NÚCLEO DE ESTUDOS EM HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

BOLETIM DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

Ano II, Número 6 - Junho 1995

SUMÁRIO 

 

Apresentação

Notícia Bibliográfica

Estatísticas Retrospectivas

Pesos e medidas

Resumos

Resumos - IEB

Resumos - SEADE/DOCPOP

Publicações Recebidas

Censo de Demografia Histórica

Relação de Trabalhos Publicados (ROL)

Aos Colaboradores

Editores deste número: Renato L. Marcondes e Júlio M. Pires

 

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APRESENTAÇÃO

Neste número retomamos a publicação de estatísticas retrospectivas e da seção pesos e medidas. Inicialmente apresentamos uma resenha de uma dissertação de Mestrado recentemente defendida no Departamento de História da FFLCH-USP. No presente número reproduzimos as informações levantadas por Daniel Kidder para as províncias brasileiras. Na seqüência, transcrevemos uma relação de medidas coletadas por Friedrich Von Weech, quando de sua estada no Brasil na terceira década do século XIX. Além disto continuamos a publicar os resumos dos trabalhos recebidos e especialmente neste número uma relação dos artigos editados na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) na área. Estas seções de resumos são complementadas pelos sumários elaborados com base nos informes constantes dos arquivos da Fundação SEADE/DOCPOP. Na seção seguinte damos continuidade à apresentação dos resultados do Censo de Demografia Histórica. De outra parte, mantém-se neste boletim o processo de atualização da Relação de Trabalhos Publicados - ROL e das publicações recebidas.

 

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NOTÍCIA BIBLIOGRÁFICA

ALANIZ, Anna Gicelle Garcia. Ingênuos e libertos: estratégias de sobrevivência familiar em épocas de transição, 1871 - 1895. Dissertação de Mestrado. São Paulo: FFLCH/USP, 1994, 163 p. (mimeografado).

"Ingênuos e libertos" marca-se, antes do mais, pela utilização de fontes documentais caracterizadas pela riqueza de conteúdo. Da documentação compulsada, salientam-se as seguintes fontes primárias: os registros paroquiais (assentos de óbitos) de Campinas, as atas da Câmara Municipal de Campinas e, sobretudo, os processos judiciais de tutela, apreensão, licenças de casamento e remoções de tutela das cidades de Campinas e Itu, cobrindo, grosso modo, o último quartel do século XIX. Trabalho dividido em três partes (1: a família negra e a historiografia; 2, a legislação, seu passado e suas consequências; e 3, as batalhas familiares), seu objetivo é "entender as estratégias de sobrevivência da família negra, escrava e liberta, diante das alterações trazidas pela legislação abolicionista, no contexto da própria abolição e do fim da monarquia com a implantação do regime republicano" (p. 10). Se a primeira parte da dissertação vê-se prejudicada ao se colocar também como um balanço da historiografia acerca da família negra e, no entanto, fornecer uma abordagem muito restrita dessa mesma historiografia, e se a segunda parte peca por transmitir ao leitor a impressão de que a autora perfilha uma dada leitura -- não necessariamente a mais rica -- da Lei número 2040, de 28.09.1871, não resta dúvida de que a terceira parte consubstancia-se no ponto alto do trabalho, onde é feita a análise das fontes primárias. Aqui se destacam seja o estudo da morbidade, inserido na seção 3.1 (na vida: o nascer e o morrer), seja, principalmente, o exame dos processos judiciais de tutela empreendido na seção 3.2 (na liberdade: os benefícios e os malefícios do vínculo tutelar). A autora adota um procedimento, qual seja, a seleção e análise minuciosa de 4 dentre os 476 processos compulsados e, no âmbito dessa opção, trabalha suas fontes com evidente competência. Em que pese o tratamento primoroso dos 4 casos selecionados, permanece no leitor a sensação de que a autora poderia ter trabalhado mais o universo composto pelos 476 processos, mesmo porque, ao escolher talvez os exemplos mais complexos, acabou por trabalhar u'a amostra que se pode dizer claramente "viesada", impedindo que se atingisse um maior rigor estatístico. Ressalte-se, por fim, que a observação acima não compromete a relevância das conclusões avançadas pela autora, que apontam para a utilização do vínculo tutelar como "meio escolhido" (p. 129) para a superação dos problemas postos pelo período de transição inaugurado com a promulgação da Lei do Ventre Livre.

José Flávio Motta

 

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ESTATÍSTICAS RETROSPECTIVAS

O texto e as estimativas de população abaixo foram transcritas de: Kidder, Daniel P. Reminiscências de viagens e permanência nas províncias do Sul do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980, p. 312-13.

POPULAÇÃO

"Não nos foi possível obter estatísticas fiéis com respeito à população do Brasil, pelo simples motivo de que jamais se procedeu a recenseamento algum, digno de fé. Os relatórios provinciais e ministeriais fazem todos os anos referência ao assunto, mas, raramente contêm algo de novo ou de importância, a não ser conjecturas ao alguma vaga referência ao número de mortos e batizados em certas paróquias. Contudo, para que o leitor possa ter uma idéia da população do país damos a seguir as mais recentes estimativas que conseguimos obter nos numerosos documentos consultados.

"Alguns autores tomaram a liberdade de publicar estimativas pormenorizadas, como a que se segue, adicionando-lhes arbitrariamente, de um a dois milhões de escravos que supõe terem sido omitidos. Foi por isso que anos atrás, a população era dada como sendo maior que a indicada pela tabela abaixo. Não nos sentimos à vontade para recorrer a conjecturas dessa ordem, pois sabemos ser hábito no Brasil computar a população escrava englobadamente com a branca, a menos que haja distinção especial das duas classes.

"Não diremos que o Brasil não possui mais de cinco milhões de habitantes; gostaríamos, porém, de examinar os resultados de um recenseamento oficial ou pelo menos estimativas elaboradas por funcionários competentes que nos indicassem onde se poderia encontrar tanta gente, antes de afirmar que existe. Se não tivéssemos nenhum outro motivo para cautela com respeito a este assunto, os clamorosos erros de outros nos serviriam de aviso. Há cerca de 40 anos o Sr. John Mawe afirmou que a cidade de São Paulo continha "cerca de quinze mil almas, talvez perto de vinte mil". Sem dúvida esta cidade tem progredido desde então, mas, quando a visitamos em 1839, era a seguinte a estimativa oficial:

Cidade de São Paulo propriamente dita

5.668

Subúrbio de Santa Efigência

3.064

Subúrbio do Bom Jesus do Braz

659

Total

9.391

 

ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO DAS PROVÍNCIAS

Províncias

Livres

Escravos

Total

Rio Grande do Sul

-

-

160.000

Santa Catarina (*)

53.707

12.511

66.228

São Paulo

-

-

326.902

Rio de Janeiro (*)

196.926

239.557

436.483

Cidade do R. Janeiro

-

-

180.000

Minas Gerais

-

-

760.000

Goiaz

-

-

97.592

Mato Grosso

-

-

40.000

Espírito Santo

-

-

46.000

Bahia

-

-

650.000

Sergipe

-

-

120.000

Alagoas

-

-

120.000

Pernambuco

-

-

320.000

Paraíba

-

-

100.000

Rio Grande do Norte

-

-

40.000

Ceará

-

-

180.000

Piauí

-

-

60.000

Maranhão (*)

105.119

111.905

217.024

Pará (*)

-

-

250.000

TOTAL

 

 

4.170.229

(*) Dados oficiais.

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PESOS E MEDIDAS

WEECH, Friedrich Von. A agricultura e o comércio do Brasil no sistema colonial. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 58.

 

Medidas de Peso

Peso

Gramas

Centigramas

O quintal ou 4 arrobas

48.709

 

A arroba ou 32 libras

11.677

 

A meia arroba ou 16 libras

7.338

 

A libra ou 16 onças

458

67

A onça ou 8 oitavas

28

66

A oitava ou 72 grãos

3

58

O grão

 

5

Medida linear (França)

Medida

Metros

Milímetros

A légua ou 2.842 braças e 8 palmos

6.880

 

A braça ou 10 palmos

2

174

A vara ou 5 palmos

1

87

O covado ou 3 palmos

 

652

O palmo ou 8 polegadas e 7 linhas

 

217

O pé ou 12 polegadas

 

304

A polegada ou 12 linhas

 

25

A linha ou 12 pontos

 

2

Medidas de Líquidos

Medida

Litros

Centilitros

O tonel ou 2 pipas

870

41 02/10

A pipa ou 26 almudes

435

20 06/10

O almude ou 2 cântaros ou 2 potes

16

73 09/10

O pote ou cântaro ou 6 camadas

8

37

A camada ou 4 quartilhos

1

39 05/10

O quartilho

 

34 09/10

Peso dos cereais

Peso

Litros

Centilitros

O moio ou 15 fanegas

830

40

A fanega ou 4 alqueires

55

36

O alqueire ou 2 meios

13

84

O meio ou 2 quartos

6

92

A quarta ou 2 oitavos

3

46

A oitava ou o selamin

1

73

 

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RESUMOS

ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sérgio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional e a família imigrante. Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, 11 (1), jan./jun. de 1994, p. 61-87.

