Memória Dinâmica
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   Memória dinâmica

A memória humana é dinâmica porque armazena informações resumindo generalizações significativas  das experiências   e  as exceções para essas generalizações. As memórias humanas são estruturadas de maneira que se possa aprender a partir de  experiências vivenciadas. Elas podem reorganizar-se para refletir novas  generalizações – como um tipo de esquema de categorização automática, que pode ser usado para processar novas experiências a partir de  experiências antigas. Uma memória dinâmica é aquela que muda sua organização quando novas memórias necessitam desta mudança. Uma memória dinâmica pode aprender.[SCH 82]

Segundo Schank, é muito importante que se aprenda como a mente  humana processa experiências,  como ela trata novas informações  e deriva novos conhecimentos destas informações. Para isto precisa-se de uma teoria  coerente de estruturas de memória adaptáveis. Em outras palavras, uma memória dinâmica.

Uma memória dinâmica necessita  possuir uma maneira de estruturar seu conhecimento. Também deve poder alterar  estruturas que foram úteis, mas que vieram a perder o seu valor.

Schank  definiu os scripts  como estruturas de alto nível, necessárias ao processo de generalização e abstração de experiências. Conforme Schank e Abelson [apud ABE 96], essas estruturas seriam talvez a forma  ideal de representar  o  conhecimento  sobre eventos estereotipados, como ir ao médico ou ao restaurante. Os scripts conteriam uma seqüência de passos ou etapas que permitem prever  a sucessão de acontecimentos e realizar inferências a partir destas expectativas.

Um método usual de aquisição de conhecimento de um sistema de informação baseado em scripts é  através da repetição direta de experiências, no entanto, pessoas obtêm informações generalizadas de maneiras   mais complexas,  abstraindo e generalizando de muitas experiências e  também de experiências de outras pessoas. [SCH 82]

Pessoas modificam suas antigas estruturas de memória baseadas na ocorrência de incompatibilidades resultantes da comparação das novas experiências com as antigas.

Schank defende que o processo de aprendizado pode ocorrer utilizando-se  estruturas generalizadas para codificar  experiências vivenciadas e que pode-se aprender, particularmente, se as   novas experiências  diferem daquelas estruturas generalizadas. Assim, o que seria armazenado na memória de longo prazo, seriam os episódios  de uma nova experiência que diferem da norma. Desta maneira iniciaria o processo de criação de uma nova estrutura  generalizada, capaz de acolher estas diferenças. [SCH 82]

Estruturas baseadas em conhecimento generalizado economizam espaço  e utilizam informações  experimentadas em uma situação  para solucionar novas situações.  

A  recordação é definida por Schank como um processo voluntário ou natural e automático  que ocorre durante o entendimento de novas situações, no entanto  pouco se sabe como este processo exatamente ocorre. Por que uma experiência evoca outras? Este fato é de vital importância na construção de uma teoria  da compreensão da memória humana. Quando pessoas recordam-se  de fatos durante o curso natural de uma conversa, leitura  ou quando vêem algo, é porque estas recordações são importantes para a compreensão do processo que está sendo executado (conversa, leitura...). Um episódio específico  pode ser evocado durante o curso natural do processamento de uma nova entrada. Estes episódios são “acionados” porque de alguma forma  seus padrões se enquadram nos padrões do novo episódio que está sendo processado. Desta forma, pessoas recordam-se  porque têm necessidade de localizar uma estrutura de memória mais apropriada  para auxiliar no processamento dessa nova entrada.

Uma  tentativa de criar um modelo natural de memória de um especialista, por exemplo, iria envolver a criação de um conjunto de categorias de subdomínios do especialista em questão e  equiparia o sistema com regras para automaticamente modificar estas categorias. Tal sistema iria tentar  processar novas experiências com base no enquadramento  em experiências disponíveis. [SCH 82]

Schank presumia que os scripts tinham na verdade um papel mais forte do que havia suposto previamente. Uma das funções primárias deles é como organizadores de informação em memória. Por exemplo, o script de um  restaurante organiza várias experiências de restaurantes de tal maneira  que,  quando um desvio no fluxo normal  do script acontece, a experiência mais pertinente ( que foi indexada em termos daquela divergência) vem à mente. Isto acontece de uma forma na mente, que podem-se criar expectativas do que ocorrerá logo a seguir em uma nova experiência. Assim, recordar, de certo modo, força a fazer uso de conhecimento anterior para formar expectativas.

