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BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano X, no. 30, novembro de 2003

               

 

SUMÁRIO  

 

Apresentação

Artigos

Resumos

Notícia Bibliográfica 

Publicações Recebidas

 Notícias e Informes

 ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

   

 

  

Apresentação

                         

Neste número de nosso BHD, além de publicarmos artigos originais de  Arethuza Helena Zero e de Maria Cristina Silva de Paiva & Paulo Shikazu Toma, nos foi dado divulgar três importantes relações de resumos. Uma concernente ao V Congresso Brasileiro de História Econômica promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), outra referente ao I Encontro de Castro (PR) e que se denominou "Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional" e uma terceira relativa à I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP). Na reunião de Castro apresentou-se um amplo painel que evidencia os grandes avanços alcançados, para a região sul do Brasil, pela pesquisa dos temas vinculados à economia e à demografia da escravidão; em face da relevância e abrangência dos trabalhos apresentados, permitimo-nos reproduzir os resumos de todas as comunicações apresentadas nesse encontro, independentemente do fato de estarem votados à área da história demográfica. Realce similar foi emprestado às comunicações que selecionamos do encontro promovido pelo CEDHAL, as quais foram reproduzidas em tópico igualmente isolado. Rizio Bruno Sant'Ana, por seu turno, nos reporta o trabalho de vulto de digitalização de obras raras empreendido pela Biblioteca Mário de Andrade. Já a Francisco Vidal Luna  e a  Herbert S. Klein ficamos a dever a publicação de Slavery and the economy of São Paulo, 1750-1850, o qual também será editado em português. Dois outros eventos que marcaram agradavelmente o trimestre foram a atualização da home-page de Ângelo Alves Carrara e o lançamento da home-page de Luciana Suarez Galvão Pinto. 
             

                  

Artigos

                             

Maria Cristina Silva de Paiva & Paulo Shikazu Toma. Emprego e Dinâmica  Populacional na Zona da Mata de Minas Gerais no período de 1960 a 2000.

RESUMO. Segundo a caracterização de áreas de atração e evasão populacional no Brasil, realizada em 1979 pelo IBGE, a Zona da Mata de Minas Gerais foi enquadrada como uma região tipicamente de emigração. A região liberou, no período do chamado milagre econômico, parcelas de sua população que se deslocaram para outras regiões em busca de trabalho. O período de 1960 a 1970 foi marcado por altos índices, tanto regionais, como nacionais, de urbanização e de transferência de atividades agropecuárias para as não-agropecuárias. No entanto, o ritmo de ocupação da mão-de-obra no Brasil observado a partir da década de 1950, começa a se desacelerar no início da década de 1980, tendência que não se reverte até o final da década de 1990. Pode-se supor, então, que o cenário recessivo dos grandes centros nas décadas de 1980 e 1990 anulou parcialmente a atratividade que os mesmos exerciam anteriormente sobre a população das regiões de expulsão. O objetivo dos autores deste trabalho é analisar a dinâmica demográfica da Zona da Mata Mineira no período de 1960 a 2000, interpretando-a à luz do cenário econômico do período. Os resultados da pesquisa identificaram a retenção populacional, permitindo inferir que a Zona da Mata estaria, a partir da década de 1980, iniciando um processo de redinamização econômica, que se daria em resposta aos fatores negativos existentes nos grandes centros. Para ler a versão integral .

                

Maria Cristina Silva de Paiva é Professora MSc. do Departamento de Economia da Fundação de Ensino Superior de Rio Verde (FESURV-GO)

cris@fesurv.br

  

Paulo Shikazu Toma é Professor MSc. do Departamento de Economia da
Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG) 

dee@ufv.br 

      

       

                        

Arethuza Helena Zero. O preço da liberdade: caminhos da infância tutelada, Rio Claro, 1871-1888.
RESUMO. Nesse trabalho busca-se o entendimento das formas de controle social exercidas sobre a população pobre infantil no século XIX analisando-se as ambigüidades da "Lei do Ventre Livre", que contribuíram para o aproveitamento espoliativo da mão-de-obra escrava infantil. O enfoque central é dado aos ingênuos, crianças nascidas livres de mães escravas após a "Lei do Ventre Livre". Verificamos os mecanismos institucionais (legais), econômicos e sociais que possibilitaram a existência de crianças tuteladas no decorrer da transição do trabalho escravo para o trabalho livre, assim como identificamos os fatores que contribuíram para as famílias abandonarem seus filhos. Nesse contexto foi possível a caracterização da tipologia (idade, sexo, órfã de pai e/ou mãe) das crianças tuteladas, bem como o estabelecimento de suas relações com os tutores e a especificação do perfil sócio- econômico deles. Para ler a versão integral .

                      

       

 

                     

  Resumos

                           

         

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro, 2003.
Apresentação efetuada por equipe do Arquivo Nacional. Metamorfoses indígenas traz perspectivas inovadoras e informações surpreendentes, que desafiam o leitor a repensar o lugar dos índios na história colonial do Rio de Janeiro e, de modo mais geral, na história do Brasil. Maria Regina mostra que, passar a viver entre os colonizadores e negar qualquer vínculo com sua condição pretérita, ou fugir para as brenhas do sertão, buscando manter o seu modo de vida em regiões de refúgio, não foram de fato as duas únicas alternativas que se apresentaram aos índios no Brasil colonial, pois eles também resistem e demarcam espaços próprios de sociabilidade. Trabalhar com essa terceira via, a hipótese verdadeiramente transfigurativa, impõe aos historiadores e antropólogos uma nova agenda, na qual estudar os índios (no passado ou no presente) é efetivamente uma boa chave para se entender o Brasil.      

                     

ENGERMANN, Carlos. Comunidade escrava e grandes escravarias do século XIX.
Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.

RESUMO. Apresentamos neste artigo as reflexões iniciais da pesquisa que conduzimos em torno de algumas grandes escravarias do Sudeste no século XIX. Buscamos inicialmente identificar indícios de formação de comunidades escravas nestes plantéis demograficamente numerosos, para a seguir tentar mapear os diferentes estágios na formação das mesmas. Refletimos também sobre as especificidades das escravarias nas quais há largos vínculos parentais, de tal modo a permitir a identificação dos instrumentos usuais de socialização cativa. Nesse sentido, investigamos o manejo dos espaços sociais, temporais e físicos, encarando-os como possibilidades de paroxismos das tensões e das estratégias do cativeiro e, ao mesmo tempo, como instâncias onde os laços comunitários fluem e refluem, a bem das intenções primeiras que os instauraram.             

                

FERREIRA, Roberto Guedes. Trabalho, família, aliança e mobilidade social: estratégias de forros e seus descendentes -- Vila de Porto Feliz, São Paulo, século XIX. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. A pesquisa aborda o tema da mobilidade social, e seu objeto é constituído por forros e seu descendentes. O cenário escolhido para análise é a vila de Porto Feliz, entre 1798 e 1850; área voltada para a produção de açúcar, de alimentos e a criação de animais. O objetivo é analisar estratégias que forros e seus descendentes utilizaram para alcançarem sua mobilidade social, ressaltando que a conjugação do trabalho, das relações familiares e das alianças com as elites políticas locais foi crucial para a mobilidade social ascendente dos grupos em questão. Nesse sentido, a mobilidade social não é encarada apenas pelo prisma econômico, mas leva em conta aspectos de natureza política e de inclusão em redes de sociabilidade local, o que, por seu turno, aponta para a fluidez em meio a hierarquias sociais, no sentido de incorporação de uma parcela de membros dos grupos subalternos para a estabilidade da sociedade em questão. Por outro lado, a mobilidade social é analisada como um empreendimento familiar que se processa ao longo de gerações. Para atingir os objetivos acima propostos utilizo um corpo de fontes variado (listas nominativas, inventários post-mortem, testamentos etc.), sirvo-me, ademais, do  cruzamento onomástico, o qual foi fundamental para a análise de trajetórias familiares.

                               

FRANCO NETTO, Fernando. Algumas considerações sobre a estrutura de posse de cativos e a hipótese do ciclo de vida - Guarapuava - século XIX. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. Na presente pesquisa, pretende-se avaliar algumas características da estrutura de posse de escravos, a partir das listas nominativas de habitantes dos anos de 1828, 1835 e 1840, período esse considerado como de ocupação da região permitindo assim a migração de uma população integrada por militares e por proprietários de escravos com condições de desenvolverem as atividades de pecuária, além de pequenos lavradores e agregados e de uns poucos comerciantes. Além disto, estaremos preocupados em observar alguns elementos característicos dos proprietários de cativos, verificando sua trajetória de vida, a fim de avaliar a evolução de sua posse de cativos no correr de suas vidas, conforme progrediam em suas atividades econômicas. Finalmente, procuramos cruzar essas mesmas características, para determinados escravistas, quando de sua morte, com base nos inventários post-mortem. A posse média de escravos demonstra a tendência de aumento na propriedade de cativos à medida que a idade dos proprietários aumentava, dando condições para que possamos levantar a hipótese do ciclo de vida. Portanto, estaremos preocupados em estudar a evolução da propriedade e de como a hipótese do ciclo de vida faz-nos compreender melhor a composição da riqueza em cativos.
                        

FURTADO, Júnia Ferreira. Família e relações de gênero no Tejuco: o caso de Chica da Silva. Varia História. Belo Horizonte, Dep. História/UFMG, 24, jan. de 2001, p. 33-74.
RESUMO. A autora estuda a conformação da população urbana do Arraial do Tejuco na segunda metade do século XVIII. Toma como ponto de partida o censo dos domicílios realizado no arraial em 1774. Por meio dele é possível perceber que as mulheres de cor libertas representavam número significativo do total de chefes de domicílio no arraial, fato que revela sua ascensão social. Caso ilustrativo foi o de Chica da Silva, cuja vida é avaliada neste artigo.

                

FURTADO, Júnia Ferreira. Chica da Silva e o contratador de diamantes: o outro lado do mito. São Paulo, Companhia das Letras, 2003, 464 p.
TEXTO DE CONTRACAPA. Rainha, heroína, perdulária, megera ou devoradora de homens? A julgar por sua relação com o contratador de diamantes e desembargador João Fernandes de Oliveira, com quem viveu por quinze anos, Chica da Silva não foi a mulher de vida extravagante retratada nos romances, no cinema e na televisão. Esta pesquisa histórica minuciosa mostra como Chica - nascida em data incerta, entre os anos de 1731 e 1735, auge da febre dos diamantes no arraial do Tejuco - levou uma vida próxima à das senhoras brancas da sociedade mineira do século XVIII. Sua trajetória permite também estabelecer um retrato mais completo das mulheres forras do período. Mulata, filha da negra Maria da Costa com o português Antonio Caetano de Sá, Chica nasceu escrava, mas teve alforria concedida por João Fernandes de Oliveira em 1753. Com ele, Chica teria 13 filhos entre 1755 e 1770. A prole numerosa, gerada num período tão curto, questiona o estereótipo de sensualidade ao qual Chica foi insistentemente associada. Como outras mulheres forras do arraial, a ex-escrava ingressou em irmandades que, segundo seus estatutos, deveriam ser exclusivas da população branca e criou as nove filhas no melhor estabelecimento de ensino da região. Chica acumulou pecúlio considerável, tornou-se proprietária de casa e chegou a possuir mais de cem escravos, quantidade elevada mesmo para os padrões da elite. Amparada em documentação oficial de arquivos do Brasil, de Portugal e dos Estados Unidos, Júnia Furtado mostra como Chica da Silva não foi exceção, mas um exemplo, entre muitos, da grande camada de mulatos e negros que procuravam diminuir o estigma da cor e da condição de ex-escravos. A autora liberta, assim, Francisca da Silva de Oliveira do manto de sensualidade com que o século XX a envolveu, em benefício de uma visão que descobre a personagem histórica por trás do mito.

                             

GIL, Tiago. O contrabando na fronteira: uma produção social de mercadorias. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. Em 1764 o rei de Portugal determinou a proibição do comércio de mulas entre os territórios lusos e espanhóis no sul da América. Com o passar do tempo outros produtos também foram proibidos, entre os quais o couro. Todavia, a circulação desses bens continuou, mas de forma diferente. A partir de então, era uma ampla rede de relacionamentos, ancorada em importantes postos no governo, e envolvendo espanhóis, portugueses e indígenas minuanos, que garantia a circulação dos produtos proibidos. Este trabalho pretende analisar quais foram as formas que esses homens desenvolveram para dar prosseguimento ao seu negócio, tais formas incluíam, além de vários estratagemas, alianças de parentesco e reciprocidade, laços que cruzavam todos os estratos da sociedade colonial, num "bando" articulado. Esse conjunto articulado de homens dominava, assim, uma técnica muito refinada de transformar contrabando em gado e couro. Outros, menos afortunados, ainda que levassem as mesmas mercadorias, não passavam de meros contrabandistas. Para estudar esse problema utilizamos um número muito diversificado de fontes. A partir desses documentos elaboramos uma lista de todos os envolvidos com as acusações que lhes foram imputadas. Primamos por analisar as trajetórias daqueles sujeitos, buscando compreender as estruturas que estavam subjacentes ao aludido mercado.

                            

GODOY, Silvana Alves de. Itu e Araritaguaba na rota das monções (1718-1838). Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. Em 1718 foram descobertas as primeiras minas de ouro na região Centro-Oeste da colônia. A difusão da notícia fez com que inúmeras pessoas para lá se dirigissem. Ao mesmo tempo em que a descoberta das minas ampliou os horizontes dos que se lançaram à busca do precioso metal, também ocasionou alguns problemas, sobretudo o abastecimento dos que para elas se dirigiram. Não tardou para que esse novo mercado colonial ensejasse o início das longas expedições denominadas Monções. As monções eram expedições fluviais povoadoras e comerciais que partiam de Araritaguaba, uma freguesia de Itu, navegando pelo Tietê e pela rede de afluentes do Paraná e do Paraguai até ao Cuiabá. Atravessar tal percurso requeria uma base de apoio crucial para as expedições. Por sua localização geográfica, Itu, onde estava localizado o porto de embarque, propiciou as bases necessárias para a partida das expedições. Este trabalho analisa a participação de Itu na rota das Monções, quer fornecendo mantimentos para os viajantes, quer mediante a construção de canoas, remos propiciando, ainda, a mão-de-obra necessária para as expedições. Assim, é possível perceber o efeito dinamizador das minas de Cuiabá sobre a vila de Itu, apontando para um panorama além das tradicionais imagens de despovoamento, estagnação e decadência da capitania paulista durante o século XVIII, ainda que não se desconsidere a existência de uma efetiva migração de paulistas. Para realizar este trabalho, recorro a um conjunto de fontes variado, composto por inventários, post-mortem, testamentos, relatos de viagem, processos judiciais e ordenanças.

                                

GUIMARÃES, Elione Silva. Libertos e proprietários fundiários na disputa pela terra (Juiz de Fora -- MG, fins do oitocentos e início do dezenove). Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. O objetivo do texto é apresentar os resultados de uma pesquisa que aborda a relação entre libertos e proprietários fundiários na luta pela terra. Acompanhei um grupo de indivíduos que nasceram cativos, desde meados do século XIX, seguindo-os, e a seus descendentes, por alguns anos no pós-abolição (1928). Parte destes escravizados foram alforriados em 1878 e tornaram-se herdeiros de terras legadas pela ex-senhora. Através de um conjunto de fontes variadas (inventários post-mortem, processos cíveis, documentação da câmara, escrituras de compra e venda e escrituras de bens) segui o confronto destes libertos com os condôminos mais fortes, desejosos de expulsá-los da terra. A valorização econômica da região onde se localizava a propriedade fez com que a mesma se transformasse em um espaço de cobiça e de tensões, gerando conflitos. Através dos casos apresentados e analisados, procuro alargar o conhecimento a respeito dos destinos de afrodescendentes que herdaram terras de seus ex-proprietários, em uma região economicamente dinâmica -- Juiz de Fora, o principal município produtor de café das Gerais no período em tela.

                   

HAMAISTER, Martha Daisson. Na pia bastismal: estratégias de interação, inserção e exclusão social entre os migrantes açorianos e a população estabelecida na vila de Rio Grande, através do estudo das relações de compadrio e parentesco fictícios (1738-1763). Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. Fazendo uso dos Registros de Batismo de filhos de açorianos na Vila do Rio Grande, observou-se o estabelecimento de redes de relações interpessoais entre os migrados das ilhas e destes com grupos sociais da região, mediante o compadrio. O desafio consiste em cruzar as informações destes registros com demais fontes disponíveis para a localidade e período, buscando detectar efeitos deste parentesco fictício nas trajetórias familiares e individuais, quer para a criança batizada e sua família, quer para os padrinhos e seus parentes. Assim, têm sido levantados dados das cartas de concessão de sesmarias, registros de patentes e mercês régias, de casamentos e de óbitos, contratos de arrematação de taxas, entre outros. Como instrumento metodológico vem sendo empregado o método onomástico, enunciado por Carlo Guinzburg em seu artigo "O nome e o como". Aglutinam-se em fichas nominais os dados qualitativos coletados e efetua-se o seu cruzamento. A pesquisa, ainda em andamento, oferece algumas conclusões preliminares, dentre as quais a existência de comportamentos diferenciados no estabelecimento dos compadrios, provavelmente relacionados com vínculos e práticas preexistentes nas diferentes ilhas de origem e a criação de laços com chefes de família de estatuto social um tanto mais elevado, para além do compadrio direto, através de suas esposas ou filhas, que se tornavam madrinhas de filhos dos ilhéus.

                                  

LIMA, Carlos A. M. "Sertanejos" and republican: colored freemen in Castro and Guaratuba (1801-1835). Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, Centro de Estudos Afro-Asiáticos/Conjunto Universitário Cândido Mendes, v. 24, n. 2, p. 317-344, 2002.
RESUMO. As áreas meridionais da América portuguesa conheceram, a partir do final do século XVIII, um forte processo de atração de libertos e de livres de cor. Dotadas de contingentes escravos não só pequenos como recentes, as populações de tais áreas continham uma altíssima proporção de não-brancos livres e libertos. O autor considera os padrões de assentamento de livres de cor em Castro e Guaratuba (no atual Paraná). Isto é importante para se compreender o modo como um campesinato negro se relacionava com a fronteira agrária. Castro e Guaratuba apresentavam expressivas semelhanças e diferenças; Guaratuba era uma isolada vila litorânea ao passo que Castro -- embora também tenha sido fundada no fim do século XVIII -- constituía local de povoamento mais antigo e de relação mais intensa com o mercado interno.