RESUMO: O cenário da colonização no Brasil Meridional e a família imigrante. No presente artigo, a imigração dos europeus no século XIX foi estudada privilegiando-se a premissa de que ela se constitui na réplica da elite brasileira ao impasse gerado pelo fim da escravidão -- um dos indicadores da crise que assinalou o rompimento das estruturas coloniais. Em contrapartida, a instalação de imigrantes no Brasil do oitocentos concerne ao surgimento do que podemos denominar de cultura imigrante. As reflexões desenvolvidas no estudo procuram situar a emergência de tal cultura, analisando os descendentes de europeus tanto na ótica da demografia histórica quanto na dos contatos culturais. As análises que se seguem foram alicerçadas em dados provenientes da reconstituição de famílias de imigrantes europeus e seus descendentes, metodologia privilegiada nos estudos de demografia retrospectiva. A justaposição dos padrões demográficos com os elementos culturais específicos aos imigrantes possibilitou circunscrever formas de sociabilidade que permitiram, por sua vez, o delineamento de uma teoria da família imigrante. Assim, o trabalho situa-se na temática mais ampla dos estudos populacionais ou, o que é para nós mais pertinente, na história da população.

CASTRO, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de. A cor inexistente os significados da liberdade no sudeste escravista (Brasil: século XIX). Niterói: UFF, 1993. (Tese de Doutorado).

RESUMO: Esta tese discute os significados da liberdade, na Segunda metade dos oitocentos, no sudeste escravista, procurando considerar integradamente motivação e contexto. Sua primeira parte enfoca a experiência de liberdade de homens e mulheres despossuídos, nascidos livres ou alforriados, na sociedade escravista do sudeste. A segunda discute os significados da liberdade, para os últimos cativos da região, e seu papel no processo de abolição do cativeiro. Ambas baseiam-se, fundamentalmente, na análise de documentação judiciária, especialmente inventários post-mortem, processos-crimes e ações de liberdade. As duas últimas partes concentram-se na última década do século XIX. Jornais interioranos, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, inquéritos policiais da comarca de Campos (RJ) e os registros civis de nascimento e óbito de três freguesias demonstrar o papel estratégico dos embates em torno dos significados da liberdade, no período, para a reelaboração das relações de trabalho e poder, no mundo rural, bem como para a conformação específica assumida, desde então, pela ideologia racial no Brasil.

FARIA, Sheila Siqueira de Castro. A colônia em movimento fortuna e família no cotidiano colonial (Sudeste, século XVIII). Niterói: UFF, 1994. (Tese de Doutoramento).

RESUMO: Este trabalho aborda aspectos da vida cotidiana colonial, particularmente o século XVIII, tendo como pano de fundo análise sobre a família, diferenciadas por grupos sociais, o que a torna objeto central e estratégico para se observar o estabelecimento de modos de vida e de domínio. Está dividido em duas partes temáticas: "Mover-se" e "Viver e Morrer". A primeira trata do movimento, tanto espacial como econômico-social; a segunda enfoca o dia-a-dia dos homens coloniais: nascimento, casamento, morte, habitação e modos de produzir. As fontes utilizadas foram, basicamente, inventários post-mortem, registros de batizado, nascimento e óbito, mapeamentos populacionais e agrários e processos eclesiásticos de banhos para matrimônios.

LEWKOWICZ, Ida. As mulheres mineiras e o casamento: estratégias individuais e familiares nos séculos XVIII e XIX. História. São Paulo, 12, 1993, p. 13-28.

RESUMO: O artigo aborda a posição da mulher e as condições a que estava sujeita em relação ao casamento, na sociedade mineira. O ponto central é a discussão a respeito da anuência dos noivos e da passividade feminina.

TELAROLLI JR., Rodolpho. A secularização do registro dos eventos vitais no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, 10 (1/2), jan./dez. de 1993, p. 145-159.

RESUMO: A secularização do registro dos eventuais vitais no Estado de São Paulo. O artigo apresenta os antecendentes e o contexto político e econômico sob o qual se deu a secularização dos registros vitais no Brasil, além dos conflitos cotidianos que acompanharam as novas práticas no Estado de São Paulo. O registro dos eventos vitais (nascimentos, casamentos e óbitos) foi secularizado no país com a Proclamação da República, passando das mãos da Igreja para o Estado. A aprovação da legislação criando o sistema brasileiro de registros civis ocorreu em 1888, tendo sido implantada apenas no ano seguinte, associando-se à crise nas relações entre Igreja e Monarquia das últimas décadas do século XIX. Por muito tempo os registros civis foram superados pelas cerimônias religiosas, que tinham a seu favor o empenho da Igreja e séculos de tradição na cultura popular. No Estado de São Paulo a implantação de um sistema de registros civis e a elaboração de estatísticas vitais vincularam-se à questão sanitária. O principal objetivo era sanar os problemas sanitários que punham em risco a manutenção do fluxo de imigração estrangeira para a cafeicultura paulista.

TELAROLLI JR., Rodolpho. Poder e Saúde: a República, a febre amarela e a formação dos serviços sanitários no Estado de São Paulo. Tese (Doutorado) - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, 1993.

RESUMO: Este trabalho tem por objetivo a investigação das mediações da organização política, em sua vertente estado/municípios, e dos fundamentos tecnológicos das práticas sanitárias, na formação dos serviços de saúde no Estado de São Paulo, entre a Proclamação da República, em 1889 e 1911. A caracterização epidemiológica e demográfica do Estado no período mostrou que o fio condutor da ação sanitária estadual foi o combate às doenças epidêmicas, em especial a febre amarela, que repercutia no funcionamento da máquina administrativa, no cotidiano da população e nas atividades do complexo cafeeiro, desde a imigração subsidiada até a exportação da produção. O padrão tecnológico dos serviços sanitários, de ações de polícia médica executadas na forma de campanhas sanitárias, teve seus fundamentos discutidos a partir dos debates médicos em torno das teorias sobre as formas de propagação, tratamento e profilaxia da febre amarela, encerrados no início do século XX, com a aceitação da teoria da transmissão da doença pelo vetor. A formação e o funcionamento dos serviços sanitários no interior paulista apresentaram muitas particularidades em relação aos principais centros urbanos do Estado. As relações das lideranças políticas municipais e estaduais, sob o chamado pacto coronelista, suporte regional para a estrutura de poder oligarquizada da Primeira República, foi fundamental na conformação assumida pelos serviços sanitários no período. Através dos debates no Legislativo estadual, identificou-se o papel de aspectos do ideário republicano, como a defesa do princípio da autonomia municipal e das liberdades individuais, na gestão dos serviços de saúde. A influência desses princípios foi mais marcante no início do período republicano, até 1896, quando predominou um modelo municipalizante dos serviços sanitários. A partir de então, saiu vencedor o pragmatismo das oligarquias cafeeiras, em defesa de seus interesses políticos e econômicos imediatos, resultando na estadualização das ações sanitárias.

TELAROLLI JR., Rodolpho. Habitação, saúde e saneamento em São Paulo na República Velha. D.O. Leitura, v. 12, n. 143, p. 13-14, 1994.

RESUMO: Neste artigo são descritas as características físicas das casas e vias públicas dos bairros proletários de São Paulo e das cidades interioranas do Estado no final do século XIX. As condições de iluminação, de aeração e de saneamento básico são relacionadas à ocorrência das epidemias de febre amarela, cólera e outras doenças transmissíveis que afetaram a zona cafeicultora paulista na primeira década da República. É discutido o padrão de intervenção pública sobre as condições das habitações individuais e coletivas, dentro das concepções então vigentes sobre a origem e forma de transmissão das doenças transmissíveis.

TELAROLLI JR., Rodolpho. O combate à ancilostomose e ao tracoma e as políticas de saúde em São Paulo. Revista de Ciências Farmacêuticas, São Paulo, 15(supl.):41, 1993/1994.

