BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA
Ano XIV, no. 44, março de 2007
SUMÁRIO
Este número de nosso Boletim vai dedicado à figura e à obra de Caio Prado Júnior, cujo centenário de nascimento transcorreu em fevereiro último. Dos artigos estampados, o primeiro trata da posse de escravos em uma área produtora de café de Cuba e o segundo nos adverte para os riscos que se abatem sobre uma das mais preciosas fontes documentais para a demografia histórica brasileira: os livros colocados sob a guarda da Igreja Católica. Publicamos, ademais, um substantivo número de resumos os quais cobrem variadas áreas da pesquisa demográfica.
María de los Angeles MERIÑO FUENTES & Aisnara PERERA DÍAZ. Un café para la microhistoria: Estructura de posesión de esclavos y ciclo de vida en la llanura habanera, (1800-1886).
RESUMO. A matéria deste estudo foi apresentada no I Seminario Internacional de Historia del Café. Historia y Cultura Material realizado em Itu (SP), de 13 a 17 de novembro de 2006. No artigo as autoras traçam a história do café em uma das áreas produtoras da rubiácea em Cuba; além de considerarem o evolver histórico da cafeicultura, as formas de financiamento adotadas pelos produtores e a transmissão do patrimônio para seus herdeiros, contemplam aspectos vinculados à estrutura de posse de cativos e a elementos demográficos concernentes tanto aos escravistas como a seus cativos. Trata-se, pois, de uma análise abrangente dos elementos basilares da exploração agrícola vinculada ao café.
Em boa hora o colega Rizio Bruno Sant'Ana chama nossa atenção para o texto reproduzido abaixo, de autoria de Flávia Lindgren, e publicado originalmente pela UnB Agência, em 5 de janeiro de 2007.
HISTÓRIA BRASILEIRA EM RISCO
Em pesquisa inédita,
bibliotecário Cristian Santos analisa arquivos de quatro séculos, que estão
sob custódia da Igreja Católica
FLÁVIA LINDGREN ( flalind@unb.br )
Estagiária da UnB
Agência
O bibliotecário Cristian José Oliveira Santos, 29 anos, terminou o ano de 2006
com uma surpresa agradável. Sua dissertação de mestrado foi o único trabalho
brasileiro contemplado na primeira edição do concurso Latino Americano de Investigación
em Bibliotecología, Documentación, Archivistica y Museología Fernando Baéz,
na Argentina, que visa a premiar os melhores trabalhos na área de Ciência da
Informação e Documentação. "Pelo fato de eu ter apresentado meus
ensaios em português, achei que minhas chances fossem menores. Foi uma surpresa
fantástica quando vi meu nome entre os agraciados", afirma Cristian.
Defendida em julho de 2005, sob a orientação da professora do Departamento de
Ciência da Informação e Documentação (CID) da Universidade de Brasília
(UnB), Georgete Medleg, a dissertação de Cristian ganhou destaque por
investigar a conservação de documentos brasileiros produzidos e guardados pela
Igreja Católica na época do regime de padroado (1551-1854). O diagnóstico a
que ele chegou é preocupante: de maneira geral, os papéis que contam quatro
séculos de história da sociedade civil e religiosa brasileira estão em
situação de calamidade.
"Meu interesse pelo assunto surgiu em 2002, quando li um artigo do padre
Jamil Nassi Abibib, que palestrou sobre os problemas dos arquivos eclesiásticos
da Igreja Católica em uma mesa-redonda no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
Entrei em contato com ele e descobri que ninguém havia feito uma pesquisa nesse
sentido", relembra Cristian. A intenção do trabalho desenvolvido,
explica, é sensibilizar as autoridades e auxiliá-las na preservação desse
patrimônio cultural. "Se perdermos esses registros, perderemos parte da
nossa história para sempre", diz o pesquisador.
