Ilha do Farol do Cabo de Santa Maria

 

 

Na povoação da Ilha de Faro, onde está instalado o Farol do Cabo de Santa Maria, temos muita paz e sossego, num ambiente despoluído, com ar puro, água limpa e sem ruído ambiental. E anda-se a pé porque não há automóveis.

Pela praia do lado Sul, com mar aberto, caminha-se até à extremidade da Ilha do Farol, o molhe que baliza a entrada da Barra do Porto Marítimo de Faro e do Porto de Pesca de Olhão na Ria Formosa. A uns três ou quatro quilómetros passeia-se até à povoação da Culatra, na outra extremidade da ilha chamada de Ilha da Culatra. A povoação da Culatra, na costa Norte, é uma pequena aldeia de pescadores, com estreitas ruelas de areia entre as casas dos pescadores. No pequeno porto de pesca, avistam-se os barcos da faina pesqueira e algumas embarcações de recreio, bem como alguns veleiros de visitantes, que por ali permanecem longas temporadas após descobrirem aquelas belezas naturais.

Em frente ao cais da Culatra há um pequeno restaurante onde se bebem umas cervejas bem geladinhas com amêijoas, ostras e lingueirões muito fresquinhos. Depois lá vem um vinho branco alentejano bem fresquinho, acompanhado por umas lulinhas fritas, com molho bem apurado, um pouco picante, seguido por uma caldeirada suculenta bem apaladada previamente encomendada. No entanto também há sempre um peixe fresco para passar pela grelha: sargo, dourada, serrão ou até mesmo umas cavalas.

De volta ao Farol, a alternativa é a costa Norte, já banhada pelas águas da Ria. A paisagem é muito diferente, lindíssima, com a calmaria das águas apenas entrecortada pelo ronronar de pequenos barcos ou, a determinadas horas, pelo barco da carreira no seu “vai-e-vem” indolente. Nesta parte da ilha, no caminho de regresso até ao Farol, pode-se apreciar a produção de bivalves, nomeadamente as amêijoas e as conquilhas. É um processo intensivo de produção, onde os bichinhos se desenvolvem no lodo “adubado”, no dizer popular. Segundo técnicas ancestrais, cuja origem se perdeu no tempo, são revolvidos cuidadosamente com sabedoria. E os bivalves lá vão ganhando tamanho e paladar, alimentados pelos microorganismos abundantes (plâncton) naquelas águas cristalinas.

Chegados ao Farol podemos apreciar a azáfama do final da tarde no molhe, enorme paredão do canal de acesso ao mar, onde os pescadores se entretêm pacientemente na expectativa de arrecadar algum peixe. O que ali não é nada difícil. Logo em frente, ao longe, as cidades de Olhão e de Faro e o fluxo de aviões que vão aterrando no aeroporto internacional da capital algarvia.

Ali em frente, do outro lado do canal, a ilha Deserta, despovoada. Só existem ali praias maravilhosas e limpas. Nos meses de Verão, um restaurante da cidade de Faro tem a única concessão da ilha, com ampla esplanada na areia, onde se come por encomenda e se vai lá por barco. Após um ou mais mergulhos nas águas tépidas, na esplanada pode-se usufruir de uma bebida bem fresca e do aroma dos pitéus que hão-de chegar à mesa. Naquele momento sentimo-nos donos do mundo!

Novamente regressados ao Farol, o único problema é o alojamento, que não existe. Como não se pode fazer campismo, a única possibilidade é a casa de um amigo ou alguém que no local alugue um quarto. Para comer há três pequenos restaurantes: À-do-João, Zé Pinto e o restaurante “Associação”.

O restaurante “Associação”, que pertence à única associação recreativa local, a Associação dos Amigos da Ilha do Farol de Santa Maria, é um local de visita que se recomenda, tem ringue de jogos e matraquilhos e aí também se realizam algumas festas. Um pão muito bom, com azeitonas por companhia. Umas amêijoas ou uma sopa de peixe saborosíssima. E, também, pode provar uma raia alimada, entre outras possibilidades, que nunca mais vai esquecer. Igualmente há uma feijoada de chocos e arroz de lingueirão. E pode ter a sorte de haver uma deliciosa canja de conquilhas. O peixe, muito fresco, vem diariamente de Olhão ou é pescado no molhe. E que tal uma cavala grande, com mais de dois quilos, ligeiramente salgada no dia anterior, depois grelhada como deve ser, bem regada de azeitinho alentejano, na companhia de uma salada de tomate, cebola e muito pepino!

Afinal existe uma ilha belíssima num Algarve ainda por descobrir.