RESUMO: Até o início do século XX a prioridade da ação sanitária em São Paulo foi o combate às doenças epidêmicas que assolavam o porto de Santos e a zona cafeicultora no interior paulista. Vencido o desafio das epidemias, com o controle da varíola pela vacinação e a erradicação da febre amarela urbana em 1904, modificou-se o eixo da ação sanitária estadual para as endemias. Entre as doenças endêmicas que assolavam São Paulo, o tracoma e acilostomíase são as que mais precocemente tornaram-se alvo da ação estadual, apesar da mortalidade muito inferior à de outras doenças transmissíveis, como a tuberculose e a malária. Que fatores influíram na definição dessa ordem de prioridades? Por ser um estudo histórico da formação dos serviços sanitários no Estado de São Paulo, ele foi realizado através da recuperação de elementos da história social paulista, encontrados nos relatórios estaduais de saúde pública, em especial os relatórios anuais da Secretaria do Interior e da Diretoria do Serviço Sanitário de São Paulo, além dos debates no Legislativo estadual. Em 1905 o governo estadual criou o primeiro de uma série de órgãos que teriam por atividade o controle do tracoma e da ancilostomíase, mas apenas na reforma sanitária de 1917/1918 o controle dessas doenças foi definitivamente institucionalizado, passando a receber ações permanentes. O que parece ter sido decisivo para a ênfase assumida por essas endemias, então muito comuns em São Paulo, foi a conjunção de alguns fatores: a) a natureza extremamente debilitante dessas doenças, num momento em que a eugenia e a formação de uma nacionalidade brasileira eram questões muito presentes junto aos políticos e intelectuais nativos; sob essa perspectiva, retirando do trabalhador as energias, essas doenças comprometiam o futuro da nação; b) noinício do século XX essa preocupação com a ancilostomíase aparece em toda a América Latina, capitaneada pelas campanhas coordenadas pela Fundação Rockefeller; a existência de uma tecnologia que permitia controlar essas doenças, através de ações específicas, sem que fosse necessário abordar ou interver sobre as condições de vida ou de habitação, como na tuberculose e na malária.

TELAROLLI JR., Rodolpho. Fundamentos tecnológicos das ações sanitárias no Estado de São Paulo na Primeira República. In: Anais do IX Encontro Nacional de Estudos Populacionais. Belo Horizonte: ABEP, 1994, v. 3, p. 45-58.

RESUMO: Na Primeira República a prioridade da ação sanitária em São Paulo foi o controle das doenças epidêmicas, em especial a febre amarela, que desestabilizava a vida política e administrativa do Estado, ameaçando as atividades da cafeicultura em diferentes etapas, da produção à exportação. A defesa do fluxo de imigrantes estrangeiros contra as epidemias, garantindo a mão-de-obra indispensável para o café, era um aspecto fundamental da dinâmica demográfica, sempre presente para o poder estadual, dos legisladores aos técnicos dos serviços sanitários. As ações sanitárias em defesa da imigração embasavam-se na combinação dos conhecimentos científicos da nascente bacteriologia com a teoria ancestral dos miasmas. Através de uma série de medidas que tinham por objetivo controlar a propagação das epidemias através dos mecanismos do contágio e da transmissão, doenças como a febre amarela foram extintas antes mesmo de se conhecer seu agente causal e inseto vetor.

TELAROLLI JR., Rodolpho. Doenças de notificação compulsória: um indicador de prioridades. In: Anais do III Congresso Brasileiro, II Congresso Ibero-Americano e I Congresso Latino-Americano de Epidemiologia. Salvador, abril de 1995, p. 367.

RESUMO: Esse trabalho teve por objetivo identificar as prioridades sanitárias no Estado de São Paulo nas três primeiras décadas da República, a partir das sucessivas mudanças nas listas de doenças de notificação compulsória. O estudo baseou-se numa análise estruturada da história da saúde pública. Além da legislação sanitária, utilizamos fontes historiográficas, a literatura médica, a imprensa diária e os debates legislativos, para identificar as principais tendências nas ações sanitárias. Em 1893 foi publicada a primeira relação de doenças notificáveis, incluindo exclusivamente doenças transmissíveis epidêmicas, como a febre amarela, a varíola e o cólera, padrão que se repetiu nas reformas legais de 1894 e 1896. Essas doenças eram as que mais prejudicavam a vida social no período, em especial as atividades produtivas do complexo cafeeiro. Vencidas as principais epidemias no início do século XX, as doenças endêmicas ganham importância, detectada com a inclusão do tracoma em 1906. Seguindo esse tendência, em 1911 foi incluída a malária, a ancilostomose e a lepra, listagem acrescida da paralisia infantil e epizootias, em 1917. As relações de doenças de notificação compulsória em São Paulo nas três primeiras décadas da República acompanharam as prioridades sanitárias do poder estadual. A utilização desse indicador mostrou-se adequada para validar os resultados do estudo histórico das práticas sanitárias nesse período.

TELAROLLI JR., Rodolpho. Origens da municipalização da saúde no Estado de São Paulo: a Primeira República. In: Anais do IV Congresso Paulista de Saúde Pública. São Paulo, julho de 1993, p. 16.

RESUMO: A formação dos serviços sanitários no Estado de São Paulo confunde-se com a criação de uma estrutura administrativa estadualizada, após a Proclamação da República. O modelo de gestão dos serviços sanitários, variando entre os pólos municipalização X estadualização, foi um dos focos das tensões entre os grupos oligárquicos que se enfrentavam na definição do perfil do Estado republicano. No campo do ideário político, o princípio da autonomia municipal era um dos pontos mais tradicionais no republicanismo, desde a década de 1870, destacando-se no debate que acompanhou a definição de um modelo gerencial para os serviços sanitários. Apesar das diferenças em relação ao processo contemporâneo, a municipalização das práticas sanitárias no início do período republicano foi o primeiro embate importante dos muitos em que a municipalização esteve em destaque em São Paulo. Nesse momento a concentração tributária era mais aguda, tornando os municípios mais dependentes política e administrativamente, de acordo com a estrutura de poder coronelista. A natureza oligárquica do regime, limitando a participação política, reduzia as possibilidades progmáticas da ação municipal em saúde.

 

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RESUMOS - REVISTA DO INSTITUTO DE ESTUDOS BRASILEIROS

 

Segue-se abaixo uma relação de artigos publicados na Revista do Instituto de Estudos Brasileiros cujos temas referem-se à área de história demográfica, acompanhados dos respectivos resumos quando disponíveis.

BEIGUELMAN, Paula. A grande imigração em São Paulo - I. (3): 99-116,1968.

COSTA, Iraci del Nero da. A estrutura familiar e domiciliária em Vila Rica no Alvorecer do século XIX. (19): 17-36, 1977.

COSTA, Iraci del Nero da. Nota sobre a posse de escravos nos engenhos e engenhocas fluminenses (1778). (28):111-113, 1988.

FURTADO, Joaci Pereira & POLITO, Ronald. Da organização de acervos à descrição de fontes: Um guia para os documentos de Mariana. (31): 217-226, 1990.

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Movimentos da população em São Paulo no século XVIII. (1): 55-111, 1966.

LUNA, Francisco Vidal & COSTA, Iraci Del Nero da. Estrutura da massa escrava de algumas localidades mineiras (1804). (23):137-142, 1981.

RESUMO: Neste trabalho procuramos determinar em que medida assemelhavam-se referentemente à sua composição, os contingentes de cativos de algumas localidades mineiras as quais, embora espacialmente distanciadas, deveram sua formação a u'a matriz sócio-econômica comum. Como sabido, ao abrir-se o século XIX, a lida mineratória, em Minas, mostrava-se definitavamente superada. A decadência abatia-se sobre os núcleos mineiros outrora florescentes; mesmo Vila Rica, cabeça da Capitania, via-se duramente atingida pela recessão econômica. A vista disso parece-nos lícito supor que as características da população escrava identificadas neste estudo deviam-se, em última instância, às vicissitudes da atividade exploratória e espelhavam o quadro de depauperamento acima aludido. Selecionamos para estudo as seis unidades distritais componentes do atual perímetro urbano de Vila Rica (hoje Ouro Preto), os distritos do Abre Campo e Capela do Barreto -- pertencentes à Freguesia de Barra Longa -- e o de São Caetano situado, como os dois últimos, no termo de Mariana. Baseamo-nos em levantamentos censitários efetuados em 1804 e pertencentes ao acervo da Casa dos Contos.

LUNA, Francisco Vidal. Estrutura de posse de escravos e atividades produtivas em Jacareí (1777 a 1829). (28):23-35, 1988.

RESUMO: Estudou-se a estrutura de posse de escravos e atividades produtivas em Jacareí entre 1777 e 1829. No período verificou-se expressivo crescimento da população escrava, particularmente a partir da introdução do café, que substituiu a produção de gêneros de subsistência e aguardente. Quanto às demais atividades, como o artesanato e o comércio seu papel parece ter sido de mero suporte da agricultura.