METODOLOGIA - Durante o período do padroado, entre 1551 e 1854, foram criados
11 arquivos das primeiras prelazias e dioceses brasileiras. São atas de óbito,
certidões de batismo e casamento, atas das irmandades, documentos de
propriedade de terra, entre outros. Todos importantes para qualquer pesquisa
sobre o século XVII, por exemplo. "Se alguém quiser saber do que as
pessoas morriam naquela época, precisará necessariamente ter acesso a esses
arquivos", afirma Cristian. Com isso, sua pesquisa foi voltada para essa
época, quando ainda não existiam cartórios e todos os documentos civis eram
produzidos em série e ficavam guardados nas dioceses.
Até hoje esses arquivos estão sob custódia da Igreja Católica, nas cidades
de Goiás (GO), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Olinda (PE), São Luís
(MA), Belém (PA), São Paulo (SP), Mariana (MG), Cuiabá (MT), Porto Alegre
(RS), Diamantina (MG). Desse universo, oito responderam à pesquisa de Cristian
(menos Rio de janeiro, Belém e Olinda), que partiu de questionários. Ele ainda
fez um diagnóstico in loco em Goiás, onde também realizou entrevistas.
Dentre os quesitos levantados durante a investigação, Cristian Santos conta
que procurou abordar aspectos importantes, como as características dos
documentos, se são encadernados, se foram descartados e substituídos; a
estrutura física do prédio que comporta os arquivos -- se foi construído
especificamente para essa finalidade, se apresenta medidas contra incêndio,
ambiente ideal em termos de umidade e temperatura. Ele avaliou ainda quem são
as pessoas que cuidam dos documentos, se são arquivistas ou têm alguma
formação dirigida à conservação adequada dos mesmos.
RESULTADOS -- Dos vários problemas encontrados, a pesquisa revelou que 100% dos
arquivos não estão conservados na temperatura e umidade ideais e apenas dois
estão protegidos contra incêndio (Salvador e São Paulo). Nenhum deles
apresenta condições adequadas para realização de pesquisas por estudiosos,
ou seja, não são organizados por catálogos; nenhum dos prédios foi
construído especificamente para receber os documentos e, com exceção da
cidade de Mariana (MG), os demais não contam com quadro fixo de profissionais
da área de Arquivologia. "Os problemas são muitos, a situação é
calamitosa", revela o bibliotecário. Ele critica a Igreja Católica
brasileira ao afirmar que ela não se mostra preocupada com a conservação
desse patrimônio.
Para solucionar os problemas apontados, o pesquisador faz algumas
recomendações e afirma que não são as únicas medidas que devem ser tomadas
pelo Estado em parceria com a Igreja Católica, mas que são as emergenciais.
Entre elas, Cristian sugere a criação de um órgão central permanente que
seja responsável por definir uma política adequada para esses arquivos,
prestando um serviço de assessoria. "Isso uniformizaria a coleta, a
conservação, o tratamento e o uso desses fundos documentais", explica.
Além disso, sugere a criação de um regulamento interno que defina como esses
arquivos serão guardados, onde eles ficarão, quem cuidará deles, e assim por
diante. Por fim, o que ele acredita ser o mais importante: estabelecer
critérios mínimos para processar as informações arquivísticas, ou seja,
criar um padrão de identificação bibliográfica a eles, palavras chaves,
assuntos abordados e tipologia, por exemplo. "Isso permitirá o
intercâmbio dessas informações entre entidades, instituições de ensino e
outros", conclui.
SANTOS,
Cristian José Oliveira. Os arquivos das primeiras prelazias e dioceses
brasileiras no contexto da legislação e práticas arquivísticas da Igreja
Católica. Dissertação de Mestrado em Ciência da Informação - Faculdade
de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e
Documentação, Universidade de Brasília, Brasília, 2005, 237 f.
