Crônicas |
Se repararmos bem as atitudes
humanas, não será difícil perceber o quanto o homem
ainda preserva de seu lado animal, principalmente ao analisarmos seu comportamento
alimentar. Não satisfeito com toda a infinidade de alimentos que
a natureza lhe proporciona, o homem insiste vorazmente em provar absolutamente
tudo. Animais? Já saboreou todos, sem deixar escapar nada, aproveitando
rabo, focinho, língua etc. Muitos devem ter morrido ao comer plantas
desconhecidas que eram venenosas. A fome, sem dúvida, faz com que
muitos sejam obrigados a comer, dramaticamente, até lixo. Porém,
o apetite humano vai além da fome: não bastassem os peixes,
há que se comer toda a população marinha, até
mesmo as ovas do peixe. Há restaurantes na Flórida que servem
caranguejos ainda vivos. Sabe-se também que num exótico restaurante
situado nas proximidades de New York servem-se larvas negras que se proliferam
em madeiras podres. Lembre-se ainda que em algumas tribos nômades
de uma república da Ásia central, uma das iguarias mais apreciadas
são olhos de carneiro cozidos. Independentemente de fatores sociais,
o fato é que o homem não passa de um bebê que sai engatinhando
e vai colocando na boca tudo que acha pela frente. Ou uma galinha que sai
ciscando. O mais radical, sem dúvida, nessa gula sem precedentes,
são as tribos canibais. Entretanto, não duvido que muitos
de nossa espécie "civilizada", ao verem algumas banhas humanas,
imaginem suculentos torresmos. A bem da verdade, sabemos bem de alguns
que não resistiram à tentação e foram condenados
à prisão e mesmo à morte. O que é isso? O resultado
aberrante de uma fase oral psicótico-megalômana? Ou é
simplesmente a natureza humana? Bem, resta-nos ter esperança no
grande salto evolucional da antropofagia dos Andrade de 22!
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