MARTINS, Jair de Jesus & SOUZA, Laura de Mello e. O Senado da Câmara e as crianças expostas: documentos inéditos e considerações sobre Minas Gerais no século XVIII. (31): 207-216, 1990.

MOTT, Luiz. A propósito de uma representação a El-Rei sobre a escravatura no Brasil. (14): 127-136, 1973.

MOTT, Luiz. Pardos e pretos em Sergipe: 1774-1851. (18): 7-37, 1976.

NOZOE, Nelson & COSTA, Iraci del Nero da. Sobre a questão das idades em alguns documentos dos séculos XVIII e XIX. (34): 175-182, 1992.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Viajantes, século XIX: negras escravas e livres no Rio de Janeiro. (28):53-76, 1988.

RESUMO: As narrativas dos viajantes podem ser particularmente proveitosas quando se trata de levantar as primeiras questões num campo ainda pouco ou nada explorado, como é o caso das relações entre mulheres negras e mulatas no Brasil, no séc. XIX. Busca-se mostrar a utilidade deles, por um lado; por outro, revelar que no interior da camada escrava havia níveis diversos; e ainda chamar a atenção para o relacionamento entre mulheres negras e mulatas livres e escravas, isto é, o relacionamento no interior da mesma coletividade étnica, quando diferenciada segundo os estratos sociais.

QUEIROZ JúNIOR, Teófilo de. Abolicionismo, um processo em questão. (28):101-108, 1988.

RESUMO: O abolicionismo caracterizou-se como um processo composto de várias fases e condicionado por fatores e interesses diversos. A partir de 1866 cresceu a aspiração pelo fim da escravidão e 1871 marcou o início da campanha abolicionista. A adesão de personalidades à causa e a reversão das tendências contrárias de políticos, latifundiários e instituições foram marcantes para o desenrolar dos acontecimentos. A estrutura social brasileira, baseada na escravidão, a partir de 1850 começou a apresentar tensões que culminaram na abolição, a qual foi realizada de acordo com os interesses dos donos do poder. A campanha abolicionista faz parte do conjunto de fatos históricos que remoldaram a sociedade brasileira, adaptando-a às condições impostas a nível internacional.

TAVARES, Luís Henrique Dias. O capitalismo no comércio proibido de escravos. (28):37-52, 1988.

RESUMO: Destaca-se o período de 1830 a 1858/62 para o estudo das relações entre o comércio proibido de escravos no Brasil e a expansão do capitalismo mundial. Sem desprezar as particularidades brasileiras -- como a condição escravagista e a baixa tecnologia --, ressaltam-se os aspectos do capitalismo dos países europeus e dos Estados Unidos, além da situação complexa do comércio de escravos para o Caribe. Conclui-se que o tráfico negreiro se manteve no Brasil depois de proibido porque ofereceu respostas ao capitalismo e só foi desativado quando o desenvolvimento do mesmo capitalismo o superou.

 

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RESUMOS - SEADE/DOCPOP

Nesta secção apresentam-se resumos elaborados com base nos arquivos da Fundação SEADE/DOCPOP, atinentes a parte dos trabalhos catalogados sob a rubrica "Demografia Histórica". Nos próximos números do BHD dar-se-á continuidade à publicação desses resumos. Para o acesso aos informes do DOCPOP, contamos com a preciosa colaboração de sua coordenadora, Sra. Magali Valente. Os interessados em contatar o SEADE/DOCPOP devem dirigir-se ao endereço:

Fundação SEADE/DOCPOP.

Av. Cásper Líbero, 464, 4o. andar.

a/c Magali Valente.

01033-000 São Paulo, SP.

Tel. (011) 229-2433, ramal 138.

BACELAR, Carlos de Almeida Prado. Herança em família: a partilha dos engenhos de açúcar no oeste paulista, 1765-1855. Anais do V Encontro Nacional de Estudos Populacionais. São Paulo, ABEP, 1986.

RESUMO: Analisa-se a partilha dos engenhos de açúcar na região do Oeste Paulista, para o período 1765-1855. Faz-se uma reconstituição dos padrões de comportamento demográfico do restrito grupo dos senhores de engenho, visando a estabelecer uma análise demográfica diferencial daqueles grandes proprietários frente à sociedade paulista como um todo. Objetiva-se, assim, conhecer quais teriam sido os mecanismos e as estratégias que permitiram a acumulação, reprodução e transmissão dessas fortunas entre as gerações de cada linhagem familiar. Diversos aspectos da questão são tratados, como parte do amplo e complexo mecanismo que permitia a manutenção e reprodução da posição social daqueles poucos privilegiados domicílios, a saber: migração, processo de escolha do cônjuge, consangüinidade, regras de sucessão e herança e posse de terra.

BALHANA, Altiva Pilatti. L'evolution démographique de Curitiba au XIXe. siécle. Sur l'histoire quantitative du Brésil de 1800 a 1930. Paris, CNRS, 1973.

RESUMO: Apresenta-se em linhas gerais, na primeira parte, o projeto de pesquisa em andamento no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná, cujos estudos pretendem reconstituir a sociedade e a economia do Paraná através da história econômica e social. O objetivo principal da pesquisa é o estudo da população tradicional paranaense formada nos séculos XVIII e XIX. Ao contrário dos estudos até então existentes, que se baseavam na avaliação da população efetuada por viajantes e cronistas, esta pesquisa pretende fazer um levantamento nos arquivos paroquiais. Na segunda parte, o artigo apresenta os primeiros resultados obtidos dos estudos iniciados em 1971, com base nos registros de nascimentos, casamentos e mortes dos arquivos da Paróquia de Nossa Senhora da Luz de Curitiba. Os dados dos arquivos foram transcritos segundo séries anuais, por ordem cronológica, de 1801 a 1900, em fichas de levantamentos nominativos abreviados, adaptadas a partir dos modelos criados por Michel Fleury e Louis Henry. Os primeiros resultados mostram que o número de batismos quadruplicou nas duas últimas décadas do século e os gráficos apresentam o desenvolvimento da população segundo três momentos: o primeiro apresenta população mais ou menos estável; o segundo, ascendente, reflete o afluxo de alemães a partir de 1855 e o terceiro representa o estabelecimento de colônias agrícolas nas proximidades da capital.

BALHANA, Altiva Pillati & WESTPHALEN, Cecília Maria. Demografia e economia: o empresariado paranaense, 1829-1929. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisa-se a origem étnica dos proprietários de firmas comerciais no Paraná, entre 1829 e 1929. Estudam-se três períodos: 1829-1853, através do Registro de Estrangeiros; 1854-1889, pelos anúncios do jornal "O Dezenove de Dezembro" e de 1890 a 1929, com base nos registros da Junta Comercial do Paraná. Em 1829, funda-se a primeira colônia alemã, aparecendo mais duas até a emancipação da província, em 1854. Analisam-se, entre 1854 e 1889, 650 anúncios de firmas comerciais, das quais 37,25% já são dirigidas por imigrantes ou descendentes, na maioria de origem alemã (20,0%). A partir de 1890, estuda-se a cronologia da criação de empresas, destacando-se o crescimento correspondente a brasileiros, alemães, italianos, sirio-libaneses e a eslavos, dentre outras nacionalidades. Em relação à distribuição espacial, os fluxos migratórios se dirigem ao interior do Estado, embora 52,7% das empresas estivessem em Curitiba. Apresentam-se dados sobre os grupos étnicos existentes ou predominantes em cada um dos 52 municípios paranaenses. Analisa-se a distribuição étnica dos empresários em relação ao ramo de atividade da empresa e ao capital declarado. Como conclusão indica-se que colonos, inicialmente ligados à agricultura, passaram a atividades comerciais, nos centros urbanos de maior expressão. Ao termo do período estudado, 60,5% das firmas comerciais eram dirigidas por imigrantes ou seus descendentes, aos quais cabia 53,0% do capital declarado.

BASSANEZI, Maria Silvia C. Beozzo. O acesso à terra e a produção de subsistência do colonato. Anais do V Encontro Nacional de Estudos Populacionais. São Paulo, ABEP, 1986.

RESUMO: Tem-se como objetivo a recuperação do maior número de informações possíveis sobre uma subpopulação: trabalhadores para o café, de modo especial os colonos da Fazenda Santa Gertrudes, São Paulo, de 1895 a 1930. Utilizando-se sobretudo de fontes primárias, documentação da fazenda, relatos de viajantes, relatórios de órgãos públicos e entrevistas com ex-colonos, estas notas visam a mostrar a complexidade e diversidade que caracterizavam o usufruto da terra pelo colono, no interior da grande lavoura. Por outro lado, procura-se estimar a produção de subsistência a partir da produção para o café e em seguida os rendimentos gerais obtidos pela família, tendo em vista o seu tamanho e a força de trabalho que representava.

