AUTOR: LUCIANO A. LUZ

 

INTRODUÇÃO

O Porto de Brisbane é o terceiro maior porto da Austrália. Suas atividades são centralizadas no Fisherman Island, situada sobre 716 hectares de terra recuperada na boca do Rio Brisbane, servindo de passagem para os principais portos da Ásia, que entram e saem pelo sudeste de Queensland.

 

Um investimento superior a US$ 400 milhões em infraestrutura nos últimos 20 anos possibilitou a criação de um porto com modernos terminais de containers e estruturas que facilitam o transporte de mercadorias de grande quantidade como óleo, carvão, grãos, madeira, entre outros. O Fisherman Island apresenta hoje 6.510 metros de cais com 28 ancoradouros para os navios.

A matriz do porto, Port Office, localiza-se no Fisherman Island, e tem o objetivo de se tornar o porto preferido da Austrália.

 

 

Sua missão é: "Facilitar o desenvolvimento do comércio em um ambiente social e com responsabilidade, com o máximo retorno para os acionistas e a satisfação dos clientes: fornecendo facilidades e serviços de qualidade; e o emprego de pessoal altamente especializado."

 

HISTÓRIA E EVOLUÇÃO

Em 1824 Brisbane se tornou uma colônia penal, e somente a partir de 1842 se tornou um lugar livre, e foi quando a cidade cresceu ao redor do Rio Brisbane.

O primeiro produto negociado em Brisbane foi a madeira retirada das florestas locais de pinho e de cedro, com as primeiras negociações com a Europa. Outras mercadorias vieram depois, como o carvão, a lã, o algodão e o açúcar, vindos de Darling Dawns e das regiões costeiras.

A barra rasa do Rio Brisbane, com um trecho rochoso em Lytton (2,2 Km da boca do rio até rio acima), além de diversos bancos de areia rochosas, forçavam inicialmente os navios a ancorar em Moreton Bay para trocar a carga. Mas um programa que envie drenagem, explosões das rochas e a construção de barreiras nos lados norte e sul do rio, executado ao longo dos anos de 1800 até 1900, possibilitaram aos navios a navegarem 22,5 Km rio acima, atingindo cidades distantes pelo rio. Desde então, o porto moveu-se gradativamente rio abaixo até a boca do rio.

 

A primeira autoridade a administrar o Porto de Brisbane foi o Port of Brisbane Authority, formado em 1976 com o objetivo inicial de construir um novo porto em Fisherman Island, na boca do rio Brisbane. Em 1994, a Authority foi corporativado e é administrada até hoje pelo Government Owned Corporation Act 1994.

Esse ato afetou a gerência e operação do porto, mudando o foco de

um porto com uma administração de "senhorio" para um modelo

mais diversificado e moderno. Hoje, a corporação tem um ponto de

Fisherman Island vista mais comercial, com um foco principal nos serviços e nos

clientes, além de fazer alianças com clientes portuários, oferecer soluções inovadoras para reduzir custos e dar alternativas de logística, e se engajando a campanhas agressivas e arrojadas de marketing para atrair novos negócios e acordos favoráveis para o porto. A corporação é responsável pela gerência do porto e suas operações dentro dessa área.

 

O Porto de Brisbane é hoje a passagem para navios de carga que entram e saem da região leste/sul de Queensland. Suas operações se estendem geograficamente de Caloundra até o extremo sul de Moreton Island. Esses limites se estendiam até o norte de Russel Island, mas foi reduzido em dezembro de 1997 para permitir a corporação centralizar e controlar melhor seus negócios e atividades.

 

DESENVOLVIMENTO DE PROPRIEDADE

A Corporação controla 1.780 hectares de terra, no qual 27% é ocupado e 5% é reservado para fins ambientais ou da comunidade. Ele se situa dentro do Gateway Ports Área, numa área aproximada de 8.000 hectares, contendo porto e aeroporto, além dos principais centros de distribuição e logística de transporte, petróleo, produtos químicos manufaturados e áreas em construção.