                 

LIMA, Carlos A. M. Sobre as posses de cativos e o mercado de escravos em Castro (1824-1835): perspectivas a partir da análise das listas nominativas. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. A evolução do contingente escravo nas áreas que atualmente constituem o Paraná ainda necessita de muitos esclarecimentos. Houve forte processo de crescimento daquele contingente entre os anos finais do século XVIII e meados do seguinte. Posteriormente, parece ter havido um certo estancamento, o qual não necessitou esperar pelo avanço do tráfico interprovincial, tendo a população escrava local permanecido renitentemente na casa dos dez mil cativos, excluída a década de 1880. Essa capacidade da população cativa na direção de crescer quase continuamente ao longo da primeira metade do século XIX indica a necessidade de se conhecer mais profundamente os mecanismos mediante os quais os proprietários da área aprovisionavam-se em cativos. Os trabalhos disponíveis parecem conter implícita a noção de que a reprodução natural de uma população escrava eminentemente integrada por pessoas nascidas no Brasil e portanto com alta proporção de crianças e distribuição entre os sexos próxima do equilíbrio deve ter sido responsável por isso. Neste trabalho, no entanto, levantam-se informações capazes de alterar essa imagem no que toca a meados dos anos 1830, e esse pode ter sido um intervalo de transformações fortes na oferta de africanos em decorrência das mudanças que então se verificavam no tráfico de escravos africanos. Para isso, trabalha-se aqui com dados das listas nominativas de Castro entre 1824 e 1835, área esta que, além de fortemente expansiva por conta de sua pecuária, concentrava as maiores escravarias do que é hoje o Paraná.

                     

LIMA, Ivana Stolze. Cores, marcas e falas: sentidos da mestiçagem no Império do Brasil, 2003.
Apresentação efetuada por equipe do Arquivo Nacional. Baseado em pesquisa extensa e original, Cores, marcas e falas surpreende pela forma inovadora com que trata do tema clássico da mestiçagem, em suas relações com os processos de construção de uma identidade nacional e de identidades sociorraciais no Brasil oitocentista. As identidades nacionais e raciais como as conhecemos hoje são construções históricas do século XIX, freqüentemente naturalizadas nas representações atuais. O texto de Ivana acompanha esse processo, mostrando que as noções de identidade brasileira e de mistura de raças se apresentam relacionadas desde a afirmação do Brasil como país independente. Nem uma nem outra, entretanto, tinham significados precisos e amplamente compartilhados naquele período. Ao contrário, foram objeto de disputas de significação pelos diversos atores sociais que interagiam no complexo cenário social das primeiras décadas após a abdicação de d. Pedro I.

             

MARCONDES, Renato Leite & COSTA, Iraci del Nero da. "Racionalidade econômica" e escravismo brasileiro: uma nota. Estudos de História, Franca (SP), Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP, vol. 9, n. 1, p. 249-256, 2002.
RESUMO. Os autores demonstram, com base em casos concretos relatados por viajantes que nos visitaram no século XIX, que os escravistas nascidos ou residentes no Brasil perseguiam a maximização dos ganhos que lhes eram propiciados pela exploração da mão-de-obra escrava. Utilizavam-se, para tanto, de uma variada gama de relacionamentos e controles que iam do tratamento violento à distribuição de prêmios que variavam de acordo com a produtividade e o comportamento do cativo.

               

OLIVEIRA, Lélio Luiz de. Ao lado do café. Produção de exportação e de abastecimento em Franca - 1890-1920. São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, doutorado em História, 2003, 251 p.
RESUMO. Esta pesquisa aborda relevante faceta do setor rural, na transição do século XIX para o XX, em São Paulo, priorizando as articulações internas, consolidadas no município de Franca, que permitiram a coexistência da cafeicultura e da produção mercantil de abastecimento interno, no período de 1890 a 1920. A dinâmica da cafeicultura ligou o município ao mercado externo, mas, ao mesmo tempo, não o levou à monocultura, promoveu, outrossim, a retroalimentação dos setores destinados ao abastecimento interno, como a pecuária e a agricultura de alimentos. Nesse contexto, houve, em grande medida, a permanência da estrutura material das propriedades rurais, bem como limitada alteração da estrutura fundiária. Diante da diversificação das atividades econômicas, inclusive no meio urbano, a maior porcentagem das pessoas continuou a se dedicar a profissões agrícolas -- lavradores e criadores. A maior parte da riqueza dos proprietários permaneceu no campo. Diante dos reveses do mercado, boa porção dos resultados da produção foi guardada ou investida em imóveis.

                       

PERES, Elena Pájaro A Inexistência da Terra Firme: A imigração galega em São Paulo, 1946-1964. São Paulo, Edusp / Imprensa Oficial / FAPESP, 2003, 424 p.
RESUMO. Os estudos sobre migração espanhola não dão conta, por via de regra, da diversidade sociocultural da Espanha, pressupondo uma unidade nacional artificial. Analisar a experiência vivida por uma parcela desses imigrantes, os galegos que deixaram a Espanha em direção ao Brasil após a Segunda Guerra, é o propósito deste livro. A autora procurou recompor essa experiência pesquisando em fontes documentais diversas, como as listas de desembarque de passageiros no porto de Santos, a documentação das associações espanholas de São Paulo, depoimentos de migrantes, além de fontes literárias.

                        

PINHEIRO, Joely Aparecida Ungaretti. Conflitos entre colonos e jesuítas na América Portuguesa. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. O tema desse trabalho está ligado aos conflitos entre Jesuítas e Colonos nas áreas que hoje compreendem os estados do Maranhão, do Rio de Janeiro e de São Paulo, na América Portuguesa, entre 1640 e 1685. A base do conflito entre jesuítas e colonos era a disputa pelo índio. De um lado, os "Soldados de Cristo" com o firme propósito de salvar as almas dos nativos da Nova Terra; é o "combate pela fé", o "Bom Combate" anunciado na bíblia por São Paulo. Do outro lado os colonos, que procuravam os índios para utilizá-los como escravos em suas atividade econômicas. Essas áreas foram placo de conflitos, muitas vezes violentos, entre colonos e jesuítas pela posse do índio, pois este representava a força de trabalho (mão-de-obra escrava) necessária para a sobrevivência econômica dessas regiões nos primórdios da exploração lusitana na América.

                  

SAMPAIO, Patrícia Melo. Nas teias da fortuna: acumulação mercantil e escravidão em Manaus, século XIX. Mneme - Revista de Humanidades, v. 3, n. 6, out.-nov. de 2002. Publicação eletrônica cuja URL é: http://www.seol.com.br/mneme .

RESUMO. A presença de escravos africanos na Amazônia, tradicionalmente, é tratada como acessória e pouco significativa pela historiografia. Analisando um conjunto de fontes seriadas (inventários post-mortem e escrituras públicas) de Manaus, capital da Província do Amazonas no século XIX, o artigo busca iluminar o lugar desses sujeitos sociais no espaço da produção e, principalmente, seu papel na configuração das fortunas da cidade no curso do Oitocentos.

                             

SILVA, Maria Conceição da. Entre a lei de Deus e a lei dos homens: a discussão do casamento na cidade de Goiás do século XIX. Estudos de História, Franca (SP), Faculdade de História, Direito e Serviço Social da UNESP, vol. 9, n. 1, p. 207-225, 2002.
RESUMO. A autora aborda a atuação do clero no sentido de normatizar o comportamento das pessoas por meio da celebração do matrimônio na cidade de Goiás, no século XIX. As normas católicas tinham por objetivo a manutenção de um catolicismo tridentino já com sua face ultramontana. Assim,  a Igreja Católica procurava moralizar a vida privada do fiel e, ao mesmo tempo, evitar a adesão ao casamento civil após a aprovação do Decreto que o estabeleceu no país. 

                 

SOARES, Márcio de Sousa. De pai para filho: legitimação de escravos, herança e ascensão social de forros nos Campos dos Goitacases, c. 1750 -- c. 1830. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. O argumento principal deste trabalho é que, por meio da perfilhação e da alforria, alguns ex-escravos -- filhos naturais de homens livres abastados -- tiveram acesso a uma parcela significativa da fortuna de seus pais. Uma riqueza material e simbólica, posto que também costumavam adotar o sobrenome paterno, o que lhes permitiu ascender socialmente ao ampliarem as relações sociais com pessoas livres encobrindo-lhes, em parte, o estigma do cativeiro. Boa parte dos estudos que trata com maior ou menor profundidade do tema das alforrias e das formas de re-inserção social dos libertos e de seus descendentes sob a vigência da escravidão sustenta a hipótese de que a grande maioria dos forros, esmagada pela pobreza e pela dependência, engrossava o contingente composto pelos chamados "desclassificados", supostamente vivendo uma situação de "anomia social". Aqueles casos vivenciados por ex-escravos que porventura não se enquadram nesse perfil são comumente qualificados como "exceções" ou "pitorescos". Os resultados preliminares da pesquisa em curso -- embasados no exame de testamentos, inventários post-mortem, registros paroquiais e processos de perfilhação referentes aos Campos dos Goitacases no final do século XVIII e primeiras décadas do XIX -- permitem matizar as possibilidades de re-inserção social dos forros e, assim, questionar aquela espécie de "destino manifesto" com o qual a historiografia condenava os ex-escravos e seus descendentes à miséria ou, no máximo, à pobreza.

                   

VASCONCELLOS, Márcia Cristina de. Get married or not, that is the question: the couples and the slave single mothers on the South of Rio de Janeiro coast. Estudos Afro-Asiáticos. Rio de Janeiro, Centro de Estudos Afro-Asiáticos/Conjunto Universitário Cândido Mendes, v. 24, n. 2, p. 291-316, 2002.
RESUMO. Neste artigo analisam-se os registros paroquiais de batismo e de casamento de escravos da freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Mambucaba, em Angra dos Reis, no século XIX, tendo como apoio os inventários post-mortem de proprietários escravistas. Verificamos os tipos de casamentos predominantes, se endogâmicos por origem, africanos com africanos e crioulos com crioulos, ou mistos. Ao mesmo tempo, observamos em que medida as condições advindas do fim efetivo do tráfico externo de escravos, em 1850, as transformações econômicas e demográficas presentes na segunda metade do oitocentos em Mambucaba influíram na ida de cativos à Igreja, a fim de sacramentar suas uniões, e quem eram as mães solteiras que viviam em Mambucaba.

                    

VASCONCELLOS, Márcia Cristina de. Estrutura de posse de escravos em Angra dos Reis, século XIX. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
resumo. A presente comunicação busca apresentar os primeiros resultados relativos a algumas das características da estrutura de posse e da demografia escrava de Angra dos Reis, no litoral sul-fluminense, ao longo do século XIX. A localidade caracterizava-se pela produção voltada ao autoconsumo e ao mercado interno e estava indiretamente vinculada ao mercado externo na medida em que os portos aí localizados representavam um dos principais meios de escoamento do café proveniente do vale do Paraíba fluminense e paulista. Tal movimento portuário dinamizou a vida econômica local na primeira metade do século, e sua diminuição, ao longo da segunda metade do Oitocentos, foi, ao lado do término definitivo do tráfico externo de escravos em 1850, um dos elementos geradores de um quadro de abatimento econômico que se estendeu até a segunda década do século XX. Desta forma, buscamos verificar as características demográficas da população escrava e a estrutura de posse mediante comparação entre a primeira e a segunda metade do século XIX. As fontes principais são os inventários post-mortem, localizados no Museu da Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

                     
ZERO, Arethuza Helena. Ingênuos, libertos, órfãos e a Lei do Ventre Livre. Comunicação apresentada no V Congresso Brasileiro de História Econômica, promovido pela Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), Caxambu (MG), setembro de 2003.
RESUMO. No Brasil do século XIX as regras da sociedade escravocrata estavam
inteiramente nas mãos dos senhores de escravos. Muitos homens, mulheres, escravos e libertos, apresentaram-se diante da lei, alguns recuaram, devido à indiferença e ao descomprometimento por parte dessa; outros, com ousadia, tentaram fazer valer os seus direitos. O comportamento destes escravos e libertos produziu evidências relevantes que hoje são investigadas por diversos historiadores. O presente trabalho, pretende dar voz a alguns desses atores que, apesar de muitas vezes permanecerem silenciosos, fizeram a nossa história. Buscamos em nosso estudo o entendimento das formas de controle social exercidas sobre a população pobre infantil no século XIX, analisando as ambigüidades da "Lei do Ventre Livre" que contribuíram para o aproveitamento espoliativo da mão-de-obra escrava infantil. O enfoque central é dado aos ingênuos, crianças nascidas livres de mães escravas após a "Lei do Ventre Livre". Verificamos os mecanismos institucionais (legais), econômicos e sociais que possibilitaram a existência de crianças tuteladas no decorrer da transição do trabalho escravo para o trabalho livre, assim como identificamos os efeitos que o processo de tutoria produziu sobre a família do tutelado.    

              

            

       

                

Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional
I Encontro de Castro (PR), setembro de 2003
Resumos das Comunicações

                                                                        

HARTUNG, Miriam F. Herança, família e parentesco entre escravos e libertos nas fazendas de pecuária do Paraná do século XIX. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Esta comunicação trata da organização social do grupo de escravos e libertos da fazenda Santa Cruz, localizada nos Campos Gerais do Paraná. A proprietária, Dona Maria Clara do Nascimento, faleceu em dezembro de 1854, deixando metade da fazenda em herança a escravos, a libertos seus e de seu irmão, e a escravos em processo de libertação. Mesmo iguais na condição de herdeiros, a eles a proprietária atribuiu legados diferenciados, em termos de área, de valor econômico e simbólico e de cláusulas restritivas. Que razões animaram tais atos? O que Dona Maria Clara buscava com a transformação de escravos e libertos em seus herdeiros, e com uma partilha diferenciada do legado? O que os atos da proprietária revelam sobre a condição de vida do grupo de cativos da fazenda Santa Cruz? A partir do cruzamento entre diversos documentos históricos - inventários, registros de batismo, casamento e óbito - e a bibliografia sobre o Brasil e o Paraná do século XIX, este trabalho procura responder a estas questões, descrevendo e analisando a organização social do grupo de escravos e libertos da Fazenda Santa Cruz, os princípios ordenadores que conferiram unidade e ordem ao grupo e que tornaram viável sua continuidade histórica como grupo.

                    

NETTO, Fernando Franco. Família escrava em Guarapuava, PR - Estudo de caso de uma propriedade. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A Historiografia sobre a família escrava no Brasil está pautada por diversos trabalhos voltados para as áreas de grande lavoura e para aquelas propriedades que tinham como característica principal um plantel relativamente numeroso de cativos, bem como com as atividades voltadas para a agroexportação. Entretanto, ao depararmos com as propriedades pequenas e/ou médias na região de Guarapuava durante a segunda metade do século XIX, região esta inserida no terceiro planalto paranaense, nos defrontamos com algumas características bastante peculiares de uma economia voltada para o mercado interno e com plantel reduzido de cativos, e que se insere nessas possibilidades de formação e constituição da família escrava, haja vista o propósito desse estudo que avalia uma determinada propriedade formada pelo senhor e sua esposa, seus filhos, e o plantel de escravos. Verificamos a dimensão dessas possibilidades, os arranjos quanto às formas de apadrinhamento, as relações com plantéis distintos, a extensão da família a partir das redes de relações parentais, oficiais ou não. A pesquisa desenvolve-se através de um núcleo documental formado pelo Inventário post-mortem, os registros paroquiais de batismos, casamentos e óbitos de escravos. Desta forma, pretendemos confirmar a hipótese de que houve condições para que se desenvolvessem relações fortes e duradouras entre os escravos.

               

OLIVEIRA JR., Walfrido Soares. Relacionamento entre senhores e escravos nos Campos de Guarapuava: o caso da Invernada Paiol de Telha. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O estudo versa sobre as estratégias de dominação e de resistência entre senhores e escravos nos campos de Guarapuava (Pr). A alforria e a posse da terra marcam, em grande monta, tal convivência, a qual não se esgota com a libertação do escravo, na medida em que a vivência social podia restabelecer as hierarquias e antigas formas de dominação. Com essa abordagem podemos construir um panorama acerca da sociedade rural de parte do Brasil meridional e analisar as possibilidades de relacionamento entre senhores e escravos, e entre libertos e livres, iluminando as ações dos indivíduos e da sociedade na medida em que espelham a lógica geral da escravidão, ou podem demonstrar as suas especificidades.
                  

LIMA, Carlos A. M. & MELLO, Katia A. V. de. A família escrava em fazendas de absenteístas em Curitiba (1797) e Castro (1835). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A criação de animais foi o empreendimento de maior vulto no planalto paranaense até meados do século XIX. Parcela expressiva dos moradores, especialmente de Castro e Curitiba, contava com escravos ocupados nas atividades do criatório e no desenvolvimento de alguns gêneros agrícolas. Entre os cativos existiam os que pertenciam a senhores absenteístas, isto é, proprietários que residiam em suas habitações urbanas, ou que possuíam mais de uma unidade agrária, ou ainda que, em virtude de negócios, precisavam viajar e se ausentar de seus plantéis confiando a administração de suas fazendas a um de seus escravos. Nem sempre tais unidades de absenteístas eram grandes, mas figuravam certamente entre as maiores unidades escravistas destas localidades. Por meio das "Listas Nominativas de Habitantes" de Castro (1835) e Curitiba (1797) foi possível analisar o acesso dos cativos às práticas familiares nestas escravarias. Comparando as propriedades com senhores presentes e ausentes, constatou-se que as absenteístas favoreciam sobremaneira as uniões familiares. Nos fogos dirigidos por capatazes escravos os casamentos eram precoces e o acesso aos laços sancionados mais freqüentes, sendo também mais comum ali o processo de legitimação tardia de uniões consensuais vigentes às vezes havia muito tempo. Alguns casos encontrados nas listas sugeriram a existência de famílias extensas, como demonstrou, por exemplo, a composição da Fazenda Butuquara em Curitiba. Nesta unidade, houve grande propensão entre os escravos a legitimarem tardiamente suas uniões, reiterando que os cativos talvez não dependessem tanto da legitimação religiosa, na juventude, para formarem suas famílias. As baixas razões de masculinidade das fazendas de senhores absenteístas ensejavam o acesso das mulheres ao casamento e, por conseqüência, tinham muito mais rebentos que as escravas com donos presentes (os indicadores de fecundidade foram altíssimos). Especificamente nas absenteístas de Castro, a procedência do nubente contava muito quando da busca de parceiros. Os escravos de origem africana tendencialmente casavam-se mais que os crioulos, levando a crer que casais mistos não eram incomuns na região. A elevada quantidade de africanos do sexo masculino casados, sem possíveis cônjuges de seu próprio grupo étnico, leva a supor que muitos não se negavam a unir-se a parceiros coloniais quando a questão que estava em jogo era garantir a inserção na comunidade escrava. "A distante voz do dono", em suma, ligava-se com força à ampliação do espaço de "autonomia" nestes ambientes. O absenteísmo multiplicava os laços familiares mesmo quando as sanções eclesiásticas eram negadas. As elevadas proporções de casados e casadas entre a massa escrava, bem como a expressiva participação de crianças, comprovam que a "distância" do senhor fomentava a efetivação de famílias capazes de organizar a comunidade escrava, de modo que seu estudo permite avançar na compreensão desta última.

