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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano VII, no. 19, março de 2000

SUMÁRIO

 
Apresentação
Artigos
Resenha
Resumos
Notícia Bibliográfica
Trabalhos de Dora Isabel Paiva da Costa
Publicações Recebidas
 Censo de Demografia Histórica
 Notícias e Informes
 ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

 

Apresentação

 

  Dispensando outras palavras, vai esta apresentação dirigida aos colegas que pretendam manter home page própria na Internet. Como temos repisado, o NEHD está apto a prestar apoio técnico para a feitura e inserção na rede de tais home pages. O conteúdo de cada page será a indicação bibliográfica completa de trabalhos publicados, acompanhados de resumos e, se houver, resenhas; nela estarão presentes, ainda, duas ilustrações e um fundo musical do tipo mid. Os colegas interessados neste projeto deverão manifestar-se mediante o envio de e-mail ao nosso endereço costumeiro:nuede@brnuede.com

 

    

 

Artigos

Mario Boleda - ANTIGUO METODO PARA ANTIGUOS DOCUMENTOS;  DINAMICA DEMOGRAFICA EN LA ARGENTINA COLONIAL DEL SIGLO XVIII.

La finalidad de este trabajo consiste en dar cuenta del proceso demográfico básico verificado en las poblaciones observadas. En este caso, el blanco del análisis está constituido por poblaciones indígenas del Norte de la Argentina, situadas en la actual provincia de Jujuy, que fueron objeto de recuento por parte de las autoridades coloniales en el curso del último cuarto del siglo XVIII. Ha de ponerse de relieve, sin embargo, que aquí se persiguen principalmente finalidades de difusión metodológica. Por eso, el texto es relativamente detallado en los apartados técnicos. Para ler a versão integral deste artigo,

 

Selma Árabe Andrietta - SANTA RITA DO TURVO, 1819: ESTRATÉGIAS DE GERAÇÃO DE RENDA.

Nosso estudo pretende dialogar com os modelos disponíveis a respeito da questão econômica regional de Minas Gerais dos séculos XVIII e XIX. Confrontando a historiografia tradicional, que enfatiza a crise ou falência geral das Minas Gerais após a queda na exploração do ouro, com a historiografia revisionista, efetuamos o estudo, para 1819, da região de Santa Rita do Turvo, atual cidade de Viçosa, para verificarmos a aplicabilidade de um dos dois modelos acima aludidos. Para dar o download da versão integral deste documento,

 

 

 

Resenha

MINAS GERAIS GANHA MAIS UMA OBRA DE PESO

Francisco Vidal Luna

FEA-USP

No final do ano de 1999, a Cambridge Latin American Studies publicou o excelente trabalho do pesquisador Laird W. Bergad, sob o  título Slavery and the demographic and economic history of Minas Gerais, Brazil, 1720-1888. O livro contem os resultados de uma exaustiva pesquisa em fontes originais de Minas Gerais, algumas inéditas, e representa um trabalho fundamental para o entendimento do processo histórico em Minas Gerais e do próprio regime escravista no Brasil. O autor, ao analisar o importante debate a respeito da provável reprodução da população escrava em Minas Gerais, sentiu a necessidade de complementar a questão com uma base empírica mais consistente, suprindo a falta de séries de dados a respeito da economia escravista mineira. O autor afirma que seu estudo era ao mesmo tempo modesto e ambicioso. Mas, se havia objetivos modestos, foram eles superados pelo desafio enfrentado na construção das suas séries de dados, a respeito de aspectos demográficos e econômicos relacionados com o escravismo em Minas Geria, nos séculos XVIII e XIX. Representa um material de importância básica para futuros estudos relativos ao escravismo no Brasil. O autor serviu-se das fontes tradicionais existentes nos arquivos mineiros, mas centrou seu trabalho nos inventários. Desta fonte coletou a maioria das informações demográficas relativas aos cativos e também construiu uma longa série de preços de escravos.

Contudo, o trabalho não se limitou ao levantamento de dados e sua divulgação. O sentido original do estudo era estudar a economia e sociedade mineiras, particularmente as relações escravistas ali existente. Inclusive participar do debate concernente à reprodução da população escrava em Minas. Na falta de dados suficientes para avançar nesse debate construiu novas séries de dados. Com este material empírico e exaustiva utilização das fontes disponíveis, nos fornece uma visão ampla daquela sociedade e introduz elementos novos ao debate a respeito da reprodução da população escrava. O autor mostra evidencias claras da efetiva existência da reprodução. Ao  reduzir-se a importação de escravos africanos, com a decadência da atividade extrativa, a reprodução natural da população escrava permitiu seu crescimento quantitativo, transformando Minas Gerais na região com o maior número de escravos no censo de 1872. Já em meados da década de 90 do século XVIII, os escravos nascidos no Brasil superavam os africanos e crescia significativamente a proporção de crianças e mulheres na população escrava. Todos os índices encontrados sugerem a reprodução dessa população no século XIX. A questão não é nova. Vem sendo discutida nos últimos vinte anos. Mas o trabalho acrescenta  novas evidencias e uma sólida base de dados na forma de séries de tempo.