Em março de 1999 a Corporação iniciou uma estratégia de marketing de desenvolvimento da terra, que visa fornecer um ambiente altamente benéfico para os negócios realizados dentro do porto. Isso coincidiu com a liberação dos dois primeiros trechos de terra arrendados: Port of Biseness Park e o Eagle Farm Estate. Ambas ligadas as redes de estradas, trilhos e aeroporto.

Bisiness Park: localizado no lado oriental do Fisherman Islands, compreende 30 hectares da terra comercial principal, sendo que 1 hec. Dos 10 hec. De lotes estão disponíveis para a matriz da corporação, escritórios comerciais, propriedades industriais, armazenamento, serviços e saídas de varejo. (fig. 1)

Eagle Farm: estes 26 hectares de propriedade compreende 1,1 hec. dos 8,8 hec. de lotes para acomodar matrizes da corporação, escritórios comerciais, armazenamento industrial e vazão de serviços. Bem situada, com acesso ao aeroporto de Brisbane, à estrada principal de Gataway e ao distrito central de negócios. As facilidades são projetadas e construídas para atender as necessidades individuais dos clientes. (Fig. 2)

 

 

 

 

 

 

Fig. 1: Business Park

Fig. 2: Eagle Farm

O desenvolvimento desses locais é parte do compromisso da Corporação para fornecer soluções de logísticas e para estabelecer alianças de negócios que promovam ativamente o comércio, melhorando o desenvolvimento portuário e desenvolvendo uma aproximação com os setores públicos e privados. Isso atrairá uma escala maior de investimentos, principalmente das indústrias chave de importação e exportação, além de centros locais de transporte e distribuição.

COLABORADOR PORTUÁRIO

O Porto de Brisbane é líder de movimentação na Austrália para expandir suas relações comerciais com a Ásia e o Pacífico, e age como principal catalisador de desenvolvimento econômico de Brisbane, leste/sul de Queensland e do Estado.

O desenvolvimento local do porto é o agente principal para a realização da visão da Corporação, que vê esse desenvolvimento como meio para:

Recursos locais, planejadores da cidade, cientistas e coordenadores ambientais são parte da equipe de funcionários do Porto de Brisbane. Vários dos planos de planejamento foram preparados após consultas com a comunidade local para guiar seu desenvolvimento.

PRINCIPAIS MERCADORIAS

Cimento: a produção projetada de cimento em Brisbane entre 1999/2000 será de aproximadamente 1,2 milhões de toneladas. Produzidas pelas empresas QCL Ltd e Sunstate Cement Ltd, que abastecem o mercado leste/sul de Queensland, norte de NSW, e a região cetro-oeste de Queensland. As importações de matéria prima para a produção do cimento depende, em sua maioria, do desenvolvimento da infraestrutura e das exigências locais. Em um sentido nacional , essas facilidades são modernas, utilizando tecnologia atual com capacidade para produzir 2,4 milhões de toneladas de pó de cimento anualmente.

Carvão: o carvão térmico é retirado de quatro minas abertas próximo ao corte no Ipswich, no Moreton ocidental e nas áreas de Suart Basian, e transportado com facilidade pelos trilhos para Queensland Bulk Handing até o porto. Em 1998/99, um total de 2,25 milhões de toneladas de carvão foi exportada, principalmente para o Japão. Outros destinos de exportação incluem o Chile, as Filipinas e os EUA. Atualmente o carvão compreende 10% do comércio total do porto.

Algodão: esse é um dos principais comércios do Porto de Brisbane. Regiões com significativo crescimento presta serviços de manutenção, representando 50% do total de exportação de algodão da Austrália. A Port Brisbane Corporation, vem trabalhando com as indústrias participantes, para identificar as necessidades para o armazenamento nas localidades próxima ao cais e ao trilho. Conseqüentemente, Brisbane tem agora a capacidade de armazenar as 130.000 balas adicionais de algodão que aliviarão a demanda de armazenamento a curto e longo prazo. Também a semente de algodão é comercializada pelo porto.

Fertilizantes/Químicos: o Porto de Brisbane presta serviços de manutenção e suporte a agricultura e setores menores do interior, abastecendo tradicionais indústrias químicas. O algodão, o grão, os cereais, a carne, a carne de porco, e as lãs são algumas das empresas rurais que negociam fertilizantes e produtos químicos através do porto.