                     

SCHLEUMER, Fabiana. Além de açoites e correntes: histórias de famílias escravas em Cotia colonial (1790-1810). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Esta pesquisa é resultado de uma dissertação de mestrado, defendida em 1999, no departamento de História Social da Universidade de São Paulo sob a orientação da Profa. Dra. Mary Del Priore. Trata-se de um estudo sobre a vida familiar de cativos e libertos -- contração, reprodução, manutenção e esfacelamento -- ocorridos na freguesia de Cotia no período colonial. Neste trabalho, discutimos a importância do parentesco e do compadrio, o papel da mulher nas sociedades africanas e o significado da maternidade e da criança na África e no Brasil, tendo como fonte os registros paroquiais de batismo e casamento de escravos e libertos e duas listas nominativas referentes aos anos de 1798 e 1808. Os primeiros documentos localizam-se no Arquivo da Cúria Metropolitana de São Paulo, são manuscritos que especificam as uniões legais que envolviam cativos e libertos, identificam a origem étnica dos envolvidos, os vínculos familiares, os impedimentos, a consangüinidade, a filiação, as testemunhas e os acontecimentos ocorridos antes da realização do matrimônio. Com relação aos registros de batismo, estes permitem a identificação do nome da criança, dos pais, dos padrinhos e, assim, o estabelecimento das relações sociais. Já listas nominativas encontram-se no Arquivo do Estado de São Paulo e trata-se de censos populacionais microfilmados, nelas se descreve cada fogo, citando o nome do chefe da família e o do cônjuge, dos filhos, dos agregados e a ocupação econômica. São especificadas as idades, o estado conjugal, a origem étnica e a cor. As fontes são analisadas de uma forma diversa das interpretações da demografia histórica, isto é, os documentos são lidos e utilizados sob o ponto de vista da História Social. Acreditamos que o estudo sobre as famílias não deve se ater em demasia a mapas, gráficos e tabelas que foram, e ainda são, muito importantes para provar a existência da família escrava, mas que não respondem a múltiplas indagações sobre o imaginário dos escravos. A leitura dos documentos numa perspectiva social, permitiu a constatação de que dentro da conformação econômica de Cotia, região rural, pobre, localizada nos arredores de São Paulo, cuja economia era de subsistência, houve espaço para o estabelecimento de famílias escravas e libertas. Os pardos encontravam-se organizados em famílias, consangüíneas e extensas, corroborando com as estruturas familiares africanas onde havia espaço não somente para a família nuclear, mas também para a poligamia, a poliandria e outras estruturas. Constatamos, ainda, que em Cotia a posse de escravos encontrava-se difundida entre a população, destacando-se como proprietários os religiosos, os militares, as mulheres e os roceiros. Esta pesquisa possibilita-nos constatarmos que para a compreensão de qualquer aspecto da vida social de uma população africana, seja ele, econômico, político ou religioso, é essencial conhecermos a sua organização de parentesco e casamento, pois, essas são as pedras primordiais que regulam as relações entre os povos africanos. A análise da documentação em conjunto com a leitura de obras clássicas da antropologia africanista, autoriza-nos, ainda, a afirmar que as crianças, assim como a maternidade e os laços de parentesco, eram valores de alta conta que norteavam a sociedade africana. Esses valores imigraram para as terras brasileiras e aqui se metamorfosearam através das novas relações de parentesco e compadrio.

                          

EIFERT, Maria Beatriz. Considerações sobre a demografia da população escravizada nas fazendas pastoris de Soledade, RS, na segunda metade do século 19. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A comunicação apresentará perfil demográfico exploratório da população escravizada nas fazendas pastoris do município de Soledade, no Rio Grande do Sul, na segunda metade do século dezenove, a partir do estudo de doze inventários.

                          

OSÓRIO, Helen. Escravos na estremadura portuguesa: estrutura de posse e ocupações Rio Grande de São Pedro, 1765-1825. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A comunicação abordará a estrutura de posse de escravos no período de 1765-1825 a partir de uma única fonte, uma amostra de 542 inventários, urbanos e rurais, que abarca todo o território da capitania do Rio Grande de São Pedro, com o intuito de determinar os padrões de distribuição da propriedade escrava entre a população livre. Pretende-se comparar este padrão com o encontrado em outros trabalho que utilizam a mesma fonte, para outras regiões da América portuguesa. A outra questão que a comunicação abordará é a da utilização da mão-de-obra escrava na produção pecuária, atividade que tradicionalmente a historiografia brasileira julgou incompatível com a escravidão. Os resultados de nosso estudo são corroborados pelos trabalhos recentes de História agrária realizados na Argentina (Garavaglia e Gelman), para o período colonial. Estes autores verificaram um peso insuspeitado da mão-de-obra escrava nas estâncias, inclusive cumprindo tarefas de capataz.

                          

LIMA, Carlos A. M. Hierarquia e mobilidade entre escravos e negros livres no Paraná na passagem do século XVIII para o XIX, a partir de registros paroquiais e listas nominativas. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O modo de vida e a dinâmica da presença mesma de escravos e não-brancos livres nas partes meridionais do Brasil costumam ser pensados a partir de dois pressupostos. Um parte da idéia de "periferia da periferia" como o enquadramento básico das relações sociais. O outro é o da economia voltada para o abastecimento, com o raciocínio ligado à temática do produto básico nas diversas localidades. Aqui, trabalham-se dados sobre domicílios de livres de cor (1794-1835), sobre seu acesso à autonomia (1832-1835), sobre uniões matrimoniais entre libertos e escravos (1765-1820) e de escravos entre si (1797) e sobre a distribuição por sexo das populações escrava e administrada (1765-1820), observando casos transcorridos em Castro, Curitiba e Guaratuba. O objetivo é defender que a consideração do acesso a fatores produtivos (no caso dos escravos, deixando entrever a "economia própria") e ao mercado interno é um elemento explicativo fundamental do modo de vida, das estratégias e dos movimentos populacionais de não-brancos livres no Paraná. O tamanho médio dos domicílios de livres de cor, conforme seu ciclo de vida, mostra que parte fundamental de suas trajetórias esteve coberta pelo ciclo chayanoviano. Tamanha estabilidade no sentido de assentar-se no Sul como camponeses só pode indicar que o fator terra era disponível mesmo para eles, atraindo migrantes internos. Nesse caso, realiza-se análise longitudinal. A investigação sobre os caminhos, no interior de suas trajetórias, que os levavam até a possibilidade de chefiar um ciclo como aquele conduz a avaliar, em análise transversal, a distribuição de livres de cor pelas posições de cabeça de domicílio (com ou sem escravos), filho residente com seus pais e agregado. Essa discussão mostra que o acesso à autonomia do "campesinato reconstituído" era decisivo entre os homens adultos, que as idades em que isso era logrado eram bastante precoces e que é necessário atribuir significados à prática de agregar-se que difiram do modelo de dependência pessoal usado às vezes monoliticamente para os homens livres pobres. Tudo condiz com a percepção de que o avanço da fronteira agrária ditava fortes possibilidades de autonomia para negros e pardos livres. Essa centralidade do avanço da fronteira também ajuda a compreender algumas possibilidades abertas para escravos. A dinâmica de sua presença no espaço meridional sugere que a descrição de Gutiérrez sobre a população escrava paranaense refere-se a um intervalo circunscrito, tendo que ser ajustada para situações diferentes observadas quanto ao século XVIII. Um predomínio masculino (embora crioulo) neste século indica que a situação de fronteira em avanço demandando homens regulava a composição por sexos da população escrava. Mas ela significava também a abertura de possibilidades específicas (e sempre limitadas, por definição) de mobilidade ascendente para escravos. Basicamente, "masculinizava" as chances de alforria e ascensão, o que se nota através de um padrão no qual eram os homens (e não as escravas) que logravam casamentos socialmente ascendentes (quanto à cor atribuída).

                  

JOHNSON, Elizabeth A. Indian "slavery" in late-colonial São Paulo. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
ABSTRACT. At the end of the sixteenth century, the first Benedictines and Carmelites arrived in the captaincy of São Paulo. During the early decades of the seventeenth century, both orders acquired a great deal of wealth through bequests made by pious followers, many of whom were banderiantes, a group best know for capturing and enslaving Indians. Although a great deal has been written about the Jesuits and their activities in colonial São Paulo, little is known about the role of other religious orders in colonial Brazil. There is evidence that both the Benedictines and Carmelites financed Indian slaving missions (entradas) to supply their farms with labor. Furthermore, both orders had administrados, a nebulous category applied to Indians who could not legally be held in slavery but who, in practice, were little more than "free" slaves, through the nineteenth-century, long after the prohibition of holding Indian labor. In this paper I shall focus on the legislation that governed Indian slavery and the continued exploitation of their labor on farms of the Carmelites and Benedictines after 1758, when the law that prohibited the enslavement of Indians was passed. I also examine the struggles of Indian laborers to achieve freedom, which involved appeals to the courts as well as sabotage and escape. This paper questions the degree to which the abolition of Indian slavery translated into de facto freedom. This new and revisionist perspective not only affords greater understanding of the role played by Indians and their mestiço children in Colonial Brazil, but no less importantly recovers them from the historical oblivion into which they have been relegated.

                  

CHARÃO, Ricardo Brasil. Religiosidade negra em terra estranha: A Irmandade do Rosário da Colônia Alemã de São Leopoldo. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O processo de colonização/imigração que se estabelece no RS a partir de 1824 com a fundação da Colônia Alemã de São Leopoldo é tema já largamente estudado pela historiografia gaúcha. A escravidão, por sua vez, é tema que apenas nos últimos 15 anos passou a receber maior atenção no RS, principalmente a partir da implementação e consolidação dos cursos de pós-graduação em História. Os dois temas, ainda assim, apenas são vistos em conexão quando se estuda a relação entre o processo imigratório e a abolição da escravidão. Se os estudos sobre escravidão vêm sofrendo saudável renovação, ainda hoje, predomina entre a historiografia da imigração/colonização alemã no RS uma visão triunfalista e laudatória da "epopéia" dos imigrantes. Tomando como ponto de partida as proibições legais à prática da escravidão nas áreas de colonização ou então afirmações de que o caráter alemão não compactuaria com tal prática, historiadores invisibilizaram a presença escrava/negra nas colônias alemãs gaúchas. Entretanto, hoje já dispomos dos primeiros trabalhos nesta área. Assim, a questão que se coloca hoje é dimensionar a grandeza da comunidade negra (escravos, livres e forros) nas colônias alemãs e sua participação na vida econômica, social, política e cultural. Tomando esta presença como ponto de partida pretende-se, com esta comunicação, discorrer sobre a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito da Villa de São Leopoldo. Mas o que faz uma Irmandade de homens/mulheres negros/as em plena colônia alemã no Rio Grande do Sul? Fundada em 1852, a Irmandade do Rosário de São Leopoldo, talvez constitua uma das mais antigas Irmandades do Rosário do RS. Congregando livres, escravos, forros, brancos, pretos, pardos, homens e mulheres ("toda a qualidade de pessoas"), esta irmandade teve forte participação da população escravizada, influindo e sendo influenciada pelas práticas e representações forjadas sobre escravidão e liberdade. A importância desta Irmandade em São Leopoldo reside no fato de apontar para a dimensão da comunidade negra, suas formas de organização, espaços de sociabilidade, relações inter-étnicas e religiosas, entre outros.

                   

MORTARI, Cláudia. Os "pretos" africanos e os "pardos" do Rosário: estratégias na busca por autonomia e legitimidade (Desterro, 1830/1860). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. No ano de mil oitocentos e quarenta e um, um "tumulto" entre os Irmãos da Irmandade do Rosário agitou o interior do Consistório da Igreja do mesmo nome na cidade do Desterro, então capital da Província de Santa Catarina, desencadeando-se a partir daí, um pleito judicial que durou dois anos. Com o objetivo de evidenciar o porquê do tumulto e do pleito judicial, mas também e, principalmente, as formas de agir, as alianças, as estratégias utilizadas, a maneira como os sujeitos viam-se, agiam e identificavam-se e quais os lugares onde foram buscar respaldo para fortalecer suas decisões, empreendemos o trabalho de pesquisa em fontes documentais da própria Irmandade e outras referentes à administração da cidade. Evidenciou-se, com base na da pesquisa, a existência de diferentes comunidades de africanos e afrodescendentes no interior da instituição, fundada em 1750 e considerada a segunda em antiguidade da cidade. De um lado, os africanos, que tinham como representante o preto forro Benedito Francisco Pereira e, de outro, os pardos que tinham na figura do pardo livre Luiz de Miranda Ribeiro seu representante. O embate, a princípio, ocorreu em razão da legitimidade que os africanos apregoavam para si de ocupar o cargo de Juiz da instituição, fato questionado pelos outros irmãos de diferentes origens e condição social. Enquanto partes opostas de um pleito judicial, os Irmãos buscaram através de diferentes estratégias fazer valer seus interesses e objetivos. Para tanto, acabaram envolvendo também, diversas autoridades, ligadas ao poder civil e eclesiástico da cidade, entre elas: o Juiz Municipal, de Capelas e Resíduos, de Direito, de Paz, Vigários, Arcipreste, e até mesmo o Presidente da Província. O resultado da pendenga judicial foi a substituição do Compromisso de 1807, que fundamentava antigas práticas instituídas nas relações sociais através da tradição e, entre elas, o fato de um africano escravo ou forro ocupar o cargo de Juiz da instituição. No novo Compromisso, 1842, o critério da origem africana deixa de existir. É provável, também, que o embate entre comunidades distintas no interior da Irmandade se justificasse por essa representar um espaço importante para o estabelecimento de solidariedade social e cultural entre seus Irmãos. Organizada em consonância com os meios de socialização, reconhecidos e aceitos pela cidade, era o meio de legitimar práticas de solidariedade, entre elas, o cuidado das crianças, o enterro de seus mortos, o socorro aos doentes e a libertação de escravos. Isso fazia a Irmandade ser um dos mais importantes espaços de autonomia e legitimidade das populações africanas e afrodescendentes. As evidências indicam que a Irmandade se organizou, inicialmente, em torno da comunidade de pretos da costa, ou seja, africanos, e a substituição do Compromisso de 1807 pelo de 1842 pode significar, também, a tentativa de organizar as diferentes comunidades, no caso, a de pardos, numa mesma instituição. Através do episódio de 1841 e seus desdobramentos, foi possível evidenciar e compreender, como no contexto de uma sociedade escravista do sul do Brasil, se estabeleciam diversas práticas sociais, estratégias e alianças, enfim, formas de identificação provisórias, incoerentes múltiplas, adequadas aos dilemas e aos problemas com que africanos e afrodescendentes deparavam-se no cotidiano.

                 

MOREIRA, Paulo Roberto Staudt. Sou Preto, Africano: pistas sobre trajetórias de vida de alguns libertos no espaço urbano escravista (Porto Alegre / segunda metade do século XIX). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A proposta da presente comunicação é expor alguns dados iniciais coletados em nossa pesquisa sobre as experiências negras no espaço urbano de Porto Alegre, relatando trajetórias de vida de alguns libertos (majoritariamente africanos). Cruzando fontes diversas como cartas de alforria, processos criminais, jornais, Livros de Pacientes, inventários e testamentos, conseguimos uma aproximação com a comunidade étnica negra local, obtendo dados sobre as estratégias / projetos de vida em termos de obtenção da liberdade, distribuição geográfica de seus espaços referenciais de residência e trabalho e distribuição ocupacional. Através de alguns casos individuais melhor documentados, podemos densificar a análise do mundo escravista, cruzando uma análise mais quantitativa com uma perspectiva qualitativa, dada pela ênfase biográfica nestes agentes.

                  

SILVA, José Bento Rosa da. "Miragens da Liberdade": um olhar sobre as cartas de alforria da freguesia do Itajahy, SC, 1860-1886. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Trata-se de uma investigação sobre as cartas de alforrias concedidas pelos senhores aos escravos na Foz do Rio Itajaí-Açú. Estas cartas ainda não foram analisadas. Encontram-se no acervo do Arquivo Público de Itajaí. O autor analisa sobretudo as condições impostas aos escravos para que pudessem "usufruir" da liberdade. Pergunta-se: em que medida estas cartas podem ser consideradas apenas "ilusões" ou miragens da liberdade? Quais as implicações de tais cartas? E mais: Quem eram os alforriados? Enfim, busca-se analisar um período da história da escravidão a partir das cartas de alforrias concedidas sob condição.

                            

WAGNER, Ana Paula. "Como se de ventre livre nascesse": alforrias na Ilha de Santa Catarina (1850-1872). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A carta de alforria não foi o único instrumento utilizado para a libertação de escravos. Muitos cativos também foram libertados por intermédio do batizado, sem que houvesse qualquer outro registro de sua libertação, que não fosse esta condição estar anotada no batistério, dando-os como livres. A imposição do batizado ao recém-nascido só se tornou prática corrente no mundo católico a partir do século XVI. Em Portugal e suas colônias, o registro do batismo assumiu grande importância, pois o direito do padroado, ao transformar a hierarquia eclesiástica em burocracia do Estado, facultava aos livros paroquiais o duplo status de registro religioso e civil. Em relação à escravidão, as Ordenações Filipinas dispunham que a falta do batismo colocava em risco a propriedade sobre o escravo. Nestes termos, entende-se que o registro de batismo equivaleria a um documento de fé pública, com uma escritura ou qualquer outra forma de registro cartorial-civil. Ou seja, um senhor podia valer-se do registro de batismo para legalizar a doação ou transferência de posse de um escravo. Por outro lado, para cativos e libertos, com o batismo, podiam-se estabelecer redes de relações e solidariedade, entre elas o compadrio, o que pode ser interpretado como uma das formas assumidas pela "estratégia de sobrevivência". Ao analisar registros de batismo da Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, localizada na Ilha de Santa Catarina, entre os anos de 1850 a 1872, pode-se observar a prática da liberdade na pia batismal no processo de manumissão de crianças cativas. De um conjunto de 265 registros de batismo de crianças libertas ou negras livres, realizadas na dita paróquia, no período mencionado, 83 deles (31% dos casos) mencionam que o inocente havia sido libertado na pia batismal. Essas manumissões, tal como as cartas de alforrias, podiam ser gratuitas ou onerosas, condicionais ou não, e constituem série documental duplamente importante; por um lado, possibilita a análise do crescimento das alforrias na pia batismal em relação ao conjunto dos batizados de crianças escravas e, por outro, permitem que se complementem as informações cartoriais, nem sempre abrangentes quando se trata da manumissão de crianças cativas.

                                   

PENNA Clemente Gentil. "Como se meu escravo fosse": o movimento abolicionista e as novas relações de trabalho em Desterro/SC (1871-1888). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O objetivo desta comunicação é a análise das cartas de alforria onerosas e contratos de locação de serviços buscando com isso obter uma melhor compreensão em torno dos libertos sob condição, ou statuliber e seus senhores ou patronos e as maneiras pelas quais esta ambígua condição jurídica implicou em perceptíveis modificações nas relações de trabalho em Desterro/SC durante a última década da escravidão. Uma análise em torno das alforrias condicionais e contratos de locação de serviços nos tem possibilitado, também, perceber as maneiras pelas quais se desenvolveu o processo de abolição e o movimento Abolicionista em Desterro (antiga Florianópolis), desvendando alguns mitos, como o da benevolência e humanidade dos senhores locais, em torno dos quais a maioria dos trabalhos sobre o tema tem-se pautado.