O livro divide-se em cinco capítulos e conclusão. Nos dois primeiros são apresentados os aspectos históricos de Minas Gerais, desde sua ocupação, com a descoberta do ouro, até a abolição dos escravos em 1888. O segundo capítulo representa uma excepcional síntese da história mineira no século XIX; para tanto, o autor serviu-se exaustivamente da bibliografia existente, dando-lhe um tratamento claro, objetivo e fundamentado. Para Laird, estes capítulos históricos representavam a base para o entendimento dos aspectos econômicos e sociais do escravismo mineiro, abordados nos capítulos seguintes. E isso foi obtido. No terceiro capítulo analisa-se o processo demográfico em Minas, desde a ocupação até o censo de 1872. Nesse capitulo o autor serviu-se de fontes tradicionais, publicadas ou não, mas já utilizadas por outros pesquisadores. O sentido deste tópico foi formar um quadro de longo prazo da dinâmica populacional em Minas Gerais. No quarto capítulo apresenta os resultados demográficos da sua pesquisa, baseada nos inventários. São dados anuais sobre variáveis demográficas a respeito dos escravos, tais como origem, idade, sexo. Há referências, também, sobre as famílias dos escravos, doenças etc. Os dados apresentados são exaustivamente analisados. No quinto capítulo também se serve das séries levantadas, mas agora levando em consideração aspectos econômicos, tendo por base, essencialmente, séries de preços de escravos. Verifica diferenças regionais, variações no tempo e correlação com as características demográficas dos escravos. Após as conclusões, o livro contém um extenso apêndice estatístico, contendo séries anuais de dados, a maioria relativas ao período 1707-1888.

Laird W. Bergad, já publicou outros trabalhos sobre temas de história econômica e social, tendo como objeto outras regiões latino-americanas, dentre os quais podemos citar: Coffe and Growth of Agrarian Capitalism in Nineteenth-Century Puerto Rico (Princeton University Press, 1983), Cuban Rural Society in the Nineteenth Century: The Social and Economic History of Monocuture in Matanzas (Princeton University Press, 1990). Foi co-autor da publicação The Cuban Slave Market, 1790-1880  (Cambridge University Press, 1995). Sobre o tema do livro relativo a Minas Gerais havia publicado alguns artigos, com resultados ainda parciais: “Depois do Boom: Aspectos Demográficos e Econômicos da Escravidão em Mariana, 1750-1808“, Estudos Econômicos,  24(3):495-525, set-dez 1994; “After the Mining Boom: Demographic and Economic aspects of Slavery in Minas Gerais, Brazil: Marina, 1750-1808. “ Latin American Research Review, vol. 31, no. I (1996), p. 67-97; “Demographic Change in a Post-Export Boom Society: The Population of Minas Gerais, Brazil, 1776-1821.” Journal of Social History, vol. 29, no. 4 (1996), p. 895-932.

 

 

Resumos

BARICKMAN, B. J. As cores do escravismo: escravistas ‘pretos’, ‘pardos’ e ‘cabras’ no Recôncavo baiano, 1835. População e Família. São Paulo, Humanitas-FFLCH/USP, n.º 2, p. 7-59, 1999.

RESUMO. Analisando censos nominativos de duas freguesias rurais, este artigo demonstra que os não-brancos representavam uma parcela significativa da população proprietária de escravos no Recôncavo baiano, em 1835. De fato, pretos, pardos e cabras constituíam mais de um terço dos escravistas nas duas freguesias. Mas os censos também indicam que a distribuição da propriedade escrava no Recôncavo, em 1835, refletia as hierarquias de cor e naturalidade características da sociedade brasileira da época. O artigo também explora as implicações que decorrem da existência de escravistas não-brancos para a compreensão da escravidão, da ideologia racial e da construção das identidades fundadas na ‘cor’ ou na ‘raça’ no Brasil oitocentista.

 

FETTER, Bruce (editor and contributor). Demography from Scanty Evidence: Central Africa in the Colonial Era, Boulder CO:Lynne Rienner, 1990.

RESUMO. Edited proceedings of a conference of demographically oriented historians held in 1986.


FETTER, Bruce. The mines of sourthern and central Africa: An ecological
framework, Health Transition Review, 2 (1992), Supplementary Issue, 125-135.

RESUMO. Seeing copper and gold mines as a microenvironment transformed by human initiative.


FETTER, Bruce. Changing determinants of African mineworker mortality:
Witwatersrand and the Copperbelt, 1911-1940, Civilisations, 41 (1993), 347-359.

RESUMO. Compares causes of death in Congolese and South African mines, showing how different management philosophies nonetheless resulted in reduced mortality.


FETTER, Bruce. Health care in twentieth century Africa: Statistics, theories, and policies, Africa Today, 40 (1993), 9-23.

RESUMO. Summary of colonial and post-colonial changes.


FETTER, Bruce. The health transition and colonial British Africa, International Population Conference, v. 1 (Montreal, 1993), 429-439.

RESUMO. National level data.


FETTER, Bruce. Competing determinisms and the demography of twentieth century Africa, R.W. Harms et al. (eds.), Paths toward the Past: African Historical Essays in Honor of Jan Vansina, (Atlanta, 1994) 177-186.

RESUMO. Examines Marxist and non-Marxist interpretations of African demography.

FETTER, Bruce & KESSLER, Stowell. Scars from a childhood disease: Measles in the concentration camps during the Boer War, Social Science History, 20 (1996), 593-611.

RESUMO. Many of the 28,000 deaths were due to measles rather than British mismanagement or Boer uncleanness.

 

FETTER, Bruce. Trois siecles de politiques gouvernementales en faveur de la sante publique: un premier apercu, Annales de demographie historique, (1997), 27-46.

RESUMO. Synthesis of various national efforts.


FETTER, Bruce. The epidemiologic transition: One, many, or none?, Health Transition Review, 7 (1997), 235-237.

RESUMO. Introduction to a forum questioning the validity of the notion of
epidemiologic transition.

 

FETTER, Bruce. "Genes, memes, and contingency: The effects of purposive action on mortality reduction", (paper).


FETTER, Bruce. "Micro-organisms and historical demography: Reconciling the quantitative and the organic", (paper).

 

FETTER, Bruce. "Non-quantitative approaches to the study of historical mortality in Africa", (paper).

 

FIGUEIREDO, Aldrin Moura de. A liturgia das cores: relações interétnicas e contatos culturais nas irmandades religiosas da Amazônia no século XIX, Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, Universidade Cândido Mendes, (34): 137-154, dezembro de 1998.

