repetir no futuro.
 Daremos mais pormenores logo que estejam disponíveis.

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ENTÃO O PROTESTO ONLINE ACABOU?

 NÃO! Porque, o Senhor Ministro da Cultura: 

 1. Ignorou sistematicamente *toda e qualquer forma* de protesto
    apelando à reabertura do serviço.
      
    Vejamos. Tem recebido diariamente:

    - o abaixo-assinado digital de (neste momento) quase 400 subscritores
      espalhados pelo Mundo, 
    - cartas-abertas das proveniências mais diversas, argumentando pela
      reabertura do serviço
    - para além de dezenas de cartas e telefonemas.

    Todas as tentativas de contacto expressam, de uma forma ou de
    outra, a urgência da necessidade da reactivação do serviço,
    que é essencial, por exemplo, para milhares de portugueses
    a trabalhar ou a estudar no estrangeiro.

    Qual foi a resposta aos apelos e protestos? Nenhuma!
    O Terràvista foi reaberto? Não.

    Ao ignorar-nos, o senhor Ministro prova que, para ele, 26.000 pessoas
    são uma "minoria" inconsequente que se pode ignorar. Esquece-se que
    essa "minoria" usa a Internet no seu dia-a-dia, para trabalhar, para
    comunicar, para se divertir, e tem *exactamente* os mesmos direitos
    que o resto da população.

    Essa "minoria" inclui pessoas responsáveis e conscientes, que, gratuitamente,
    fizeram aquilo que nenhum Ministério da Cultura português fez até hoje:
    levar a cultura portuguesa a milhões de pessoas, até aos locais mais
    remotos do planeta, e permitir que essas pessoas comunicassem entre si.

 2. Cometeu o maior atentado contra a Internet lusófona desde
    que ela começou a desenvolver-se, e em que o Terràvista desempenhava
    um papel fundamental de interligação e de comunicação.

    Desde 29 de Julho, data de encerramento do serviço, que a teia de
    ligações da Internet para páginas alojadas no Terràvista foi sendo
    sistematicamente destruída quando os serviçoes de indexação (como
    o Altavista e HotBot) detectaram que as páginas estavam inacessíveis.

    A "desindexação" das páginas foi um processo progressivo, que poderia
    ter sido minimizado se o serviço tivesse sido reaberto rapidamente.
    O Ministro persistiu em manter o serviço encerrado, apesar de todos
    os alertas para o que estava a acontecer.

    O resultado? Perderam-se milhares de horas de trabalho de *indexação
    manual* das páginas da maioria destes 26.000 webmasters.

    (A acção judicial que a Fundação da Fronteira Electrónica poderá lançar
    contra o Ministério da Cultura baseia-se justamente nos danos causados
    aos 26.000 webmasters pela desindexação das suas páginas).

Um Ministro da Cultura que comete tal atentado contra a cultura portuguesa
e que desrespeita visivelmente o direito de 26.000 cidadãos ao acesso
a um serviço público online TEM QUE SER RESPONSABILIZADO!

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O QUE VAI ACONTECER AGORA?

 Este protesto vai prosseguir, mesmo após a reactivação do Terràvista, e mesmo
 existindo a nova Associação Terràvista.

 Já ganhámos uma batalha: o Terràvista saiu da tutela do Ministério da Cultura.
 Mas os danos causados pelo Senhor Ministro NÃO PODEM FICAR IMPUNES!

 (a prova de que estamos a vencer, são notícias como a da SIC, no Jornal da Noite de
 6ª feira e o nº de artigos que têm sido, e vão continuar a ser, publicados nos
 jornais portugueses - estes são os frutos do que andamos a semear) 

 Quanto ao movimento de protesto online, vamos prosseguir com a campanha 
 para a divulgação do protesto em sites e publicações internacionais.
 Tentaremos obter o apoio de alguns milhares de subscritores da comunidade
 online mundial, e chamar a atenção dos media internacionais.

 A acção do Senhor Ministro tem que ser fortemente criticada, a nível internacional,
 para IMPEDIRMOS que casos semelhantes voltem a suceder no nosso país.

 Mais uma vez vos digo, amigos(as): se se sentiram tão indignados(as) com o
 encerramento do Terràvista como eu, então A BATALHA AINDA NÃO ACABOU!
 Uns dias mais podem fazer a diferença!
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O QUE É PRECISO FAZER?

 Continuar com a divulgação dos press releases em inglês, especialmente
 para sites de notícias, agências noticiosas, e jornais/revista internacionais.

 Este protesto (e a campanha de divulgação internacional) irá encerrar no próximo
 dia 12 DE AGOSTO, 4ª feira, à meia-noite.
 
 Quanto a artigos publicados online sobre o protesto, enviem-nos os URLs, por
 favor, para serem adicionados à secção "Cronologia".


 A todos vós, os meus parabéns pelos EXCELENTES resultados que estamos a obter!
 Assim é que se constrói a Sociedade da Informação: lutando pelos nossos direitos
 no mundo online, da mesma forma como lutamos por eles no mundo real!

 Ainda tem energia para continuar?
 Se sim, agradeço-lhe já o esforço adicional.

 Se não, agradeço-lhe por tudo o que fez, mesmo que só tenha juntado o seu nome
 à lista de apoiantes. Isso foi essencial, acredite!
 
 Ricardo Silva
 Coordenador do protesto online pelo encerramento do Terràvista