RESUMO (Elaborado pelo autor da Dissertação). Pesquisa de caráter
descritivo-explicativo que se propôs diagnosticar a situação atual dos
primeiros arquivos prelatícios e diocesanos do Brasil criados entre os anos de
1551 e 1854. Trata-se de repositórios valiosíssimos para a memória nacional
devido ao regime político da época que outorgava à Igreja Católica o
monopólio quase exclusivo da produção e custódia de documentos de natureza
arquivística. De fato, antes da promulgação do Decreto 119-A, de 7 de janeiro
de 1890, a gestão dos documentos arquivísticos no Brasil esteve intimamente
atrelada às injunções do Padroado, regime que garantia aos monarcas o direito
de administrar assuntos religiosos, subordinando as necessidades da Igreja aos
interesses da Coroa portuguesa. Em troca, o catolicismo ocupava o posto de
religião oficial, vinculado à máquina do poder imperial. Em decorrência
deste vínculo entre os poderes civil e religioso, diversos aspectos do governo
civil mesclavam-se com os eclesiásticos, fazendo com que os registros
documentais depositados nas prelazias e dioceses criadas antes da extinção do
Padroado se tornassem complemento importante às fontes de informação
arquivística de origem civil.
Os procedimentos metodológicos compreenderam um levantamento dos principais
documentos emanados da Santa Sé, bem como daqueles provenientes de algumas
entidades eclesiásticas européias. No que concerne à legislação,
procedeu-se à análise dos cânones dos Códigos de Direito Canônico de 1917 e
de 1983 que tratam de arquivos e assuntos correlatos. O levantamento de dados
atinentes aos onze arquivos eclesiásticos foi realizado a partir da aplicação
de questionário baseado na Norma Geral Internacional de Descrição
Arquivística - ISAD (G), obtendo-se respostas de oito instituições, bem como
parte do relatório da Fundação Histórica Tavera (FHT), que serviu como
parâmetro de avaliação desses arquivos. Para a recuperação da trajetória
de constituição e dispersão do fundo documental da atual Diocese de Goiás
(GO), que é um dos objetos da pesquisa, além do envio de questionários às
duas instituições que custodiam parte do fundo documental e do levantamento de
material bibliográfico específico, realizou-se entrevistas não estruturadas,
bem como visitas a estes dois arquivos. O universo da pesquisa constituiu-se de
onze arquivos das primeiras prelazias e dioceses brasileiras que, atualmente,
são todas arquidioceses, exceto Goiás (GO), que é diocese. São elas:
Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Olinda (PE), São Luís (MA), Belém (PA),
São Paulo (SP), Mariana (MG), Goiás (GO), Cuiabá (MT), Porto Alegre (RS),
Diamantina (MG). Serviram como parâmetro de análise e avaliação dos
resultados o Relatório da Fundação Histórica Tavera (2002), a legislação
canônica vigente, bem como alguns documentos da Pontifícia Comissão para os
Bens Culturais da Igreja e do Conselho Nacional de Arquivos. A partir das
respostas obtidas e das visitas técnicas elaboraram-se planilhas de análise,
destacando os aspectos apontados pela literatura especializada como basilares na
gestão de um arquivo histórico. São eles: Tipologias dos arquivos; Projetos e
coordenação das atividades; Regulamento interno; Personalidade jurídica;
Caráter associativo; Orçamento; Instalações físicas; Umidade e temperatura
relativa; Medidas contra incêndio; Equipamentos de fotocópia; Catalogação;
Acessibilidade; Instrumentos de pesquisa; Recursos humanos; Tecnologias da
informação; Dispersão de fundos documentais.
O resultado da pesquisa apontou que, em linhas gerais, não há por parte da
Igreja Católica no Brasil uma preocupação em se conservar este bem
simbólico, o que não acarreta unicamente uma perda somente para a própria
instituição religiosa em questão, mas para toda a sociedade civil. É verdade
que a infeliz situação detectada não é exclusiva dos arquivos eclesiásticos
pesquisados. A análise dos dados levantados permitiu-nos concluir que há uma
ruptura entre o que expressa a Igreja Católica, especialmente por meio da
Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja, e as práticas
arquivísticas adotadas pelas dioceses brasileiras pesquisadas. Percebemos que a
maior parte dos problemas atinentes à gestão destes fundos se deve ao
descumprimento da lei canônica vigente e das propostas feitas pela Pontifícia
Comissão para os Bens Culturais da Igreja.
CARVALHO,
José Alberto Magno de & CAMPOS, Marden Barbosa de. A variação do saldo
migratório internacional do Brasil. Estudos Avançados: dossiê migração. São
Paulo, USP, v. 20, n. 57, maio/agosto de 2006, p. 55-58.