RESUMO. O autor analisa a questão das relações interétnicas na Amazônia durante o século XIX, tomando como ponto central de análise as relações sociais entre as irmandades religiosas. Com base numa diversificada documentação produzida no interior e fora das confrarias, como seus estatutos (compromissos), livros de batizados e casamentos, pastorais religiosas e relatos de viajantes e memorialistas, neste trabalho discute-se alguns dos diferentes modos de manifestação das relações de contato cultural mediadas por uma esfera religiosa, e que, no correr do século XIX, influíram na redefinição do campo interétnico do extremo norte da América Lusa. A irmandade aparece aqui como um canal de expressão dos conflitos e tensões dos diferentes sujeitos sociais que, segmentados por classe e, vez por outra, etnicamente, puderam inserir-se politicamente na construção de um campo de lutas e, ao mesmo tempo, de sociabilidade.

 

GUTIÉRREZ, Horácio & LEWKOWICS, Ida. Trabalho infantil em Minas Gerais na primeira metade do século XIX. LOCUS: revista de história. Juiz de Fora, vol. 5, nº 2, p. 9-21, 1999.

RESUMO. Durante o período colonial e no século XIX as crianças começavam a participar cedo no mundo do trabalho, independentemente da condição social e do sexo. Este artigo analisa o trabalho infantil em Minas Gerais na primeira metade do século XIX. Livres, libertos e escravos trabalhavam principalmente na tecelagem doméstica e na lavoura, mas também havia estudantes. Na faixa dos 11 aos 12 anos já estavam envolvidas em atividades ocupacionais em torno de 30% das crianças, e na de 13-14 anos mais de 40%.

 

KARASTOJANOV, Andrea Mara Souto. Vir, viver e talvez morrer em Campinas: um estudo sobre a comunidade alemã residente na zona urbana durante o II Império. Campinas, Ed. UNICAMP/CMU, 2000, 375 p.

RESUMO. A autora identifica o olhar do imigrante alemão mediante a análise de documentos da SAIL, sociedade organizada em 1863, quadra em que Campinas deixava de ser uma urbe colonial para transformar-se em uma cidade de barões, marquesas, viscondes, proprietários e fazendeiros.


LEVY, Maria Stella F. & SCARANO, Julita. O imigrante em São Paulo: casamento e nupcialidade. População e Família.  São Paulo, Humanitas-FFLCH/USP, n.º 2, p. 61-74, 1999.

RESUMO. O artigo trata de alguns aspectos relativos à formação da família (casamento e nupcialidade) dos migrantes italianos e portugueses chegados ao Estado de São Paulo por ocasião da imigração provocada pelo desenvolvimento da cafeicultura. É possível observar por meio de dados censitários, informações bibliográficas e entrevistas relativas à formação da família, não só as condições do mercado matrimonial, mas também os expedientes utilizados pelas famílias para manter os casamentos, o mais possível dentro da comunidade de origem e assim tentar perpetuar as tradições originais.

 

MARQUESE, Rafael de Bivar. A Administração do trabalho escravo nos manuais de fazendeiro no Império, 1830-1847. Revista de História – Terceira Série, São Paulo, (137): 95-111, 2o. semestre de 1997.

RESUMO. Os dois principais manuais de fazendeiro publicados no Brasil na primeira metade do século XIX, a saber,  o manual de Carlos Augusto Taunay (1837) e o de Francisco Peixoto de Lacerda Werneck (1847) inauguraram uma nova abordagem sobre a administração do trabalho escravo na literatura agronômica brasileira. Este artigo analisa as prescrições contidas nesta nova abordagem, e procura fornecer uma explicação para o surgimento dessa atitude inédita sobre a administração do trabalho escravo.

 

MARTINS, Manoel de Jesus Barros. Retratos de São Luís: o recenseamento de 1885. Estudos de História, Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social - UNESP, v. 5, n. 2 , p. 173-185, 1998. 

RESUMO: Este artigo apresenta imagens de São Luis do Maranhão por meio do recenseamento de 1885. Mostra a população segundo estado conjugal, condição social e o número total de oficiais e artistas. A configuração urbana é revelada por meio de uma relação dos quarteirões da cidade.

 

OLIVEIRA, Mônica Ribeiro de. Os espaços do crédito e as estratégias sócio-familiares em uma sociedade em transformação: cafeicultura mineira no século XIX. LOCUS: revista de história. Juiz de Fora, vol. 5, nº 2, p. 23-44, 1999.

RESUMO. Análise do sistema de crédito e financiamento da cafeicultura mineira do século XIX, vinculando-o às estratégias sócio-familiares de preservação de status e patrimônio. A partir do questionamento da existência do caráter capitalista do mercado deste período, propõe-se uma interpretação, de viés antropológico, da função e dinâmica do endividamento no processo de montagem do sistema agrário cafeicultor.

 

ROCHA, Antonio Penalves. Um documento antiescravista do primeiro terço do século XIX. Revista de História – Terceira Série, São Paulo, (137): 123-137, 2o. semestre de 1997

O artigo analisa o texto “Da Liberdade do Trabalho”, publicado no tomo II da revista Guanabara em 1851 e que apresentava as idéias de José da Silva Lisboa, o Visconde de Cairu, a respeito da escravidão. O autor entende que o artigo não mereceu a devida atenção nem quando da sua publicação, nem dos historiadores que se debruçaram sobre as idéias antiescravistas no Brasil. E o documento nunca foi reeditado apesar da sua importância para o entendimento de uma visão a respeito da escravidão, surgida no Brasil das primeiras décadas do século XIX, presente também em outros textos coevos com os quais o artigo tem pontos em comum. A nova visão sobre a escravidão condenava, pela primeira vez na história do Brasil, o emprego do trabalho do escravo negro, embora reconhecesse, ao mesmo tempo, a sua importância econômica.

