Pantanal Mato-grossense : Patrimônio Nacional (Constituição Federal/1988, Artigo 225).
Texto e fotos : Maria de Fatima Loureiro
Colaboradores : João Victor de Oliveira
Fabiano Alex de Lara Pinto
Localização
A região do Pantanal Mato-grossense corresponde a uma extensa
planície com área de 139.000 km2, situando-se entre os paralelos
de 16o e 22o de latitude Sul e os meridianos de 55o e 58o de longitude
Oeste. Está representado nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, adentrando pequenas partes na Bolívia e vinculando-se com
o Chaco, em prolongamento natural. Situa-se, no lado brasileiro, no sudoeste
de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul. O Pantanal é
limitado ao norte pelas formações mais meridionais da floresta
amazônica (imediações do município de Cáceres),
a leste pelos cerrados do planalto central brasileiro, a oeste pelas florestas
boliviano-paraguaias e ao sul pelas florestas chaquenhas, já na
fronteira com o Paraguai. Desde o município de Cáceres, extremo
norte, até o rio Apa, extremo sul, percorrem-se cerca de 680 km,
em linha reta. A maior distância no sentido oeste-leste, partindo-se
da fronteira boliviana e progredindo-se em direção ao planalto
central, atinge cerca de 300 km. No Estado de Mato Grosso os principais
municípios atingidos, com áreas situadas dentro dos limites
do Pantanal, são Poconé, Cáceres, Barão de
Melgaço, Santo Antônio do Leverger e Nossa Senhora do Livramento.
No Estado de Mato Grosso do Sul incluem-se os municípios de Corumbá,
Ladário, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Miranda e Aquidauana
Aspectos Gerais
O Pantanal é um conjunto de grandes planícies deprimidas,
situadas na alta bacia do Paraguai. Ao longo dos séculos, essa depressão
vem sendo preenchida com depósitos aluviais, aportados pelos diversos
rios que formam a alta bacia do rio Paraguai. As particularidades dos diversos
rios determinam especificidades no que se refere ao modelo resultante,
influenciando também diferentemente as características dos
solos e da vegetação. Devido a essas particularidades vários
autores propõem diferentes subdivisões do Pantanal em áreas
individualizadas, designando-as por "pantanais" sendo eles: Cáceres,
Poconé, Barão de Melgaço, Paiaguás, Nhecolândia,
Paraguai, Abobral, Miranda, Aquidauana e Nabileque.
Inundações
As inundações são um fenômeno ecológico
fundamental, porém limitado no espaço e no tempo. No espaço,
porque a partir do Centro para o Leste do Pantanal as inundações
são localizadas, de curta duração e de baixa altura,
salvo nas linhas de drenagem. Do Centro para o Oeste, a abrangência
geográfica das inundações aumenta, assim como também
a altura e duração. No tempo, porque das áreas que
resultam inundadas,algumas, como o vale do rio Paraguai, ainda estão
num ciclo no qual passam inundadas a maior parte do ano, outras oscilam
entre 2-4 a 6 meses inundadas, outras ficam inundadas um curto período
depois de chuvas fortes e outras não inundam nunca, nem nas piores
enchentes.
O fenômeno das enchentes é vital para a sobrevivência
da ictiofauna pantaneira. O pantaneiro prevê a intensidade das cheias
pela direção que tomam os cardumes de peixes migradores.
Quando esses peixes fogem para as baías e corixos, em busca de alimentos,
é sinal de que a enchente prosseguirá. Quando retornam ao
rio, fenômeno denominado lufada, é porque as águas
vão baixar, dando início ao período de estiagem.
Os peixes de piracema
são os que migram em cardumes, subindo para as cabeceiras dos rios
em maio e retornando no período de outubro a novembro, época
das cheias, quando desovam nos cursos dos rios. Os demais peixes desovam
antes da enchente atingir o pique.
Durante a primeira enxurrada, geralmente no período de
fevereiro/março, ocorre o fenômeno da decoada, nome que se
dá à grande mortandande de peixes.Fenômeno atribuido
à poluição das águas pelas cinzas das queimadas
ou pela ação de produtos químicos usados na agricultura.
Clima
O fator climático do Pantanal Mato-grossense está
relacionado com o clima da bacia do Alto Paraguai sendo o resultado da
localização geográfica tropical, do relevo e de esporádicas
massas de ar frio do Sul do País. .
Segundo a classificação de Köeppen, o tipo
climático é o AW - clima quente e úmido, com estação
chuvosa no verão e estiagem no inverno .