                    

CAMPOS, Adriana Pereira. Escravo é caso de polícia? Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A autora trata do papel desempenhado pela Polícia e a Justiça na disciplina dos escravos na Província do Espírito Santo no século dezenove. A exposição parte do exame crítico dos relatórios governamentais produzidos na época que enfatizavam a necessidade de uma política de rigoroso controle da camada servil. A prática diária de controle social é analisada tendo por base as estatísticas de prisões efetuadas no decorrer do século naquela Província, mesmo reconhecendo que tais dados formam, como a maior parte das fontes históricas, uma realidade de difícil interpretação será demonstrado que os índices de criminalidade derivados dos levantamentos oficiais nem sempre coincidiam com as infrações previstas no Código Criminal de 1830. Na verdade, a atividade da Polícia ultrapassava a prisão de eventuais criminosos e, por isso, as estatísticas devem ser consideradas uma fonte precária em termos de informação. A pesquisa efetuada pela autora em documentos coligidos no Arquivo do Estado do Espírito Santo aponta para uma interessante distinção entre o trabalho da Polícia e o da Justiça, em especial em relação à população escrava. Apesar dessa diferenciação, a ação de ambas as autoridades integrava um mesmo processo de controle social, desenhado pelas leis do Império e pelas elites locais, que, bem ou mal, lograram impedir o avanço das forças rebeldes nas províncias do país.
                        

PIROLA, Ricardo Figueiredo. Revolta escrava em Campinas, 1832: padrões demográficos de coesão e conflito na senzala. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. No ano de 1832 os escravos da cidade de Campinas tentaram mais uma vez acabar com seus senhores e ficarem livres. Planejaram durante vários meses cada detalhe de uma espetacular revolta. Arrecadaram dinheiro, compraram armas, fizeram orações e marcaram a data final. Tudo estava pronto para a Páscoa daquele ano. Mas nessa sociedade, as coisas nem sempre ocorriam como os escravos esperavam. A poucos dias do tão planejado momento, acabaram caindo na desconfiança de seus senhores e tiveram que adiar novamente suas aspirações de liberdade. Focalizando, então, este plano de revolta escrava, a nossa palestra discutirá a formação de identidade(s) escrava(s). Formariam, os escravos, uma comunidade homogênea pelo simples fato de todos experimentarem a mesma condição cativa? Ou, essa "comunidade escrava" era rachada por diferenças de origem? Ou, ainda, a conquista de um casamento e a ocupação de uma tarefa especializada (como a de feitor, tropeiro) eram suficientes para formar uma comunidade distinta na senzala e avessa a revoltas coletivas? As nossas pesquisas sobre o tema têm buscado realizar uma biografia coletiva dos 32 escravos indiciados na tentativa de revolta de 1832. A partir do cruzamento de uma série de fontes, procuramos estudar a vida dessas pessoas, desde o momento da chegada na vila até o seu envolvimento na rebelião, focalizando pontos como: qual a origem desses escravos? Quantos eram casados? Com quem se casavam? Que tipo de atividades exerciam nas fazendas? Há quanto tempo moravam na região, quando fora descoberto o movimento? A construção de biografias coletivas exige um trabalho muito grande de manipulação de dados e pesquisa com as fontes. Para esta pesquisa utilizamos 5 séries documentais: 1) O processo-crime de 1832; 2) Os censos populacionais da vila; 3) Os registros de casamento escravo; 4) Os registros de batismo escravo; 5) Inventários post-mortem. O nosso trabalho de pesquisa consiste em cruzar essas cinco fontes, por um método de ligação nominativa. Assim, a partir do nome dos revoltosos citados no processo-crime buscamos encontrá-los tanto no censo populacional, como nos registros de batismo e casamento e também nos inventários. Todo esse trabalho tem produzido alguns resultados bastante interessantes. A nossa pesquisa já conseguiu identificar vários aspectos da vida dos envolvidos no plano de 1832. Descobrimos, por exemplo, que uma parcela significativa dos revoltosos era composta de casados e que a maioria habitava a cidade de Campinas havia quase uma década. Percebemos ainda que alguns escravos envolvidos na revolta ocupavam cargos de grande confiança de seus senhores. Enfim, temos encontrado dados bastante sugestivos sobre a complexidade dos projetos de vida desses cativos. Projetos que, em muitos casos, conciliavam a formação de famílias escravas e revoltas coletivas na vila.

                     

MOLINA, Sandra R. A escrita e a tradição: um olhar institucional sobre a rebelião dos escravos da santa do Carmo na fazenda Capão Alto em 1864. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Em 1864 os escravos da fazenda carmelita chamada Capão Alto se rebelaram em razão de seu arrendamento a um negociante e de sua iminente transferência para a província de São Paulo. Também seus senhores viviam profundas mudanças em seu cotidiano tradicional. Progressivamente perdiam sua autonomia de proprietários e ordem regular pois passaram a ser regidos por Visitadores Apostólicos que indiretamente camuflavam uma intervenção estatal sobre suas decisões internas. Sofriam uma campanha maciça do Império visando sua extinção, o número de frades diminuía drasticamente e as propriedades e conventos eram mal administradas com denúncias de desvio de recursos. O presente trabalho pretende buscar as mudanças institucionais da Província Carmelita Fluminense e as alternativas de sobrevivência de tais frades que possibilitaram o arrendamento dos citados cativos que até então vivenciavam um mundo tradicional de escravos da santa e que lutaram para não perdê-lo.

                      

PENA, Eduardo Spiller. Burlas à lei e revolta escrava no tráfico interno do Brasil meridional - século XIX. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A casa comercial e bancária "Bernardo Gavião, Ribeiro & Gavião", com sede na capital da província de São Paulo, foi a responsável por uma das maiores transações do tráfico inter-regional de escravos para o centro-sul do Brasil, na segunda metade do século XIX. Em 1864, de uma só tacada, promoveu a transferência para São Paulo de cerca de 236 escravos, que trabalhavam na "Fazenda Capão Alto", propriedade da Ordem dos Frades Carmelitas, localizada no município de Castro, província do Paraná. O episódio comercial poderia parecer corriqueiro em meio ao emaranhado de atos de compra e venda que caracterizou a conjuntura do tráfico interno de escravos das regiões sul e nordeste para os municípios cafeeiros do Brasil sudeste. Os meandros dessa negociação, porém, foram inúmeros e complexos, deixando evidências sobre a agilidade e a estratégia jurídico-comercial dos traficantes em seu ofício; a atenção e vigilância das autoridades provinciais em relação ao mesmo; e a atitude e expectativa dos escravos (no caso, os do sul) ante a possibilidade, nada remota no período, de serem transferidos para outras localidades. Três aproximações analíticas sobre o episódio são elaboradas. Uma primeira, apresentando alguns dados sobre o tráfico interno de escravos no país, especialmente da região sul para as províncias cafeeiras do Brasil sudeste, analisando também o vultoso negócio empreendido pela casa "Gavião, Ribeiro & Gavião". Uma segunda, que procurou enfocar as diferentes interpretações jurídicas realizadas por proprietários/traficantes e os agentes do poder público provincial com relação à legislação tributária que incidia sobre o comércio interno de escravos. Nessa parte, desvelam-se as astúcias dos escravistas na burla aos impostos da meia-sisa e da saída dos escravos da província; as margens de manobra e negociação dos traficantes paulistas nas instâncias estatais, eles mesmos sendo influentes políticos na província de São Paulo; e a complacência de alguns agentes públicos paranaenses, e a fragilidade de outros, no combate ao contrabando e na aplicabilidade do tributo sobre a saída dos escravos da província paranaense. Por fim, um terceiro enfoque diz respeito à fala e ao gesto dos escravos de "Capão Alto", quando da efetivação da transação comercial sobre suas vidas e corpos. Na iminência de serem transferidos para São Paulo, os negros se rebelaram, tentando permanecer nas terras da fazenda, onde há décadas haviam conseguido, em meio à administração dos frades, uma certa autonomia na condução de suas vidas e trabalhos. Os escravos foram rapidamente controlados pelas autoridades policiais da província, que não esconderam que estavam ali para resguardar os direitos de propriedade dos traficantes e manter a necessária ordem e tranqüilidade pública na região. A tentativa de revolta, embora fracassada, evidencia ao historiador a disposição que essas famílias de escravos tiveram na luta pela manutenção de direitos que foram paulatinamente negociados e conquistados por esse grupo na sua relação secular com a administração carmelitana.

                 

LIMA, Carlos A. M. & NETTO, Fernando Franco & SILVA, Denize Aparecida da. A posse de escravos e o impacto do tráfico interno na década de 1870 (Campo Largo, Guarapuava e São Francisco do Sul, 1870-1879). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Através de inventários post-mortem, objetivamos identificar impactos do tráfico interno de escravos em três áreas fornecedoras de cativos durante a década de 1870. Nessa época, o trato interno de cativos sofreu incrementos, e seus efeitos se conjugaram com as mudanças nas perspectivas inscritas na posse de mulheres escravas em virtude da Lei do Ventre Livre. As adaptações dos escravistas de Guarapuava, Campo Largo e São Francisco do Sul foram diversas, o que dependeu tanto dos tipos predominantes de atividade em cada um dos lugares quanto da dinâmica de seus respectivos processos de crescimento. Embora parte da área onde viria a formar-se Campo Largo tivesse concentrado, no final do século XVIII, algumas das maiores escravarias do termo de Curitiba, o tempo de sua criação de gado havia praticamente passado na segunda metade do século XIX, ao passo que novas atividades então desenvolvidas, especialmente aquelas vinculadas à coleta e ao processamento da erva-mate, não eram de molde a demandar intensamente o trabalho de escravos. Guarapuava ascendia ao longo do século XIX, e suas atividades de criação de gado vão enfrentar a crise na oferta de escravos em meio àquele crescimento. São Francisco do Sul, por fim, a mais antiga das três localidades, atravessara uma longa e relativamente isolada existência, mas, passava, juntamente com muito do litoral de Santa Catarina, por uma espécie de ressurgimento a partir do crescimento da demanda por alimentos no Sudeste durante o século XIX. Assim, notamos em Campo Largo ínfimas posses de escravos, com fortíssimo predomínio feminino entre os cativos das faixas etárias mais produtivas e acentuadas diferenças entre os preços pelos quais foram avaliados homens e mulheres (as avaliações de ambos eram menores que as de áreas cafeeiras, mas isso era mais sensível nos preços das mulheres). Em Guarapuava, ainda se fazia sentir uma demanda por escravos, freando o processo de redução da participação de homens adultos nas escravarias. No entanto, o principal impacto das mudanças da década de 1870 no local parece ter sido um envelhecimento da parte adulta das escravarias. Em São Francisco, as posses de escravos eram significativamente maiores, embora também se note envelhecimento da parte adulta das escravarias e redução da parcela masculina entre os escravos adultos, mas sobretudo nas pequenas escravarias. As maiores conseguiam, ainda durante os anos 70, preservar características normalmente associadas a maiores produtividades. Assim, Campo Largo era verdadeiramente terra arrasada do ponto de vista da posse de escravos, ao passo que as sobrevidas escravistas de Guarapuava e São Francisco do Sul mostravam possibilidades alternativas de enfrentamento das alterações dos anos setenta.

                           

ASSUMPÇÃO, Euzébio. Perfil dos trabalhadores escravizados em Osório. Séc. 18 e 19. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A comunicação pretende apresentar perfil demográfico e nacional dos trabalhadores escravizados do município de Osório, no litoral do Rio Grande do Sul, nos séculos 18 e 19, a partir das fontes arquivais disponíveis.

                   

GUTIERREZ, Ester. Escravos, libertos e livres na construção do sul do Novo Mundo: Pelotas, RS - (1848-1888). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O quadro dos trabalhadores da construção na segunda metade do século XIX é esboçado, sobretudo, através dos registros dos livros de enterramentos e internamentos da Santa Casa de Pelotas, auxiliados pelo programa estatístico Epidemiologia e Informática 6. Os dados revelaram uma divisão étnico-social no canteiro de obras da cidade. Os trabalhos de oleiro e pedreiro foram designados africanos e afrodescendentes, enquanto que os portugueses decidiram ser mais carpinteiros; os alemães, marceneiros; os italianos, pintores e os franceses, ferreiros.

                        

ALVES, Eliege Moura. Memórias da escravidão em São Leopoldo. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Meu objetivo é estudar a escravidão em São Leopoldo. Escolhi o recorte temporal que privilegia os anos de 1850 a 1870. A partir de 1850, com o término do tráfico internacional de escravos observa-se que a movimentação de cativos entre as províncias do Império ainda é bastante significativa. Apesar de grande parte dos historiadores afirmarem a inexistência de escravos ou sua insignificante presença no extremo sul do Brasil, as fontes consultadas apontam outras perspectivas. Pesquisando os inventários post-mortem, as cartas de alforria, no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul, os registros de batismos, certidões de casamentos e os registros de óbitos no Arquivo Histórico da Cúria Metropolitana de Porto Alegre encontrei inúmeras evidências acerca da existência de cativos entre os imigrantes alemães e os luso-brasileiros que habitavam a região. A historiografia oficial tradicionalmente apontou o Rio Grande do Sul como uma província onde o trabalho livre predominara. Autores como Jorge Salis Goulart, Arthur Ferreira Filho, Amir Borges Fortes, Moisés Vellinho, Manoelito de Ornellas entre outros desenvolveram seus trabalhos nesta linha de argumentação.

                       

XAVIER, Regina Célia Lima. A historiografia sobre a escravidão no RS nos anos 1990: considerações. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Esta comunicação visa apresentar o resultado parcial de uma pesquisa bibliográfica feita em artigos acadêmicos publicados nos anos 1990 sobre a escravidão, abrindo um debate sobre a forma como esta temática vem sendo trabalhada no Rio Grande do Sul.

                      

MAESTRI, Mário. "A arte da guerra do mar" de Fernão de Oliveira: a triste sorte da primeira crítica e do primeiro crítico lusitano radical do trafico negreiro e do escravismo, em 1555. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Notabilizado tardiamente pela autoria da primeira gramática em língua portuguesa, o sacerdote, gramático, piloto e construtor naval Fernão de Oliveira, expoente do pensamento racionalista lusitano, foi perseguido e encarcerado por suas opiniões, tendo sua crítica sistemática das justificativas coevas do tráfico negreiro e do escravismo, desenvolvida em "A arte da guerra no mar", praticamente ocultada e desconhecida, em prol da consolidação da narrativa sobre o consenso lusitano sobre a escravidão e o tráfico.

                         

PIÑEIRO, Théo Lobarinhas. Escravismo e luta social: a respeito do conflito na escravidão. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O autor se propõe a discutir a luta social na escravidão, especialmente a Resistência Escrava e seu impacto no Escravismo Colonial no Brasil, enfocando principalmente o papel do conflito social na dinâmica e na superação da sociedade escravista.

                          

FABIANI, Adelmir. Os estudos sobre as comunidades quilombolas no RS: um balanço exploratório. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O autor efetua apresentação sintética e crítica das interpretações sobre o fenômeno quilombola pela historiografia sul-rio-grandense, com ênfase nos últimos vinte anos.
                     

LIMA, Adriano Bernardo Moraes. Trajetórias de crioulos: um estudo das relações comunitárias de escravos e forros no Termo da Vila de Curitiba (c. 1760 - c. 1830). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Os modelos que interpretaram a prática da alforria no Brasil, a partir da década de 1970, enfatizaram sobremaneira a importância do senhor nesse processo. Ora movido por interesses exclusivamente econômicos, ora por motivos sentimentais, estes modelos interpretativos acabaram por atribuir ao senhor - e somente a ele - a responsabilidade pela configuração do perfil do escravo alforriado. Era o patriarca quem decidia quem libertar: a escrava - até pouco tempo "privilegiada" entre os alforriados - o mulato adulto, o crioulinho ou um preto estropiado. Nenhuma destas produções procurou avaliar a participação do elemento cativo na configuração deste perfil. Acredita-se que uma relação social, seja ela qual for, não pode ser interpretada somente a partir de uma via de mão única. Defende-se a hipótese, neste trabalho, de que houve participação escrava no processo de manumissão. A partir do cruzamento das principais fontes utilizadas - cartas de alforrias e listas nominativas de habitantes - foi possível verificar a inserção do escravo alforriado em uma rede de contraprestações. As relações por esse grupo estabelecidas acabaram por torná-lo parte de uma comunidade escrava, que tinha no vínculo familiar o seu principal elemento aglutinador. Através da associação de fatores estruturais com outros circunstanciais pode-se montar um panorama histórico constituído por fragmentos de histórias de vida de cativos que conquistaram sua liberdade ou a de um familiar.

                    

SILVA, Denize Aparecida da. Laços de Compadrio: os arranjos da comunidade escrava na Freguesia de São Francisco Xavier de Joinville (1857-1888). Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A maior parte dos estudos sobre escravidão, que servem de referência para novas pesquisas, privilegiaram as comunidades com uma dinâmica que se caracteriza por uma economia de exportação internacional e com uma grande população escrava. Contudo nos últimos tempos estão sendo feitos trabalhos sobre o tema com a preocupação de olhar para localidades marcadas por uma economia de subsistência e de escravarias com pequeno número de cativos. A pesquisa sobre o compadrio de escravos em Joinville é um exemplo desta última situação, pois esta região apresenta uma população escrava diminuta e sua economia permaneceu até o final do século XIX com uma economia de subsistência. O que hoje é Joinville era a Colônia Dona Francisca, que foi fundada em 1851 e inicialmente fazia parte do município de São Francisco do Sul, na Província de Santa Catarina. A Colônia nasce com a pretensão de ser uma colônia agrícola, coisa que acontece nos primeiros anos de sua fundação. São observados alguns poucos e precários engenhos de cana, de farinha de mandioca, plantações de milho, batata e fumo. A produção que excedia era transportada via fluvial para ser comercializada em São Francisco do Sul. Como se articulou a comunidade escrava de Joinville? Como construiu seus laços e redes de parentesco espiritual? O compadrio aqui também foi um meio de instituir relações com outros fora do mundo escravo e de reforçar as que se supõe existirem intragrupo? Em Joinville foi observado um padrão de compadrio de escravos, num período de dez anos (1863/1871), anterior à Lei do Ventre Livre e de dezesseis anos (1872/1888) após a Lei. Foram observadas características como: condição jurídica dos padrinhos, índice de legitimidade e faixa etária dos batizandos, presença ou não dos padrinhos na cerimônia, entre outros. As evidências da organização e da construção de sociabilidades dos escravos, em Joinville, podem ser observados em diferentes momentos. Um exemplo precioso é o caso da escrava Dionizia, que em 1882 batizou Antônio, convidou para compadres Miguel e Honorata também escravos, de proprietários diferentes. Depois em 1886, a mesma Dionizia foi madrinha da ingênua Martha, tornando-se comadre da escrava Cecília. Dionizia parece estar no centro dessa teia de relações, na qual as amarras foram feitas pelo compadrio. Percebe-se desta forma que as estratégias dos escravos para enfrentar e se afirmar num mundo com muitos mecanismos de opressão, foram os mais diversos. Nas referências sobre as relações sociais dos escravos, uma parte dos estudos chama a atenção para o compadrio, não só como uma dessas estratégias, mas como vínculo de parentesco espiritual/ritual. Entendendo-se o compadrio como um meio de ampliação dos laços de proteção e de ajuda mútua, a pesquisa e a reconstituição desse padrão em Joinville pode contribuir para o conhecimento da vida em cativeiro, numa comunidade que apresenta características específicas e ainda pouco exploradas pela historiografia.