 

SILVA JR., Adhemar Lourenço da. Condicionantes locais no estudo do socorro mútuo (Rio Grande do Sul: 1854-1889). LOCUS: revista de história. Juiz de Fora, vol. 5, nº 2, p. 73-88, 1999.

RESUMO. O artigo analisa condicionantes locais concernentes ao fenômeno da constituição de sociedades de socorro mútuo. O fenômeno na Província de São Pedro do Rio Grande do Sul entre 1854 e 1889 revela que a atividade comercial  -- sobretudo na fronteira internacional --  , a existência de imprensa e o relacionamento com as elites políticas estimula a associação de trabalhadores e imigrantes.

 

SOTO, Maria Cristina Martinez. Indústria e Transformações  Urbanas: Taubaté 1891-1942. Revista de História – Terceira Série, São Paulo, (135): 79-100, 2o. semestre de 1996.

RESUMO. A instalação da Companhia Taubateana em Taubaté, e sua paulatina expansão no espaço físico e social, causaram profundas transformações nesta cidade valeparaibana. O artigo analisa a natureza e o significado de tal impacto a partir da comparação das práticas da companhia e do discurso centrado nas relações de trabalho, elaborado pela CTI para justifica-las.


TOSI, Pedro G. Cultura do café e cultura dos homens em Franca: a influência da ferrovia para a sua urbanização. Estudos de História. Franca, Faculdade de História, Direito e Serviço Social - UNESP, v. 5, n. 2 , p. 113-148, 1998.

RESUMO: Investiga o impacto da ferrovia sobre a economia local. Identifica a área de influência do município antes e depois da chegada dos trilhos da Mogiana, a mudança do perfil da agricultura praticada e a diversificação da atividade mercantil.

 

VIEIRA, Luiz Renato & ASSUNÇÃO, Matthias Röhrig. Mitos, controvérsias e fatos: construindo a história da capoeira, Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, Universidade Cândido Mendes,(34): 81-121, dezembro de 1998.

RESUMO. Os autores examinam, a partir da vasta literatura sobre a capoeira, os mitos e as controvérsias à luz das fontes e evidências atuais procurando identificar o que está provado, o que é apenas plausível e o que parece claramente equivocado. Procuram refletir, também, sobre a função destes mitos, mostrando que eles se relacionam com conflitos mais abrangentes que se desenrolam na cultura e na sociedade brasileiras fazendo da história da capoeira uma história marcada por rupturas e contradições.

 


 Notícia Bibliográfica

COUTO, Jorge. A construção do Brasil: Ameríndios, Portugueses e Africanos, do início do povoamento a finais de quinhentos. Portugal, Edições Cosmos, 408 p.

RESUMO. Historiador português, o autor apresenta-nos uma análise sobre as relações entre os ameríndios e os portugueses, e entre esses e  os africanos. O livro centra-se em três tópicos: a natureza das sociedades indígenas, a "época do contato" e o processo de colonização. O leitor iniciante no tema encontrará um bom levantamento bibliográfico sobre o povoamento da América do Sul e sobre as sociedades indígenas. (resumo adaptado de resenha escrita por Pedro Puntoni).

 

SLENES, Robert W. Na senzala, uma flor. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 300 p.

RESUMO. O autor retoma e consolida seus estudos sobre a família escrava no Brasil, demonstrando sua existência, sua estabilidade temporal e defendendo a idéia de que a família definia-se como um instrumento de resistência dos cativos com respeito aos elementos desagregadores, em termos culturais, que a ordem escravista lhes impunha.

 

ANGELIS, Rebeca Carlota de. Fome oculta - impacto para a população do Brasil. São Paulo, Atheneu, 236 p,

RESUMO. A autora apresenta os pontos básicos da fome oculta, deficiência de nutrientes que passam despercebidos.

 

TORRES-LONDOÑO, Fernando. A outra família: concubinato, Igreja e escândalo na Colônia. São Paulo, Loyola, 216 p.

RESUMO. Estudo das várias facetas assumidas pelo concubinato, conforme preceituado pela Igreja Católica, no período colonial brasileiro, com ênfase no século XVIII. O autor serve-se, além da bibliografia especializada e da documentação normativa produzida pela Igreja, das ricas fontes primárias providas pelas devassas diocesanas.

 

 

Trabalhos de Dora Isabel Paiva da Costa

Posse de escravos e produção no agreste paraibano: um estudo sobre Bananeiras, 1830-1888. Campinas, UNICAMP/IFCH, Dep. de História. Dissertação de mestrado, 1992.

Resumo: Esta pesquisa relaciona-se a uma agenda temática que busca caracterizar as economias e sociedades agrárias produtoras de bens para exportação e para o mercado interno. Utiliza uma metodologia já consagrada voltada para  estudos locais,  com fontes primárias massivas e seriais.  Enfoca a região agreste da província da Paraíba do Norte, mais especificamente, a comarca de Bananeiras, durante os anos de 1830 a 1888, tendo em vista a escassez de estudos sobre as áreas periféricas. Levanta duas ordens de problemas: 1a.) o papel da mão-de-obra escrava nos últimos anos da instituição servil em plantios e culturas diversas; 2a.) a possibilidade de uma estratificação social e diversificação econômica muito mais complexa do que a historiografia clássica enfatiza. As fontes compulsadas são os inventários post-mortem que cobrem o período, arquivados nos cartórios de 1o. e 2o. ofícios, as escrituras de compra e venda de escravos transcritas nos Livros de Notas e o Censo de 1872. Com o objetivo de testar a hipótese da  presença de escravos em cultivos voltados para exportação e em cultivos destinados ao mercado interno, a autora lança mão de uma classificação que lhe serve de categorias de análise, dividindo a população inventariada em três setores produtivos, a saber: primeiro, os lavradores de cana e os senhores de engenho, segundo, os lavradores de algodão, e terceiro,  os lavradores de mandioca e criadores. Para operacionalizá-las, dividiu estes setores em quatro grupos relacionados ou não com a propriedade escrava: 1o.) os não-proprietários de escravos; 2o.) os proprietários de pequenos plantéis; 3o.)  os proprietários de médios plantéis; 4o.)  os proprietários de grandes plantéis.  A pesquisa está dividida em cinco capítulos. O primeiro trata de caracterizar a evolução dos padrões de posse de escravos, da distribuição da população escrava por tamanhos de plantéis e setores econômicos. O segundo, o terceiro e o quarto capítulos caracterizam os lavradores de cana e senhores de engenho, os lavradores de algodão e os lavradores de mandioca e criadores, que, são apresentados nesta seqüência, a partir da descrição do perfil econômico e social destes agentes. O último capítulo trata da ação dos senhores de escravos donos de pequenos, médios e grandes plantéis, plantadores de cultivos voltados para exportação e para os mercados locais, na atividade de compra e venda de cativos.