Em termos gerais, se observam diferenças climáticas
de uma sub-região para outra, do ponto de vista da intensidade e
da distribuição dos fenômenos. A precipitação
apresenta média anual de 1100 mm, sendo a temperatura média
anual de 26oC, podendo ocorrer geada esporádica. Quanto à
distribuição das chuvas, a região caracteriza-se por
um período seco de cinco meses, em média, que inicia em maio
estendendo-se até setembro, sendo mais chuvosos os meses de dezembro,
janeiro e fevereiro.
As cheias e alagamentos comuns no Pantanal Mato-grossense não
estão ligados à pluviosidade local, mas sim aos problemas
de drenagem, refletidos na dificuldade de escoamento das águas.
O sistema de drenagem denso, frequentemente obstruído por sedimentos
aluviais transportados pelas águas, condiciona o aparecimento de
ambientes com características próprias, conhecidos popularmente
como "baías" (leitos fósseis segmentados), "vazantes" (leitos
fósseis com escorrimento de água temporário), "corixos"
(leitos fósseis com água permanente) e "cordilheiras" (diques
antigos).
Vegetação
A vegetação dominante no Pantanal Mato-grossense,
não é aquela característica de ambientes palustres,
estes possuidores de ampla cobertura formada por detritos vegetais e com
acumulação de matéria orgânica. Vegetação
palustre, à semelhança daquela encontrada em massas de água
estagnada, ocorre pouco no Pantanal .
Em termos práticos e de pastagens naturais, pode-se considerar
que há duas floras distintas no Pantanal, a do Pantanal arenoso
e a do argiloso. As restrições impostas pelo regime hidrológico,
em interação com o tipo de solo, e a extensão espacial
dessas condições ecológicas seletivas, resultam em
comunidades características do Pantanal, dominadas por certas espécies.
Para o Pantanal convergem quatro das mais importantes províncias
fitogeográficas do Continente: floresta amazônica, cerrado,
chaco e floresta atlântica.
Acesso ao Pantanal
A- Pelo Norte:
A porta de entrada mais comum é Cuiabá, ligada a várias
cidades pantaneiras como Barão de Melgaço e Poconé.
Desta, parte a rodovia transpantaneira (MT-060) que chega até
Porto Jofre, às margens do rio São Lourenço. Em julho/98
foi inaugurado o Aeroporto Internacional de Cáceres, cidade que
fica às margens dio rio paraguai, em pleno pantanal; o aeroporto
possui infraestrutura necessária para receber vôos de médio
porte.
B-Pelo Sul:
Pode-se ir a Campo Grande e, passando por Aquidauana e Miranda, entrar
no Pantanal por estrada de rodagem ou de ferro.
C-Pelo Oeste:
Chegando em Corumbá, por avião, estará desembarcando
já em pleno Pantanal e por estrada de rodagem ou por via fluvial,
se dirigir a inúmeros lugares interessantes.
Considerações
No Pantanal, a grande variedade de fatores ambientais determina
condições para a coexistência de milhares de animais
e plantas, numa contínua explosão de vida. Quem vai ao Pantanal
entende, com facilidade que na natureza tudo tem ligação
e que, interferências estranhas podem, também facilmente,
romper seu equilíbrio.
Atraídos por ampla propaganda, nem sempre baseada em informações
confiáveis, empresários, comerciantes, turistas, têm
procurado o Pantanal em busca de oportunidades de estabelecer seus empreendimentos
financeiros ou de, simplesmente, usufruir da novidade do turismo ecológico.
Não há dúvida de que, com o crescente ritmo do desenvolvimento,
o Pantanal certamente sofrerá impactos. As decisões sobre
o tipo de interferência humana adequada só poderão
ser tomadas após estudos específicos e estrita observância
das leis que regem a ocupação das áreas naturais,
buscando um desenvolvimento sustentável que pressuponha uma contínua
melhoria no bem estar da sociedade e da qualidade do meio ambiente. Para
que seja utilizado sem perder suas características, o Pantanal precisa,
portanto, ser conhecido e respeitado por todos os cidadãos conscientes
da responsabilidade de legar às gerações futuras este
enorme e belo refúgio de vida.
Cabe aos órgãos governamentais e aos meios de comunicação
alertar a opinião pública, sensibilizando-a, através
da transparência da informação correta, que deve atuar
como mecanismo capaz de desencadear um processo de conscientização
popular, que possa superar os modismos de consumo passageiro, dando início
a uma nova postura de respeito à natureza.
“O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra. Há uma ligação em tudo”
Visite e Preserve o Pantanal......
Pratique Pesca Esportiva.......
Boa Pescaria!