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Segundo Marrom e Cassel [apud SKO 97], cada um dos dois lados do hipocampo é composto de 14 milhões de neurônios e tem aproximadamente 5 cc de volume, o direito é ligeiramente maior que o esquerdo. Comparado a outros animais, é grande, sendo este espaço sobressalente utilizado para auxiliar memória humana. Um dispositivo auto-associativo que pode traçar a localização de cheiros e outras coisas, está ricamente conectado com o resto do cérebro, também pode traçar outras coisas. A habilidade dessas células locais pode ser reusada para funções de memória, inclusive índices de memória. [SKO 97] É útil notar que mapas feitos por cartógrafos são uma maneira de criar memórias, pois eles armazenam vários tipos de informação. Às vezes são nomes de lugares, ou podem ser sinais, por exemplo, facas e garfos em um mapa de estrada para indicar um lugar para comer. Alguns mapas podem ter muitos números e um índice onde você pode identificar o que eles contêm. Mapas de cidades turísticas, às vezes são assim. O hipocampo igualmente, como um mapa, armazena informações de muitos modos diferentes. A informação poderia ser armazenada no próprio hipocampo ou em outro lugar no cérebro com o hipocampo somente indexando sua presença[SKO 97]. Além disso, a natureza auto-associativa de suas redes permite ao hipocampo ligar diferentes fontes de informação. Isto dá ao hipocampo uma flexibilidade enorme, não só para armazenar, mas para organizar recordações. A memória necessita disto. Considere o problema de como se cria uma memória. Este é um problema enfrentado por projetistas de memórias de computadores para armazenar os milhares de arquivos e programas e pelo cérebro. Arquivos de computador não podem ser armazenados ao acaso, qualquer arquivo armazenado deste modo seria perdido entre todos, o que não se deseja. É o mesmo com os milhares de documentos científicos usados na criação de um livro. Se eles fossem organizados ao acaso, seria como se não existissem. Eles são úteis só porque quando a pessoa precisa, seu arquivo pode ser recuperado. A memória precisa de ser estruturada se as informações vão ser recordadas. [SKO 97] Uma memória de computador realiza esta tarefa com uma estrutura de mapa de diretórios e subdiretórios que contêm índices que localizam onde são armazenados arquivos. É um pedaço de memória usado para organizar uma memória muito maior. A memória humana tem uma necessidade similar para estrutura: provida, conforme Skoyles propõe, pelo hipocampo, efetivamente ele cria um mapa (auto-associativo) para as recordações contidas em outro local do cérebro. [SKO 97] Como o cérebro usa isto? Possíveis pistas vêm de uma técnica antiga de memorização chamada "Método de Loci". Este método permite armazenar recordações diretamente em mapas de espaço. O "Método de Loci" se originou com uma história contada por Cícero: um ancião, o poeta grego Simonides estava em um banquete dado por um nobre, Scopas. Uma mensagem foi-lhe trazida dizendo que duas pessoas estavam esperando por ele lá fora. Enquanto ele estava tentando localizá-los, o telhado do local onde o banquete estava sendo realizado caiu, matando Scopas e seus convidados. Depois, parentes que buscavam os corpos não puderam identificar quem era quem. Simonides salvou-se do desastre, talvez pudesse lembrar-se do jantar e dos lugares onde eles se sentaram e assim identifica-los. O Método de Loci tira vantagem da habilidade humana para armazenar a localização de coisas visuais de forma que, como Simonides, uma pessoa pode recordar coisas desses lugares. [SKO 97] Para lembrar itens, deve-se primeiramente mudá-los em associações visuais com mnemônicos incomuns e colocá-los em cenários familiares. Coisas a serem lembradas devem ser visuais, descrições de palavras não se relacionam facilmente com lugares. Se o problema é lembrar os últimos presidentes, cria-se mentalmente um cenário, concentra-se nos detalhes, por exemplo, um estrada atravessando um vale, a vegetação, unem-se aromas e todas sensações possíveis, então, no olho mental, imagina-se uma sala, como em realidade virtual, e nessa sala organiza-se um a um os mnemônicos que se criou. Faz-se isto de modo único. [SKO 97] Se se quer recordá-los, faz-se isto de modo inverso. Evoque-se na mente, a sala e virtualmente se a circunda, verificando onde colocou os mnemônicos. Isto ajuda, porque o problema não é de armazenamento, mas sim de recuperação das memórias. O cérebro humano pode facilmente armazenar memórias, a habilidade para reconhecer coisas já vistas é grande, a dificuldade é relembrar algo em particular. Para memorizar, necessita de uma estrutura onde localizar as memórias. Esta é a maneira como o método de Loci auxilia a memória. A região do cérebro utilizada pelo método de Loci ainda é uma incógnita, mas sua natureza espacial e sua forte conexão com memórias parece tirar vantagem das habilidades do hipocampo em evocar associações unidas a lugares. [SKO 97] Realmente, quando as pessoas exploram e aprendem a posição de objetos em uma realidade virtual, partes do cérebro como o parahipocampo, unido ao hipocampo, são ativadas. Enquanto nesta experiência não foi constatada ativação do hipocampo, noutra