 

Herança e Ciclo de Vida: Um Estudo sobre Família e População em Campinas, São Paulo, 1795-1850. Niterói, UFF/ICHF, dep. de História, tese de doutoramento, 1997.

Resumo: Com base em fontes manuscritas tais como as Listas de Habitantes de Campinas, os inventários post-mortem, o cadastro de Bens Rústicos (1818), os Registros Paroquiais de Terras (1854-57), e genealogias, a autora efetua percuciente análise dos processos concernentes à transmissão de bens através de mecanismos diversos como os dotes, as terças, os “empréstimos”, as antecipações etc.,  das gerações mais velhas para seus descendentes. Os conceitos ciclo de vida e ciclo de desenvolvimento familiar são operacionalizados no sentido de introduzir uma metodologia dinâmica e longitudinal na formação da estrutura social da região enfocada. Com o fito de proceder aquela metodologia operou-se uma coleta de cinco séries anuais de todas as listas de habitantes correspondentes aos anos 1779, 1798, 1808, 1818 e 1829. Os inventários foram coletados a partir de dois métodos. O primeiro se constitui no levantamento realizado a partir de intervalos regulares qüinqüenais. A segunda amostra resultou do cruzamento dos nomes presentes nas Listas de Habitantes com aqueles da lista de inventariados do 1º , 2º e 3º cartórios da comarca de Campinas. O objetivo foi rastrear o ciclo de desenvolvimento familiar associado ao ciclo de vida dos membros da prole através do método baseado em histórias (trajetórias) de vida ou biografias. Depois de passar em revista os principais estudos nacionais e internacionais sobre a questão da transmissão de bens, a autora passa a discorrer sobre as noções de família e domicílio a fim de evidenciar as potencialidades e limitações do uso destes conceitos, definindo-se os critérios utilizados na tese. A partir de tal pano de fundo considera-se, inicialmente, a concentração e distribuição da propriedade escrava, segundo os grupos domésticos e ocupacionais, para distintos momentos no tempo. Tal análise conduz ao levantamento dos processos que informaram o enriquecimento da população livre residente em Campinas e que levaram a estrutura sócio-econômica da localidade a tornar-se mais complexa e diversificada. Segue daí dois capítulos importantes cuja metodologia fundamenta-se na reconstrução de trajetórias de vida de sorte a permitir a identificação de estratégias das fases dos ciclo de vida dos membros da prole bem como da estrutura familial no momento de transmissão de bens. Este mesmo procedimento é aplicado também às camadas economicamente menos privilegiadas com base no estudo de alguns casos de famílias de pequenos agricultores proprietários de reduzidos plantéis.  Contempla-se, ademais, como se davam os arranjos domésticos nos distintos grupos ocupacionais. Aqui, o objetivo é verificar com base no confronto de dados referentes a dois momentos do tempo, 1798 e 1829, em que medida a passagem da sociedade de lavradores de roça em direção aos grandes plantadores, num contexto de fronteira aberta e de um sistema de herança próximo do pólo igualitarista, possibilitou a formação de arranjos domésticos mais complexos e a estruturação de grupos domésticos mais diversificados. Em seqüência, estuda-se a formação dos casais, procurando-se verificar até que ponto ocorriam estratégias diferenciadas, segundo as ocupações, na constituição dos casais que chefiavam domicílios. Tal análise é complementada pela concernente à das mulheres às quais cabia a incumbência de chefiarem domicílios no âmbito das transformações sociais e econômicas vivenciadas pela população campineira, buscando entender tal fenômeno com uma metodologia que contrasta as estratégias de convivência em domicílios chefiados por homens, mulheres e casais. O resultado do ingente esforço analítico despendido pela autora lança luz, assim, não só sobre as estratégias de transmissão de bens no plano familiar, os processos que constituíram a hierarquia social, mas também sobre a própria história da localidade e da região, numa quadra marcada por profundas mudanças econômicas,  demográficas e sociais.

 

Artigos em Periódicos Estrangeiros

1. Family, patriarchalism and social change in Brazil, Latin American Research Review, v. 32,  n. 1, 1996, p. 212-225. Albuquerque, University of New Mexico, New Mexico, U.S.A. Em co-autoria com a Profa. Dra. Eni de Mesquita Samara (Departamento de História, USP).

Resumo: Neste artigo passa-se em revista as principais obras nacionais e estrangeiras de natureza sociológica e antropológica que se tornaram importantes  sobre o tema família no Brasil. Na segunda parte aborda-se o tema patriarcalismo, procurando-se entender como as publicações mais recentes de caráter historiográfico, nacionais e internacionais, têm tratado tal tema, ora reforçando uma visão monolítica de patriarcalismo, ora enfatizando um conceito mais flexível relacionado à experiência familiar brasileira, apresentando assim contribuições importantes nesta área de estudos. 

 

2. Arranjos domésticos e estratégias de convivência na formação de plantations: Campinas, São Paulo, 1798-1829, Annals of Seminar on Changes and Continuity in American Demographic Behaviors: The Five Centuries’ Experience, IUSSP (International Union for the Scientific Study of Population), Córdoba, Argentina, 1998, p. 1-16.