BASSANEZI, Maria Silvia C. Beozzo & BAENINGER, Rosana. Uma fonte para os estudos de população: os registros da hospedaria dos imigrantes de São Paulo. Textos NEPO. Campinas, NEPO, n. 7, jun. de 1986, p. 25-40.

RESUMOS: Estas notas visam a dividir com estudiosos da população, informações sobre uma documentação muito rica existente na Hospedaria dos Imigrantes, do antigo Departamento de Imigração e Colonização do Estado de São Paulo. A Hospedaria dos Imigrantes foi criada no final do século XIX, com o objetivo de receber e distribuir trabalhadores estrangeiros que desembarcavam no porto de Santos. Estes trabalhadores, em sua grande maioria, dirigiam-se a fazendas de café paulistas. Entretanto, a partir de 1927 acaba o subsidio à imigração estrangeira, tomando maior impulso as migrações internas. Tanto os imigrantes estrangeiros, já em menor número, como os migrantes internos continuaram a passar pela Hospedaria, como forma de obtenção de emprego. A partir das informações obtidas através desta fonte de dados, estas notas apresentam as potencialidades e limitações da mesma, a qual, desde logo, deve ser tomada como capaz de lançar luz sobre nosso passado populacional recente, bem como abrir caminho para novos estudos no campo de nossa história demográfica.

BURMESTER, Ana Maria de Oliveira. Contribuição metodológica para estimativas da mortalidade: Curitiba, século XVIII. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Discute-se a metodologia para estimar a taxa de mortalidade da população brasileira do passado. Utilizam-se dados referentes à população livre de Curitiba (PR), entre 1831 e 1798, extraídos de registros paroquiais, listas de habitantes e fichas de reconstituição de família. Para minimizar os efeitos perturbadores das migrações, analisam-se, apenas, os elementos naturais, ou seja, casais em que os cônjuges haviam nascido e casado em Curitiba e dos quais se conhecia a idade precisa ao casar. Estima-se, também, a mortalidade infantil. Pela análise das fichas de família, o nível da mortalidade geral correspondia a uma esperança de vida de 30 a 35 anos ao nascer. Utilizando-se o registro de óbitos e as listas nominativas, a esperança de vida ao nascer colocava-se entre os 30 e os 40 anos. A mortalidade infantil foi estimada em 114/1.000. Relacionando-se as crianças presentes na lista nominativa de 1798 com os nascimentos ocorridos nos dez anos anteriores, verifica-se que a tábua modelo de mortalidade da ONU mais adequada é a de nível 35, indicando uma esperança de vida ao nascer de 37,5 anos na média para os dois sexos.

COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Reúnem-se quatorze textos sobre demografia histórica e história econômica do Brasil, alguns dos quais já publicados em outras fontes. Os textos cobrem diversos lapsos temporais e áreas geográficas, de 1550 a 1929 e do Piauí a Santa Catarina. Utilizam-se várias metodologias e técnicas de análise, as quais apresentam aspectos distintos da demografia e da economia brasileiras, a partir de variada abordagem e tratamento de dados.

FREITAS, José Luiz de. O mito da família extensa: domicilio e estrutura fundiária em Jundiai. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Estuda-se a composição do domicílio no meio rural de Jundiaí (SP), a partir do Inventário de Bens Rústicos e do levantamento de população, ambos de 1818. Analisam-se dados referentes a 243 domicílios, com 1.221 habitantes livres e 998 escravos. Os proprietários, classificados quanto à área possuída, distribuíam-se em pequenos (23,9%), médios (40,3%), grandes (20,6%) e latifundiários (15,2%). Os domicílios são classificados em singulares (3,7%), desconexos (4.9%), nucleares (60,9%) e extensos (30,5%). Destaca-se o número irrisório de fogos chefiados por pessoas sós e o predomínio de domicílios nucleares, dos quais 60,3% não apresentam escravos. Existe uma relação inversamente proporcional entre presença de escravos e a presença de agregados nos domicílios, havendo um maior número de escravos entre os grandes proprietários. Não se define o modelo de família extensa tradicionalmente colocado como predominante, observando-se, por fogo, a média de 5,1 pessoas livres e de um a três filhos. Analisando-se a elite econômica da região não se notam diferenças fundamentais da mesma com respeito às outras camadas econômicas no que tange à composição dos domicílios.

HERRMANN, Lucila. Evolução da estrutura social de Guaratinguetá num período de trezentos anos. São Paulo, IPE-USP, 1986, 326 p., edição fac-similada.

RESUMO: Analisam-se os motivos pelos quais em Guaratinguetá (SP) os valores tradicionais não foram abalados pela difusão cultural externa, como em outras cidades. Utilizam-se dados retirados de diversas fontes (Livro de Tombo da Matriz, levantamentos populacionais etc.). Destacam-se quatro períodos históricos: ciclo da economia de subsistência (1630-1775); ciclo dos engenhos (1775-1836); ciclo do café (1805-1920) e ciclo atual (1920-1944). Em cada ciclo são analisados os aspectos: evolução ecológica, estrutura econômica, estrutura das famílias, estrutura política, composição da população e aspectos culturais. Por evolução ecológica entende-se a dinâmica demográfica e o desenvolvimento urbano e rural. Apresentam-se considerações gerais sobre cada ciclo e uma conclusão final, nas quais se contempla o sentido da evolução histórica e as forças que atuaram na formação da cidade. Indica-se que a causa determinante da estrutura social de cada ciclo era proveniente muito mais da constituição do meio social interno, criado por forças históricas locais, do que de causas externas. Além disto, os períodos de transição entre os ciclos, quando originados de uma substituição voluntária, eram curtos, a mudança era rápida e a população a aceitava. Quando os períodos de transição resultavam de uma substituição imposta, a sua duração mostrava-se longa e a população demorava a aceitar a mudança, que se dava de maneira lenta e parcial.

KLEIN, Herbert S. Os homens livres de cor na sociedade escravista brasileira. Dados - Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, no. 17, 1978, p. 3-27.

RESUMO: O papel dos homens livres de cor nas sociedades escravistas oferece indicações importantes sobre o padrão de estratificação social das mesmas. Seus números totais e taxas de crescimento, mobilidade ocupacional, estilo de vida e padrões de integração apresentam pistas para o estudo da natureza da integração racial após a início das manumissões, e também ajudam a definir os limites e possibilidades da vida do escravo. Dentre as sociedades escravistas das Américas, o Brasil possuía um dos maiores contingentes de homens livres de cor. No artigo são oferecidas estimativas sobre os efetivos totais do aludido segmento populacional e outras mais concernentes à sua distribuição, taxa de mobilidade social e econômica. As fontes primárias utilizadas foram os censos regionais e o de âmbito nacional. Considera-se que o crescimento natural, por si, não poderia ser responsabilizado pelo grande aumento deste segmento, o qual contava com mais da metade de toda a população afro-brasileira ao fim do tráfico de escravos, em 1850. Provavelmente seria a constante manumissão de mulheres jovens e crianças o principal fator explicativo do referido crescimento. Enquanto os dados sobre mobilidade ocupacional ainda se apresentam muito fragmentários para permitir o estabelecimento de conclusões definitivas, os dados referentes às taxas de nupcialidade e de nascimentos de filhos legítimos mostram que os homens libertos tornaram-se um grupo intermediário colocado entre a população branca livre e a de cativos.

KLEIN, Herbert S. O tráfico de escravos africanos para o Rio de Janeiro, 1795-1811. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisa-se o volume do comércio de escravos entre a África e o Rio de Janeiro, detalhando-se os portos de origem. Estuda-se a mortalidade dos escravos durante a travessia transatlântica. Utilizam-se, como fonte de dados, listas navais de desembarque, encontradas no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Tais listas eram mantidas por oficiais reais a fim de controlar o pagamento de impostos. Apresentam-se dados, comparados a informações concernentes a outras regiões da América, sobre a quantidade de navios, a freqüência com que se realizavam as viagens e a taxa de mortalidade ao final delas. Para 351 desembarques no porto do Rio de Janeiro, obteve-se uma taxa média de mortalidade de 93/1.000, entre 1795 e 1811. Esta taxa, menor do que as encontradas no comércio de escravo para outras áreas, é considerada alta em relação às que vigoravam, no período, na Europa. Com respeito à variação das taxas em torno daquele valor médio são aventadas hipóteses relacionadas a distintos fatores: surto local de doenças, crises econômicas e/ou ecológicas nos pontos de partida, rebeliões a bordo etc.