                   

GEREMIAS, Patrícia Ramos. Ser "ingênuo" em Desterro/SC: Infância e trabalho compulsório em fins do século XIX. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A lei n. 2040 de 28 de setembro de 1871 declarou que os filhos das escravas que nascessem a partir de então deveriam ser considerados de condição livre. Essas crianças, no entanto, deveriam permanecer com os senhores de suas mães até os 8 anos de idade. Chegando a criança a essa idade, a lei permitia ainda que os senhores utilizassem seus serviços até que completasse 21 anos de idade. Tal norma jurídica teve como um de seus objetivos principais dar um encaminhamento gradual para a abolição da escravidão no país. Suas implicações, no entanto, mostraram-se bem mais complexas para as populações de origem africana que se viram envolvidas neste processo, em especial para crianças que viveram sob a tutela dos senhores de suas mães. A possibilidade de acompanhar algumas das experiências destas crianças deve-se a um conjunto de fontes que vem sendo muito pouco utilizado pela historiografia brasileira no que se refere às crianças consideradas livres pela lei de 1871. E este é o objetivo do presente trabalho: apontar os resultados parciais da análise dos processos de tutoria, registros de batismo, inventários post-mortem, ofícios de chefe de polícia para juiz de órfãos, entre outras fontes, que envolveram as experiências vividas por estas crianças em fins do século XIX em Desterro/SC. Experiências estas que envolveram trabalho compulsório, maus tratos, longos conflitos judiciais e uma luta constante pela conquista da liberdade.

                  

LIMA, Henrique Espada. Contratos de trabalho no Desterro, 1829-1888. Notas de uma pesquisa em curso. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Os estudos sobre a história social da escravidão, informados tanto por sólidas investigações empíricas quanto por instrumentos teóricos e metodológicos aperfeiçoados, foram responsáveis por uma transformação sensível nos termos através dos quais se enxerga hoje o período escravista e o trabalho escravo no Brasil. As ênfases nas estratégias dos escravos e na ambigüidade constantemente manipulada das relações senhor/escravo, ajudaram-nos a compreender a escravidão como uma relação que, ao mesmo tempo que se definia pela desigualdade e a violência, era também fortemente marcada pela negociação. Por outro lado, os estudos sobre o trabalho escravo, ao mesmo tempo que lançaram novas luzes sobre o trabalho cativo e o estudaram em suas múltiplas facetas e características, parecem aceitar com muita freqüência a idéia de que o mundo pós-escravidão e o do trabalho considerado "livre" era muito menos ambíguo e muito mais facilmente explicado. Do ponto de vista da história sócio-econômica do trabalho, no âmbito da discussão sobre a chamada "transição do trabalho escravo para o trabalho livre", a utilização de conceitos como "mercado de trabalho" e "trabalho livre" (como oposição radical ao "trabalho escravo") raramente são problematizados e acabam sendo, com freqüência, considerados como descrições transparentes e sem arestas. Entretanto, como conceitos operativos sobre a realidade das relações de trabalho em um mundo em transformação, são marcados por convicções, nem sempre explícitas, de um mercado de trabalho impessoal, "racional" e regulado por uma lógica de maximização, convicções estas que derivam de uma concepção das relações econômicas e sociais que aceita de modo fácil demais as convicções - freqüentemente simplificadoras - do pensamento econômico neo-clássico. O objetivo da apresentação que proponho aqui parte da convicção de que é preciso reexaminar, tanto conceitual quanto empiricamente, as questões que envolvem as relações de trabalho no Brasil durante e após o período escravista, investigando de perto as lógicas sociais, econômicas e culturais que se entrelaçam nessas relações. Em uma investigação, ainda em curso, sobre o mercado de trabalho na cidade do Desterro (Ilha de Santa Catarina) no século dezenove, venho tentando enfrentar as questões que acabo de citar através de uma análise detalhada e microanalítica da documentação cartorial pertinente - em especial contratos diversos de trabalho, envolvendo tanto escravos quanto pessoas livres, no período que (seguindo a descontinuidade da documentação encontrada) cobre preliminarmente os anos entre 1829 e 1888 em um dos cartórios de notas do termo do Desterro. O trabalho que apresento aqui pretende expor as hipóteses preliminares e os resultados parciais até agora levantados em confronto com a documentação pesquisada.

                  

DAUWE, Fabiano. A libertação gradual e a saída viável: os múltiplos sentidos da liberdade pelo Fundo de Emancipação de Escravos. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O Fundo de Emancipação de Escravos foi um dispositivo legal estabelecido na lei do Ventre Livre, que destinava recursos às províncias e ao Rio de Janeiro para libertação de cativos. A quantia destinada a cada província era proporcional ao número de escravos que lá houvesse, determinada a partir de uma matrícula especial de todos os escravos do país. Os escravos de cada localidade seriam, posteriormente, classificados conforme os critérios estabelecidos pelo decreto que regulamentou a lei (Decreto n. 5.135, de 13 de novembro de 1872). A preferência para a libertação era dada aos escravos que tivessem família (fossem casados ou pelo menos tivessem filhos), depois aos indivíduos, começando pelas mulheres mais jovens e os homens mais idosos. Até a lei do ventre livre, a decisão de alforriar os cativos cabia unicamente ao senhor, que poderia fazer dessa prerrogativa uma eficiente ferramenta de coerção e de manutenção do poder senhorial. A alforria dessa forma poderia ser tomada como uma concessão senhorial, um ato de benevolência ou bondade, indicativo da "doçura" que caracterizaria, segundo a classe senhorial, as relações escravistas no Brasil. A historiografia tradicional sobre a escravidão foi profundamente marcada por uma incorporação do discurso abolicionista sistematizado por Joaquim Nabuco. Dentro dessa perspectiva, o fundo de emancipação aparecia como um dispositivo legal pouco eficiente, que teria falhado em libertar um grande número de escravos. Isso contribuiu para a sua desqualificação, durante muito tempo, como objeto de interesse historiográfico. Ao observar o processo de abolição principalmente através das estatísticas, a análise histórica tende a considerar a liberdade como uma dádiva concedida ao escravo, o que impede que se observe a participação dos próprios escravos nesse processo. Este trabalho pretende observar o fundo de emancipação a partir de uma outra perspectiva, que leve em conta os diferentes interesses envolvidos em sua execução. Ainda que a lei tenha sido criada por um grupo dominante para fazer valer seus interesses, seus mecanismos legais, quando usados por grupos com interesses discordantes, serviriam para finalidades bastante diversas. Por isso, o fundo teria servido, de um lado, para consolidar o projeto senhorial de libertação gradual e sem abalos e, de outro, para pôr em questão a autoridade senhorial, ao abrir aos cativos a possibilidade de conseguirem sua alforria à revelia das vontades senhoriais. Este trabalho pretende discutir, a partir da ótica do Fundo de Emancipação de Escravos, os significados da escravidão, da liberdade e da interferência estatal no processo da libertação de escravos, que, havia séculos, extraía sua legitimidade exclusivamente de uma decisão de foro privado. O objetivo é observar as circunstâncias históricas que tornaram insuficiente esse tratamento privado da alforria e da escravidão e a duplicidade de objetivos que o governo Imperial revelava ao tomar as rédeas do processo de emancipação. Também busca, pelo estudo de alguns episódios envolvendo a alforria pelo Fundo de Emancipação em Desterro, atual Florianópolis, fornecer elementos para a compreensão das atitudes dos diversos indivíduos que compunham aquela sociedade para com o Fundo de Emancipação e a extinção do escravismo.
                    

LONER, Beatriz Ana. Ação e reação: a luta pela abolição em Pelotas. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Apesar de muito já se ter escrito sobre os processos abolicionistas, em várias províncias e cidades brasileiras muito ainda há a ser pesquisado sobre este tema, tanto em relação aos reais participantes do processo, como no referente às conseqüências que a abolição provocou nas localidades pesquisadas, em sua economia, relações entre agentes políticos e sociais e, mesmo, ex-escravos. Nesta comunicação discutimos alguns aspectos do processo abolicionista e das relações entre seus agentes e o conjunto da sociedade, utilizando como exemplo o caso de Pelotas, cidade gaúcha que se constituiu num pólo escravista durante o império, devido à intensa atividade charqueadora observada na região. Baseia-se, esta comunicação, em projeto de pesquisa sobre os trabalhadores e a luta pela abolição no estado gaúcho, no âmbito do qual levantamos -- mediante pesquisa em jornais do estado, financiada pela FAPERGS -- os eventos e a conjuntura da década final da escravidão no estado gaúcho em geral e na cidade de Pelotas em particular. Nesta comunicação, abordamos o contexto interno e a forma como a proposta abolicionista desenvolveu-se na cidade, seus limites, tensionamentos e as reações que provocou entre os setores sociais, entendendo-a como um processo complexo, que exigia um posicionamento quotidiano por parte de seus habitantes, mesmo livres e desprovidos de escravos. Não será feita a discussão das propostas que permeavam o processo, mas pretende-se analisar as ações, omissões e práticas dos agentes abolicionistas e seus limites, bem como a forma como se estabelecia a relação entre estes setores e os demais e as reações que a luta abolicionista provocava. Ao mesmo tempo, como pano de fundo, tem-se, pelos jornais, as notícias dos acontecimentos no restante do país e nos distritos rurais, marcados pelas fugas e ameaças ou tentativas de rebelião dos escravizados, por um lado, e pela contra-reação dos escravagistas, que ampliaram a repressão contra os escravos fugidos (o que resultou em várias mortes); pelo incremento de punições contra os trabalhadores escravizados e pela instalação de uma tensão social latente na cidade, a qual, em alguns momentos, explode ruidosamente.

                  

SILVA, Lúcia Helena Oliveira. Uma babel negra: libertos em movimento no pós-abolição. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Logo após a abolição da escravidão, em 1888, muitos emancipados ganharam a estrada e foram para longe de onde haviam vivido até então. Empreenderam uma grande movimentação indo para lugares longínquos como outras províncias, para povoados próximos de onde viviam, andando sem um destino certo, enfim, criaram um dinâmico processo migratório no país. Essa série de movimentações migratórias são ainda pouco conhecidas nos estudos dedicados ao tema da escravidão e liberdade. Nosso intento aqui é levantar algumas discussões em torno de um dos destinos que a população liberta e afrodescendente tomou, a cidade do Rio de Janeiro. A partir dos dados da Casa de Detenção da Corte iremos problematizar a presença de libertos e afrodescendentes migrantes junto à população da cidade.

                      

PORTELA, Bruna Maria. Escravidão e Sociedade em Campo Largo durante a segunda metade do século XIX. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Campo Largo, hoje na região metropolitana de Curitiba, está situado na divisa entre o Primeiro Planalto e os Campos Gerais. O povoamento da região começou com a exploração das minas de ouro em meados do século XVII e, nos anos finais de 1700, a mineração já entrava em decadência. A população passou a se dedicar à agricultura de subsistência e à pecuária e, no início do século XIX, atividades ligadas ao tropeirismo começam a ganhar força na região. Em 1872, o município já havia se emancipado da capital, passando à categoria de Vila. Mediante a análise de 31 inventários (1873-1879), foi feito um levantamento das atividades desenvolvidas na região e também da participação dos escravos nessas atividades. O que observamos foi a coexistência de quatro categorias econômicas principais: invernadas, agricultura de abastecimento, extração de erva-mate e pecuária. Com exceção das invernadas, as outras três atividades apareceram em mais de 50% dos inventários, não existindo uma atividade que sobressaísse significativamente em face das outras. Entre os 12 proprietários de escravos, 39% da amostra total de inventários, a coexistência entre as atividades também aparece, o que acaba dificultando uma identificação precisa das atividades exercidas pelos escravos. Na maioria das vezes, os inventários apresentam indícios de duas ou mais categorias econômicas. E, se fossemos levar em conta as informações contidas nas listas de matrícula dos inventários, acabaríamos por concluir que os escravos eram todos lavradores ou domésticos, pois são as únicas profissões que aparecem nas listas, com exceção de um cativo ferreiro. Porém, o termo "lavrador" era usado genericamente e, provavelmente, um escravo com essa "profissão", desenvolvia outras atividades que não estavam necessariamente ligadas à agricultura. Como no restante do Paraná, Campo Largo caracterizava-se pela pequena unidade escravista, ou seja, senhores que possuíam de 1 a 5 cativos. Em nossa amostra, encontramos 59 escravos divididos entre os 12 proprietários, o que equivale à média de 4,9 cativos por unidade. Para entendermos como esses escravos interagiam com a sociedade do período selecionamos para análise um processo crime de 1875 em que a escrava Benedicta acusa Manoel de Lima, seu senhor, de praticar o crime de estupro em sua filha menor, a também escrava, Marcelina. Um ano antes de acusar Lima, Benedicta havia ido à capital tratar de sua liberdade ou então de sua venda para outro senhor, o que mostra que a escrava já estava há muito tempo insatisfeita com a vida no cativeiro. Mas, apesar dos esforços da escrava, o advogado do réu conseguiu elaborar uma defesa que inocentou seu cliente e, Marcelina continuou vivendo com Manoel de Lima, enquanto Benedicta era vendida para outro senhor. Apesar de a escrava não ter sido bem sucedida nos seus intentos, não podemos deixar de notar a perspicácia de Benedicta ao denunciar seu senhor, demonstrando que, apesar da posição desprivilegiada que tinham os escravos perante a justiça, o desejo de ser livre ou de ter uma vida mais digna, conseguia ultrapassar as barreiras que lhes eram impostas.

                        

ROCHA, Rita de Cássia Galdin. A questão da família escrava no Paraná em 1854, um estudo de caso da escrava Francisca Placidina. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. A questão da família escrava é ponto de partida para um intenso debate entre historiadores que estudam a escravidão no Brasil. O olhar lançado sobre a família escrava não pode ser jamais interpretado com os olhos do século XXI, principalmente pelas situações adversas desses seres humanos. Mas é preciso ressaltar que família pode ser entendida como a resistência à separação dos filhos, ou ainda como fator jurídico de busca de direito de se manter junto aos seus descendentes diretos. Essas dificuldades frente ao sistema fizeram com que muitos cativos procurassem a justiça por intermédio de um curador legalmente constituído. Esta análise repousa dobre os documentos extraídos do jornal "O Dezenove de Dezembro" de 1854. Esse exame tem como objetivo estudar os movimentos realizados pelo cativo após a morte do senhor, partindo do estudo do caso da escrava Francisca Placidina, levada ao cativeiro após a morte de sua senhora, mesmo tendo em mãos a carta de alforria que lhe garantia a própria liberdade e a de seus quatro filhos. A partir disso, buscaremos entender as brechas que os cativos encontravam nas leis para conseguir causas em seu favor, ou ainda, medidas que aliviassem a separação por venda ou que assegurassem diante da justiça o direito de permanecer em família. Tornava-se um problema bastante comum após a morte do senhor, que os escravos viessem a ser parte fundamental das contendas entre os herdeiros, esse impasse diante da venda ou a própria negação da liberdade a quem já havia adquirido esse direito desenvolvia no cativo sentimentos e atitudes até então adormecidos. Em algumas situações o cativo se indignava de tal maneira com a possibilidade de ser vendido a outro senhor, que sua alternativa era a tentativa da fuga. Essas querelas se davam porque o cativo não era um bem imóvel e sem vontade própria e a possibilidade de uma mudança interferia diretamente na sua vida. A formação dos núcleos familiares e das redes de compadrio tornavam-se extremamente ambíguos. Se por um lado, as redes familiares serviam para tornar a vida nas senzalas um tanto melhor e o convívio com filhos e parentes próximos criava uma rede de auxílio mútuo, em contrapartida, os senhores tinham uma área de abrangências punitiva muito maior. Autores como Robert Slenes, Eduardo Spiller Pena e José Flávio Motta, entre outros, tratam essa questão familiar através de fontes de processos estabelecidos na justiça e analisam a movimentação executada pelo escravo diante da lei, a fim de conseguir sua liberdade amparado pelas brechas abertas no judiciário. Este trabalho tem como objetivo entender as dimensões da família escrava no Paraná, como essa rede escravocrata abria brechas nas leis capazes de mobilizar escravos a questionarem sobre a sua venda ou a de seus filhos, ou ainda de manter uma ligação familiar com seus descendentes. Tem como aspiração ainda, entender as relações de núcleos familiares em outras regiões do Brasil e fazer uma aproximação com o caso paranaense, para que, através disso seja lançado um novo olhar sobre as condições e formação da família escrava.

                     

MORAES, Aírton de. O tratado antitráfico anglo-brasileiro de 26 de novembro de 1826: uma revisão historiográfica. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Estamos desenvolvendo um projeto de pesquisa que visa fazer uma revisão historiográfica sobre o acordo anti-tráfico Anglo-brasileiro de 26/11/1826. Este tratado foi de suma importância para o Brasil, e condição sine qua non para o reconhecimento da independência brasileira por parte da Inglaterra. Queremos analisar as várias visões a respeito do tema. Na questão política queremos dar ênfase às várias posições que durante os 20 anos (1830 -1850) a classe política nacional tomou: inicialmente mais conservadora e num momento ulterior, com um caráter mais liberal. Um outro quesito a ser lembrado são as importantes pressões inglesas que o Império brasileiro sofrera e os subterfúgios que eram usadas para driblar os acordos assinados (lei para inglês ver). Na parte econômica o que é possível perceber são as contradições do discurso inglês, pois, eles não só foram os maiores fornecedores de mercadorias que tinham poder de troca na África, mas também financiavam a compra de navios e suprimentos facilitando o "infame comércio". Outro ramo de comércio em que os ingleses atuavam, era o da venda de apólice de seguro aos tumbeiros, seguro este que virou norma, pois os riscos das viagens eram muito altos devido ao policiamento das águas pelas Real Marinha Britânica. Outro país que se beneficiou com o tráfico foram os Estados Unidos da América, o nosso maior fornecedor de navios. Como o país não assinara acordo com os ingleses, sua bandeira era utilizada na travessia do Atlântico como um pavilhão que transmitia segurança ao seu portador. Esta pressão internacional (leia-se inglesa), gerou uma mudança de hábitos no desembarque das "peças" africanas, ou seja, começaram a tomar muito cuidado ao escolher os lugares para "descarregar", visto que os grandes portos estavam sendo muito vigiados. O litoral paranaense e, mais especificamente, o Porto de Paranaguá, foi um destes locais visitados e usados pelos traficantes para tal prática e, portanto, usado como forma de subterfúgios à fiscalização, ou seja, devido à proximidade com São Paulo fazia-se o desembarque neste local e seguia-se com os cativos até o Vale do Paraíba, local que despontava como centro agrícola neste período. Após 1845, a Inglaterra remetendo ao primeiro capítulo do tratado de 1826, edita um ato (Bill Aberdeen) no qual se dá o direito de atacar qualquer navio considerado pirata independente da localização do mesmo. Em várias partes do nosso litoral aconteceram incidentes que geraram críticas ao governo imperial, pois, para muitos, isto era uma questão de soberania. No caso paranaense, um navio da Armada Real foi atingido, gerando uma enorme celeuma. Em síntese, o que este trabalho visa mostrar são as várias leituras que este tratado teve durante os últimos anos por parte da historiografia, bem como, sua importância para o cenário nacional, uma vez que foi a "carta de batismo", ou seja, o reconhecimento inglês de nossa autonomia, proporcionando-nos o status de nação livre.