Uma conseqüência importante do fenômeno recordar é que altera a visão do que se pretende entender. Por exemplo, quando uma pessoa entra pela primeira vez em um Burger King (fast food), já tendo conhecido um  McDonald, é confrontada com uma situação nova que necessita entender. Pode-se dizer que  esta pessoa está apta a enfrentar tal situação  quando ela fala “Ah, o Burger King é uma fast food como o MacDonald’s”. Assim esta pessoa irá utilizar seu conhecimento sobre o McDonald’s, talvez generalizado na categoria  de  fast food,  para processar a situação enfrentada  em um Burger King. Schank propunha que as pessoas lembram de uma experiência em particular, porque  as estruturas usadas no processamento  de uma nova experiência são as mesmas estruturas utilizadas  para organizar a memória.  Isto significa que estruturas de memórias episódicas  e estruturas de processamento  são a mesma coisa[SCH 82]. Assim, scripts, planos, metas, e qualquer outra estrutura que são úteis no entendimento necessitam  ser úteis para administrar e organizar dispositivos  de armazenamento de memórias. Estas estruturas existem para  ajudar a trazer sentido ao que foi visto e ao que será visto.

Pessoas, como processadores do mundo ao seu redor, estão constantemente fazendo previsões sobre o que acontecerá a seguir. Tais suposições são freqüentemente baseadas nos conhecimentos obtidos em situações anteriores. Qualquer entidade estrutural responsável por  codificar tais expectativas deveria servir  para  organizar memórias e  estruturas de dados usadas no processamento. Tais estruturas contêm predições e expectativas  sobre o fluxo normal de eventos em algumas situações padronizadas. [SCH 82]

Em tal estrutura, sempre que uma expectativa derivada desta estrutura falha, seu fracasso é marcado. Assim, qualquer divergência do fluxo normal de eventos, em uma estrutura cujo tarefa é codificar expectativas sobre o fluxo normal de eventos, é  recordada  pela indexação desta estrutura com um ponteiro para o episódio que causou o fracasso da expectativa. Aquele índice é posicionado como ponto de divergência. Assim, recordação baseada em expectativas sobre eventos acontece quando a estrutura que estava dirigindo o processamento produz uma expectativa que não trabalha da maneira  suposta. Este tipo de lembrança acontece sempre que uma divergência acontece no fluxo normal de eventos em uma estrutura. Ao término destas divergências estão índices que caracterizam a natureza da divergência. Uma ativação do índice traz à luz da memória o que lá estava armazenado.  Minsky  propõe algo  parecido na sua teoria da “sociedade da mente” [MIN 89]. Segundo Minsky,  a mente humana seria provida de “censores” e “supressores” que auxiliariam  o raciocínio a evitar a ativação de estados mentais  prejudiciais ou improdutivos, desviando seu curso para estados mentais mais vantajosos. Minsky  afirmou que cada pessoa teria milhões desses censores em sua mente.     

Considere-se  um script de uma viagem em avião por exemplo.  O evento da  aeromoça servir bebidas pode  despertar memórias sobre bebidas derramadas no colo, bebidas gratuitas e outras. Cada  uma delas é um índice em potencial, baseado em expectativas falhas  de experiências passadas.        

Quando uma nova situação é processada, além das demais análises sugeridas por Schank, as pessoas tendem a tirar certas conclusões  de uma situação recentemente processada. Freqüentemente estas conclusões  podem trazer lembranças de alguma coisa. Um “julgamento moral” derivou de uma história, ou da realização de algum ponto da história. O que Schank denomina como “moral” ou “moralidades” parece significar os sentimentos humanos  que são ligados às experiências passadas. Tal como Damásio,  Schank acreditava que estes sentimentos deveriam  transformar-se em índices destas memórias. Schank inclusive  defendia a necessidade de criarem-se estruturas  que  permitissem a recordação através  destes  índices. [SCH 82]

Os scripts  eram formados  por pacotes de organização de memória, os MOPs (memory organization packets), que continham estereótipos de experiências passadas usados  para encontrar  a solução de novas situações. Um aspecto importante dos MOPs é que eles necessitam ser estruturas bastante genéricas, permitindo assim, serem usados por outros MOPs. Segundo Schank [SCH 82], este é um ponto chave. Cenas e scripts organizados  por um MOP podem igualmente serem organizados por outros. MOPs não contêm explicitamente memórias. No entanto, eles organizam cenas que contêm memórias. Scripts  representam instanciações  comuns  de uma cena.

Schank  sugere alguns aspectos  que devem ser observados em uma cena para a construção de scripts eficientes[SCH 82]:

 

1.      Observação das ações.

2.      Criação de expectativas de repetição destas ações para a próxima vez que a cena é encontrada.

3.      Modificação de expectativas sempre que estas forem violadas.

4.      Alteração de scripts  existentes  pela mudança das expectativas indexadas por falhas.

5.      Elevação ao status de novos scripts  das expectativas de falha  que se repetem constantemente.

 
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