LUNA, Francisco Vidal. Estrutura da posse de escravos em Minas Gerais (1804). In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisa-se a estrutura demográfica e sócio-econômica de 10 localidades de Minas Gerais, em 1804, após o esgotamento das ocorrências de ouro. Apresentam-se dados coletados em listas nominativas de habitantes que se encontram no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. Analisam-se os dados relacionados a proprietários e escravos, tais como: quantidade de escravos possuídos, faixas etárias, sexo, origem e atividades econômicas desenvolvidas.

MARCÍLIO, Maria Luiza. Problemes de l'histoire quantitative du Brésil: mètrologie et démographie. Sur l'histoire quantitative du Brésil de 1800 a 1930. Paris, CNRS, 1973.

RESUMO: Salienta-se a dificuldade encontrada pelos pesquisadores no que se refere à história quantitativa do Brasil. Escolhem-se dois aspectos do campo da demografia histórica para se colocar o problema: a metrologia e a demografia. Destaca-se entre os problemas mais espinhosos para a elaboração de séries homogêneas o da conversão de pesos e medidas antigos em valores atuais, pois além da diversidade das medidas empregadas o Brasil apresenta enorme extensão territorial, donde a existência de discrepâncias regionais. No domínio da demografia histórica brasileira é possível identificar três períodos distintos quanto a natureza e existência de fontes: o período pré-estatistico, o proto-estatistico e a era estatística; conclui-se que os pesquisadores deveriam concentrar-se preferencialmente na época proto-estatistica visto que, entre outros motivos, este material encontra-se em vias de desaparecer por estar em precário estado de conservação e faltarem recursos para preservá-lo adequadamente.

MARCÍLIO, Maria Luiza. População e força de trabalho em uma economia agrária em mudança: a província de São Paulo no final da época colonial. Revista de História. São Paulo, n. 114, jan./jun. de 1983, p. 21-30.

RESUMO: Analisam-se as listas nominativas de habitantes da Capitania de São Paulo para os anos: 1798, 1808, 1818 e 1828. Neste período, a população cresceu 77%, passando de 162.345 a 287.645 almas. Historia-se o desenvolvimento da Capitania que, após um longo período dedicado à agricultura de subsistência, passou a conhecer um grande crescimento demográfico e da produção agrícola, estimulados pela Coroa portuguesa. O aumento populacional foi diferenciado para as populações livre e escrava. Entre 1798 e 1828, a razão de masculinidade dos livres passou de 93,2 para 91,5, indicando certa estabilidade, enquanto entre os cativos saltou de 117,3 para 154,1. O impacto do crescimento também se deu diferencialmente nos dois grupos no tocante à estrutura etária. A população livre manteve-se essencialmente jovem, com cerca de 53% de seus efetivos na faixa dos 15 aos 64 anos. A porcentagem de escravos em tal faixa de idades cresceu de 68 a 70% no mesmo período. Estudam-se as mudanças estruturais da composição do domicilio e em relação à posse de escravos. Faz-se uma classificação ocupacional, por setores econômicos, dos chefes de domicílios. Quanto ao setor primário, indicam-se as localidades ligadas às principais culturas e atividades pastoris. O setor secundário permaneceu estável no período e o terciário apresentou leve aumento, crescendo em atividades ligadas ao comércio. As evidências indicam mudanças demográficas e sócio-econômicas numa fase de transição, na qual convivem a agricultura de subsist6encia e agricultura capitalista de exportação.

MARCÍLIO, Maria Luiza. O casamento e a família na demografia histórica: dados vitais e a reconstituição de famílias. Cadernos CERU. São Paulo, CERU, n. 19, jun. de 1984, p. 35-43.

RESUMO: Os estudos monográficos que vêm sendo efetuados, no campo da demografia histórica, e em especial aqueles fundamentados na metodologia da reconstituição de famílias, têm provocado uma verdadeira revolução nas formas de se fazer história, nos enfoques, temáticas e perspectivas de se observar o homem em coletividades, na compreensão de seus padrões de comportamento, de atitudes, de normas e valores que regem as comunidades humanas e suas mudanças no passado. Pretende-se, neste estudo, apresentar as potencialidades e as técnicas de trabalhar os registros paroquiais de batismos, casamentos e óbitos (antes da implantação do Registro Civil obrigatório no Brasil - 1890), com fins de se chegar à reconstituição de famílias e, por aí, ao estudo do casamento e da família no passado, conforme as propostas da demografia histórica.

MELLO, Zélia Maria Cardoso de. Os escravos nos inventários paulistanos da segunda metade do século XIX. In: BARRETO, Antonio E. M. et alii. História econômica: ensaios. São Paulo, IPE-USP, 1983, 181 p.

RESUMO: Analisam-se as informações sobre proprietários e escravos, levantadas em inventários existentes no Arquivo do Fórum de São Paulo, de 1845 a 1895. Os dados foram extraídos de 796 documentos relativos a 309 proprietários e 2.396 escravos. Destaca-se a pequena importância econômica da capitania de São Paulo até o advento da ferrovia, o êxito da economia cafeeira e o surto da imigração européia. A massa de escravos é apresentada segundo faixas etárias, origem e sexo. Por fim, analisa-se os preços dos cativos quanto ao grupo etário e ao sexo, concluindo-se por uma maior valorização dos escravos na faixa dos 15 aos 35 anos. No inicio do período sob análise não havia diferença maior entre os preços de homens e mulheres, mas, na curso do tempo, revelou-se discrepância favorável os homens, divergência esta que volta a desaparecer já ao fim do lapso temporal contemplado.

MIRA, Marly A. F. B. A história demográfica da ilha de Santa Catarina e o continente fronteiriço. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisam-se os registros paroquiais de 17 paróquias e um curato da Ilha de Santa Catarina e do continente fronteiriço, relativos a batismos, casamentos e óbitos, para o período 1714-1910. Descreve-se o início da colonização com a chegada de açorianos, entre 1748 e 1756. Entre 1778 e 1800, a taxa de natalidade era de 35/1.000, mas o crescimento demográfico era freado pelo alto índice de mortalidade. O movimento sazonal de concepções mostra, no início do período estudado, um comportamento tradicional de respeito às normas religiosas. A taxa de mortalidade, maior no inverno que no verão, manteve-se quase sempre acima de 25/1.000, sendo as doenças infecciosas as principais causas de morte. A família legitima era a regra, com o número de filhos variando de 4 a 6, e decrescente no correr do tempo. A população escrava tinha comportamento distinto, pois a mortalidade (30 a 45/1.000) e a natalidade não apresentavam variação sazonal. Conclui-se que os imigrantes trouxeram padrões demográficos tradicionais, enquanto os escravos compunham uma estrutura demográfica paralela e distinta.

PAIVA, Clotilde Andrade. Minas Gerais no século XIX: aspectos demográficos de alguns núcleos populacionais. In COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisam-se as listas nominativas de habitantes de alguns distritos dos municípios de Ouro Preto, Mariana e Pitangui (MG), em 1831. As listas cobrem a população de Ouro Preto, do centro urbano de Mariana e de 30% de Pitangui. Tais fontes indicam 12.253 habitantes no primeiro núcleo, 2.959 em Mariana e 8.079 naquele último; sendo livres, respectivamente: 68,2%, 71,3% e 69,4%. As mulheres predominavam entre os livres e os homens no segmento de cativos. A razão de masculinidade parece indicar uma saída de homens adultos livres. Quanto à idade, considera-se elevada a proporção da população jovem livre em Ouro Preto e Pitangui (acima de 40% para o grupo de 0 a 19 anos de idade), um pouco superior ao valor encontrado para Mariana. A incidência de casamentos entre os escravos revelou-se muito baixa, variando de 3,8% para os homens (Ouro Preto) a 22,78% quanto às cativas (Pitangui). A média de habitantes por domicilio era de 4,97 em Mariana, 6.68 em Ouro Preto e de 6,14 em Pitangui. Mais de 60% dos fogos não contavam com escravos. Considerando-se os fogos com escravos chega-se ao número médio de 3,82 escravos por domicílio em Mariana, 6,55 em Ouro Preto e de 5,55 em Pitangui. Por fim, estima-se a taxa bruta de natalidade para livres e escravos em Mariana, obtendo-se 31 por mil e 18 por mil, respectivamente. Conclui-se que a situação de um modo geral coincide com a encontrada em outros núcleos urbanos do século XIX, embora os níveis de fecundidade tenham-se revelado inferiores aos esperados.

PENA, Maria Valéria J. A participação das mulheres na luta dos trabalhadores e no movimento sindical. In: CNDM (ed.), Mulher Trabalhadora. Brasília, Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, jan. de 1986.

