Da iluminação a vela aos faróis sem lâmpada A evolução de um equipamento que muito em breve utilizará raios infra-vermelhos para mostrar os obstáculos aos motoristas

Os homens das cavernas descobriram o fogo e como utilizá-lo. Suas tochas iluminavam as trevas. Hoje, um farol ilumina muito mais do que várias tochas.

O primeiro farol foi construído por Alexandre, o Grande, 333 aC. Sua luz multiplicava-se através de espelhos parabólicos de metal polido e era vista a até 60 quilômetros mar afora.

A torre de Pharos (nome da ilha em que foi erguida) tornou-se um marco da engenharia. Seu nome virou sinônimo de fonte produtora de luz forte.

Para aumentar a iluminação dos primeiros automóveis que usavam lanternas a vela, a óleo ou a querosene, foi colocado um espelho ou anteparo de metal polido atrás da chama. Esse foi o primeiro farol, utilizado no triciclo fabricado por Karl Benz em 1885 e que atingia a velocidade máxima de 15 km/h.

A primeira tentativa de uma iluminação mais adequada, segundo o livro Faróis de Todos os Tempos, de Renato Perracini, foi o uso da camisa de incandescência (como nos lampiões a gás). Porém, depois de acesa, tornava-se quebradiça e com a trepidação era inutilizada.

O farolete usado por mineiros foi a outra alternativa. A luz forte era obtida pela queima do acetileno.

As lâmpadas elétricas, que existiam desde 1879, duravam pouco, pois o vácuo no interior do seu bulbo não era perfeito, o que provocava a combustão do filamento que também não resistia à trepidação.

Em 1910, o americano William Coolidge conseguiu trefilar o filamento de tungstênio, tornando-o flexível e mais resistente, capaz de funcionar a temperaturas muito altas.

Outro americano, Irving Langmuir, aboliu o vácuo parcial e encheu o bulbo com gás inerte. Para evitar a perda de calor, Langmuir enrolou o filamento em espiral. Com isso, o rendimento desta lâmpada melhorou em 20%.

Em 1924 surgiram as primeiras lâmpadas com dois filamentos. Um para a luz alta e outro para a luz mais fraca.

O problema é que a luz fraca não iluminava satisfatoriamente, além de não resolver o problema de ofuscamento e causava perda momentânea da visão quando o motorista trocava da luz fraca para a forte.

Nos anos 30 surgiu uma solução: a lâmpada de duplo filamento com escudo defletor.

Os filamentos com escudo defletor, fixavam-se no próprio refletor. O interior do conjunto - absolutamente selado, pois era fundido em uma peça só - era cheio de gás inerte. No Brasil, esse tipo de farol se popularizou com o apelido de silibim.

O problema é que ele ficava inútil com a queima do filamento. Tinha que ser trocado.

Desde o aparecimento dos faróis elétricos, os vidros voltaram a ser lentes compostas por relevos diversos, em forma de prismas ou canaletas.

O objetivo era redirecionar o facho paralelo, fornecido pelo refletor, tornando-o mais ovalado horizontalmente. Assim, conseguia-se sobrepor os fachos de ambos faróis, iluminando uma área maior à frente. Prismas e sulcos secundários desviavam parte dos raios luminosos para clarear melhor a parte do acostamento.

Em 1936 surgiu o primeiro farol escamoteável. Seu acionamento dependia de uma alavanca de cada lado do Cord, modelo 810.

Nos anos 40, um De Soto e um Buick usaram este tipo de farol, que voltou a aparecer em alguns carros de luxo nas décadas de 60 e 70. No Brasil, o Miura utilizou esse tipo de farol.

Em 1937, a Ford surpreendeu e embutiu os faróis do seu modelo popular, tendência que se disseminou na Europa.

Em 1951, por implicância dos estilistas, começaram a ser utilizados dois faróis de menor diâmetro.

A Cibié criou um farol mais baixo e mais largo, tinha lente retangular e dois refletores parabólicos: um grande ao qual se sobrepunha outro, bipartidos em dois semi-refletores.

O novo farol oferecia uma ótima iluminação de longo alcance e uma perfeita luz de cruzamento, o que faltava nos faróis gêmeos. O primeiro carro a adotar esse tipo de farol foi o Citroën Ami 6, em 1961.

Os primeiros carros nacionais tinham faróis importados. Em 1959, dois veículos franceses, o Simca Chambord e o Renault Dauphine, começaram a ser produzidos no Brasil e utilizavam faróis Cibié, que acabou montando uma fábrica no país, nacionalizando os faróis.

Em 1966, o Brasil entra na era do iodo. Depois de testado (e vitorioso) na III 24 horas de Interlagos, começa a ser utilizado em larga escala o farol auxiliar Oscar, com lâmpada halógena Philips.

Em 1970, a Cibié lança o Super Bi-iodo, primeiro farol a utilizar lâmpada halógena de duplo filamento.

Entre os desenvolvimentos mais recente, existem estudos para a utilização de raios infra-vermelhos. Eles identificariam os obstáculo e a imagem seria transmitida para o pára-brisa do veículo.Processo de fabricação de um refletor para faróis

Um disco de chapa de ferro recebe o formato exato e os principais orifícios de um refletor.

Num túnel é desengordurado, lavado e protegido contra a ferrugem. Recebe pintura a pó eletrostática e verniz.

A metalização é feita em câmaras cilíndricas, hermeticamente fechadas a vácuo.

Nestas, há suportes, com resistências onde é colocada uma barrinha de alumínio puro.

Uma descarga elétrica funde o alumínio. Uma segunda descarga, transforma-o em gás, que se deposita em todas as superfícies voltadas para o eixo.

Os refletores são levados para a linha de montagem final, onde formam o farol.

 

 

fonte: (inclusive das fotos) - www.jornalipanema.com.br - 05/02/2002