Resumo:  Neste artigo investiga-se a formação dos arranjos domésticos de diversos grupos ocupacionais através dos ciclos de desenvolvimento familiar em dois momentos distintos: no primeiro, em 1798, quando a sociedade estava organizada em pequenas unidades agrícolas produtoras de alimentos, e no segundo, em 1829, quando a mesma já possuía uma estrutura de grandes plantations.  Com estes cortes temporais busca-se examinar através de métodos quantitativos a assertiva da historiografia clássica brasileira que enfatizou a presença de famílias extensas nos grupos domésticos da sociedade rural colonial e imperial brasileira. Pesquisas recentes têm caminhado em direção oposta. A sociedade em foco é Campinas, pertencente à antiga capitania de São Vicente e a posterior província de São Paulo. As fontes utilizadas são as Listas de Habitantes.

 

Artigos em Periódicos Nacionais

1. Demografia e Economia numa região distante dos centros dinâmicos: uma contribuição ao debate sobre a escravidão em unidades exportadoras e não-exportadoras, Estudos Econômicos, FIPE-USP, v. 26, n. 1, 1996, São Paulo,  p. 111-136.

Resumo: Este artigo examina a presença da mão-de-obra escrava nas unidades exportadoras e não-exportadoras no mercado local de compra e venda de cativos, localizado no município de Bananeiras, província da Parayba do Norte, entre os anos de 1860 e 1888. A metodologia consistiu em segmentar a população de proprietários agrícolas, bem como a  escrava por setores econômicos e por tamanhos de plantéis. Em seguida, quantifica-se as trocas de cativos por meio do comércio local com o objetivo de saber em que medida houve transferência destes entre agricultores exportadores e os não-exportadores.

 

2. As mulheres chefes de domicílios e a formação de famílias monoparentais: Campinas, São Paulo, 1829, Anais do XI Encontro de Estudos Populacionais da ABEP,  Caxambu, 1998, p. 1145-1179, CD-ROM, ou http://www.abep.org.br/eventos

Resumo: Este artigo tem o objetivo de demonstrar que as mulheres chefes de domicílios no começo do século dezenove em Campinas, província de São Paulo, vivenciaram estratégias específicas em relação aos arranjos domésticos e à convivência familiar. Esta especificidade contrastava com os arranjos domésticos de outras famílias que experimentavam a fase monoparental, mas que por sua vez, eram chefiadas por homens. Estas últimas tinham um comportamento semelhante ao das famílias que passavam pela fase parental, vivenciada pelo casal. A metodologia de segmentação das fases de desenvolvimento familiar permitiu a análise dos comportamentos de convivência das famílias  em relação às estratégias dos arranjos domésticos. Finalmente, procurou-se integrar a noção de chefia feminina de domicílios ao conceito relativo às fases de desenvolvimento familiar, isto é, mais especificamente, a fase monoparental. Este último objetivo deve-se ao fato de que as análises até então operadas têm enfatizado uma visão estática, na qual o domicílio não é pensado de forma dinâmica.

 

3. Mecanismos de redistribuição de riqueza, diferenciação social e formação de famílias em área de fronteira: Campinas, São Paulo (1795-1850), Anais do III Congresso Brasileiro de História Econômica e IV Conferência Internacional de História de Empresas. 29 ago.-1 set., UFPR,  Curitiba, 1999, no módulo Economia Agrária, CD-ROM, ou http://tamandua.sociais.ufpr.br/abphe/congress.htm

Resumo: Este artigo analisa as mudanças comportamentais das famílias proprietárias em relação ao problema da transmissão de bens na fase de constituição da sociedade agrário-exportadora de Campinas, São Paulo, entre os anos de 1795 e 1850. As famílias são examinadas a partir de níveis de fortunas, da posse de escravos, da situação patrimonial entre gerações, da freqüência de atitudes diferenciadoras inter-gerações, e da composição dos bens recebidos nas antecipações dos filhos varões e genros. Está dividido em três seções. Na primeira, explora-se as potencialidades da documentação consultada, dos métodos sistemáticos de coleta, e da representatividade das fontes. Na segunda,  demonstra-se que o processo simultâneo de enriquecimento e a redistribuição da riqueza dos segmentos sociais proprietários eram partes constitutivas de um mesmo processo de complexificação e diferenciação social que o incremento e a dinâmica da agricultura mercantil proporcionou em relação à formação de famílias detentoras de fortunas, e que estas desenvolveram estratégias diferenciadoras através do ciclo de desenvolvimento da família no momento de transmissão dos bens às gerações mais novas. Finalmente, descreve-se de forma ilustrativa como as antecipações de herança tiveram um papel fundamental na distribuição da riqueza entre gerações através do ciclo de desenvolvimento da família.

Resenhas.

1. Alida C. Metcalf - Family and Frontier in Colonial Brazil: Santana de Parnaiba, 1580-1822. Berkeley: University of California Press, 1992. 280p. Resenha publicada no boletim  Populações, São Paulo, CEDHALl/USP, n. 2, agosto de 1995, p. 11-12.

 

2. ”Muriel Nazzari - The Disappearance of the Dowry: Women, Families and Social Change in São Paulo, 1600-1900.” Stanford: University of California Press, 1991. 245 p. Resenha publicada nos Cadernos Pagu, Campinas, IFCH/UNICAMP,  n. 8,  1997, p. 365-370.

 

 

 

Publicações Recebidas

Atas: Seminário Internacional da História Cultural. Belo Horizonte, UNICENTRO Newton Paiva, 1999, 236 p.

LOCUS: revista de história. Juiz de Fora: Núcleo de História Regional / Editora UFJF, 1999.v. 5, n. 2. 192 p. Veja resumos de interesse para a área de demografia histórica neste número do BHD.