RESUMO: Analisa-se a trajetória da participação feminina no mercado de trabalho do período do Império a 1919. Levantam-se os principais acontecimentos e mudanças ocorridos no correr do tempo. Discute-se o acesso progressivo da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho industrial e os primeiros movimentos reivindicatórios femininos, chegando-se às greves gerais por aumento de salários ocorridas em 1917, São Paulo, e em 1919, Porto Alegre.

POSSE, Zulmara Clara Sauner. Estudos de população pré-histórica. Revista Brasileira de Estudos de População. Campinas, ABEP, v. 2, n. 2, jul./dez. de 1985, p. 99-127.

RESUMO: A questão das populações pré-históricas encontra-se neste trabalho associada à análise conjunta da depopulação indígena. Dois momentos caracterizam a abordagem. No primeiro, a revisão bibliográfica para a América evidencia como a combinação de métodos e técnicas arqueológicas e históricas tem permitido analisar a população pré-colombiana no período imediatamente anterior à conquista. Demostra o processo catastrófico da depopulação indígena, a partir da ocupação européia. No segundo momento, coloca a problemática da metodologia empregada através da paleodemografia, na avaliação das populações pré-históricas que não tiveram contato com sociedades históricas. Mostra como estas avaliações mantêm relações complexas com a estrutura social dos grupos, interferindo na análise. Procura, utilizando cálculos, obter a população de sítios pré-históricos do tipo sambaqui, no Paraná.

RABELLO, Elizabeth D. A cidade de São Paulo e sua estrutura profissional: 1804-1825. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisam-se a estrutura ocupacional e os setores econômicos existentes em São Paulo (SP) em 1804 e 1825. Os dados, retirados dos Maços de População do Arquivo Publico do Estado de São Paulo, foram organizados de sorte a apresentar as ocupações dos habitantes livres segundo o sexo, cor, localidade e setor econômico. Não se analisa a população escrava dada a inexistência de menção especifica sobre a ocupação de cada cativo. São considerados os três setores clássicos: primário (agropecuária), secundário (artesanato) e terciário (profissões liberais, comércio etc.). Algumas "atividades", não passíveis de classificação, foram computadas à parte: estudantes e pobres, dentre outras. Para 1804 foram estudadas três companhias (áreas centrais da cidade de São Paulo) e três freguesias: da Penha, do Ó e de Sant'Ana) nas quais foram computados 1.458 fogos; já para 1825, além destas, foram consideradas mais nove companhias, chegando-se ao total de 1.526 fogos. O setor primário, quase inexistente nas companhias, predominava em larga medida nas freguesias. Os setores secundário e terciário equilibravam-se nas companhias, em 1804, mas o terciário já se mostrava predominante em 1825. Em relação ao sexo e cor, os homens e os brancos compunham a maioria em ambos levantamentos; as mulheres e os mulatos chegavam a 30% cabendo aos negros uma participação inexpressiva. Apresentam-se as denominações das ocupações e análises cruzadas dos dados relativos a todas as variáveis. Destaca-se uma presença maior de homens e de brancos ligados ao terciário, com as mulheres, mulatos e negros mais presentes no secundário. Indica-se, como conclusão, a intensificação do setor terciário a marcar a solidificação da função comercial da cidade.

RESUMO HISTÓRICO dos inquéritos censitários realizados no Brasil. São Paulo, IPE-USP, 1986, 83 p., edição fac-similada.

RESUMO: Descreve-se a evolução dos trabalhos para a realização dos censos demográficos do Brasil, entre 1872 e 1920 e analisa-se a legislação referente ao tema. Apresentam-se os resultados globais dos levantamentos e estimativas da população de cada uma das 20 unidades da federação e do Distrito Federal (Município do Rio de Janeiro), realizados desde o período colonial; estes levantamentos constam do trabalho de Joaquim Norberto de Souza e Silva, de 1870, intitulado "Investigações sobre os recenseamentos da população geral do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje" (q.v.) e são complementados pelos dados disponíveis até 1920.

SBRAVATI, Myriam. São José dos Pinhais, 1776-1852: uma paróquia paranaense em estudo. Curitiba, 1980, 187 p., mimeografado.

RESUMO: Estudo do movimento populacional de São José dos Pinhais, no qual se faz o aproveitamento e interpretação quantitativa e qualitativa dos registros paroquiais. É examinada, primeiramente, a conjuntura histórica da Freguesia nos séculos XVIII e XIX. A seguir, analisa-se a dinâmica demográfica da paróquia através de seus três momentos vitais básicos: nascimento, casamento e morte; procura-se detectar as flutuações demográficas no tempo, bem como sua evolução a longo prazo. Através da tabulação dos dados brutos são elaborados gráficos específicos para a população livre e escrava. Observa-se que, em geral, o desenvolvimento da população desta paróquia assemelha-se ao de outras localidades, para o período estudado.

SCHWARTZ, Stuart B. A população escrava na Bahia. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisam-se as características demográficas dos escravos da Bahia, entre o século XVIII e início do XIX. Tal população apresentava uma taxa negativa de crescimento natural devido à alta mortalidade e à baixa fecundidade, o que tornava necessária uma constante importação de cativos africanos a fim de atender aos interesses econômicos dos escravistas. Apresentam-se informações sobre o tráfico, com locais de origem e quantidade de escravos trazidos para a Bahia, de 1681 a 1830. Em sua maioria, estes escravos eram adultos do sexo masculino, sendo poucas as crianças. A facilidade da importação, sendo Salvador um importante porto de desembarque, era fator de manutenção da aludida taxa de crescimento, pois se tornava mais barato comprar novos escravos do que criar crianças até a idade produtiva. Uniões entre escravos não eram estimuladas a não ser nas fazendas mantidas pela Igreja. A baixa fecundidade era decorrente deste e de outros fatores, tais como: a prática do aleitamento materno prolongado, o predomínio numérico de homens e, eventualmente, a própria atitude dos escravos contrária à geração de filhos cativos. A taxa de mortalidade entre os escravos, por outro lado, era alta, devido às duras condições de trabalho, principalmente nas plantações de cana. Por fim, analisam-se dados retirados de relações de escravos da Fazenda Saubará para o período 1750-1760.

SILVA, Joaquim Norberto de Souza e. Investigações sobre os recenseamentos da população geral do Império e de cada província de per si tentados desde os tempos coloniais até hoje. São Paulo, IPE-USP, 1986, 163 p., edição fac-similada.

RESUMO: Apresenta-se o resultado da primeira tentativa de realização de um censo demográfico geral no Brasil, a partir de pedidos de informações endereçados aos presidentes das 20 províncias existentes em 1870. Apenas 13 províncias enviaram dados em resposta ao pedido, sendo a maioria das informações baseada em levantamentos parciais, sem fundamentação estatística adequada. Comentam-se as estimativas da população realizadas por vários autores, de 1776 a 1869 e examina-se o desenvolvimento da legislação referente aos levantamentos populacionais. Apresentam-se, separadamente, os dados relativos a cada província e à Corte (município do Rio de Janeiro), desde os primeiros levantamentos conhecidos, incluindo as populações de livres e escravos, distribuídas por sexo. São descritas as várias formas utilizadas para o arrolamento da população, em diversas épocas, tais como a estimativa de crescimento, o uso de listas nominativas e levantamentos populacionais. Para a Corte e algumas províncias apresentam-se dados quanto a raça, naturalidade, estado conjugal, religião e grupos etários das populações livre e escrava, e dados gerais da população indígena.

SLENES, Robert W. Grandeza ou decadência? O mercado de escravos e a economia cafeeira da província do Rio de Janeiro, 1850-1888. In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Discute-se a bibliografia sobre o café e a escravidão no Rio de Janeiro, examinando-se a evolução da população escrava e do volume do comércio de escravos entre o fim do tráfico africano e a abolição. Apresentam-se dados que contrariam a tese de que o auge da economia cafeeira do Vale do Paraíba fluminense se deu nas décadas de 1850 e 1860, entrando em declínio a partir deste último marco. Demonstra-se, ao contrário que houve um crescimento econômico na área, a contar dos anos 70 até, praticamente, a abolição. Descartam-se argumentos sobre a pretendida decadência como os baseados no apego dos fazendeiros fluminenses às suas terras ancestrais ou à rotina agrícola, concluindo-se que, tanto para estes, como para os fazendeiros do oeste paulista, a escravidão ainda iria perdurar por muito tempo, parecendo ser uma atividade lucrativa em 1870.

VENÂNCIO, Renato Pinto. A madrinha ausente: condição feminina no Rio de Janeiro (1750-1800). In: COSTA, Iraci del Nero da (org.). Brasil: história econômica e demográfica. São Paulo, IPE-USP, 1986, 322 p., (Relatórios de Pesquisa, 27).