                          

SILVA, Daniel Afonso da. A identificação do sentimento de liberdade nos escravos do século XIX como um combate nas trevas. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. O objetivo é asseverar sobre o processo de identificação do sentimento de liberdade do cativo do século XIX. Daí a bifurcação teórica frente ao sentido da liberdade e da escravidão. Definir a liberdade é o mesmo que especificar o significado de um quadrado redondo. Ela é algo que perpassa o império dos sentidos por se localizar no plano das idéias. Sua identificação só pode ser efetuada ao ser conduzida ao mundo concreto pelo esforço da personificação. No estudo da escravidão, esta personificação fica expressa nas visões da liberdade, ou seja, na análise das ações autônomas dos escravizados. A identificação dessas ações individuais oitocentistas é um procedimento repleto de ciladas. No século em questão a empresa da escravidão chegou ao seu estágio mais complexo. Houve uma maior simbiose étnica nas comunidades escravas, a qual implementou artimanhas diferenciadas para ludibriar os supostos senhores, que necessitavam se precaver a priori constantemente. A interpretação da escravidão desse período necessita de ordenação teórico-metodológica relativizada e interdisciplinar - conjugação, em especial, de pesquisa documental, literária, historiográfica, antropológica. É preciso, sobretudo, despir a abordagem histórica dos demiurgos habituais da historiografia (metáfora base/estrutura, determinismo econômico, transição entre modos de produção), as certezas habituais. Estes demiurgos assassinam a idiossincrasia dos movimentos e elementos em estudo. Além disso, é fundamental desencorajar a coisificação da escravidão (Emilia Viotti, Jacob Gorender, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes, entre outros) a fim de validar a consciência individual e grupal no cotidiano da escravidão (Sidney Chalhoub, Silvia Hunold Lara, Luiz Mott, João José Reis, Richard Price, Ronaldo Vainfas, Mary Karasch entre outros). Estes últimos inovaram a historiografia ao diversificar os ângulos de análise e as dimensões da história.

                              

ALBUQUERQUE, Janeslei. Uma reflexão sobre os sentidos da liberdade e da cidadania num país marcado pelo escravismo e pela publicidade como estratégia hegemônica. Comunicação apresentada no I Encontro de Castro -- Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional, Castro (PR), 23 a 26 de setembro de 2003.
RESUMO. Ao considerarmos a educação como espaço de identidades em construção e de concepções de sociedade em disputa, refletimos o papel do currículo nessas definições. Levando em conta o passado escravista do nosso país e as peculiaridades do escravismo em Curitiba e no Paraná, observamos a paulatina construção de uma identidade regional, que se constitui numa limpeza étnica no decurso desse processo. Elementos de cultura africana e de cultura indígena foram desconsiderados na história oficial. Ao mesmo tempo se elegeu um certo ideal de cultura européia e de homem europeu como modelo para o paranaense padrão, o paranista. Historiadores regionalistas vão afirmar a não-existência de escravidão no Paraná e em Curitiba e, portanto, a representação dessa parcela da população não será contemplada nas marcas arquitetônicas da Capital. No que se refere ao currículo, ele também uma arena de disputas de representações simbólicas, será um instrumento de afirmação da branquitude e da europeidade dessa região do Brasil. Curitiba sofrerá a partir dos anos setenta do século XX, uma intensificação e uma aceleração na identificação arquitetônica de matrizes européias, sendo transformada nesse período, numa cidade-espetáculo, uma "cidade-marca". A construção dessa marca teria sido dada a partir de uma bem sucedida campanha publicitária, mas, sobretudo pelas vinculações dessa estratégia aos interesses do poder central que pretendeu, para Curitiba, a condição de vitrine do regime militar. Na constituição da cidade-espetáculo, em que as imagens são sobrevalorizadas e estão elas mesmas no centro da cena, a população vai atuar como figurante, que assiste passivamente cada lançamento de uma nova obra e suas virtudes relacionadas aos originais europeus. E é sobre esta base espetacular que "pessoas reais vivem vidas reais mediatizadas pelas imagens". A população é figurante, a população branca. A parcela afrodescendente nem sequer é mencionada, não consta das imagens da cidade, não consta do calendário de comemorações folclóricas, não consta no currículo, não consta na história. Como se dá a construção da identidade de um/a jovem negro/a, aluno de nossas escolas? É a pergunta que fizemos a eles/as, as quais nos dão algumas pistas sobre como é ser negro numa cidade que afirma arquitetônica e culturalmente a sua não-existência. A marca publicitária, ícone pós-moderno do capitalismo contemporâneo, é depositária da segurança e referencial de qualidade e aceitação social perseguidos pelo sujeito fragmentado da era da aceleração e do individualismo neoliberal. A partir do momento em que essa marca está "na cabeça das pessoas", ela não precisa mais ser referência na realidade porque a realidade é a marca. Na medida em que o que está na cabeça das pessoas é a idéia da cidade européia, é a idéia de primeiro mundo que persiste. A parcela não-branca da população segue invisibilizada e a construção de sua identidade cultural não tem outros elementos que não sejam os da chamada cultura branca, também impregnada pela estereotipia que cristaliza os sujeitos numa versão despolitizada de sua trajetória como imigrantes.

                  

       

                                

I JORNADA INTERNACIONAL DE HISTÓRIA DA FAMÍLIA

CEDHAL - CENTRO DE ESTUDOS DE DEMOGRAFIA HISTÓRICA DA AMÉRICA LATINA

Resumos das Comunicações

                  
ALMEIDA, Joseph César Ferreira de. O Testamento no âmbito da herança: São Paulo, séculos XVIII e XIX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Este trabalho visa à análise dos dados relativos às relações dos testadores com seus herdeiros forçados, que são os ascendentes e descendentes em linha direta do testador, ou seja filhos e netos, avós e bisavós; os dados referem-se à área correspondente ao estado de São Paulo, para período que se estende de 1763 a 1863. Muitos testadores utilizavam seus testamentos para reparação de erros do passado, como por exemplo, o reconhecimento de herdeiros, os quais, efetivamente, seriam seus filhos bastardos, numa tentativa de salvação da alma a partir da confissão e do reparo dos pecados da carne, aos quais chamavam "fragilidade humana". Dessa maneira procuraremos enfocar as estratégias dos testadores para transmissão de suas riquezas. Envolvendo um estudo da partilha dos bens e do direito das sucessões nos testamentos.

                       

ARAÚJO, Cíntia Ferreira. O destino dos expostos: trajetória social de crianças abandonadas em Mariana,1800-1839. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Monografia de bacharelado, em História Social, apoiada na metodologia demográfica que analisa o destino de crianças abandonadas (expostas ou enjeitadas), em Mariana(MG) entre 1800 e 1839. Procuramos analisar, principalmente, o destino das crianças após completarem o sétimo aniversário, quando, segundo a legislação, findava o auxílio pago pela Câmara Municipal às criadeiras e, as crianças teriam de passar a se responsabilizar pelo seu próprio sustento. Analisamos o exposto e o domicílio que o acolheu, indicando se ele voltava ao circuito do abandono ou se passava a pertencer à família criadeira, na forma de agregado. Tal abordagem permitiu-nos investigar, também, as formas de exploração do trabalho infantil no Brasil do século XIX.

                       

BASSANEZI, Maria Silvia Beozzo. Criança e jovem oriundi na terra do café, final do século XIX e início do século XX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. A política imigratória brasileira do final do século XIX e início do século XX privilegiou a imigração familiar e, em conseqüência, possibilitou a entrada em terras brasileiras de milhares de crianças e jovens estrangeiros que acompanharam seus pais e/ou parentes próximos na aventura migratória, em busca de melhores condições de vida e de oportunidades de trabalho. No Brasil, muitas das mulheres imigrantes geraram um número grande de filhos, os quais sem terem vivenciado a experiência de deixar a terra natal e atravessar o oceano, estiveram sujeitos às mesmas venturas e desventuras daquelas nascidas além mar e que sobreviveram à travessia.

                         

CÂMARA, Leandro Calbente. Economia e Família: Estruturas Populacionais nos Bairros Rurais Paulistas no início do século XIX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. O presente trabalho tem por objetivo estudar as estruturas populacionais nos bairros rurais paulistas, especialmente em Nossa Senhora do Ó e Penha, que circundavam a cidade de São Paulo, no início do século XIX. A idéia é delinear o perfil profissional e econômico e as tipologias das estruturas domiciliares, localizando as principais diferenças destas características nos bairros rurais, que apresentam uma economia mais dependente da prática agrícola, e no núcleo central da cidade, já mais urbanizado e menos agrícola. Para tal, trabalhamos com as listas nominativas de população dos anos de 1827 e 1836, documentos que apresentam importantes informações sobre a população de tais áreas.

                           

CAMARGO, Climene Laura de. Violência contra crianças e adolescentes: uma abordagem histórica. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. O presente estudo, elaborado a partir de uma revisão bibliográfica, tem como objetivo analisar dentro de uma perspectiva histórica a violência familiar praticada contra crianças e adolescentes, entendendo como violência o exercício humano de poder, expresso através da força física ou psicológica. As descrições sobre atos violentos contra crianças e adolescentes são tão antigas quanto a existência do próprio Homem, podendo ser encontradas em relatos Históricos, Mitológicos, Antropológicos e nos processos religiosos. Entretanto, somente no final do século XX a violência começou a ser estudada e entendida como um problema de Saúde Pública que afeta não somente a saúde humana mas da sociedade como um todo. Através de analises efetuadas sobre o processo violento desenvolvido nas relações familiares no período colonial e no sistema escravagista este estudo busca contribuir com reflexões sobre a formação da sociedade brasileira pautada em um sistema de poder originado da simbiose patriarcado-racismo-capitalismo e para a compreensão e enfrentamento dos processos de violência familiar.

                          

CAMPOS, Marize Helena de. Cidade das meretrizes: transformações urbanas e prostituição em São Luís do Maranhão na primeira metade do século XX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Na virada do XIX, ainda que conservasse o aspecto colonial, a cidade de São Luís modificava-se em função do surto industrial. Acompanhando aquele remodelamento, criavam-se Leis, Decretos e outras tantas normas que visavam à disciplina e à higiene urbana. Como em outras cidades, o poder estatal empenhava-se no diagnóstico dos sintomas da chamada cidade doente e na disseminação das idéias de que os males possuíam várias ordens e matizes, sendo um dos principais o meretrício. Assim, locais como bares, clubes de dança, pensões, casas-de-cômodos e hospedarias, espaço geográfico das madamas, raparigas, borboletas, maripozas, decahidas e horizontaes rapidamente ganhavam especial vigilância médico-policial. Mas a ânsia em identificar e combater as ameaças representadas pela prostituição ou, a dimensão de seu perigo, não estava restrita ao campo da medicina. As fronteiras entre o sadio e o doente alcançavam dimensões maiores e os freqüentes artigos da imprensa ludovicense atestavam a ênfase da codificação dos papéis sociais de sorte que a identidade da meretriz era, para o discurso higienista-conservador, a da louca, instável, vadia, sedutora, doente, frívola, imatura, etc., em clara oposição àquela concebida como a zelosa mãe de família.

                       

CANCELA, Cristina Donza. Família na Amazônia: natalidade e ilegitimidade. Belém (1870-1930). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Na época da economia da Borracha, Belém transformou-se no principal porto de escoamento da goma elástica, que representou aproximadamente 10% do comércio exterior do Brasil. Vários trabalhos da historiografia regional já apontaram as mudanças ocorridas no traçado urbano, na arquitetura, nas artes e no crescimento demográfico ocorrido na cidade, bem como, as grandes riquezas formadas entre os proprietários de seringais, em contraste com a pobreza dos migrantes nordestinos. Neste trabalho discutiremos esse período a partir da perspectiva da História da Família, observando a estrutura e os valores familiares. Para tanto, serão analisados os índices de natalidade e ilegitimidade, tendo como corpo documental os livros de batismo e inventários.

                          

CAVAZZANI, André Luiz M. Ao pé das soleiras: expostos na Vila de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Há aproximadamente dois anos, iniciei junto ao CEDOPE - Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses: século XVI ao XIX - um estudo que procura compreender, no contexto da Vila de Curitiba na segunda metade do século XVIII (1760 - 1800), um fenômeno amplamente difundido no Brasil Colonial: o abandono de recém-nascidos. Utilizando-me de fontes como Registros Paroquiais e Listas Nominativas referentes ao período já indicado tenho buscado identificar os expostos bem como caracterizar seus domicílios receptores. Isso para tentar recuperar a trajetória de vida destas crianças com o propósito de entender como se teria dado sua inserção naquela sociedade e, para além disto, qual teria sido o papel do exposto na complexidade das relações sociais que grassaram no Brasil Colônia, e, de maneira mais específica, na Curitiba Setecentista.

                             

CINTRA, Rosana Aparecida. Imigração italiana: o perfil das famílias italianas em Ribeirão Preto SP) na década de 1890. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Na presente comunicação visamos a analisar o perfil das famílias italianas, no momento de sua introdução na cafeicultura paulista e que tiveram como destino Ribeirão Preto na década de 1890. Para isso, utilizaram-se os Livros de Matrículas de Imigrantes do Memorial do Imigrante em São Paulo que contêm dados como: idade, sexo, estado civil, relação de parentesco com o chefe da família, ocupação, religião e destino. Verificamos o tamanho e composição dessas famílias, o número médio de filhos, a faixa etária, a fase do ciclo vital em que se encontravam as famílias em relação ao processo reprodutivo, e os indivíduos em idade de casar. As famílias que se destinaram a Ribeirão Preto nesse período eram na sua maioria nucleares, 81,7%, formadas pelo casal com filhos, somente o casal ou um dos cônjuges e filhos. As famílias não eram tão numerosas, ao contrário do que se pretendia com a política imigratória na época.

                           

DIAS, Madalena Marques. Algumas considerações sobre os papéis femininos na vila de São Paulo nos séculos XVI e XVII. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Quando lemos de maneira genérica a documentação paulistana referente aos primeiros séculos da colonização, são raros os casos em que surgem citadas mulheres participando das relações econômicas ou políticas; e, se o meio doméstico e familiar era o seu espaço, verificamos que o centro das decisões eram os seus maridos. Se lermos de maneira diferente e cotejarmos com maior cuidado toda esta documentação, poderemos entrever que tais mulheres tiveram o papel ativo de acumuladoras de meios de produção para suas famílias, e isso conferiu-lhes um poder que não transparece nos discursos da época. Pretendemos demonstrar nessa comunicação quais eram as atuações femininas possíveis (e que extrapolavam o meio doméstico), através dos diversos fluxos econômicos que envolveram as famílias da vila paulistana. Enfim, a inserção delas nas estruturas de poder era diversa do que a historiografia tem mostrado até então.

 

ESPÍRITO SANTO, Cláudia Coimbra do. Sistema de crédito e economia cotidiana: considerações sobre a participação feminina e as relações familiares presentes nos processos de Ações de Alma em Vila Rica durante o século XVIII. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. A documentação cartorária evidencia que no decorrer do setecentos a população de Vila Rica vivenciou o desenvolvimento das relações econômicas e, paradoxalmente, a ausência de moeda como meio circulante para as transações comerciais cotidianas. Nesse contexto, os moradores utilizaram, como prática sócio-econômica, um sistema de concessão de crédito baseado no empenho da palavra. Essas operações de crédito eram típicas de grandes espaços urbanos, e geraram demandas econômicas na justiça civil de Vila Rica, pautadas na palavra empenhada no juramento de alma. O trabalho pretende discutir alguns aspectos das relações familiares e da participação das mulheres no sistema de crédito, que perpassavam vários dos processos analisados, caracterizando, assim, a inserção feminina na dinâmica sócio-econômica na sociedade urbana ouro-pretense.

                                 

FERNANDES, Fernando Seliprandy. Brincando de Modernidade. A criança e os brinquedos na Paulicéia da virada do século XIX para o XX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. A pesquisa em curso consiste em analisar o papel dos brinquedos, jogos e outras formas de diversão e seus instrumentos nos lares paulistanos entre 1889 e 1939. Verificamos a importância de tais objetos para o conhecimento do período, visto que são carregados de aspectos sociais, econômicos e culturais que compunham o cotidiano dos habitantes de São Paulo. Por outro lado, há poucos estudos sobre esse tema. Para tanto, temos levado em conta vários tipos de fontes, desde anúncios de jornais, passando por depoimentos de pessoas que viveram parte do período considerado, além de romances e memórias, inventários, material iconográfico, acervos de museus, até os próprios brinquedos que foram legados pelo zelo de alguns. A partir da análise dos brinquedos e outras formas de diversão, temos condições de refletir sobre as mudanças que vinham ocorrendo em São Paulo nesse período. A formação da indústria, a crescente urbanização, as diferentes classes sociais que nasciam, o processo de metropolização, com o encurtamento do espaço mundial proporcionado pelos avanços tecnológicos nas comunicações e nos transportes, enfim, toda uma gama de mudanças que não se limitavam às fronteiras da cidade, menos ainda do Estado ou do País, mas que vinham no bojo da Revolução Científico-Tecnológica em curso desde a segunda metade do século XIX no "centro do mundo". Isso tudo porque os brinquedos e demais instrumentos do lúdico possuem uma carga de significados muitas vezes velada, sendo um dos objetivos desta pesquisa trazê-la à luz, tentando, com isso, perceber os limites e contradições do processo de modernização. A questão do acesso aos brinquedos permite-nos visualizar a nova lógica que se impunha, a do consumo, que ficava restrito aos que tinham condições de dispor de altas quantias para adquirir um brinquedo importado, visto que a produção nacional praticamente inexistia. Produção industrial, pois os muitos artesãos profissionais ou amadores se faziam presentes para suprir as necessidades lúdicas das crianças que não nasceram em berço de ouro. De materiais improvisados surgiam brinquedos que lhes garantiriam o direito de brincar. Por fim, este estudo tem permitido a reflexão sobre o caráter pedagógico dos brinquedos, já que constituem um importante meio de transmissão de valores e práticas da sociedade à qual pertencem. E ainda pode ser considerada a relação da criança com o brinquedo, na qual a criança assume o papel de sujeito criativo, muitas vezes resistindo aos significados que tentam lhe impor por trás dos instrumentos do lúdico. Ou seja, aqui as crianças entram na história fazendo história.