Grão: a proximidade de Brisbane com as regiões tradicionais produtoras de grão permitiu o desenvolvimento de facilidades capazes de assegurar exportações de até 11 milhões de toneladas de grão por ano. Em 1998/99 representou 4,7% do comércio total do porto.

Hortocultura: os exportadores de Queensland e New South Wales são hábeis em explorar os mercados da Ásia e Nova Zelândia devido a sua proximidade ao Porto de Brisbane. Esta proximidade fornece vantagem competitiva aos navios para vário produtos, incluindo citrino, batatas, tomates e feijões.

Manufaturados: várias indústrias utilizam o Porto de Brisbane para importar e exportar diversos produtos. Válvulas de água, refrigeradores, componentes de ferro, alimentos processados, explosivos, são exemplos dos muitos produtos manufaturados que vem sendo exportados para Ásia, Nova Zelândia, Europa e EUA.

Outros Produtos: carne, minerais de areia, veículos de motor, petróleo, produtos de varejo (papel, comidas e frutas processadas, equipamento agrícola, etc).

PRINCIPAIS SERVIÇOS

Consolidação de Carga : o porto é especialista em atrair serviços de consolidação de carga para Brisbane. Os containers podem ser entregues nos distritos ocidentais de Sydney em 24 horas após atracar no cais. Os projetos de carga também podem ser consolidados e desconsolidados no próprio porto.

Facilidades e Parceiros de Negócios: The Port of Brisbane Corporation tem como alvo desenvolver fortes parcerias, bem sucedidas não apenas com seus clientes mas também outros usuários do porto. Facilidades oferecidas:

Oportunidades de comum de mercado;

Cargas combinadas com serviços de transporte;

Terra, facilidades e finanças no mesmo lugar para desenvolvimentos de novos comércios;

Redes de contatos e encaminhamento de oportunidades para novos negócios;

Gerência de projeto portuário, do conceito à construção;

Aprovações aerodinâmicas de desenvolvimento.

Orientações em questões ambientais e de planejamento;

Melhorar os sistemas existentes de infraestrutura e de logística;

Informações atualizadas sobre mercados e comércios;

Sustentação de comércio e de desenvolvimento de negócio.

DESEMPENHO DAS OPERAÇÕES CHAVE

Para conhecermos a missão do Port Brisbane Corporation " para ser o porto Australiano preferido ", a Corporação e outros fornecedores de serviço do porto devem fornecer os meios mais eficientes e eficazes para o movimento dos bens. Isto requer a medida do desempenho dos indicadores chave, da identificação e do reajuste das fraquezas, e de um compromisso com a melhoria contínuo. A Corporação e os fornecedores de serviços portuário estão trabalhando juntos ativamente para conseguir atingir esta meta.

Além disso tem também um subconjunto de indicadores chaves de desempenho usados pela Corporação para monitorar a produtividade dos serviços portuário e sua confiabilidade.

ESTATÍSTICAS

Principais Mercados (Export.): Japão, EUA, Coréia do Sul, Papua Nova Guiné, Hong Kong, Indonésia e Singapura;

Movimentação (1998/99): 2.191 movimentos de navios pelo porto;

Tonelagem Total Comercializada (1998/99): total de 20.745.590 toneladas/ano;

Exportações: responsável por 50% do total das exportações Australiana de carne e algodão;

Importações: responsável 30% do total das importações de carro da costa leste;

Valor de Carga Movimentado (1998/99): $12,8 bilhões.

 

Evolução Comercial do Porto de Brisbane (Ton.)

1974/75 - 1998/99

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FACILIDADES DO PORTO

 

FACILIDADES DO PORTO

O Porto de Brisbane conta com 6.510m de cais com 28 ancoradouros.