 

Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro: Centro de Estudos Afro-Asiáticos – CEAA, Universidade Cândido Mendes, n. 34, 180 p.

 

Sharing responsibility: women, society and abortion worldwide. New York, The Alan Guttmacher Institute, 56 p.

Endereço: The Alan Guttmacher Institute
                     120 Wall Street
                      New York, NY  10005
                      info@agi-usa.org
                      www.agi-usa.org

 

INFORMATIVO ABEP: Boletim quadrimestral.  Associação Brasileira de Estudos Populacionais, no. 57, dez. 1999.

Endereço: INORMATIVO ABEP
                     Rua Dois Irmãos, 92
                     52071-440  Recife  PE
                     secabep@fundaj.gov.br
                     http://www.abep.org.br

 

MADEIRA, Artur Boavida. População e emigração nos Açores (1766-1820). Cascais, Patrimonia Histórica, 1999, 269 p. (Série dissertações).

Reprodução do prefácio de autoria da Profa. Gilberta Pavão Nunes Rocha.

Em Portugal, os estudos demográficos são relativamente recentes, com cerca de uma vintena de anos, em grande parte como consequência da introdução da Demografia nas estruturas curriculares de algumas licenciaturas e posterior criação de mestrados nesta área científica. Se ainda não se conseguiu um conhecimento aprofundado da população portuguesa, tal como existe noutros países como, por exemplo, os EUA, a França, o Reino Unido, a Bélgica ou a Espanha, não se pode negligenciar o que tem vindo a ser feito, cada vez com maior dinamismo, quer em estudos referentes ao  passado, como ao presente e mesmo em análises prospectivas.

De resto, a investigação demográfica tem sido realizada de uma forma descentralizada, em várias regiões do país, ancorada em universidades sediadas em Lisboa, no Porto, no Minho, na Beira, no Alentejo, nos Açores e associada de um modo particular a áreas científicas como a História, a Sociologia, a Economia. Muito há ainda por fazer, quer no conhecimento e acessibilidade das fontes de informação, como no estudo das diferentes variáveis demográficas e sua inserção nos contextos e problemáticas sociais. Cremos, todavia, que uma questão fundamental para o desenvolvimento da reflexão populacional, que hoje se entende ser essencial, é a sua divulgação, que não pode estar restrita a um pequeno número de investigadores. É com muito agrado que assistimos nos últimos tempos a uma certa inversão desta tendência que, todavia, é ainda insipiente e que urge dar continuidade.

Nos Açores, designadamente na Universidade dos Açores, tem sido dada uma particular atenção aos estudos sobre o arquipélago, entendido este no seu conjunto ou nas suas diversas componentes: ilhas, concelhos, freguesias, em perspectivas distintas, específicas de vários ramos do saber. Assim tem vindo a acontecer com a  investigação demográfica, há já mais de 15 anos, que se foi desenvolvendo inicialmente associada aos estudos históricos, fruto da introdução da disciplina de Demografia na licenciatura em História em 1982, alargando-se posteriormente ao conhecimento da actualidade e em análises prospectivas numa óptica estritamente demográfica e de dinâmica populacional ou ainda em interligação com outras disciplinas como a Sociologia, a Geografia ou a Economia.

Mas se os estudos de cariz populacional são, e continuarão a ser, uma base fundamental do conhecimento da sociedade, na multiplicidade das suas diferentes abordagens, o seu aprofundamento depende, no essencial, da investigação e da metodologia de análise demográfica. A presente obra, da autoria de Artur Boavida Madeira, é disso um bom exemplo, diremos mesmo, um exemplo a seguir por quantos se dedicam aos estudos demográficos em Portugal.

Tendo como principal objecto de estudo a população e a emigração açoriana em finais de setecentos, princípios de oitocentos, o autor dedica grande parte da sua investigação ao tratamento das fontes de informação, que lhe permite avançar com segurança — a segurança possível e de algum modo transitória quando se estuda nomeadamente o passado — para um conhecimento pormenorizado da evolução do número de habitantes e da sua estrutura por género e idade. Em alguns aspectos atende a  épocas distintas daquela que baliza o cerne da sua investigação, dando-nos uma visão mais abrangente do evoluir da população do arquipélago e dos principais determinantes demográficos que o justificam. A caracterização daí proveniente propicia, de uma forma bastante enriquecedora, o enquadramento da problemática migratória, designadamente da emigração, fenómeno de acentuada centralidade quando se pretende conhecer a demografia da região Açores.

População e Emigração nos Açores (1766-1820), de Artur Boavida Madeira, é uma obra fundamental não só para todos os que se dedicam à investigação ou querem aprofundar os seus  conhecimentos sobre a sociedade destas ilhas atlânticas, como para os demógrafos e outros cientistas sociais. Nela encontram um estudo sério e minucioso das fontes de informação e das variáveis demográficas, utilizando uma metodologia simples mas adequada, designadamente no tratamento de reduzidos efectivos populacionais. É um contributo relevante para a História e para a Demografia portuguesa, e açoriana em particular, que prestigia a Universidade dos Açores, o seu Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais, onde o autor se licenciou em História e hoje, integrado na carreira universitária, desenvolve os seus trabalhos como docente e investigador.

patrimonia@mail.telepac.pt

http://www.Patrimonia.pt

 

BERGAD, Laird W. Slavery and the demographic and economic history of Minas Gerais, Brazil, 1720-1888.  New York, Cambridge University Press, 1999, xxvi+298 p., (Cambridge Latin American Studies, 85).

Veja resenha sobre esta obra neste número do BHD.

Cambridge University Press
40 West 20th. Street  New York, NY 10011- 4211, USA
http://www.cup.org

 

SOUSA, Jorge Prata de. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai. Rio de Janeiro, Mauad/ADESA, 1996, il., 136 p.