                                    

GOMES, Paulo Henrique Luiz. Moral e sexualidade: os populares e o cotidiano do amor em Franca (1890-1940). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. A presente pesquisa destina-se a investigar os mecanismos jurídicos de controle social sobre a sexualidade e moral durante a vigência do primeiro Código Penal da República (1890-1940), na cidade de Franca. Procuramos analisar esse longo período, buscando descobrir e entender os caminhos e as mudanças de rumo trilhadas pela jurisprudência e pelas principais discussões jurídicas - discursos e resoluções de advogados, promotores, juízes e tribunais dos júris - acerca da honra feminina e da produção de padrões sociais de comportamento e de honestidade, que eram definidos e difundidos no processo de formação de culpa e inocência. As principais fontes analisadas são os processos-crimes de defloramento (art. 267), estupro (art. 268.), que envolviam crianças de 2 a 15 anos.

                              

GUTIÉRREZ, Horácio. Domicílios e mineração em Goiás colonial. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. A mineração do ouro em Goiás colonial comandou não apenas a economia, mas também permeou as relações sociais e o perfil da população. No presente texto analisa-se a estrutura dos domicílios na segunda metade do século XVIII, época em que o declínio da mineração começa a se manifestar, surgindo a pecuária como o setor que viria a substituir gradualmente a mineração decadente. Os domicílios continuam a aparecer, no entanto, com marcante presença de escravos. Os dados referem-se ao arraial de São Félix, sede de uma das duas casas de fundição existentes em Goiás, e a cuja jurisdição sujeitavam-se várias freguesias e distritos do norte da capitania.

                                        

JORGE, Valesca Xavier Moura. Arranjos familiares e formação da elite na freguesia de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais, 1693-1750. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Pretendemos desvendar o modo como se organizou o espaço social das elites na freguesia de Nossa Senhora da Lux dos Pinhais, durante a primeira metade do século XVIII. Partimos do pressuposto de que o parentesco permitia a consolidação de determinadas esferas de poder. No caso, interessa investigar o destino social dos descendentes dos treze "homens bons" eleitos para administração local em 1693, data de elevação de Curitiba a vila. Busca-se observar qual o peso das alianças de matrimônio e compadrio na formação e manutenção de um determinado grupo, a elite local.

                       

KOWALSKI, Fernando Marcel. BASTARIS & PATER INCOGNITUS: Bastardia, Ilegitimidade e suas semânticas. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Sendo a continuação de uma primeira fase, de cunho mais quantitativo, este trabalho, a interpretação crítica das fontes estudadas (registros paroquiais de batismos), corresponderá à análise das categorias de ilegitimidade propostas por Nadalin. Fugindo ao conceito anacrônico de bastardia, vê-se que tais categorias se correlacionam, também, com a identidade do indivíduo dentro de uma sociedade extremamente hierarquizada na qual consistia a Vila de Curitiba durante o século XVIII. Enxertados no laconismo de uma ata de batismo, vícios sociais que identificariam cada indivíduo dentro da comunidade, serão apresentados durante o andamento do projeto e servirão de pano de fundo para uma análise maior, o estudo da semântica do termo ilegitimidade. Tão anacrônico quanto complexo, o conceito deverá ser esmiuçado para, então, ser o germe de um dicionário de verbetes.
                             
MAGALHÃES, Sônia Maria de. Nutrição e morbidade infantil em Goiás no século XIX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. É consensual que a alimentação apropriada e as adequadas medidas higiênico sanitárias são os meios ideais para a obtenção ou conservação da saúde. O sarampo e a diarréia, por exemplo, doenças ligeiras e de curta duração nas crianças bem alimentadas, são geralmente graves e muitas vezes fatais para as mal nutridas. O mesmo sucede com a diarréia, as doenças respiratórias, a tuberculose e muitas outras infecções. Por meio dos atestados de óbito emitidos pelo Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara, dos relatórios presidenciais, dos relatórios de saúde, principalmente, pretende-se mostrar que muitas doenças disseminadas em Goiás, relacionavam-se com as possibilidades alimentares, num tipo de sociedade permeada pela penúria e a carestia de alimentos presentes na economia direcionada para a produção de gêneros de subsistência.

                 

MARTINEZ, Cláudia Marques. Família e Patrimônio entre a escravidão e o trabalho livre: Vale do Paraopeba/MG. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. O estudo da relação família inventariada e estrutura material da sociedade, na transição do trabalho escravo para o livre, é o objetivo desse artigo. Móveis, indumentárias, jóias, objetos pessoais, casas, fazendas, sobrados, animais e escravos encontrados nos inventários post-mortem constituíram um importante universo para se conhecer a História da Família em sua dimensão material. A análise da documentação mencionada também ofereceu elementos e informações relevantes para desvendar questões relacionadas ao mundo do trabalho - livre e escravo - e da sociedade brasileira entre o fim da escravidão e o limiar da República. Por outro lado, os inventários apontaram as alterações ocorridas nessa mesma estrutura material antes e depois da abolição. É importante ressaltar que a história do Vale não ficou indiferente ao regime compulsório que marcou a Província de Minas Gerais. Subordinada e dependente do braço cativo, a estrutura material e as relações familiares sofreram alterações com o fim da escravidão e do Império Brasileiro.

                   

OLIVEIRA, Hamilton Afonso de. Povoamento e Riqueza Familiar no Sul de Goiás - 1843-1860: considerações preliminares. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Situado no extremo Sul de Goiás, Morrinhos correspondia a uma grande região que compreendia à época as atuais cidades goianas de: Piracanjuba, Itumbiara, Caldas Novas, Buriti Alegre, Goiatuba, Pontalina e Bom Jesus. A proposta desta comunicação é apresentar alguns resultados preliminares de minha pesquisa de doutorado - Composição da Riqueza Familiar no Sul de Goiás - 1840-1930 -- compreendendo o período 1840-1860; tendo como fontes primárias os inventários post-mortem e os relatórios dos presidentes de Província procurarei mostrar como se deu o processo de ocupação e constituição da riqueza familiar na região Sul de Goiás. Processo de ocupação que se deu no mesmo contexto histórico do qual resultaram a ocupação do Oeste Paulista e do Triângulo Mineiro.

                       

SANTOS, César Otávio Cundari da Rocha. Território e Família: os Siqueira Cortes e os desdobramentos ocupacionais dos Campos Gerais (1762-1830). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Brasil Pinheiro Machado adota, para explicar a ocupação do território paranaense, os pressupostos desenvolvidos por Martius. Para ele, a ocupação se deu a partir de 'células fundamentais' que, ao irradiarem população em consonância com exigências econômicas e/ou políticas, acabavam gerando 'células secundárias'. Com base neste modelo, o estudo a ser apresentado acompanha o desdobramento territorial de gerações dos Siqueira Cortes. Ela constituiu família radicada nos sertões de Curitiba nos finais do século XVII (célula fundamental) e presente, ao longo do XVIII, no povoamento do Sertão de Curitiba, dos Campos Gerais e dos de Guarapuava (células secundárias). Além de apontar a pertinência da mobilidade espacial dos Siqueira Cortes ao modelo Martius/Pinheiro Machado, o estudo visa a estabelecer relações entre grupo familiar, mobilidade territorial e demandas fundiárias.

                              

SILVA, André Félix Marques da et alii. Mulheres Chefes de Domicílio em Fortaleza na segunda metade do século XIX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. O presente trabalho tem por objetivo estudar a cidade de Fortaleza na segunda metade do século XIX, tendo como questão a participação das mulheres no espaço urbano, seus papéis e de que forma se inseriam na sociedade, porém buscando contextualizar a cidade nesse momento de transformações pelo qual passava o Brasil. Para tanto, utilizaremos o Arrolamento da População de Fortaleza para o ano de 1887, do qual podemos retirar informações valiosas sobre a população urbana, tendo, porém, como preocupação traçar o perfil das mulheres que chefiavam domicílios e sua atuação na sociedade e no âmbito da família.

                    

SILVEIRA, Alessandra. O processo de legitimação no Tribunal do Desembargo do Paço, Rio de Janeiro, século XIX. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. A formação de famílias ilegítimas tem despertado o interesse entre os historiadores nas últimas décadas. O objetivo deste trabalho é mostrar como famílias consensuais transmitiam seus bens aos filhos ilegítimos e a seus parceiros. A principal fonte utilizada foi a "Carta de perfilhação", documento encontrado na Mesa do Desembargo do Paço. Priorizou-se o Rio de Janeiro já que foram encontrados mais de sessenta processos para a região. Foi utilizada a técnica do cruzamento das fontes, bastante aceito em demografia histórica, complementando o trabalho, entre outros documentos, com inventários post-mortem e testamentos. Assim outras questões puderam ser analisadas tais como a tensão entre herdeiros legítimos e ilegítimos, o tratamento dispensado pelos pais à prole bastarda, e a própria natureza destas relações.

                            

SOUSA, José Weyne de Freitas. Artífices, Criadas & Chicos. Táticas Regenerativas das crianças órfãs e pobres em Fortaleza de 1877-1915. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Pesquiso a história das crianças órfãs e pobres vítimas da seca de 1877-79 que, junto com suas famílias migraram para Fortaleza e, com isso, fizeram surgir a figura do menino vadio e da vadiagem urbana como um elemento formador das experiências sócio-espaciais dessas crianças. Investigando as formas encontradas para controlar e regenerar a vadiagem urbana descobri o uso de estabelecimentos como fábricas e oficinas, os lares e o recrutamento para a Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará. A justificativa para o uso desses lugares encontrei no conceito de vadio que significava: ausência de domicílio certo, não ter ofício e ganhar a vida por meios ilícitos. Destarte, a oficina, o lar e o recrutamento aparecem como apanágio regenerador da vadiagem urbana em Fortaleza, de 1877 a 1915.

 

SPINOSA, Vanessa. Relações conjugais e intimidade nas camadas populares (Belém - 1920 a 1940). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Partindo de alguns processos-crime -- sobre lesão corporal, defloramento e homicídio - e de jornais de época, o trabalho tenta perceber as noções de conjugalidade e de intimidade com casais das camadas populares nas décadas de 1920 a 1940 em Belém, ressaltando as relações amorosas bem como o cotidiano dos atores sociais em questão, perpassando pela noção de vizinhança, do que é público e íntimo dentro de suas esferas de moradia e circulação na cidade.

                                 

SQUARIZI, Luciana. O Imigrante Italiano em Batatais: Casamento e Nupcialidade (1890-1930). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Elegemos o grupo de imigrantes italianos e seus descendentes para tratar de alguns aspectos relativos à formação da família desses imigrantes quanto ao casamento em Batatais, no Estado de São Paulo, por ocasião da imigração devida ao café no período de 1890-1930. Para uma reconstituição dessa população foram objeto de análise, sobretudo, os registros cartoriais de casamentos. Com a 'exploração sumária' desses dados visualizamos aspectos sócio-demográficos, sobretudo das práticas matrimoniais dessa comunidade. O interesse em delimitar o tema na questão matrimônio adveio também das leituras efetuadas sobre a família imigrante italiana, nas quais constatou-se que o estudo dos arranjos matrimoniais oficiais foram pouco analisados, tendo como recorte geográfico a região da Alta Mogiana. Ao procurar perceber e discutir as práticas matrimoniais da população italiana na cidade de Batatais durante o final do século XIX e início do XX, pretende-se construir formas de entendimento de suas experiências, modos de vida e as maneiras como interagiram entre si e com a população local. Esta incursão significou dialogar com questões relacionadas às múltiplas maneiras como esses sujeitos sociais foram apresentados; reunindo dados até então dispersos sobre o grupo italiano de Batatais.

                            

STANCZYK FILHO, Milton. O matrimonio na vida dos Rodrigues Seixas: um estudo de caso (1690-1790). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. O fio condutor desta investigação foi a busca de compreender os arranjos matrimoniais, a organização parental e a formação de cabedal na Curitiba setecentista. Para isto recompus a história de vida de um dos primeiros moradores da vila, observando as relações sociais que ele estabeleceu na localidade e analisando o peso que elas tiveram no encaminhamento de sua vida e de seus descendentes. Operando em "jogo de escalas", por um lado foi dada atenção às suas escolhas matrimoniais, avaliando a influência que tiveram para sua mobilidade social; por outro, busquei entrever quais as brechas que uma sociedade, em tese hierárquica e ordenada, oferecia para que indivíduos desprovidos de nome e cabedal alçassem a condição de prestigiada família na elite local.

                        

TEIXEIRA, Paulo Eduardo. Aspectos Demográficos da Mortalidade de Livres em Campinas: 1774 - 1819. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Esta comunicação pretende apresentar os resultados primeiros de uma pesquisa em andamento, na qual a população livre em Campinas tem sido estudada sob vários aspectos demográficos mediante o uso dos Registros Paroquiais. Aqui se pretende analisar a mortalidade da população infantil e adulta em dois momentos: o da freguesia de Campinas (1774-1794), e o da vila (1794-1819). Os primeiros resultados apontam para uma elevada taxa de mortalidade, principalmente aquela decorrente da morte no correr do primeiro mês de vida. A mortalidade entre os sexos mostrou-se equilibrada em seu conjunto, possibilitando um crescimento da população de forma harmoniosa, uma vez que também verificamos uma relação equilibrada entre os sexos das crianças batizadas.

                         

TUPY, Ismênia Spínola Silveira Truzzi. Retratos femininos: a família e a mulher nos censos demográficos, Brasil 1920-1940. Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Sob o enfoque de gênero, este artigo tem por objetivo buscar identificar a correlação entre as mulheres e suas estratégias de sobrevivência fora do domicílio. Retoma a questão da divisão sexual do trabalho, da oposição entre natureza e cultura, público e privado e como estes fundamentam nos censos populacionais a invisibilidade feminina. Discute o conceito de aptidão "natural" e como este predetermina os limites da qualificação e/ou atuação profissional das mulheres. Contrapõe dados do censo de 1940 -- único que considera o trabalho doméstico não remunerado como atividade profissional -- aos de 1920 e 1970, buscando no discurso do Estado e do empresariado, as razões para sua especificidade. E termina acompanhando, no tempo de referência, as opções ocupacionais femininas.

                           

VIEIRA JUNIOR, Antonio Otaviano. Entre a Família e o Bacamarte: grupos familiares e a violência no Ceará (1780-1850). Comunicação apresentada na I Jornada Internacional de História da Família, promovida pelo CEDHAL, Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina da FFLCH/USP, São Paulo (SP), setembro de 2003.
RESUMO. Estudar a família enquanto um conjunto de sentimentos e idéias é o objetivo de meu trabalho. Assim, a partir da análise de processos criminais, jornais e memórias, pretendo enveredar por caminhos sangrentos que podem revelar múltiplos sentidos para relações intra e interfamiliares. No cenário do Sertão da pecuária, mais especificamente na capitania do Ceará entre os anos de 1780-1850, busco escrutinar diversificadas tensões que não se resumiam apenas a estamentos sociais mais abastados.
                            

                            

Notícia Bibliográfica

                             

TRABALHO DE VULTO É EMPREENDIDO PELA

BIBLIOTECA MÁRIO DE ANDRADE

 

RIZIO BRUNO SANT'ANA

                  

Sites:
Biblioteca Mário de Andrade:

http://portal.prefeitura.sp.gov.br/secretarias/cultura/bibliotecas/marioandrade/

Coleção Brasiliana da Biblioteca Mário de Andrade:

http://200.244.52.184:8080/embratel/main/mediaview/freetextsearch/new_search

                              

Buscando preservar o conteúdo de exemplares por vezes únicos e, ao mesmo tempo, disponibilizar de forma mais democrática a consulta a todos os interessados, dentro de uma dupla perspectiva de conservação e divulgação do acervo, a Biblioteca Mário de Andrade digitalizou na íntegra 118 obras raras, num total de cerca de 20.000 páginas de texto e imagens.

Ao mesmo tempo, outras 40 obras, com um total de 1.000 ilustrações, tiveram suas imagens copiadas pelo mesmo processo. As Fotos incluem também a reprodução de quase 3.000 fotografias originais sobre a cidade de São Paulo, realizadas entre 1862 e 1960, e de outras centenas de imagens de diversas partes do Brasil, a partir de 1870, incluindo antigos cartões postais e fotos de Marc Ferrez.

O critério de seleção das obras levou em conta os seguintes aspectos: obras com poucas cópias conhecidas no mundo (vários títulos são os únicos exemplares descritos em catálogos); obras com referência direta ao Brasil, como assunto principal do texto ou como identidade do autor (primeiras obras escritas por brasileiros) e obras que não tivessem larga divulgação, quer seja em novas traduções ou disponíveis atualmente na internet. Sempre que possível, o aspecto físico das obras (bom estado de conservação, presença de mapas e gravuras) foi levado em consideração na escolha dos volumes a serem digitalizados.
As referências bibliográficas de todas as obras digitalizadas são seguidas de breves comentários, tentando situar o momento em que foram publicadas e a importância e raridade do exemplar disponível em nosso acervo. Para cada item são indicados o Autor, o Título, o Local e Data da publicação (incluindo dados de paginação e ilustração), as Notas, relativas a raridade da edição e outros detalhes sobre o autor e o assunto tratado, e as Fontes de pesquisa, incluindo citações dos principais bibliógrafos e catálogos especializados.
As tentativas de dominação de algumas partes do Brasil por franceses e holandeses, nos séculos 16 e 17, estão documentadas em gravuras e textos significativos da época. Foi dada ênfase às obras sobre a Invasão Holandesa no Nordeste, para a qual a Biblioteca Mário de Andrade conta com um acervo bastante significativo.
O século 18 é representado aqui pelas diversas tentativas de se determinar o espaço territorial brasileiro, a partir das demarcações realizadas após a assinatura do Tratado de Madrid, de 1750. Podemos acompanhar através de diversos tratados de limites e outros documentos da época as discussões legais sobre as fronteiras e como estes fatos se relacionam com a questão indígena em nosso país.
Por sua vez, a chegada da família real portuguesa em 1808, seguida da Abertura dos Portos, estabeleceu novos padrões de comércio com as outras nações, ao mesmo tempo em que permitiu e estimulou a vinda de grandes artistas e cientistas, que descreveram com muita precisão a natureza brasileira e seus habitantes. A permissão para que estrangeiros visitassem e revelassem parcelas imensas do interior do Brasil, até então inexploradas, renovou o esforço permanente de descobrimento de nosso país. O destaque fica para a reprodução das belas imagens contidas nas obras dos naturalistas Spix e Martius e dos artistas Debret e Rugendas. Os últimos livros, já do final do século 19, mostram a visão peculiar do Brasil que tinham turistas e trabalhadores imigrantes, ambos em busca de novos horizontes.
Um exemplo de obra de cunho demográfico é o Compêndio histórico-político dos princípios da lavoura do Maranhão, de Raimundo José de Souza Gayoso, publicado em Paris, 1818, com cinco tabelas que informam, entre outras coisas, a população de Itapurucú (p. 168), as exportações de São Luis para Lisboa (p. 225) e o preço de escravos (p. 251).