Acomodamento de Cargas

7x Terminais de Containers

6x Petróleo (bruto & refinado)

1x Grão/Woodships

1x Grão/Carga Seca/Cargas Gerais

7x Cargas Gerais

1x Clinker

1x Carvão/Clinker

2x Químicos/Fertilizantes

1x Açúcar

1x Unidade de Carga

 

 

Empresas de Navegação

(Américas Central e do Sul)

BHP/IMTL COLUMBUS LINE

MAERSK SEALAND MITSUE OSK LINE

CHO YANG LINE EVERGREEN MARINE CORP

MEDITERRANIAN SHIPPING COMPANY P&O NEDLLOYD LINES

 

EXPANSÃO PORTUÁRIA FUTURA

A Corporação ordenou um Estudo de Avaliação de Impacto na viabilidade de expandir as facilidades do Fisherman Island com a recuperação de 270 hectares adicionais. Esta expansão é considerada essencial para o porto continuar a servir Brisbane e toda sua região vizinha no futuro, e para tornar-se o principal porto australiano próximo século.

AUTOR: LUCIANO ATANÁSIO LUZ

 

 

PORTO DE SANTOS X PORT OF BRISBANE

Uma das principais diferenças entre o Porto de Santos e o Porto de Brisbane sem dúvida é a maneira como cada um deles se integra com o ambiente e a comunidade que vivem próximas aos porto.

O Porto de Santos hoje tem uma série de projetos que visam a já tardia melhoria de seus serviços, a modernização do porto e projetos que favorecem também a comunidade a sua volta. Em contrapartida, o Porto de Brisbane iniciou a mais de 20 anos um esse processo de modernização, onde tem como objetivo a modernização de suas instalações, mantendo o ambiente agradável e sobretudo com respeito a comunidade local.

Um bom exemplo é que o Porto de Santos se localiza entre duas cidades: Santos e Guarujá. Do lado de Santos, sobretudo em seus trechos mais antigos, não há qualquer segregação, física, viária ou de outra natureza entre a comunidade e o porto. Na outra margem, núcleos habitacionais desorganizados implantados em terras baixas, sem infraestrutura de saneamento básico encontram-se muito próximos. O sistema de esgoto sanitário e de coleta e disposição final de resíduos exige investimentos que resultem na melhoria significativa do nível atual de saneamento básico. Isso causa transtornos a comunidade local e até mesmo prejuízo, já que ambas são cidades turísticas e necessitam de uma boa condição para receber os turistas. Obviamente isso é um problema também de como as cidades cresceram sem nenhum planejamento. No Porto de Brisbane há freqüentes projetos que envolvem a comunidade local que expressão sua opinião a respeito de projetos desenvolvidos pelas autoridades portuárias, tendo instalações projetadas para não trazer nenhum tipo de inconveniente para a comunidade local.

Outro exemplo a ser citado é que nem todos os sítios da área do Porto Organizado de Santos estão disponíveis para uso em atividades portuárias, tanto pela ocupação indevida por terceiros (sobretudo na margem esquerda), quanto pelos solos que requerem tratamento ou recuperação. Em Brisbane há projetos que visam atingir a meta do porto (ser o preferido da Austrália) através de um projeto estratégico que envolve a recuperação e ampliação do porto através do desenvolvimento da terra. Porém esse projeto que o Porto de Santos quer iniciar agora já vem sendo posto em prática desde 1994 pela autoridade portuária australiana (Port of Brisbane Authority). O Porto de Santos tem um projeto, hoje em dia, que prevê a plena disponibilização das áreas ainda não empregadas em atividades portuárias, como meio de viabilizar a implantação de projetos com potencial técnico e econômico viáveis.

Ainda existem problemas de estruturas, como um navio que naufragou em 1974(Ais Giorgios) e que te até hoje sua carcaça em frente a um dos armazéns de Santos (17), e que só agora começou o trabalho de retirada; ou o projeto de derrocamento de formações rochosas que atrapalham a atracação dos navios, coisa que o Porto de Brisbane fez nos anos entre 1800 e 1900.

Obviamente que esses não são problemas exclusivos do porto de Santos e sim um problema brasileiro, cultural que permitiu que as atividades portuárias chegassem a esse ponto, tendo que começar um projeto de privatizações para que algo realmente começasse a ser feito, onde talvez agora comecem a perceber a importância da comunidade local e do respeito ao meio ambiente para as atividades do porto, pois potencial para isso os portos brasileiros tem, principalmente o de Santos que é o mais importante do Brasil.

BIBLIOGRAFIA

INTENET:

www.portbris.com.au

www.portodesantos.com