RESUMO: Analisa-se a reclusão doméstica das mulheres na cidade do Rio de Janeiro, apresentam-se dados retirados de 2.110 registros de batismo de crianças livres, entre 1768 e 1783. Comentários extraídos de relatos de viajantes do século XVIII indicam que as mulheres livres dificilmente apareciam nas ruas. Constata-se que a cerimônia de batismo contava com o comparecimento maciço das mães, mas com apenas 30 ou 40% das madrinhas, para o caso de filhos ilegítimos ou legítimos, respectivamente. As madrinhas ausentes eram representadas por procuração (maridos, filhos ou padres), ou pela indicação de Nossa Senhora do Parto, com a finalidade de resguardar as mulheres da vida secular. Conclui-se pela impossibilidade de existir homogeneidade na condição feminina, pois encontram-se diversas categorias de mulheres: livres, forras, escravas; ricas e pobres; brancas, pardas e negras; solteiras, casadas e viúvas; existindo, pois, a várias possibilidades de diferenciação entre elas.

 

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PUBLICAÇÕES RECEBIDAS

ALANIZ, Anna Gicelle Garcia. Ingênuos e libertos: Estratégias de sobrevivência familiar em épocas de transição (1871-1995). São Paulo: FFLCH-USP, 1994. (Dissertação de Mestrado).

ALVES, Maurício Martins. Caminhos da pobreza: a manutenção da diferença em Taubaté (1680-1729). Rio de Janeiro: IFCS-UFRJ, 1995. (Dissertação de Mestrado).

ANDREAZZA, Maria Luiza & NADALIN, Sérgio Odilon. O cenário da colonização no Brasil Meridional e a família imigrante. Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, 11 (1), jan./jun. de 1994, p. 61-87.

BACELLAR, Carlos de Almeida Prado. Família e sociedade numa economia de abastecimento interno (Sorocaba, séculos XVIII e XIX). São Paulo: FFLCH-USP, 1994. (Tese de Doutorado).

BARROSO, Vera Lúcia Maciel. Novas fontes para a história da escravidão negra no RS/ISCMPA (1850-1900). Estudos Ibero-Americanos. Porto Alegre, XVI (1,2), jul./dez. de 1990, p. 57-67.

CARVALHO, Cônego José G. de. Temas de história da igreja no Brasil. Viçosa: Folha de Viçosa, 1994.

CARVALHO, Cônego José G. de. A escravidão: convergências e divergências. Viçosa: Folha de Viçosa, 1994.

CASTRO, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes de. A cor inexistente os significados da liberdade no Sudeste escravista (Brasil: século XIX). Niterói: UFF, 1993. (Tese de Doutoramento).

CENTRO DE MEMÓRIA UNICAMP, Boletim. Campinas, 5 (10), jul./dez. 1993.

DEMOGRAFICA. Publicação do Núcleo de Estudos Populacionais (CODEPLAN). Brasília, 1 (1), jan./mar. de 1995.

FARIA, Sheila Siqueira de Castro. A colônia em movimento fortuna e família no cotidiano colonial (Sudeste, século XVIII). Niterói: UFF, 1994. (Tese de Doutorado).

IRMANDADE SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PORTO ALEGRE. Negros cativos e livres na Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Porto Alegre: Centro de Documentação e pesquisa (CEDOP), 1994.

LEWKOWICZ, Ida. As mulheres mineiras e o casamento: estratégias individuais e familiares nos séculos XVIII e XIX. História. São Paulo, 12, 1993, p. 13-28.

NOTÍCIA BIBLIOGRÁFICA E HISTÓRICA. Campinas, XXVII (157), jul./set. 1994.

NOTÍCIA BIBLIOGRÁFICA E HISTÓRICA. Campinas, XXVII (157), jan./jun. 1995.

SALVADOR, José Gonçalves. A capitania do Espírito Santo e seus engenhos de Açúcar (1535-1700). Vitória: Secretaria de Produção e Difusão Cultural, 1994.

SAMARA, Eni de Mesquita. Feminismo, cidadania e trabalho: o Brasil e o contexto latino-americano nos séculos XVIII e XIX. São Paulo: FFLCH-USP, 1994. (Tese de Livre-Docência).

TELAROLLI JR., Rodolpho. Habitação, saúde e saneamento em São Paulo na República Velha. D. O. Leitura. São Paulo, 12 (143), abril de 1994, p. 13-14.

TELAROLLI JR., Rodolpho. A secularização do registro dos eventos vitais no Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Estudos de População. São Paulo, 10 (1/2), jan./dez. de 1993, p. 145-159.

UNITED NATIONS. Population Situation in 1993. New York: United Nations, 1994.

UNITED NATIONS. The health rationale for family planning: Timing of births and child survival. New York: United Nations, 1994.

UNITED NATIONS. Population Newsletter. New York, 58, december 1994.

VILLALTA, Luiz Carlos. Gonzaga ou o avesso do fanfarrão: o poder da linguagem e a linguagem do poder. História. São Paulo, 12, 1993, p. 319-329.

Os livros, cópias de artigos publicados e exemplares de monografias, de dissertações e de teses que nos forem enviados, serão regularmente divulgados nesta secção e incorporados ao acervo da Biblioteca da FEA-USP.

BHD - IRACI COSTA.

R. Dr. Cândido Espinheira, 823, Ap. 21.

05004-000, São Paulo, SP.

BRASIL.

 

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CENSO DE DEMOGRAFIA HISTÓRICA

Damos prosseguimento à apresentação dos resultados parciais do Censo de Demografia Histórica, cujo objetivo é proceder ao levantamento dos estudiosos da área, bem como de suas respectivas produções científicas.

Os endereços abaixo apresentam a seguinte forma:

Nome do pesquisador

Logradouro

CEP Cidade, Estado (caso se trate do Brasil)

Cidade, Estado ZIP (caso não se trate do Brasil)

País (caso não se trate do Brasil)

Telefone

Fax

Instituição à qual se encontra vinculado

Lucila Reis Brioschi

Rua Boquim, 237

05454-000 - São Paulo - SP

Fone: (011) 818-3735 - Fax: (011) 831-2734

Centro de Estudos Rurais e Urbanos - CERU/USP

 

Luiz Mott

Rua Teodoro Sampaio, 87

40070-050 - Salvador - BA

Fone: (071) 242-3782 - Fax: (071) 242-3782

Universidade Federal da Bahia - Departamento de Antropologia

 

Manolo Florentino

Rua Pinheiro Machado, 75 - ap. 404

22231-090 - Rio de Janeiro - RJ

Fone: (021) 552-7741

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Departamento de História

 

Wílson José Caritá

Rua Joaquim Ignácio de Campos, 145

13480-363 - Limeira - SP

Fone: (0194) 51-8172

Academia da Força Aérea e Centro de Preservação da Memória Histórica

de Limeira

 

Vera Lúcia Maciel Barroso

Av. Des. André da Rocha, 67/91

90050-161 - Porto Alegre - RS

Fones: (051) 334-4680 / 225-6925

Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciências e Letras e Centro de

Documentação e Pesquisa da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia

de Porto Alegre (CEDOP)

 

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RELAÇÃO DE TRABALHOS PUBLICADOS NA ÁREA DE HISTÓRIA DEMOGRÁFICA

A relação integral e atualizada dos trabalhos e resumos divulgados pelo BHD acha-se no arquivo denominado ROL -- RELAÇÃO DE TRABALHOS PUBLICADOS --, que está à disposição dos interessados. Para recebê-lo basta remeter, para o endereço abaixo, dois disquetes já formatados e a competente solicitação. Tais disquetes -- se compatíveis com a linha IBM-PC e de dupla face -- podem ser de qualquer marca, especificação (3 1/2" ou 5 1/4"), densidade (DD-dupla densidade ou HD-alta densidade) ou capacidade (360 Kb, 700 Kb, 1,2 Mb ou 1,44 Mb).

BHD - IRACI COSTA.

R. Dr. Cândido Espinheira, 823, Ap. 21.

05004-000, São Paulo, SP.

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AOS COLABORADORES

A assinatura deste Boletim será efetuada mediante o envio de 20 disquetes, já formatados, para a Editoria do Boletim. Estamos interessados em receber notas de pesquisa em andamento, resumos, resenhas e artigos concernentes à área de estudos populacionais. Tais contribuições poderão ser escritas em português, castelhano, italiano, francês ou inglês. Reiteramos, ademais, a solicitação da remessa de trabalhos já publicados e concernentes à nossa área de especialização. Além de divulgados no Boletim, serão eles incorporados ao acervo da Biblioteca da FEA-USP. Caso remanesçam dúvidas entre em contato conosco.

 

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