           

       

                           

PIRES, Maria de Fátima Novaes. O crime na cor: escravos e forros no alto sertão da Bahia (1830-1888). São Paulo, Annablume/Fapesp, 2003, 250 p.
RESUMO. Este livro originou-se de dissertação de mestrado defendida em 1999 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Nele a autora estuda a escravidão no alto sertão da Bahia no século XIX procurando reconstituir as condições de vida e de trabalho de escravos nas roças, na pecuária, nas tropas e pelos caminhos de comércio que demandavam Salvador ou se dirigiam para o interior do próprio sertão. Resulta de pesquisa efetuada nos processos criminais e inventários de Rio de Contas e Caetité e do cruzamento, destas, com outras fontes primárias. Também inclui o levantamento das características locais que cercavam o processo de transição da condição de escravos para a de forros.

                

                  

Publicações Recebidas

            

LUNA, Francisco Vidal & KLEIN, Herbert S. Slavery and the economy of São Paulo, 1750-1850. Stanford, Stanford University Press, 2003, xiv+273 p., (Social Science History).

RESUMO. Neste volume consolidam-se de maneira a fornecer uma visão de conjunto, os avanços mais recente alcançados pela historiografia sobre a formação demo-econômico de São Paulo no período que precede e abarca a afirmação em larga escala da cafeicultura. Contemplam-se, assim, além da cultura cafeeira a produção açucareira que a precedeu, a agricultura de subsistência votada ao mercado interno, e os setores não rurais da economia paulista: o artesanato, a atividade dos comerciantes e dos profissionais liberais. São escrutinados, percucientemente, tanto os proprietários de cativos como a população escrava e o segmento populacional correspondente aos forros. Trata-se, pois, da elaboração de um perspectiva histórica global da economia e de relevantes elementos demográficos da vida paulista. A leitura da obra impõe-se, pois, não só ao leitor estrangeiro, mas, sobretudo, aos que se debruçam sobre a formação demográfica, econômica e social de uma das mais ricas e dinâmicas regiões do Brasil.

                    

          

                    

SIRIANI, Sílvia Cristina Lambert. Uma São Paulo alemã: vida quotidiana dos imigrantes germânicos na região da capital (1827-1889). São Paulo, Arquivo do Estado / Imprensa Oficial, 2003, 328 p., il.,  (Coleção teses e monografias, vol. 6).
RESUMO. Recorrendo a variadas fontes documentais -- inventários, processos-crime, registros de entrada na Hospedaria dos Imigrantes, notas de tabelionatos, almanaques, jornais; correspondência do consulado alemão, das autoridades estaduais e do município e ainda de particulares -- a autora descreve a vida quotidiana dos imigrantes alemães em São Paulo. Produz, assim, uma obra das mais ricas para quem deseja aprofundar-se no estudo da formação da população paulistana. Conforme afiança a Profa. Maria Odila Leite da Silva Dias no prefácio desta obra: "As experiências de vida dos imigrantes, que nos permitem acompanhar o quotidiano da vida dos colonos na região rural de Santo Amaro ou nos bairros de Santa Ifigênia e da Liberdade, constituíram os eixos principais do seu trabalho. A autora reconstitui o universo rural de pequenos sitiantes dos arredores da cidade e mergulha nas atividades essencialmente urbanísticas dos alemães que se instalaram nas ruas do triângulo central. (...) De modo ardiloso, com narrativa sutil e cheia de vida, a autora mostra a presença desses alemães na paisagem urbana e o modo como contribuíram para transformá-la de forma abrangente e ampla".

             

              

Notícias e Informes

                        

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http://www.brnuede.com/pesquisadores/angelo/   

                    

CARRARA, Ângelo Alves. Contribuição para a História Agrária de Minas Gerais. Mariana: EdUFOP, 1999.
RESUMO. O trabalho é constituído por dois estudos: 'as minas e os currais': problemas, metodologia e materiais para o estudo da ocupação do solo e do acesso à propriedade da terra na Capitania de Minas Gerais (1674-1739); e 'flutuações da economia rural de Minas Gerais (1722-1835). O primeiro estudo visa a caracterizar a fase inicial da ocupação do solo de Minas Gerais, com base nas cartas de sesmarias concedidas entre 1674 e 1739, cujas informações são aí sistematizadas, e nas escrituras de compra e venda de imóveis rurais registradas no notariado da vila de Mariana, entre 1711 e 1714. Além de verificar os ritmos da ocupação territorial em relação com os 'eventos' econômicos (i. e., as descobertas auríferas), o primeiro estudo procurará demonstrar o valor relativo das cartas de sesmarias enquanto instrumentos privilegiados de acesso à terra. O segundo estudo trata dos ritmos da produção agrícola e pecuária da maior parte das freguesias de Minas Gerais, entre 1725 e 1830.

                         

CARRARA, Ângelo Alves. Uma fronteira da Capitania de Minas Gerais: a freguesia de São João Batista do Presídio. Mariana: EdUFOP, 1999.
RESUMO. Nesse primeiro volume da série "DOCVMENTA", editada pelo Núcleo de História Econômica e Demográfica da Universidade Federal de Ouro Preto, procurou-se recolher o maior número de itens relativos a essa freguesia para uma mesma data. Além da Lista Nominativa dos Habitantes de 1819, foram incluídos o recenseamento de 1825, ou o Mapa da freguesia de São João Batista do Presídio e a Eleição de Eleitores da freguesia do Presídio, de 1822.
                           

CARRARA, Ângelo Alves. Estruturas agrárias e capitalismo; ocupação do solo e transformação do trabalho na zona da Mata central de Minas Gerais (séculos XVIII e XIX). Mariana: EdUFOP, 1999.
RESUMO. O autor propõe-se a estudar as transformações econômicas no longo período de transição dos modos de produção pré-capitalistas para o capitalismo, no núcleo da sub-região central da zona da Mata de Minas Gerais, que corresponde aos atuais municípios de Ubá e de Visconde do Rio Branco e a todos que destes se emanciparam, entre as últimas décadas do século XVIII e o fim do século XIX.
                              

CARRARA, Ângelo Alves. Paisagens de um grande sertão; a margem esquerda do médio São Francisco nos séculos XVIII a XX. Ciência e Trópico, Recife: Fundação Joaquim Nabuco, v. 29, n. 1, p. 61-123,  jan.-jun. 2001.
RESUMO. Este trabalho estuda a transformação das paisagens naturais, demográficas e econômicas da região compreendida pelos vales dos rios Paraim e alto Gurguéia, no Piauí, e, pela margem esquerda do São Francisco, desde os vales dos rios Grande, na Bahia, até o do Urucuia, em Minas Gerais. Esta área é aqui assumida como uma região à órbita da qual achavam-se estabelecidas diversas articulações regionais bem como os circuitos mercantis dos sertões mineiros, goianos, tocantinenses, baianos, piauienses, maranhenses e pernambucanos, entre os fins do século XVII e os meados do século XX.
ABSTRACT. The article analyses the changes in the landscape, mainly the agrarian one, over the region from the Paraim and the Alto Gurguéia valleys, in the state of Piauí, as well as in the left margin of the São Francisco river, from Rio Grande, in the state of Bahia, to the Urucuia valleysm, the latter in the state of Minas Gerais. The study covers the period from the beginings of the XVIIIth to the middle of the XXth century.

                       

CARRARA, Ângelo Alves. Padrões de existência, regime alimentar e movimento de preços numa sociedade em transição: Minas Gerais, 1750-1900. Varia Historia: Belo Horizonte, UFMG, n. 23, p. 131-153 jul. 2000.
RESUMO. Este artigo discute as permanências e as mudanças nos padrões de consumo alimentar em Ouro Preto na segunda metade do século XVIII, e em Juiz de Fora e São João del Rei nos fins do século XIX, com base nas pautas de gêneros disponíveis aos habitantes desses dois núcleos urbanos. Busca-se também discutir o movimento dos preços em ambos os períodos. Os marcos cronológicos querem-se justificados pelo que significam no contexto estadual: os meados do século XVIII marcam o apogeu da produção aurífera; os dez últimos anos do século XIX vêm definir-se os contornos da incipiente industrialização. Ouro Preto e Juiz de Fora, respectivamente, foram os dois núcleos urbanos mais representativos dos dois períodos.
ABSTRACT. Living standards, alimentary regime and prices in a transitional society: Minas Gerais, Brazil, 1750-1900. This article aims at discussing what kept unchanging and what changes to the alimentary consumption patterns in Ouro Preto during the second half of eighteenth century and in Juiz de Fora during the last years of the nineteenth century. The sources for this study are the commodities lists available for inhabitants of both cities. It is intended also to check the price movement regarding to this period.
                      

CARRARA, Ângelo Alves. Espaços urbanos de uma sociedade rural; Minas Gerais, 1808-1835. Varia Historia: Belo Horizonte, UFMG, n. 25, p. 144-164, jul. 2001.
RESUMO. Este trabalho tem por objetivo contribuir para a identificação e a caracterização dos espaços urbanos na Capitania, depois Província de Minas Gerais, no período compreendido entre 1808 e 1835, com base nos dados extraídos dos 469 livros da série décima predial existentes para igual período. Os livros de lançamento da décima registram informações referentes ao proprietário ou ao morador do imóvel, ao valor cobrado e à localização do prédio (às vezes por rua e por lado). Não é demais salientar aqui a importância dessa série da Coleção Casa dos Contos de Ouro Preto para os estudos relacionados ao desenvolvimento urbano em Minas na primeira metade do século XIX. É ela que permite se conheçam os ritmos de crescimento e decrescimento dos núcleos urbanos mineiros, nos anos que se seguiram imediatamente à substituição da mineração pela agropecuária como a atividade econômica que maior riqueza produzia na Capitania.
ABSTRACT. This article contributes to the identification and featuring of the urban spaces of Minas Gerais, between 1808 and 1835, taking account of the serial data extracted from 469 books of the "décima predial" (a kind of tithes applied to the urban buildings). They register the owner's name, the amount charged and building location. The information they provide are useful for studying the rhythms of development of the urban centres of Minas Gerais in the years that immediately followed the replacement of mining by agriculture as the most important economic activity.
                        

CARRARA, Ângelo Alves. Um estatuto para a História Econômica. In: BOTELHO, Tarcísio Rodrigues et alii. História quantitativa e serial no Brasil: um balanço. Goiânia: ANPUH-MG, 2001. p. 227-235.

                    

CARRARA, Ângelo Alves. A Real Fazenda de Minas Gerais : guia de pesquisa da Coleção Casa dos Contos de Ouro Preto. Ouro Preto: UFOP, 2003. 107p.: il. - (Instrumento de Pesquisa; v.1).

                          

CARRARA, Ângelo Alves. Prospecção e tratamento de acervos documentais em Minas Gerais. Mariana: Departamento de História/UFOP, 2003. Relatório técnico.
RESUMO. Relatório de todas as atividades desenvolvidas no âmbito da prospecção e do tratamento de acervos documentais em Minas Gerais, desde 1991 até 2003.
                   

       

                                   

UM PROGRAMA PARA BIBLIOTECAS E ARQUIVOS LATINO-AMERICANOS

                             
O PLALA (Program for Latin American Libraries and Archives) -- Programa para Bibliotecas e Arquivos Latino-Americanos tem, desde 1996, financiado cerca de 120 projetos especificamente desenhados para preservar e/ou melhorar o acesso a recursos de pesquisa de material raro ou escasso dentro dos repositórios latino-americanos. A Fundação Andrew W. Mellon, que já forneceu ao Programa mais de um milhão de dólares), renovou agora sua manutenção com um milhão cento e trinta mil dólares adicionais.
Esta concessão permitirá ao PLALA continuar o financiamento de projetos específicos e firmemente focalizados por mais quatro anos. O Programa iniciará também uma nova categoria de "Bolsas de Desenvolvimento," por meio das quais somas maiores (em média de aproximadamente 60.000 dólares) estarão disponíveis às instituições latino-americanas que se votam a projetos cooperativos ou outras iniciativas com um impacto potencial maior.
O PLALA é administrado através do Centro David Rockefeller para Estudos Latino-Americanos da Universidade de Harvard. Uma descrição do programa de concessões de menor porte (em média de dez a vinte mil dólares), os formulários e um rol de concessões anteriores está disponível em http://drclas.fas.harvard.edu    (sob "Recursos" e depois "Acadêmicos e Profissionais"). Guias para as novas "Bolsas de Desenvolvimento" serão lançadas em setembro/outubro de 2003.
Informações adicionais estão disponíveis com Dan Hazen, Diretor do Programa, em: dchazen@fas.harvard.edu . Veja também o artigo Archival Research and the Program for Latin American Libraries and Archives, Hispanic American Historical Review, 83:2, p. 345-354, May, 2003. (Esta notícia nos chegou por gentileza de nosso colega Rizio Bruno Sant'Ana).

                              

       

                          

OXFORD LATIN AMERICAN ECONOMIC HISTORY DATABASE
From de Latin America Centre at Oxford University

http://www2.qeh.ox.ac.uk/oxlad

                    

O Banco de Dados Latino-Americano de Oxford (The Oxford Latin American Database - OxLAD) contém séries estatísticas de mais de quarenta indicadores econômicos e sociais ao longo de todo o século XX, abrangendo vinte países da região. Foi planejado como recurso para historiadores econômicos e sociais do mundo inteiro e pode ser acessado gratuitamente através do website da Universidade de Oxford. É a única fonte de pesquisa que reúne dados do período 1900-2000, disponibilizados publicamente por um grande número de publicações oficiais e os apresenta de uma forma consistente. OxLAD é produzido pelo Centro Latino-Americano da Universidade de Oxford.
          

Os dados disponíveis no OxLAD incluem:

                      
Países: Argentina · Bolívia · Brasil · Chile · Colômbia · Costa Rica · Cuba - República Dominicana · Equador · El Salvador · Guatemala · Haiti · Honduras · México · Nicarágua · Panamá · Paraguai · Peru · Uruguai · Venezuela.
População e Demografia: População · População Urbana · Esperança de Vida · Analfabetismo · Despesa Pública em Educação · Matricula em Escola Primaria · Matricula em Escola Secundaria · Matricula em Escola Superior.
Mercado de Trabalho: PEA · PEA Indústria Manufatureira · PEA Agropecuária
Indústria: Eletricidade · Cimento · Cerveja.
Infra-estrutura do Transportes e Comunicações: Estradas · Linhas Ferroviárias · Telefones · Veículos para passageiros · Veículos comerciais.
Comércio Exterior: Exportações · Valor Unitário das Exportações · Volume das Exportacões · Importações · Valor Unitário das Importações · Volume das Importações · Importações de Bens de Consumo · Importações de Bens Intermediários · Importações de Combustíveis · Importações de Bens de Capital · Termos de Comércio Inverso Estadunidense.
Finanças Públicas: Receita do Governo Central · Impostos Aduaneiros · Imposto sobre a Renda · Imposto sobre Bens e Serviços Domésticos · Despesa do Governo Central.
Contas Nacionais: PIB (moeda nacional) · PIB (1970 moeda nacional) · Deflator Implícito do PIB · PIB (1970 PPP$) · VA Agropecuária · VA Indústria Manufatureira · Formação Bruta de Capital Fixo · Poupança Bruta Nacional · Investimento Estrangeiro Direto · Dívida Externa · Taxa de Câmbio Nominal.
Índice dos Preços ao Consumidor e ao Atacado: Preços ao Consumidor · Preços ao Atacado Estadunidense.
Índice dos Preços de Bens das Exportações: Alumínio · Banana · Carne do Bovídeos · Cacau · Café · Cobre · Algodão · Couro do Bovídeos · Ferro · Juta · Carne de Cordeiro · Chumbo · Milho · Níquel · Óleo de Palma · Petróleo · Arroz · Borracha · Prata · Açúcar · Chá · Madeira · Estanho · Tabaco · Trigo · Lãs · Zinco · Manufaturas · Índice Ponderado dos Preços do Produtos de Exportação · Índices de Preços de Bens Ponderados por Categoria. (Notícia preparada por Agnaldo Valentin).

                     

       

                                                                 

CEO - CENTRO DE ESTUDOS DOS OITOCENTOS
Próximas Atividades

                        
2º Seminário Regional do CEO, a ser realizado em São João del Rei (Universidade
Federal de São João del Rei), nos dias 7, 8 e 9 de maio de 2004. Este seminário comportará nove mesas com quatro expositores e três painéis com três expositores cada e um debatedor. As mesas e os painéis serão compostos a partir de trabalhos enviados e selecionados por uma Comissão Científica até o dia 30 de novembro de 2003. Nos painéis serão apresentadas pesquisas de mestrado e de doutorado em andamento.
Para mais informações dirigir e-mail para a Profa. Gladys S. Ribeiro: gladysribeiro@uol.com.br .

                     

       

  

                   

ROL - Relação de Trabalhos Publicados

 

      

OUTROS TRABALHOS INCORPORADOS AO ROL

                         

               
AGUIAR, Fernando José Ferreira. Em tempo de solidão forçada: epidemia de varíola, sistema de saúde, revolta popular e fé em Sergipe oiocentista. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, mimeografado, 2002.

                

ASSUNÇÃO, Mariana Almeida. Escravidão em Fortaleza. Um estudo a partir dos inventários post-mortem (1850-1884). Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, mimeografado, 2002.
                                    

CHALHOUB, Sidney. Cidade febril: cortiços e epidemias na Corte Imperial. São Paulo, Companhia das Letras, 304 p.

RESUMO. A obra versa sobre as políticas de saúde de fins do século XIX uma vez que os cortiços representavam a grande preocupação dos higienistas da época; trata, também, das concepções populares de doença e cura.

          

CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo, Companhia das Letras, 648 p.

RESUMO. Reunião de vinte e sete artigos de pesquisadores votados à tarefa de escrever uma história das populações indígenas brasileiras.

            

FLORENCE, Afonso Bandeira. Entre o cativeiro e a emancipação: a liberdade dos africanos livres no Brasil (1818-1864). Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, mimeografado, 2002.

                       

REIS, João José. A morte é uma festa: ritos fúnebres e revolta popular no Brasil do século XIX. São Paulo, Companhia das Letras, 360 p.

RESUMO. Em 1836 uma multidão destruiu o cemitério do Campo Santo em Salvador. O episódio ensejou ao autor o ponto de partida para a elaboração de uma etno-história das atitudes diante da morte e dos mortos no Brasil do século XIX.

                

SANTANA, Joanelice Oliveira. Introdução ao estudo da escravidão em Estância. Comarca da Província de Sergipe Del Rei (1850-1888). Dissertação de Mestrado, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, mimeografado, 2003.

                     

 

 

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