RESUMO. Os registros administrativos dos vistos consulares de residência, mesmo
quando disponibilizados, tanto pelos consulados estrangeiros no Brasil como por
aqueles do país no exterior, não permitem calcular os fluxos de imigrantes e
de emigrantes internacionais, em razão da alta proporção de migrantes
clandestinos ou ilegais. Como conseqüência, não se pode saber, com base nos
registros, nem sequer se o Brasil tem conhecido saldos migratórios
internacionais positivos ou negativos. Técnicas indiretas permitem estimar o
saldo migratório internacional, a partir das populações enumeradas em dois
censos consecutivos. Na data do segundo censo, são comparadas as populações
observada (recenseada) e esperada (aquela que se teria, se porventura a
população do país tivesse permanecido fechada entre os dois censos). A
diferença entre elas corresponde, em princípio, ao saldo migratório
internacional. Apesar das dificuldades técnicas, advindas principalmente da
significativa variação de cobertura entre os Censos de 1991 e de 2000,
concluiu-se que o Brasil teria tido, entre 1980 e 1990, um saldo migratório
negativo de aproximadamente 1.800.000 pessoas. O saldo, também negativo, teria
caído significativamente, no decênio 1990/2000, para um quantitativo em torno
de 550 mil pessoas. Esse declínio teria ocorrido em razão, quase que
inteiramente, da diminuição da emigração brasileira. A imigração
internacional aumentou muito pouco, como se pode constatar a partir dos dados
censitários de 1991 e 2000.
FARIA, Sheila Siqueira de Castro. Sinhás pretas, damas mercadoras: as pretas minas nas cidades do Rio de Janeiro e de São João Del Rey (1700-1850). Niterói, UFF, tese apresentada ao Departamento de História da Universidade Federal Fluminense para obtenção do título de Professor Titular em História do Brasil, 2004.
GUTIÉRRREZ,
Horacio. Donos de terras e escravos no Paraná: padrões e hierarquias nas
primeiras décadas do século XIX. Franca (SP), História, 2006, v. 25,
n. 1, p. 100-122.
RESUMO. Nas primeiras décadas do século XIX a
repartição da terra no Paraná registrou um alto índice de concentração,
com os fazendeiros de gado detendo as maiores propriedades. Neste artigo
examina-se o uso da mão-de-obra escrava pelos donos da terra assim como o
acesso à terra por parte dos proprietários de escravos. Discutem-se
hierarquias sociais presentes na sociedade local e a importância da terra e dos
escravos na constituição dessas hierarquias. As fontes primárias empregadas
na análise foram cadastros de terras e recenseamentos de população.
LAMAS,
Fernando Gaudereto. Povoamento e colonização da Zona da Mata Mineira no
século XVIII. Histórica: Revista on-line do Arquivo Público do Estado (SP).
São Paulo, Arquivo do Estado, n. 8, março de 2006.
RESUMO. No texto, o autor aponta e discute algumas questões relativas ao
povoamento, no século XVIII, da atual Zona da Mata mineira.
MACHADO,
Cacilda. A trama das vontades. Negros, pardos e brancos na produção da
hierarquia social (São José dos Pinhais - PR, passagem do XVIII para o XIX).
Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, tese de
doutorado em História, 2006.
