Anatomia da Memória
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Anatomia da memória humana - Uma rápida introdução  

O sistema Límbico

    O conhecimento anatômico do sistema límbico teve início com o francês Pierre Paul Broca, que já no século XIX, aventava a possibilidade destas estruturas em formato de "C" possuírem importante papel nas emoções. Em 1937, James Papez, neuroanatomista da Cornell University, sugeriu que um complexo conjunto de conexões específicas entre estruturas do lobo límbico constituía um circuito anatômico para as emoções, muito semelhante aos circuitos neurais para as funções sensitivas e motoras. Como as estruturas corticais eram consideradas importantes na experiência emocional subjetiva, as estruturas subcorticais do sistema límbico eram consideradas mediadoras de suas expressões comportamentais (manifestações ). A pesquisa moderna tem sugerido uma função no aprendizado, memória e cognição para o sistema límbico, em especial para o hipocampo. Quem é uma pessoa (suas memórias, sua personalidade única, seus pensamentos) em grande escala, é definido pelas funções das diferentes estruturas que compõem o Sistema Límbico. Essas estruturas são : Córtex Associativo Límbico, Formação Hipocampal e a Amígdala.[MAR 98]

        FIGURA - 1

        Anatomia Detalhada do Sistema Límbico

        Fonte:[MAR 98]

    O córtex associativo límbico (limitador do sistema límbico) recebe informação principalmente das áreas sensitivas de terceira ordem e das outras áreas corticais associativas. Então, transmite-a à formação hipocampal ( ou simplesmente hipocampo) e à amígdala. A informação recebida pela amígdala e pelo hipocampo não é a mesma. A modalidade de informação sensitiva projetando-se à amígdala é preservada. Isto permite à amígdala preparar o corpo para respostas rápidas, ligando estímulos particulares, como por exemplo ver um objeto, com emoções particulares. Por outro lado, o hipocampo recebe informação sensitiva integrada de múltiplas modalidades sensitivas. Essa informação integrada parece refletir aspectos mais complexos do ambiente, como as relações espaciais. Quando alguém vê uma cobra, pode sentir-se ameaçado e com medo. As vias visuais transmitem a informação à respeito da cobra à amígdala que organiza sua resposta, tanto no aspecto das emoções que sente, como no comportamento evidenciado a esse perigo potencial. Já o hipocampo é importante no aprendizado e na memorização do complexo cenário do meio ambiente ou o contexto no qual a cobra foi vista.[MAR 98]

O Hipocampo

    Um dos casos mais impressionantes da comprovação da importância do hipocampo na consolidação das memórias é o de H. M., que para debelar os sintomas da epilepsia teve o hipocampo removido nos dois hemisférios cerebrais. Após a cirurgia, H. M. perdeu a capacidade de consolidar a memória de curto prazo em memória de longo prazo, mas reteve a memória dos fatos que tinham ocorrido antes da lesão.[MAR 98]

    Devido ao córtex entorrinal (região adjacente ao hipocampo ) possuir projeções muito espalhadas às áreas associativas corticais, a formação hipocampal pode influenciar diversas regiões dos lobos temporal, parietal e frontal, influenciando grandemente os processos de memorização. Algumas conexões sinápticas da formação hipocampal podem ser alteradas pela atividade neuronal. Ainda não se entende qual informação é modificada e como esta plasticidade ajuda o hipocampo a consolidar a memória de curto prazo em memória de longo prazo.[MAR 98]

         

        FIGURA-2

        Hipocampo e Amígdala

        Fonte:[MAR 98]

 

A   Amígdala

    A amígdala é uma estrutura chave nas experiências emocionais dos seres humanos. A quais estímulos respondem, como são organizadas suas respostas externas a estes estímulos, como também as respostas internas dos órgãos do organismo, são dependentes dessa estrutura subcortical. Volte-se ao exemplo da visão da cobra, citado anteriormente. O reflexo dessa visão ameaçadora no corpo das pessoas é coordenado pela amígdala através de complexas vias de conexão polissinápticas com o sistema endócrino (glândulas ), autônomo (vísceras) e motor somático [MAR 98]. Os estímulos sensoriais processados pelo tálamo sensorial (exemplo da visão da cobra) seguem dois caminhos em direção à amígdala: a via principal, através do córtex e a via secundária, diretamente do tálamo à amígdala. A via principal, nos mamíferos e principalmente nos seres humanos, é responsável pelo processamento mais sofisticado desses estímulos, no entanto este processamento tem um custo: tempo. No exemplo da cobra, poderia significar sobrevivência ou morte. Assim, para resolver este dilema, a natureza manteve a via secundária, mais tosca, porém mais rápida. A via talâmica estimula a amígdala a responder rapidamente, através de um conjunto de respostas emocionais primárias enquanto a informação vinda pela via cortical, mais lenta, porém mais completa, assumirá o controle em um segundo momento, quando a reação a situações ameaçadoras já tiver se desencadeado.

 

 

 

FIGURA-3

As vias principal e secundária para a amígdala.

Fonte: [LED 98]

Após lesão da amígdala em primatas não humanos, objetos ameaçadores não provocam medo e não se distingue mais comida de não-alimentos. Inversamente, a estimulação elétrica da amígdala em carnívoros gera reações viscerais e defensivas.[MAR 98]

A amígdala projeta-se diretamente ao alocórtex da formação hipocampal, o qual é importante no aprendizado emocional dos estímulos complexos ou no contexto onde estímulos emocionalmente fortes são experimentados.

 
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