Apresentação escrita por Sidney Silveira (jornalista e escritor)

São dois os méritos de Escravidão ou Morte -- Os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai: opor-se, criticamente, à permissividade com que a historiografia erigiu o mito dos voluntários da pátria e apontar os caminhos de pesquisa a seguir, para mensurar com a maior fidelidade possível a participação do negro escravo na Guerra do Paraguai. O autor expõe a inconsistência basilar da mitificação do voluntarismo pátrio, num lúcido exercício crítico com relação à postura de cronistas e historiadores afoitos por idealizar, comezinhamente, o recrutamento para a guerra. As fontes primárias cartoriais a que o autor recorreu evidenciam a necessidade de completa revisão dos números hoje conhecidos, no tocante à infausta presença dos libertos na Guerra da Tríplice Aliança. Tudo indica ser bem maior do que se supunha essa presença, e isto por si só justificaria a louvação da obra -- um benfazejo, ainda que tardio, desjejum histórico. O autor esquiva-se do tom novidadeiro, embasa a sua tese na pesquisa dos cartórios da Corte (os quais trazem à luz as alforrias para a guerra), e também na apreciação da densa bibliografia acerca da Guerra do Paraguai por ele exumada.

 

Endereço: Mauad Editorial
                     Av. Treze de Maio, 13
                     Centro
                     20031-010  Rio de Janeiro  RJ
                     tel: (0xx21) 533-7422
                     fax: (0xx21) 220-4451

 

BACELLAR, Carlos de Almeida Prado & BRIOSCHI, Lucila Reis (orgs.). Na estrada do Anhangüera: uma visão regional da história paulista. São Paulo, Humanitas FFLCH/USP, 1999, 252 p., il., mapas.

Endereço: Humanitas Livraria - FFLCH/USP
                     Rua do Lago, 717 - Cid. Universitária
                     São Paulo  SP
                     tel.: (0xx11) 818-4589
                     pubflch@edu.usp.br
                     http://www.fflch.usp.br

 

 

Censo de Demografia Histórica

Irineu Evangelista de Carvalho Filho

Instituição à qual se vincula atualmente: MIT

Endereço para correspondência:

Massachusetts Institute of Technology
50 Memorial Drive, E52-391
Cambridge, MA 02139-4307 USA
carvalho@mit.edu


Patrícia Damasceno

Instituição à qual se vincula atualmente: Escola Nacional de Ciências Estatísticas.

Bióloga, pós-graduada em Saúde Pública e mestranda em Demografia. Interesse especial  pela evolução demográfica de grupos profissionais específicos tais como pescadores artesanais, em face das transformações sócio-econômicas e culturais ocorridas em nosso  litoral ao longo dos séculos.

Endereço para correspondência:

Av. Prof. João Brasil, 189, bloco II, ap.303
Fonseca
24130-080  Niterói  RJ
katia.damasceno@biohard.com.br


 
 

 

Notícias e Informes

POPULATION INDEX NA INTERNET

Population Index, um valioso repositório de indicações bibliográficas e respectivos resumos concernentes a trabalhos publicados nos distintos campos da demografia, agora também está na Internet sob o título Population Index on the Web e no seguinte endereço:

http://popindex.princeton.edu/index.html

 

O ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE SÃO PAULO ESTÁ EM NOVAS INSTALAÇÕES

O Arquivo Histórico Municipal de São Paulo está em instalações novas na Casa da Memória Paulistana no endereço:

Arquivo Histórico Municipal
Praça Cel. Fernando Prestes, 152
01124-060  São Paulo  SP
Brasil

 

 

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

Outros trabalhos incorporados ao ROL

ACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth. Agricultura no delta do rio Amazonas: colonos produtores de alimentos em Macapá no período colonial. In: ACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth. A escrita da história paraense. Belém, NAEA/UFPA, 1998, p. 53-92.

 

AGUIAR, Marcos M. Negras Minas Gerais: uma história da diáspora africana no Brasil colonial. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

ALANIZ, Anna G. Dr. Ricardo Gumbleton Daunt: o homem, o médico e a cidade (Campinas, 1843-1893). (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

BORREGO, Maria A. Código e prática: o processo de constituição urbana de Vila Rica colonial: 1702-1748. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

CORREIA, Dora S. Paisagens sobrepostas: índios, posseiros e fazendeiros nas matas de Itapeva (1723-1930). (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

FILLIPPINI, Elizabeth. À sombra dos cafezais: sitiantes e chacareiros em Jundiaí 1890-1920. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

FONSECA, Carlos E. Cristãos Novos naturais do reino e moradores na cidade do Rio de Janeiro, 1650-1710. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

GUIMARÃES, Carlos. Quilombos: classes, Estado e cotidiano (Minas Gerais - século XVIII). (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

MARQUESI, Rafael. Administração & escravidão: um estudo das idéias sobre a gestão da agricultura escravista brasileira. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

MASCARENHAS, M. Fortunas coloniais: elite e riqueza em Salvador, 1760-1808. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

MUNIZ, Diva do Couto. Do lar para a escola e da escola para o lar: mulheres e educação em Minas Gerais no século XIX, 1834-1889. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

PASQUA, Suzana P. Mortalidade e população: o processo de urbanização da cidade de São Paulo, 1890-1920 -- o caso do Brás. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

SCHLEUMER, Fábia. Além de açoites e correntes: cativos e libertos em Cotia colonial, 1790-1810. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

SILVA, Lina Gorestein. O sangue que lhes corre nas veias: mulheres cristãs novas do Rio de Janeiro, século XVIII. (tese, FFLCH-USP, 1999).

 

VELOSO, Euda Cristina Alencar. Estruturas de apropriação de riqueza em Belém do Grão-Pará, através do recenseamento de 1778. In: ACEVEDO MARIN, Rosa Elizabeth. A escrita da história paraense. Belém, NAEA/UFPA, 1998, p. 7-28.

 

 

 

 

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