RESUMO. A autora contempla as relações entre escravos e livres, e entre
brancos pardos e negros, na freguesia de São José dos Pinhais, localizada nas
proximidades da Vila de Curitiba e pertencente à 5a. Comarca da Capitania de
São Paulo, território este que atualmente conforma, grosso modo, o Estado do
Paraná. A pesquisa cobre a passagem do século XVIII para o XIX. O objetivo foi
apreender a natureza e a dinâmica dessas relações, a fim de conhecer os
mecanismos de produção e reprodução da hierarquia escravista em ambientes
com predomínio de pequenas escravarias e com uma grande população de pardos e
negros livres. Para tanto, foram efetuados cruzamentos de dados de censos
populacionais (Mapas populacionais e Listas nominativas de habitantes)
e de um censo fundiário da época (Inventário de Bens Rústicos), a fim
de produzir indicadores demográficos e econômicos. No entanto, no trabalho
não se pretendeu enfatizar o comportamento padrão ou as características
típicas, ao contrário, partiu-se da premissa de que as relações de poder e o
dinamismo de uma hierarquia social só se podem expressar nos diversos
comportamentos. A pesquisa comportou, igualmente, uma abordagem metodológica
qualitativa, e para sua formulação buscou-se operacionalizar o conceito de
rede social, ferramenta que se mostrou capaz de tornar mais evidentes as
interações entre os indivíduos e os contextos sociais; assim, a análise
deixou de priorizar a estrutura social em si, para privilegiar os processos e as
interações no interior da sociedade estudada. A reconstituição dessas redes
foi possível principalmente por meio do cruzamento de dados de registros
paroquiais (batismos, casamentos e óbitos) com os das listas nominativas de
habitantes. Esse procedimento permitiu detectar a vigência de um conjunto de
práticas patriarcalistas naquele ambiente, levadas a efeito por brancos, pardos
e negros, que só imperfeitamente, por vezes de forma transitória, conseguiam
exibir o status patriarcal, ainda que o perseguissem. Tais práticas envolviam
ativamente os diversos atores sociais, inclusive os escravos, mantendo o
conjunto social em um estado de permanente tensão. Todavia, ressalte-se
que o acompanhamento de trajetórias individuais revelou que a generalização
das práticas patriarcalistas não constituía pura e simples adesão ao
ideário da elite, mas a afirmação da liberdade por meio do esforço de
movimentação ascendente na hierarquia social. Por essa razão, todos os grupos
tinham de, continuamente, marcar e reiterar as desigualdades ou mesmo produzir
novos índices de diferenciação.
NEUMANN,
Rosane Márcia. A colonização do Planalto gaúcho por empresas privadas. Histórica:
Revista on-line do Arquivo Público do Estado (SP). São Paulo, Arquivo do
Estado, n. 17, dezembro de 2006.
RESUMO. A autora apresenta o processo de desenvolvimento da região, além de
retratar como ali se estabeleciam as ocupações e o comércio de terras no
século XIX.
PARANHOS,
Paulo. Primeiros núcleos populacionais no Sul das Minas Gerais. Histórica:
Revista on-line do Arquivo Público do Estado (SP). São Paulo, Arquivo do
Estado, n. 7, dezembro de 2005.
RESUMO. O autor mostra as etapas de formação regional em Minas Gerais,
conduzida pelo advento e evolver da mineração.
PATARRA,
Neide Lopes. Migrações internacionais: teorias, políticas e movimentos
sociais. Estudos Avançados: dossiê migração. São Paulo, USP, v. 20,
n. 57, maio/agosto de 2006, p. 7-24.
RESUMO. Apresentam-se subsídios para o debate sobre políticas de migração
internacional que já se estende para movimentos sociais de expressivos
contingentes documentados e não-documentados nos principais países de destino.
Recomendações de organismos internacionais defendem políticas migratórias em
termos de direitos humanos e na supervisão de remessas, consideradas um dos
aspectos positivos das migrações e auxílio no combate à pobreza dos países
de origem. O contraponto com formulações teóricas sobre o fenômeno evidencia
incoerências e inviabilidades dessas propostas se não forem articuladas com
esforços para o desenvolvimento econômico e social dos países envolvidos.
PETRI,
Kátia Cristina. Terras e imigração em São Paulo: política fundiária e
trabalho rural. Histórica: Revista on-line do Arquivo Público do Estado
(SP). São Paulo, Arquivo do Estado, n. 2, junho de 2005.
RESUMO. A autora estabelece a ligação entre a imigração, a distribuição de
terras entre colonos e os núcleos de café.
RAPCHAN,
Eliane Sebeika. Lituanos e seus descendentes: reflexões sobre a identidade
nacional numa comunidade de imigrantes. Histórica: Revista on-line do
Arquivo Público do Estado (SP). São Paulo, Arquivo do Estado, n. 10, maio
de 2006.
RESUMO. Investiga-se a preservação da identidade nacional na comunidade
lituana residente no Brasil, especialmente em São Paulo.