que trata da codificação e recordação da localização de objetos essa ativação foi constatada. Outro grupo de investigadores, Maguire e Frith, apud [SKO 97], constatou que quando taxistas londrinos tentavam recordar a menor rota para um determinado percurso seus hipocampos eram ativados. A continuação das pesquisas com taxistas londrinos, incentivada pela University College London, tem demonstrado, a partir de exames de ressonância magnética, um crescimento fora dos padrões normais, no hipocampo dos motoristas londrinos, expostos diariamente ao complexo sistema de ruas da capital da Inglaterra. Outra maneira de utilizar contexto para evocar memórias de cenários é utilizar sugestões externas como um cheiro ou gosto, usados como um tipo de índice para reviver os momentos onde e quando esta sensações foram experimentadas por último. Um exemplo clássico pode ser o cheiro de uma torta que ao mesmo tempo em que impregna as narinas de uma pessoa, traz à mente recordações antigas da sua infância, da cozinha de sua avó, dos móveis gastos, do velho fogão a lenha sendo aberto, da sua avó retirando aquela imensa torta de chocolate e dela emanando aquele maravilhoso aroma. Este aroma é uma sugestão externa. Porém estes "lembretes" têm ação limitada à casualidade. Se as evocações fossem limitadas a eles, raramente a memória recordaria aquilo que se desejasse. Assim, necessita-se de meios internos para sugestionar as memórias de contexto. [SKO 97] Para fatos, que os psicólogos denominam memória episódica, evocações usam lugar e tempo, quando e onde os eventos foram vivenciados. Para evocação de reconhecimento, sabe-se alguma coisa sobre como contextos de memória para recuperação podem ser criados. Tarefas de evocação de reconhecimento executadas pelo cérebro, esquadrinham contextos criados para recuperação, nos quais índices de memória são semanticamente, conceitualmente e de outras maneiras localizados. O acesso interno a eles é realizado com ao auxílio do córtex pré-frontal, este também maciçamente unido ao córtex temporal que o cerca. Exames PET(tomografia por emissão de pósitrons) mostram atividade no córtex pré-frontal quando pessoas recuperam ou codificam memórias. Isto sugere que a conexão córtex pré-frontal-hipocampo habilita a busca na memória por sugestões internas. Confirmando isto, pessoas com lesões nos lobos frontais tem problemas com a livre (mas não com sugestões externas) evocação de memórias. Os arquivos que os índices recuperam não necessitam estar no hipocampo, segundo Damásio & Damásio [apud SKO 97], estão difundidos principalmente ao redor do córtex. Aqueles relacionados com detalhes pessoais estão localizados nas áreas polares dos lobos temporais. O Córtex pré frontal tem fortes conexões com esta áreas. O córtex pré-frontal está apto a recordar usando contextos nos quais a recordação foi vivenciada. Se se tenta recordar se conheceu alguém, faz-se isto buscando as circunstâncias em que poderia ter conhecido essa pessoa. [SKO 97] As associações, para fazer isto, necessitam ser codificadas fora das memórias. Fazê-las parece ser papel do córtex pré-frontal, não do hipocampo. Confirmando este fato, pessoas com lesões frontais não usam contexto em evocação de memórias. Elas podem lembrar algo, mas não precisamente quando ou onde o vivenciaram. Perdem a sensação de ordem na qual aprenderam as coisas. Elas são prejudicadas no que os psicólogos chamam "origem de memória". Isto poderia estar unido com o fracasso em relembrar contextos. Mas parte do problema também pode estar originado no fracasso de arquivar memórias juntamente com as associações necessárias para auxiliar a relembrá-las. Se o seu problema fosse unicamente usar contexto para acessar suas memórias, seria de se esperar que uma vez que conseguissem recordar algo, seriam capazes de lembrar-se do seu contexto. Isto não ocorre. [SKO 97] Em 1994, dois grupos independentes de pesquisa descobriram que os córtices pré-frontais direitos e esquerdos tem papéis diferentes na memória. O esquerdo é ativado em codificação e o direito em recuperação. Por quê? Armazenar memórias envolve a criação de mnemônicos, traduzindo idéias verbais em imagens, enquanto recuperação envolve a busca através do espaço, "olhando" para eles. Isto sugere que o armazenamento de memória poderia envolver o córtex pré-frontal esquerdo, desde que pode dirigir a criação de associações de contexto "mnemônicas"'. E que a recuperação delas é então feita pelo córtex pré-frontal direito que controla a busca pelas associações configuracionais nas quais eles estão `localizados '. Assim sendo, uma divisão esquerda/direita poderia surgir ao redor das necessidades da memória que codifica e recorda.[SKO 97] Pesquisas aplicadas às línguas demonstraram que o cérebro esquerdo é dominante nas línguas fonéticas, baseadas em símbolos sonoros (francês, inglês...) enquanto o lado direito é dominante nas línguas ideográficas asiáticas (chinês). Assim, neuropsicólogos japoneses demonstraram que, em doentes afásicos, a deficiência só atingia a linguagem fonética (suas lesões se localizavam no hemisfério esquerdo do cérebro), sendo a linguagem ideográfica preservada. [SKO 97] |
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