SANTOS, Cristian José Oliveira. Os arquivos das primeiras prelazias e dioceses brasileiras no contexto da legislação e práticas arquivísticas da Igreja Católica. Brasília, Universidade de Brasília, mestrado em Ciências da Informação, 2005. (Veja artigo publicado neste número do BHD).
SANTOS,
Miriam de Oliveira. A Imigração Italiana para o Rio Grande do Sul no final do
século XIX. Histórica: Revista on-line do Arquivo Público do Estado (SP).
São Paulo, Arquivo do Estado, n. 9, abril de 2006.
RESUMO. A autora analisa a imigração italiana para o Rio Grande do Sul no
século XIX, leva em conta as origens do processo migratório e suas principais
facetas no Brasil.
TEIXEIRA,
Rodrigo Alves. Capital e colonização: a constituição da periferia do sistema
capitalista mundial. São Paulo, IPE-USP, Estudos Econômicos, v. 36,
n. 3, 2006, p. 539-591.
Resumo. Este artigo tem dois objetivos. Em primeiro lugar, discutir as linhas
principais da historiografia sobre o período colonial brasileiro, da
perspectiva dos seus fundamentos metodológicos. Esta análise crítica da
historiografia parte de uma leitura de Marx que resgata a herança da dialética
hegeliana na compreensão da concepção marxiana da História. Em segundo
lugar, a partir da defesa de um dos modelos propostos no debate, baseado na
categoria capital escravista-mercantil como uma particular forma do capital que
existiu no período colonial, busca-se avançar na compreensão deste período
argumentando que ele faz parte de um processo histórico de consolidação do
capitalismo enquanto um sistema mundial, processo esse que tem o capital como um
sujeito automático. Defendemos que a força da forma capital prescinde da
generalização das relações burguesas "típicas" para todo o globo,
e que o sistema colonial não deve ser interpretado como um outro modo de
produção, nem como sendo apenas uma peça da engrenagem da acumulação
primitiva de capital. O "sentido da colonização" é, portanto, a
constituição da periferia de um sistema capitalista mundial.
TOSI,
Pedro Geraldo, FALERIOS, Rogério Naques & TEODORO, Rodrigo da Silva.
Fragmentos de um modelo: pequenas lavouras de café e acumulação de capitais.
Franca/São Paulo 1890-1914. Franca (SP), História, 2005, v. 24, n. 2,
p. 291-327.
RESUMO. Este artigo versa sobre a importância da pequena cafeicultura no
complexo cafeeiro entre 1890 e 1914. Discutimos aqui as relações de trabalho,
as formas de financiamento e o modo como a pequena propriedade se insere neste
universo. Utilizamos como fontes prioritárias os contratos de trabalho que
envolviam a formação e/ou o trato de cafeeiros e as escrituras de dívidas
hipotecárias, ambas lavradas nos Livros Cartoriais, fontes estas ainda não
trabalhadas pela historiografia de forma mais sistemática. Desviamos nosso
olhar para uma região marcada predominantemente pelas pequenas e médias
fazendas produtoras de café, observando a dinâmica da acumulação em um
período de expansão e de crise da cafeicultura.
GONÇALVES, Paulo Cesar. Migração e Mão-de-Obra: retirantes cearenses na economia cafeeira do Centro-Sul (1877-1901). Mestrado em História Econômica, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (FFLCH-USP), 2002. Também publicado, com o mesmo título: São Paulo, Ed. Humanitas, 2006, 248 p.
FRANZINA,
Emilio. A grande emigração: o êxodo dos italianos do Vêneto para o
Brasil. Campinas, SP, Editora da UNICAMP, 2006. 480 p.
APRESENTAÇÃO. Um clássico da historiografia italiana, A grande emigração,
disponível agora nesta tradução cuidadosa, torna possível uma compreensão
mais aprofundada das origens e do significado do enorme êxodo rural da região
do Vêneto para a América do Sul, nas últimas décadas do século XIX. Com
base numa pesquisa extensa, Emilio Franzina reconstrói a relação complexa da
emigração em grande escala com a economia e a política italiana da época.
Certamente, A grande emigração vai ajudar a desfazer muitos dos
mal-entendidos e das simplificações abusivas sobre a história dos italianos
que vieram para o Brasil com tanto heroísmo e desespero. Enfim, um livro à
altura da grandeza e da dramaticidade da vida dos próprios imigrantes. (Texto
da quarta capa, escrito por Michael Hall, do Departamento de História da
UNICAMP)
Trabalhos apresentados no II Congreso de la Asociación Latinoamericana de Población (Guadalajara, México, 3-5/set./2006) e concernentes à área da
História Demográfica.
FLORENTINO, Manolo Garcia & GÓES, José Roberto. A reconstituição de famílias escravas: parentesco e família entre os cativos de Manoel de Aguiar (1872).
RESUMO. Os autores buscam determinar alguns dos padrões parentais próprios dos escravos de uma grande plantation da região cafeeira de Bananal (SP) durante a segunda metade do século XIX.
GHIRARDI,
Mónica; CELTON, Dora & COLANTONIO, Sonia. Hogares, familias y trabajo en
dos áreas de la campaña de Córdoba, Argentina, a comienzos del siglo XIX.
RESUMEN. Contando con un pionero y exhaustivo análisis demográfico
correspondiente a la ciudad de Córdoba efectuado por Dora Celton a partir de la
comparación de la información contenida en los censos de 1778, 1813 y 1822, en
este trabajo la observación se concentró en la campaña, en dos áreas de
poblamiento histórico diferente: Punilla, región de antiguo asentamiento
prehispánico comprendida en el noroeste provincial, y Río Tercero, zona de
asentamiento nuevo poblada con familias de la ciudad de Córdoba que fueron
expandiéndose con sus estancias hacia territorios del sur cordobés. En ese
sentido, el objetivo particular de esta investigación es realizar un análisis
de aspectos concernientes a formas de corresidencia, familia y trabajo en dichas
áreas de la campaña de Córdoba, Argentina, a comienzos del siglo XIX.
MATEOS,
Pablo; LONGLEY, Paul & WEBBER, Richard. El estudio de migraciones en
Latinoamérica a través del análisis geográfico de apellidos.
RESUMEN. El análisis cuantitativo de los episodios históricos en el poblamiento
de América, de las migraciones históricas y actuales, y del impacto de ambos
en la estructura y distribución geográfica de la población actual, ha estado
muy limitado debido a una escasez de fuentes de datos estadísticos apropiadas
para el estudio de poblaciones completas. Esta comunicación presenta una
técnica de investigación geodemográfica; el análisis del origen de nombres y
apellidos para el estudio de las migraciones y estructuras de la población, y
demostrar su utilidad en su aplicación a la población de América Latina. Esta
técnica ha experimentando un auge en los últimos años a raíz del incremento
en la disponibilidad de información digitalizada sobre frecuencias de nombres y
apellidos georreferenciadas.
NADALIN,
Sergio Odilon. A história de grupos étnicos; virtualidades das técnicas de
reconstituição de família.
RESUMO. O autor propõe-se a revisitar alguns textos, marcando as virtualidades
da metodologia das reconstituições familiares, considerando uma necessária
atitude crítica que pautou o desenvolvimento desses trabalhos e tendo em vista
principalmente as limitações da metodologia e das próprias fontes
"paroquiais". Como pano de fundo, fica evidente no texto todo um
investimento em tempo e recursos que se iniciou na década de 1970 com os
estudos relacionados a um grupo constituído de imigrantes de origem germânica
e seus descendentes, localizados em Curitiba, no Sul do Brasil (Paraná). Por
diversas razões, os primeiros resultados centraram-se em estudos de fecundidade
de três coortes de casamentos (1866-1939) e, na continuidade, desenvolveram-se
esforços no sentido de explorar a base de dados com objetivos que extrapolaram
a demografia histórica stricto sensu, abordando estudos de família,
sexualidade, compadrio e nomes de batismo e passando por uma tentativa
relativamente frustrada de informatização proporcionada pelo SYGAP (Système
de Gestion et d'Analyse de Population). O quadro teórico da investigação
está alicerçado numa história da construção de fronteiras étnicas, tendo
como horizonte a imigração (européia), a urbanização (Curitiba), questões
político-ideológicas (o embate de duas concepções de cidadania) e a
história de uma instituição religiosa (Igreja Evangélica Luterana do
Brasil). Os resultados alcançados permitiram vários tipos de publicações,
algumas em parceria (em função dos acordos propiciados pelo convênio CNPq/Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico - CNRS/Centre National de la
Recherche Scientifique).
ORTEGA MUÑOZ, Allan. El sistema familiar mesoamericano y las culturas íntimas: propuesta teórica para avanzar en la reconstitución familiar del sur de la península de Yucatán, 1900-1935.
PERERA DÍAZ, Aisnara & MERIÑO FUENTES, María de los Ángeles. Una metodología -- desde los registros parroquiales -- para la reconstrucción de la familia negra en la Cuba colonial.
RESUMEN. Com base em fontes primárias produzidas pela Igreja católica - basicamente os livros de assentos de batismos, casamentos e óbitos - as autoras propõem um método para estudar as famílias de escravos existentes no período em que a instituição da escravidão existiu em Cuba. Além da originalidade da proposta das articulistas, é interessante ressaltar que as características das famílias de cativos em Cuba são muito semelhantes às que emergiram dos estudos similares efetuados para o caso do Brasil.
POLLERO
Raquel & MASSÉ, Gladys. Situación demográfica de las dos capitales
rioplatenses (Buenos Aires y Montevideo) al promediar el siglo XIX.
RESUMEN. La presente investigación se propone realizar un estudio comparado de
la situación demográfica de Buenos Aires y Montevideo al promediar el siglo
XIX, así como avanzar en el análisis de los patrones de organización familiar
rioplatense; la investigación se realiza a partir de la recopilación y
análisis de fuentes primarias. Para la ciudad de Buenos Aires, el Censo
completo realizado el 17 de octubre de 1855 y para la de Montevideo, una muestra
representativa del Padrón de 1858-1859. En ambas fuentes de datos se registran
omisiones de áreas geográficas (secciones que no se empadronaron o no aparecen
los datos). La metodología de investigación remite a un análisis demográfico
clásico, donde las unidades de análisis resultan ser tanto la población como
el grupo doméstico corresidente (hogar), según corresponda.
ROBICHAUX, David. La reconstitución de familias en una comunidad de origen indígena en el México central: ¿Callejón sin salida o camino real de la demografía?
TALAVERA IBARRA, Oziel Ulises. El cambio socioracial y demográfico de Uruapan, Michoacán, México, en la época colonial: 1670-1778.
Pesquisadoras
responsáveis: Profa. Miridan Britto Falci e Profa. Ana Maria Leal
Almeida.
e-mail: miridanbritto@terra.com.br ;
ana.almeida@uss.br
Instituição: Universidade Severino Sombra.
Grau acadêmico: Doutora e Mestra, respectivamente.
Título da pesquisa: FAMÍLIAS DE ELITE: parentela,
riqueza e poder.
Resumo. Com o apoio financeiro da Universidade
Severino Sombra ao Programa de Mestrado, desenvolvemos uma pesquisa sobre
algumas famílias de elite da região do vale fluminense do café. Duas
participantes principais: professora doutora Miridan Britto Falci e professora
mestra Ana Maria Leal Almeida e alunos de graduação da mesma universidade. A
pesquisa se iniciou em julho de 2004 e deverá terminar em julho de 2007.
Trata-se de uma pesquisa documental -- em inventários guardados no Tribunal de
Justiça do Rio, no Centro de Documentação da USS e no Colégio Brasileiro de
Genealogia com vistas à identificação das relações de poder surgidas a
partir da parentela e da fortuna que foi amealhada com a produção do café. A
pesquisa também contempla os conteúdos conceituais de parentela, família e
visa a elucidar questões referentes à riqueza fugaz do século XIX no vale do
café. Já foram produzidos cerca de cinco artigos sobre titulares dessas
famílias e apresentados em seminários e congressos.
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Estudios de Población
Revista
de la Asociación de Estudios de la Población Argentina
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